A anatomia regional (anatomia topográfica) contempla a organização do corpo humano em partes principais ou segmentos (Figura I.1):
um
corpo
principal, formado
por
cabeça, pescoço e tronco (subdividido em tórax, abdome, dorso e pelve/períneo), um par de membros
superiores e
um par de membros inferiores. Todas
as
partes
principais podem ser subdivididas em áreas e regiões. A anatomia regional é o método de estudo da estrutura do corpo por concentração da atenção em
uma parte (p. ex., a cabeça), área (a face) ou região (a
região da órbita ou do olho) específica; exame da organização e
das relações das várias estruturas sistêmicas (músculos, nervos, artérias etc.) em seu interior; e, depois, geralmente prossegue para o estudo de regiões adjacentes em sequência ordenada. Com exceção desta Introdução, este livro segue a abordagem regional e cada capítulo é voltado para a anatomia de uma parte principal do corpo. Essa é a abordagem geralmente seguida em cursos de anatomia
que
tenham
um
componente
laboratorial
que
inclua
a dissecção.
Ao estudar anatomia por esse método, é importante colocar rotineiramente
a anatomia regional no contexto das regiões e partes adjacentes e do corpo como um todo.
A anatomia regional também
reconhece a organização do corpo
em camadas: pele, tela subcutânea e fáscia profunda que cobre as estruturas mais profundas: os músculos, o esqueleto e as cavidades, que contêm vísceras (órgãos internos). Muitas
dessas estruturas profundas são parcialmente
notadas
sob
o revestimento
externo do corpo e podem ser estudadas e examinadas em indivíduos
vivos por meio da anatomia de superfície.
A anatomia de superfície é uma parte essencial do estudo da anatomia regional. É especificamente
abordada neste livro em “seções sobre anatomia de superfície” (fundo
laranja) que fornecem informações sobre quais estruturas estão situadas
sob a pele e quais são perceptíveis ao toque (palpáveis) no corpo vivo em repouso e em atividade. Podemos aprender muito observando a forma externa e a superfície do corpo e observando ou palpando os relevos superficiais de estruturas situadas abaixo de sua superfície. O
objetivo desse
método
é
visualizar (compor imagens mentais de) estruturas que conferem contorno à superfície ou são palpáveis abaixo dela e, na prática clínica, distinguir achados incomuns ou anormais. Em resumo, a anatomia de superfície requer
conhecimento completo da anatomia das estruturas
situadas abaixo da superfície. Em pessoas com feridas perfurocortantes, por exemplo, o médico tem de ser capaz de visualizar as estruturas profundas
que possam ter sido lesadas.
O conhecimento da anatomia de superfície também reduz a necessidade de memorização, porque
o corpo está sempre disponível para ser observado
e palpado.
O exame físico é a aplicação clínica da anatomia de superfície. A palpação é uma técnica clínica associada à observação e à ausculta para
examinar o corpo. A palpação dos pulsos arteriais, por exemplo, faz parte do exame físico. Estudantes das muitas áreas da saúde aprendem
a usar instrumentos para facilitar o
exame do corpo (como um oftalmoscópio para observar características dos olhos)
e para ouvir
a atividade de partes do corpo (um estetoscópio
para
auscultar o coração e os pulmões).
O estudo regional das estruturas profundas e das anormalidades em uma pessoa viva também é possível atualmente
por meio de imagens radiológicas e seccionais e
da endoscopia. As imagens radiológicas e seccionais (anatomia radiológica) oferecem informações
úteis sobre estruturas normais em indivíduos vivos, mostrando
o efeito do tônus muscular,
líquidos corporais e pressões,
bem como da gravidade, que o exame cadavérico não proporciona. As técnicas de imagem mostram os efeitos do trauma,
das doenças e do envelhecimento
sobre as estruturas normais. Neste livro, muitas imagens radiológicas e seccionais são integradas aos capítulos, quando conveniente. As seções de
imagem ao fim de cada capítulo apresentam uma introdução
às técnicas de imagem radiológica e seccional, além de incluírem uma série de imagens seccionais pertinentes ao capítulo.
As técnicas endoscópicas
(que usam um dispositivo de fibra óptica flexível, introduzido
no corpo para examinar estruturas internas, como o interior do estômago) também
mostram a anatomia
do indivíduo vivo. A melhor técnica inicial para alcançar o aprendizado detalhado e completo da anatomia
tridimensional das estruturas profundas
e suas relações é a dissecção.
Na prática clínica, a anatomia de superfície, as imagens radiológicas
e seccionais, a endoscopia e a experiência obtida com o estudo da anatomia são associadas para propiciar o conhecimento da anatomia do paciente.
Figura I.1 Principais partes do corpo e regiões do membro inferior. A
anatomia é descrita em relação à posição anatômica ilustrada.
O computador é um recurso útil no ensino da anatomia regional, pois facilita o aprendizado por meio da interatividade e da manipulação
de modelos gráficos bi e tridimensionais. As peças
anatômicas são cuidadosamente preparadas para demonstração de estruturas anatômicas e também são úteis. Entretanto, o aprendizado é mais eficiente e a fixação na memória
é maior quando o estudo didático é associado à experiência da dissecção real
— isto é, aprender
fazendo. Durante a dissecção
há observação, palpação, movimentação
e
revelação sequencial das partes do corpo. Em 1770,
o Dr.
William
Hunter, eminente anatomista e obstetra
escocês, afirmou: “Apenas a dissecção nos ensina onde podemos
cortar ou examinar o corpo vivo com liberdade e presteza.”
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: MOORE, K.L. - ANATOMIA ORIENTADA PARA A CLÍNICA, 6ªED, GUANABARA KOOGAN, 2011.

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