Fonte: Livro Imunologia Celular e Molecular - 8ª Ed.
Autores: Abul Lichtman, Andrew Abbas
Adjuvante Uma substância, distinta do antígeno, que aumenta a ativação das células T e B principalmente pela promoção do acúmulo e ativação de células apresentadoras de antígenos (APCs) no local da exposição ao antígeno. Os adjuvantes estimulam a expressão de coestimuladores ativadores de células T e citocinas pelas APCs e também podem prolongar a expressão de complexos peptídio-MHC na superfície das APCs.
Adressina Molécula de adesão expressa nas células endoteliais em diferentes locais anatômicos que direcionam a chegada dos linfócitos a locais específicos. A molécula adressina de adesão celular da mucosa 1 (MadCAM-1) é um exemplo de adressina expressa nas placas de Peyer, na parede intestinal, que se ligam às integrinas α4β7 das células T intestinais.
Afinidade Força de uma ligação entre um único local de ligação de uma molécula (p. ex., um anticorpo) e um ligante (p. ex., um antígeno). A afinidade de uma molécula X por um ligante Y é representada pela constante de dissociação (Kd ), que é a concentração de Y necessária para ocupar os locais de ligação de metade das moléculas X presentes na solução. Um Kd menor indica uma afinidade de interação mais forte ou maior, e uma concentração menor de ligante é necessária para ocupar os locais.
Agamaglobulinemia ligada ao X Uma doença de imunodeficiência, também denominada agamaglobulinemia de Bruton, caracterizada pelo bloqueio em estágio precoce de maturação da célula B e pela ausência de Ig no soro. Pacientes sofrem de infecções bacterianas piogênicas. A doença é causada por mutações ou deleções no gene que codifica Btk, uma enzima envolvida na transdução do sinal nas células B em desenvolvimento.
Alelo Uma das diferentes formas do mesmo gene presente em um lócus particular do cromossoma. Um indivíduo heterozigoto em um lócus tem dois diferentes alelos, cada um de um membro diferente do par de cromossomas, um herdado da mãe e outro herdado do pai. Se um gene em particular em uma população tem diferentes alelos, o gene ou lócus é chamado de polimórfico. Os genes MHC têm muitos alelos (p. ex., eles são altamente polimórficos).
Alérgeno Antígeno que ativa uma reação de hipersensibilidade imediata (alérgica). Os alérgenos são proteínas ou compostos químicos ligados a proteínas que induzem respostas de anticorpo IgE em indivíduos atópicos.
Alergia Distúrbio causado por uma reação de hipersensibilidade imediata, frequentemente denominada de acordo com o tipo de antígeno (alérgeno) que ativa a doença, como alergia alimentar, alergia à picada de abelha e alergia à penicilina. Todas essas condições são o resultado da produção de IgE estimulada pelas células T auxiliares produtoras de IL-4, seguida por alérgeno e ativação de mastócitos dependente de IgE.
Aloanticorpo Anticorpo específico para um aloantígeno (p. ex., um antígeno presente em alguns indivíduos de uma espécie, mas não em outros).
Aloantígeno Um antígeno celular ou tecidual que está presente em alguns indivíduos de uma espécie, mas não em outros e que é reconhecido como estranho ou em um enxerto. Os aloantígenos normalmente são produtos de gene polimórficos.
Aloantissoro Soro contendo aloanticorpo de um indivíduo que foi previamente exposto a um ou mais aloantígenos.
Alorreativo Reativo a aloantígenos; descreve as células T ou anticorpos de um indivíduo que irão reconhecer os antígenos nas células ou tecidos de outro indivíduo geneticamente idêntico.
Alótipo Propriedade de um grupo de moléculas de anticorpo definida por elas compartilharem um determinante antigênico em particular encontrado nos anticorpos de alguns indivíduos, mas não em outros. Tais determinantes são chamados de alotopos. Anticorpos que compartilham um alotopo particular pertencem ao mesmo alótipo. Alótipo também é frequentemente usado como sinônimo de alotopo.
Altas vênulas endoteliais (HEVs, do inglês high endotelial venules) Vênulas especializadas que são os locais da migração de linfócitos do sangue para o estroma de tecidos linfoides secundários. As HEVs são recobertas por células endoteliais gordas que emitem protrusão para dentro da luz do vaso e expressam moléculas de adesão únicas envolvidas na ligação de células B inativas e centrais e células T.
Amiloide A sérico (SAA, do inglês serum amyloid A) Uma proteína de fase aguda cujas concentrações aumentam significativamente no quadro de uma infecção e inflamação, principalmente por causa da síntese de IL-1 e TNF pelo fígado. A SAA ativa a quimiotaxia de leucócitos, fagocitose e adesão às células endoteliais.
Aminas biogênicas Compostos de baixo peso molecular e não lipídicos, como histamina, que têm um grupo amina, são armazenados e liberados dos grânulos citoplasmáticos dos mastócitos e medeiam muitos efeitos biológicos das reações de hipersensibilidade imediata (alérgica). (Algumas vezes, as aminas biogênicas são chamadas de aminas vasoativas.)
Anafilatoxinas Fragmentos do complemento C5a, C4a e C3a que são produzidos durante a ativação do complemento. As anafilatoxinas ligam-se a receptores específicos na superfície da célula e promovem inflamação aguda atribuída a estímulo de quimiotaxia de neutrófilos e ativação de mastócitos.
Anafilaxia Uma forma grave de hipersensibilidade imediata na qual existe uma ativação sistêmica de mastócitos e basófilos e a liberação de mediadores causa broncoconstrição, edema tecidual e colapso cardiovascular.
Anergia Estado de irresponsividade à estimulação antigênica. A anergia do linfócito (também chamada de anergia clonal) consiste na falha dos clones de células T ou B de reagirem ao antígeno e é um mecanismo de manutenção da tolerância imunológica ao próprio. Clinicamente, a anergia descreve a falta de reações de hipersensibilidade cutânea do tipo retardada e dependente de célula T aos antígenos comuns.
Anergia clonal Estado de irresponsividade do antígeno de um clone de linfócitos Y experimentalmente induzido pelo reconhecimento do antígeno na ausência de sinais adicionais (sinais coestimulatórios) necessários para a ativação funcional. A anergia clonal é considerada um modelo para um mecanismo de tolerância de autoantígenos e pode ser aplicável aos linfócitos B.
Angiogênese Formação de novos vasos sanguíneos regulada por uma variedade de fatores proteicos elaborados pelas células dos sistemas imunes inato e adaptativo e frequentemente acompanhada por inflamação crônica.
Antagonista do receptor de IL-1 (IL-1Ra) Um inibidor natural da IL-1 produzido por fagócitos mononucleares que é estruturalmente homólogo à IL-1 e se liga aos mesmos receptores, mas é biologicamente inativo.
Anticorpo Um tipo de molécula glicoproteica, também chamada de imunoglobulina (Ig), produzida pelos linfócitos B e que se liga aos antígenos, frequentemente com um alto grau de especificidade e afinidade. A unidade estrutural básica de um anticorpo é composta de duas cadeias pesadas idênticas e duas cadeias leves idênticas. As regiões variáveis N-terminal das cadeias pesada e leve formam os locais de ligação do antígeno, ao passo que as regiões constantes C-terminal das cadeias pesadas interagem funcionalmente com outras moléculas no sistema imune. Cada indivíduo tem milhões de anticorpos diferentes, cada um com um único local de ligação ao antígeno. Os anticorpos secretados desempenham várias funções efetoras, incluindo neutralização de antígenos, ativação do complemento e promoção da destruição de microrganismos dependente de leucócitos.
Anticorpo humanizado Um anticorpo monoclonal codificado por um gene híbrido recombinante e composto de locais de ligação de antígeno a partir de anticorpo monoclonal murino e de região constante de um anticorpo humano. Os anticorpos humanizados têm menor probabilidade do que anticorpos monoclonais de camundongo de induzir uma resposta antianticorpo em humanos. Eles são usados clinicamente no tratamento de doenças inflamatórias, tumores e rejeição a transplante.
Anticorpo monoclonal Anticorpo que é específico para um antígeno e é produzido por um hibridoma de célula B (uma linhagem celular derivada da fusão de uma célula B única normal e uma linhagem tumoral de célula B imortal). Os anticorpos monoclonais são amplamente usados em pesquisa, diagnóstico clínico e terapia.
Anticorpos naturais Anticorpos IgM, grandemente produzidos pelas células B-1, específicos para bactérias que são comuns no meio ambiente e no trato gastrintestinal. Indivíduos normais contêm anticorpos naturais sem qualquer evidência de infecção, os quais servem como um mecanismo de defesa pré-formado contra microrganismos que conseguem penetrar as barreiras epiteliais. Alguns destes anticorpos fazem reação cruzada com antígenos do grupo sanguíneo ABO e são responsáveis pelas reações de transfusão.
Antígeno Uma molécula que se liga a um anticorpo ou a um TCR. Os antígenos que se ligam aos anticorpos incluem todas as classes de moléculas. A maioria dos TCRs ligase somente a fragmentos de peptídios de proteínas complexados com moléculas de MHC; ambos ligantes de peptídio e proteína nativa dos quais são derivados são chamados de antígenos de células T.
Antígeno carcinoembriônico (CEA, CD66, do inglês carcioembryonic antigen) Uma proteína membranar altamente glicosilada. A expressão aumentada de CEA em muitos carcinomas de cólon, pâncreas, estômago e mama resulta em elevação dos níveis séricos. O nível de CEA sérico é usado para monitorar a persistência ou recorrência do carcinoma metastático após o tratamento.
Antígeno dependente de T Um antígeno que necessita de ambas as células B e T auxiliar para estimular uma resposta de anticorpo. Os antígenos T dependentes são antígenos proteicos que contêm alguns epítopos reconhecidos pelas células T e outros epítopos reconhecidos pelas células B. As células T auxiliares produzem citocinas e moléculas de superfície celular que estimulam o crescimento e a diferenciação das células B em células secretoras de anticorpos. As respostas imunes humorais aos antígenos T dependentes são caracterizadas pela troca de isotipo, maturação de afinidade e memória.
Antígeno específico de transplante de tumor (TSTA, do inglês tumor-specific transplantation antigen) Antígeno expresso nas células tumorais de animais de experimentação que pode ser detectado pela indução da rejeição imunológica dos transplantes tumorais. Os TSTAs foram originalmente definidos em sarcomas quimicamente induzidos em roedores e estimulam a rejeição mediada por CTL dos tumores transplantados.
Antígeno específico de tumor Antígeno cuja expressão é restrita a um tumor em particular e não é expresso pelas células normais. Os antígenos específicos do tumor podem servir como antígenos-alvo para respostas imunes antitumorais.
Antígeno oncofetal Proteínas que são expressas em altos níveis em alguns tipos de células cancerosas e nos tecidos fetais em desenvolvimento (mas não em adulto). Anticorpos específicos para essas proteínas são frequentemente usados na identificação histopatológica de tumores ou para monitorar a progressão do crescimento tumoral em pacientes. CEA (CD66) e α-fetoproteína são dois antígenos oncofetais comumente expressos por certos carcinomas.
Antígenos de grupo sanguíneo ABO Antígenos de carboidratos ligados principalmente a proteínas ou lipídios de superfície celular que estão presentes em muitos tipos celulares, incluindo hemácias. Estes antígenos diferem entre os indivíduos, dependendo de alelos herdados que codificam as enzimas necessárias para a síntese dos antígenos de carboidratos. Os antígenos ABO agem como aloantígenos que são responsáveis pelas reações nas transfusões de sangue e na rejeição hiperaguda a aloenxertos.
Antígenos de grupo sanguíneo Rh Um sistema complexo de aloantígenos proteicos expressos nas membranas das hemácias e que são a causa das reações de transfusão e doença hemolítica no recém-nascido. O antígeno de Rh clinicamente mais importante é o designado como D.
Antígenos de leucócito humano (HLA, do inglês human leukocyte antigens) Moléculas de MHC expressas na superfície das células humanas. As moléculas de MHC humanas foram primeiramente identificadas como aloantígenos na superfície das células brancas sanguíneas (leucócitos) que ligam anticorpos séricos em indivíduos previamente expostos a células de outros indivíduos (p. ex., mães ou recebedores de transfusão) (ver também molécula do complexo maior de histocompatibilidade [MHC]).
Antígenos T independentes Antígenos não proteicos, como polissacarídios e lipídios, que podem estimular respostas de anticorpo sem a necessidade de linfócitos T auxiliares específicos para o antígeno. Esses antígenos normalmente contêm múltiplos epítopos idênticos que podem fazer ligação cruzada com Ig da membrana das células B e, assim, ativar as células. As respostas imunes humorais aos antígenos T independentes mostram relativamente pouca troca de isotipo de cadeia pesada ou maturação de afinidade, dois processos que necessitam de sinais das células T auxiliares.
Antissoro Soro de um indivíduo previamente imunizado com um antígeno e que contém anticorpo específico para aquele antígeno.
Apoptose Processo de morte celular caracterizado por ativação de caspases intracelulares, quebra de DNA, condensação e fragmentação nuclear e internalização da membrana que leva à fagocitose dos fragmentos celulares sem indução de uma resposta inflamatória. Este tipo de morte celular é importante no desenvolvimento dos linfócitos, retorno à hemostasia após uma resposta imune à infecção, manutenção de tolerância aos autoantígenos e morte das células infectadas pelos linfócitos T citotóxicos e células natural killer.
Apresentação cruzada Mecanismo pelo qual uma célula dendrítica ativa (ou dispara) uma CTL CD8 + virgem específica para antígenos de uma terceira célula (p. ex., um vírus infectado ou uma célula tumoral). A apresentação cruzada ocorre, por exemplo, quando uma célula infectada (com frequência apoptótica) é ingerida pela célula dendrítica e os antígenos microbianos são processados e apresentados em associação com moléculas de MHC de classe I, ao contrário da regra geral para antígenos fagocitados, que são apresentados em associação com moléculas de MHC de classe II. A célula dendrítica também fornece coestimulação para as células T. Também chamada de ativação cruzada.
Apresentação de antígenos Localização de peptídios ligados pelas moléculas de MHC na superfície de uma APC que permite o reconhecimento específico pelos TCRs e a ativação das células T.
Apresentação direta de antígenos (ou alorreconhecimento direto) Apresentação de molécula de MHC alogênica na superfície celular por APCs de enxerto a células T do recebedor do enxerto e que leva à ativação das células T alorreativas. No reconhecimento direto das moléculas de MHC alogênicas, o TCR que foi selecionado para reconhecer uma própria molécula de MHC com peptídio estranho reage com moléculas de MHC alogênicas com peptídio. A apresentação direta é parcialmente responsável pelas fortes respostas de célula T ao aloenxerto.
Apresentação indireta de antígenos (ou alorreconhecimento indireto) Na imunologia do transplante, é a via de apresentação das moléculas de MHC do doador (alogênica) pelas APCs do recebedor que envolve os mesmos mecanismos usados para apresentação das proteínas microbianas. As proteínas de MHC alogênicas são processadas pelas APCs profissionais do recebedor e os peptídios derivados das moléculas de MHC alogênicas são apresentados, em associação com as moléculas de MHC do recebedor (próprias), às células T do hospedeiro. Contrapondo-se à apresentação indireta de antígeno, a apresentação direta de antígeno envolve o reconhecimento pela célula T do recebedor de moléculas de MHC alogênicas não processadas na superfície das células do transplante.
Artrite reumatoide Doença autoimune caracterizada primariamente por dano inflamatório nas articulações e, algumas vezes, inflamação dos vasos sanguíneos, pulmões e outros tecidos. Células T CD4 + , linfócitos B ativados e plasmócitos são encontrados nos revestimentos da articulação inflamada (sinóvia) e numerosas citocinas pró-inflamatórias, incluindo IL-1 e TNF, estão presentes no fluido sinovial (articular).
Asma brônquica Doença inflamatória normalmente causada por reações repetidas de hipersensibilidade imediata nos pulmões e que leva a obstrução intermitente e reversível das vias aéreas, inflamação brônquica crônica com eosinófilos e hipertrofia e hiperatividade das células do músculo liso bronquial.
Ativação alternativa de macrófagos A ativação de macrófagos por IL-4 e IL-13 leva a um fenótipo anti-inflamatório e reparador tecidual, contrapondo-se à ativação clássica de macrófagos pela interação com interferon-γ e ligantes TLR.
Ativação clássica da via do complemento Via de ativação do sistema complemento que é iniciada por ligação de complexos antígeno-anticorpo à molécula C1 e induz a cascata proteolítica envolvendo várias outras proteínas do complemento. A via clássica é uma arma efetora do sistema imune humoral que gera mediadores inflamatórios, opsoninas para a fagocitose de antígenos e complexos líticos que destroem células.
Ativação clássica de macrófagos Ativação de macrófagos por interferon-γ, células TH1 e ligantes TLR, levando ao fenótipo pró-inflamatório e microbicida. Macrófagos “ativados classicamente” também são chamados de macrófagos M1.
Ativadores policlonais Agentes que são capazes de ativar muitos clones de linfócitos, a despeito de suas especificidades antigênicas. Exemplos de ativadores policlonais incluem anticorpos anti-IgM para células B e anticorpos antiCD-3, superantígenos bacterianos e PHA para células T.
Atopia Propensão de um indivíduo em produzir anticorpos IgE em resposta a vários antígenos ambientais e em desenvolver fortes reações de hipersensibilidade (alergia). Pessoas com alergia a antígenos ambientais, como pólen ou ácaros, são ditas serem atópicas.
Autoanticorpo Anticorpo produzido em um indivíduo que é específico para seu próprio antígeno. Os autoanticorpos podem causar danos a células e tecidos e são produzidos em excesso nas doenças autoimunes sistêmicas, como o lúpus eritematoso sistêmico.
Autofagia Processo normal pelo qual a célula degrada seus próprios componentes pelo catabolismo lisossomal. A autofagia tem papel na defesa imune inata contra infecções, e polimorfismos de genes que regulam a autofagia estão ligados a risco de algumas doenças autoimunes.
Autoimunidade Estado de responsividade do sistema imune aos próprios antígenos que ocorre quando mecanismos de autotolerância falham.
Autorrestrição de MHC Limitação (ou restrição) das células T em reconhecer antígenos
apresentados pelas moléculas de MHC que a célula T encontra durante a maturação
no timo (e assim as reconhece como próprias).
Autotolerância Irresponsividade do sistema imune adaptativo aos próprios antígenos,
amplamente como resultado da inativação ou morte dos linfócitos reativos induzida
pela exposição a esses antígenos. A autotolerância é uma característica fundamental
do sistema imune normal, e a falha na autotolerância leva a doenças autoimunes.
Avidez Força total das interações entre duas moléculas, tais como um anticorpo e um
antígeno. A avidez depende de ambas afinidade e valência de interações. Dessa
maneira, a avidez de um anticorpo IgM pentamérico, com 10 locais de ligação a
antígenos, para um antígeno multivalente pode ser muito maior do que a avidez de
uma molécula IgG dimérica para o mesmo antígeno. A avidez pode ser usada para
descrever as forças das interações célula-célula, que são mediadas por muitas
interações de ligações entre moléculas da superfície celular.
Baço Um órgão linfoide secundário no quadrante superior esquerdo do abdome. O baço
é o principal local das respostas imunes adaptativas aos antígenos originados do
sangue. A polpa vermelha do baço é composta de sinusoides vasculares cheios de
sangue recobertos por fagócitos ativados que ingerem antígenos opsonizados e
hemácias danificadas. A polpa branca do baço contém linfócitos e folículos linfoides
nos quais as células B são ativadas.
Bactéria intracelular Uma bactéria que sobrevive ou replica dentro das células,
normalmente nos endossomas. O principal mecanismo de defesa contra bactérias
intracelulares, como Mycobacterium tuberculosis, é a imunidade mediada por célula T.
Bactérias piogênicas Bactérias, como estafilococos e estreptococos Gram-positivos, que
induzem respostas inflamatórias ricas em leucócitos polimorfonucleares (originando
o pus). Respostas de anticorpos a essas bactérias aumentam consideravelmente a
eficácia dos mecanismos efetores imunes inatos para limpar infecções.
Basófilo Um tipo de granulócito circulante derivado da medula óssea com similaridades
estruturais e funcionais com os mastócitos e que contém grânulos com muitos dos
mesmos mediadores inflamatórios dos mastócitos e também expressa receptores Fc
de alta afinidade para IgE. Os basófilos que são recrutados para os locais tissulares
onde o antígeno está presente podem contribuir para as reações de hipersensibilidade
imediata.
Bcl-6 Um repressor transcricional que é necessário para o centro germinativo de
desenvolvimento da célula B e para o desenvolvimento de TFH
.
BCR (receptor de célula B, do inglês B cell receptor) Receptor de antígeno na superfície
celular nos linfócitos B, que é uma molécula de imunoglobulina ligada à membrana.
Bet-t Um fator de transcrição da família Tbox que promove a diferenciação das células
TH1 a partir de células T inativas.
BLIMP-1 Um repressor transcricional que é necessário para a geração do plasmócitos.
Burst respiratório Processo pelo qual intermediários reativos de oxigênio, como ânion
superóxido, radical hidroxila e peróxido de hidrogênio, são produzidos em
macrófagos e leucócitos polimorfonucleares. O burst respiratório é mediado pela
enzima fagócito-oxidase e normalmente disparado por mediadores inflamatórios,
como LTB4
, PAF e TNF, ou por produtos bacterianos, como peptídios Nformilmetionil.
C1 Uma proteína do sistema complemento sérico composta de várias cadeias
polipeptídicas que iniciam a via clássica da ativação do complemento através da
ligação às porções Fc do anticorpo IgG ou IgM que se ligou ao antígeno.
C3 Uma proteína central e mais abundante do sistema complemento. Está envolvida em
ambas as vias clássica e alternativa. O C3 é proteoliticamente clivado durante a
ativação do complemento para gerar o fragmento C3b, que se liga covalentemente às
superfícies da célula e do microrganismo, e o fragmento C3a, que tem várias
atividades pró-inflamatórias.
C3 convertase Um complexo de enzima multiproteico gerado por um passo inicial das
vias clássica, da lectina e alternativa da ativação do complemento. A C3 convertase
quebra o C3, o que origina dois produtos proteolíticos denominados C3a e C3b.
C5 convertase Um complexo de enzima multiproteico gerado pela ligação de C3b a C3
convertase. A C5 convertase cliva o C5 e inicia os estágios finais da ativação do
complemento, levando à formação dos complexos de ataque à membrana e lise das
células.
Cadeia de ligação (J) Um peptídio que liga moléculas de IgA ou IgM para formar
multímeros (p. ex., IgA dimérica e IgM pentamérica).
Cadeia invariante (Ii
) Uma proteína não polimórfica que se liga às moléculas de MHC de
classe II recentemente sintetizadas no retículo endoplasmático. A cadeia invariável
previne a ligação de peptídios presentes no retículo endoplasmático com a fenda de
ligação ao peptídio de MHC de classe II, e tais peptídios se associam, então, às
moléculas de classe I. A cadeia invariante também promove a dobra e montagem das
moléculas de classe II e direciona moléculas de classe II recentemente sintetizadas
para o compartimento MIIC endossomal especializado, onde tem lugar o
carregamento do peptídio.
Cadeia J Um pequeno polipeptídio que é ligado por ponte dissulfeto a pedaços de
extremidades de anticorpos IgM e IgA multiméricos e contribui para o transporte
transepitelial destas imunoglobulinas.
Cadeia leve de imunoglobulina Um de dois tipos de cadeias polipeptídicas em uma
molécula de anticorpo. A unidade estrutural básica de um anticorpo inclui duas
cadeias leves idênticas, cada uma ligada por ponte dissulfeto a uma de duas cadeias
pesadas idênticas. Cada cadeia leve é composta de um domínio Ig variável (V) e um
domínio Ig constante (C). Existem dois isotipos de cadeia leve, chamados de κ e λ,
ambos funcionalmente idênticos. Cerca de 60% dos anticorpos humanos têm cadeias
leve κ, e 40% apresentam cadeias leve λ.
Cadeia pesada de imunoglobulina Um de dois tipos de cadeias polipeptídicas em uma
molécula de anticorpo. A unidade estrutural básica de um anticorpo inclui duas
cadeias pesadas ligadas por ponte dissulfeto idênticas e duas cadeias leves idênticas.
Cada cadeia pesada é composta de um domínio Ig variável (V) e três ou quatro
domínios Ig constantes (C). Os diferentes isotipos de anticorpos, incluindo IgM, IgD,
IgG, IgA e IgE, são distinguidos por diferenças estruturais nas regiões constantes de
suas cadeias pesadas. As regiões constantes da cadeia pesada também medeiam
funções efetoras, tais como ativação do complemento ou engajamento de fagócitos.
Cadeia ζ Uma proteína transmembranar expressa nas células T como parte do complexo
TCR que contém ITAMs em sua cauda citoplasmática e se liga à proteína
tirosinoquinase ZAP-70 durante a ativação da célula T.
leves substituídas Duas proteínas não variáveis que se associam às cadeias pesadas µ da
Ig nas células pré-B para formar o receptor da célula pré-B. As duas cadeias leves
substituídas incluem a proteína V pré-B, que é homóloga ao domínio V da cadeia leve,
e λ5, que é ligada covalentemente à cadeia pesada µ por uma ponte dissulfeto.
Calcineurina Uma fosfatase citoplasmática serina/treonina que defosforila o fator de
transcrição NFAT, permitindo, assim, que NFAT entre no núcleo. A calcineurina é
ativada por sinais de cálcio gerados por meio da sinalização de TCR em resposta ao
reconhecimento do antígeno, e os fármacos imunossupressores ciclosporina e FK506
agem bloqueando a atividade da calcineurina.
Camundongo knockout Um camundongo com uma alteração direcionada de um ou mais
genes que é criada por técnicas de recombinação homóloga. Os camundongos
knockout sem genes funcionais para citocinas, receptores de superfície celular,
moléculas de sinalização e fatores de transcrição têm fornecido muitas informações
acerca do papel destas moléculas no sistema imune.
Camundongo nude Uma cepa de camundongos que carece do desenvolvimento do timo
e linfócitos T, bem como folículos capilares. Os camundongos nude têm sido
utilizados experimentalmente para definir o papel dos linfócitos T na imunidade e na
doença.
Camundongo SCID Uma linhagem de camundongo na qual as células B e T estão
ausentes por causa de um bloqueio precoce na maturação dos precursores da medula
óssea. Os camundongos SCID carreiam uma mutação em um componente da
proteinoquinase dependente de DNA, que é necessária para o reparo da quebra do
DNA de dupla fita. A deficiência desta enzima resulta em ligação anormal dos
segmentos dos genes de Ig e TCR durante a recombinação e, assim, falha na expressão
dos receptores de antígenos.
Camundongo transgênico Camundongo que expressa um gene exógeno que foi
introduzido no genoma pela injeção de uma sequência específica de DNA no pró-
núcleo de óvulos fertilizados do camundongo. Transgenes são inseridos
randomicamente em pontos de quebra cromossomial e subsequencialmente herdados
como simples traços mendelianos. Com o desenho de transgênicos com sequências
regulatórias específicas para tecidos, os camundongos podem ser produzidos
expressando um gene em particular somente em alguns tecidos. Os camundongos
transgênicos são extensamente utilizados na pesquisa imunológica para estudar as
funções de várias citocinas, moléculas de superfície celular e moléculas de sinalização
intracelular.
Camundongo transgênico de receptor de célula T (TCR) Um camundongo em uma
linhagem geneticamente modificada que expressa genes TCR α e β funcionais
transgenicamente codificados e que codifica um TCR de especificidade única e
definida. Em virtude da exclusão alélica dos genes TCR, a maioria ou todas as células
T em um camundongo transgênico têm a mesma especificidade antigênica, o que é
uma propriedade útil para inúmeros fins de pesquisa.
Cascata de proteinoquinase ativada por mitógeno (MAP, do inglês mitogen-activated
protein) Cascata de transdução do sinal iniciada pela forma inativa da proteína Ras e
envolvendo a ativação sequencial de três serino/treoninoquinases, esta última sendo
uma MAP quinase. A MAP quinase então fosforila e ativa outras enzimas e fatores de
transcrição. A via da MAP quinase é uma de várias vias de sinalização ativada pela
ligação do antígeno ao TCR e BCR.
Caspases Proteases intracelulares com cisteínas em seus locais ativos que quebram
substratos no lado C-terminal dos resíduos de ácido aspártico. A maioria é
componente de cascatas enzimáticas que causam morte apoptótica das células, mas a
caspase-1, que é parte do inflamossoma, direciona a inflamação processando formas
de precursores inativos das citocinas IL-1 e IL-18 em suas formas ativas.
Catelicidinas Polipeptídios produzidos pelos neutrófilos e várias barreiras epiteliais que
atuam em diversas funções na imunidade inata, incluindo toxicidade direta aos
microrganismos, ativação de leucócitos e neutralização de lipopolissacarídio.
Catepsinas Tiol e aspartil proteases com grande especificidade de substrato, abundantes
nos endossomas das APCs e com importante papel na geração de fragmentos
peptídicos a partir de proteínas antigênicas exógenas que se ligam às moléculas de
MHC de classe II.
Célula apresentadora de antígeno (APC, do inglês antigen presenting cell) Uma célula
que dispõe fragmentos peptídicos de antígenos proteicos, em associação com
moléculas de MHC, na sua superfície e ativa células T específicas para antígenos. Em
adição à disposição de complexos peptídio-MHC, as APCs também expressam
moléculas coestimulatórias para otimizar a ativação dos linfócitos T.
Célula pré-B Célula B em desenvolvimento presente somente em tecidos hematopoéticos
que é o estágio de maturação caracterizado pela expressão de cadeia pesada µ de Ig e
substitui as cadeias leves, mas não as cadeias leves de Ig. Os receptores de célula pré-
B compostos de cadeias µ e cadeias leves substituídas liberam sinais que estimulam a
maturação da célula pré-B em uma célula B imatura.
Célula pré-T Linfócito T em desenvolvimento no timo em estágio de maturação,
caracterizado pela expressão de cadeia β de TCR, mas não cadeia α ou CD4 ou CD8.
Nas células pré-T, a cadeia TCR β não é encontrada na superfície celular como parte
do receptor de célula pré-T.
Célula pró-B Uma célula B em desenvolvimento na medula óssea que é a primeira célula
comprometida com a linhagem de linfócito B. As células pró-B não produzem Ig, mas
podem ser diferenciadas de outras células imaturas pela expressão de moléculas de
superfície restritas às linhagens B, tais como CD19 e CD10.
Célula pró-T Uma célula T em desenvolvimento no córtex tímico que chegou
recentemente da medula óssea e não expressa TCRs, CD3, cadeias ζ, ou moléculas
CD4 ou CD8. As células pró-T também são denominadas timócitos duplo-negativos.
Célula secretora de anticorpo Um linfócito B que sofre diferenciação e produz a forma
secretória de Ig. As células secretoras de anticorpo são geradas a partir de células B
virgens em resposta ao antígeno e situam-se no baço e nos linfonodos, bem como na
medula óssea. Frequentemente usada como sinônimo de plasmócito.
Célula T auxiliar folicular (TFH
) Ver células T auxiliares foliculares (TFH
).
Célula-tronco Uma célula não diferenciada que se divide continuamente e dá origem a
células-tronco adicionais e a células de diferentes linhagens. Por exemplo, todas as
células sanguíneas originam-se de uma célula-tronco hematopoética comum.
Célula-tronco hematopoética Uma célula indiferenciada da medula óssea que se divide
continuamente e dá origem a células-tronco adicionais e células de diferentes e
múltiplas linhagens. A célula-tronco hematopoética na medula óssea dará origem a
células de linhagem linfoide, mieloide e eritrocítica.
Células assassinas ativadas por linfocina (LAK, do inglês lymphokine-activated killer
cells) Células NK com atividade citolítica aumentada para células tumorais como
resultado da exposição a elevadas doses de IL-2. As células LAK geradas in vitro foram
adaptativamente transferidas de volta aos pacientes com câncer para tratar seus
tumores.
Células assassinas naturais (NK, do inglês natural killer) Um subgrupo de células
linfoides inatas que atuam nas respostas imunes inatas para matar células infectadas
por microrganismos através de mecanismos líticos diretos e pela secreção de IFN-γ.
Células NK não expressam receptores de antígenos clonalmente distribuídos do tipo
Ig ou TCRs, e sua ativação é regulada pela combinação de receptores estimuladores e
inibitórios da superfície celular, estes últimos reconhecendo as próprias moléculas de
MHC.
Células B maduras Células B inativas, funcionalmente competentes, expressando IgM e
IgD e que representam o estágio final da maturação da célula B na medula óssea e
povoam os órgãos linfoides periféricos.
Células de Langerhans Células dendríticas imaturas encontradas como uma malha na
camada epitelial da pele e cuja principal função é o sequestro de microrganismos e
antígenos que entram através da pele e transporte de antígenos para os linfonodos de
drenagem. Durante sua migração para os linfonodos, as células de Langerhans
diferenciam-se em células dendríticas maduras, que podem apresentar com eficiência
os antígenos às células T inativas.
Células dendríticas Células derivadas da medula óssea encontradas no epitélio e em
tecidos linfoides que são morfologicamente caracterizadas pelas finas projeções
membranosas. Existem muitas subclasses de células dendríticas com funções
diversas. As células dendríticas clássicas atuam como células de sentinela inatas e
tornam-se APCs para linfócitos T inativos após ativação. Além disso, são importantes
para o início das respostas imunes adaptativas ao antígeno proteico. Células
dendríticas clássicas imaturas (em repouso) são importantes para a indução da
tolerância aos próprios antígenos. As células dendríticas plasmacitoides produzem
abundantes interferons de tipo 1 em resposta à exposição a vírus.
Células dendríticas foliculares (FDCs, do inglês folicular dendritic cells) Células nos
folículos linfoides dos órgãos linfoides secundários que expressam receptores de
complemento, receptores Fc e ligante CD40 e têm longos processos citoplasmáticos
que formam uma malha integrante da arquitetura dos folículos. As células dendríticas
foliculares apresentam antígenos em suas superfícies para o reconhecimento da
célula B e estão envolvidos na ativação e seleção das células B que expressam Ig de
membrana de alta afinidade durante o processo de maturação da afinidade. Elas são
células não hematopoéticas (origem não é da medula óssea).
Células efetoras Células que realizam funções efetoras durante a resposta imune, tais
como secreção de citocinas (p. ex., células T auxiliares), morte de microrganismos
(p. ex., macrófagos), morte de células do hospedeiro infectadas com microrganismos
(p. ex., CTLs) ou anticorpos secretados (p. ex., células B diferenciadas).
Células epiteliais tímicas Células epiteliais abundantes no estroma cortical e medular do
timo que têm papel importante no desenvolvimento da célula T. No processo de
seleção positiva, as células T em maturação que reconhecem fracamente os próprios
peptídios ligados às moléculas de MHC na superfície das células epiteliais tímicas são
salvas da morte celular programada.
Células indutoras de tecido linfoide Um tipo de célula linfoide inata derivada
hematopoeticamente e que estimula o desenvolvimento de linfonodos e outros órgãos
linfoides secundários, em parte pela produção das citocinas linfotoxina-α (LTα) e
linfotoxina-β (LTβ).
Células M Células especializadas da mucosa epitelial gastrintestinal que recobrem as
placas de Peyer no intestino e atuam na liberação de antígenos para as placas de
Peyer.
Células profissionais apresentadoras de antígenos (APCs profissionais) Um termo
algumas vezes utilizado para se referir às APCs que ativam linfócitos T; inclui células
dendríticas, fagócitos mononucleares e linfócitos B, todos os quais são capazes de
expressar moléculas de MHC de classe II e coestimuladores. As APCs profissionais
mais importantes para o início das respostas primárias de célula T são as células
dendríticas.
Células supressoras mieloide-derivadas Um grupo heterogêneo de precursores
mieloides imaturos que suprimem as respostas imunes antitumorais e são
encontrados em tecidos linfoides, sangue ou tumores de animais contendo tumor ou
pacientes com câncer. As células expressam Ly6C ou Ly6G e CD11b em camundongos
e CD33, CD11b e CD15 em humanos.
Células T assassinas naturais (células NKT, do inglês natural killer cells) Um subgrupo
numericamente pequeno de linfócitos que expressam receptores de células T e
algumas moléculas de superfície características de células NK. Algumas células NKT,
chamadas NKT invariantes (iNKT), expressam receptores de antígenos de célula T αβ
com pouca diversidade, reconhecem antígenos lipídicos apresentados pelas moléculas
CD1 e realizam várias funções efetoras típicas das células T auxiliares.
Células T auxiliares Uma classe de linfócitos T cujas funções são ativar macrófagos e
promover inflamação em respostas imunes mediadas por célula e promover a
produção de anticorpo em célula B nas respostas imunes humorais. Essas funções são
mediadas por citocinas secretadas e por ligação de ligantes CD40 de célula T aos
macrófagos ou CD40 de célula B. A maioria das células T auxiliares expressa a
molécula CD4.
Células T auxiliares foliculares (TFH
) Um subgrupo heterogêneo de células T auxiliares
CD4
+ presente dentro dos folículos linfoides e que é crucial para fornecer sinais para
as células B na reação do centro germinativo que estimula a hipermutação somática,
troca de isotipo e geração de células B de memória e plasmócitos de vida longa. As
células TFH
expressam CXCR5, ICOS, IL-21 e Bcl-6.
Células T regulatórias Uma população de células T que inibe a ativação de outras células
T e é necessária para a manutenção da tolerância periférica aos próprios antígenos. A
maioria das células T regulatórias é CD4
+ e expressa a cadeia α do receptor de IL-2
(CD25), CTLA4 e fator de transcrição FoxP3.
Células T supressoras Células T que bloqueiam a ativação e função de outros linfócitos T.
Tem sido difícil identificar claramente as células T supressoras, de modo que o termo
não é mais utilizado. As células T mais bem definidas e que atuam para controlar as
respostas imunes são as células T regulatórias.
Células TH1 Um subgrupo de células T auxiliares CD4
+ que secretam um grupo particular
de citocinas, incluindo IFN-γ, e cuja principal função é estimular a defesa contra
infecções mediada pelo fagócito, especialmente com microrganismos intracelulares.
Células TH17 Um subgrupo funcional de células T auxiliares CD4
+ que secretam um
grupo particular de citocinas, incluindo IL-17 e IL-22, que são protetoras contra
infecções bacterianas e fúngicas e também medeiam reações inflamatórias nas
doenças autoimunes e outras doenças inflamatórias.
Células TH2 Um subgrupo funcional de células T auxiliares CD4
+ que secretam um grupo
particular de citocinas, incluindo IL-4, IL-5 e IL-3, e cuja principal função é estimular
reações imunes mediadas por IgE e eosinófilo/mastócito.
Centroblastos Células B em rápida proliferação na zona escura dos centros germinativos
dos tecidos linfoides secundários, que dão origem a milhares de progenitores,
expressam deaminase induzida por ativação (AID) e se submetem à mutação
somática de seus genes V. Os centroblastos tornam-se centrócitos da zona clara dos
centros germinativos.
Centrócitos Células B na zona clara dos centros germinativos dos órgãos linfoides
secundários, que são os progenitores dos centroblastos em proliferação da zona
escura. Os centrócitos que expressam Ig de alta afinidade são positivamente
selecionados para sobreviver, se submeter à troca de isotipo e, posteriormente, sofrer
diferenciação em plasmócitos de vida longa e células B de memória.
Centros germinativos Estruturas especializadas nos órgãos linfoides geradas durante as
respostas imunes humorais dependentes de T, onde ocorrem extensa proliferação de
célula B, troca de isotipo, mutação somática, maturação de afinidade, geração de
célula B de memória e indução de plasmócitos de vida longa. Os centros germinativos
surgem como regiões levemente coradas dentro do folículo linfoide no baço,
linfonodo e tecido linfoide mucoso.
Cepas congênitas de camundongo Cepas puras de camundongo que são idênticas umas
às outras em cada lócus genético, exceto naquele para o qual elas são selecionadas
para serem diferentes. Tais cepas são criadas por repetidos cruzamentos e seleção
para um marca particular. As cepas congênitas que diferem umas das outras somente
por um alelo de MHC em particular têm sido úteis na definição da função das
moléculas de MHC.
Choque séptico Uma grave complicação de infecções bacterianas que se espalha pela
corrente sanguínea (sepse) e é caracterizada por colapso vascular, coagulação
intravascular disseminada e distúrbios metabólicos. Esta síndrome é atribuída aos
efeitos dos componentes da parede celular bacteriana, como LPS ou peptidoglicano,
que se ligam aos TLRs nos vários tipos celulares e induzem a expressão de citocinas
inflamatórias, incluindo TNF e IL-12.
Ciclosporina Um inibidor de calcineurina muito utilizado como um fármaco
imunossupressor para prevenir a rejeição a enxerto mediante bloqueio da ativação da
célula T. A ciclosporina (também denominada ciclosporina A) liga-se à proteína
citosólica denominada ciclofilina, e um complexo ciclosporina-ciclofilina liga-se e
inibe a calcineurina, inibindo, assim, a ativação e translocação nuclear do fator de
transcrição NFAT.
Citocinas Proteínas que são produzidas e secretadas por diferentes tipos celulares e
medeiam reações inflamatórias e imunes. As citocinas são os principais mediadores
de comunicação entre células do sistema imune (ver Apêndice II).
Citometria de fluxo Método de análise do fenótipo de populações celulares requerendo
um instrumento especializado (citômetro de fluxo) que pode detectar fluorescência
em células individuais em suspensão e, assim, determina o número de células que
expressam a molécula na qual o marcador fluorescente se liga, bem como a
quantidade relativa de molécula expressa. Suspensões de células são incubadas com
anticorpos fluorescentes marcados, e a quantidade de marcador ligado a cada célula
da população é medida após a passagem das células individuais através do
fluorímetro, utilizando um feixe de laser.
Citotoxicidade mediada por célula dependente de anticorpo (ADCC, do inglês antibody
dependente cell citotoxicity) Processo pelo qual as células NK são direcionadas para
células recobertas com IgG, resultando na lise das células cobertas por anticorpo. Um
receptor específico para a região constante da IgG, chamado de FcγRIII (CD16), é
expresso na membrana celular da célula NK e medeia a ligação à IgG.
Classificador de células ativado por fluorescência (FACS, do inglês fluorescenceactivated
cell sorter) Uma adaptação do citômetro de fluxo que é usado para a
purificação de células a partir de uma população misturada e de acordo com qual
fluorescência e intensidade a célula marcada se liga. Primeiramente, as células são
coradas com um marcador fluorescente, como um anticorpo específico para um
antígeno de superfície de uma população celular. As células são, então, passadas
individualmente através do fluorímetro com um laser incidente e coletadas em
diferentes tubos de acordo com campos eletromagnéticos cujos tamanhos e direção
são variados de acordo com a medida da intensidade do sinal fluorescente.
Clone Um grupo de células, todas derivadas um precursor comum único, que mantém
muitas das características genotípicas e fenotípicas compartilhadas pela célula de
origem. Na imunidade adaptativa, todos os membros de um clone de linfócitos
compartilham os mesmos genes de Ig ou TCR recombinados clonalmente, embora a
reorganização dos genes Ig V de diferentes células dentro de um clone de células B
possa variar em sequência devido a uma hipermutação somática que ocorre após a
recombinação VDJ.
Coestimulador Uma molécula expressa na superfície das APCs em resposta aos
estímulos imunes inatos, que fornecem um estímulo, em adição ao antígeno (o
“segundo sinal”), necessário para a ativação das células T virgens. Os coestimuladores
mais bem definidos são as moléculas B7 (CD80 e CD86) nas APCs que se ligam ao
receptor CD38 nas células T. Outros coestimuladores se ligam a receptores que são
expressos nas células T ativadas, levando a respostas efetoras aumentadas.
Coinibidor Uma proteína da superfície celular expressa pelas células apresentadoras de
antígenos, células T ou B regulatórias, ou células de tecidos, que se liga aos receptores
inibitórios nas células T efetoras, induzindo sinais que bloqueiam a ativação da célula
T pelo antígeno. Um exemplo é o PD-L1, um coinibidor expresso em vários tipos
celulares, que se liga ao PD-1 nas células T efetoras. A via PD-LI/PD-1 tem sido alvo
terapêutico para aumentar as respostas antitumorais e antivirais da célula T.
Colectinas Uma família de proteínas, incluindo a lectina de ligação à manose, que são
caracterizadas por um domínio tipo colágeno e um domínio lectina (i.e., ligação a
carboidrato). As colectinas atuam no sistema imune inato como receptores de
reconhecimento de padrão microbiano e podem ativar o sistema complemento por
ativação de C1q.
Compartimento de MHC de classe II (MIIC) Um subgrupo de endossomas (vesículas
ligadas à membrana envolvidas nas vias celulares) encontrados em macrófagos e
células B humanas que são importantes na via de MHC de classe II da apresentação
de antígenos. O MIIC contém todos os componentes necessários para a formação de
complexos peptídio-molécula de MHC de classe II, incluindo enzimas que degradam
antígenos proteicos, moléculas de classe II, cadeia invariante e HLA-DM.
Complemento Um sistema de proteínas séricas e de superfície celular que interagem
umas com as outras e com outras moléculas do sistema imune para gerar importantes
efetores das respostas imunes inata e adaptativa. As vias clássica, alternativa e da
lectina do sistema complemento são ativadas por complexos antígeno-anticorpo,
superfícies microbianas e lectinas plasmáticas ligadas aos microrganismos,
respectivamente, e consistem em uma cascata de enzimas proteolíticas que geram
mediadores inflamatórios e opsoninas. Todas as três vias levam à formação de um
complexo lítico na célula terminal comum e que é inserido nas membranas celulares.
Complexo BCR (receptor de célula B) Um complexo multiproteico expresso na superfície
dos linfócitos B que reconhece o antígeno e traduz os sinais de ativação dentro da
célula. O complexo BCR inclui Ig de membrana, que é responsável pela ligação do
antígeno, e proteínas Igα e Igβ, que iniciam os eventos de sinalização.
Complexo de ataque à membrana (MAC, do inglês membrane attack complex) Complexo
lítico de componentes terminais da cascata do complemento, incluindo múltiplas
cópias de C9, que se forma nas membranas das células-alvo. O MAC causa alterações
iônicas letais nas células.
Complexo maior de histocompatibilidade (MHC, do inglês major histocompatibility
complex) Um grande lócus genético (no cromossoma 6 humano e cromossoma 17
murino) que inclui genes altamente polimórficos que codificam moléculas ligantes de
peptídios reconhecidas pelos linfócitos T. O lócus MHC também inclui genes que
codificam citocinas, moléculas envolvidas no processamento de antígeno e proteínas
do complemento.
Componente secretório Uma porção proteoliticamente clivada do domínio extracelular
de um receptor poli-Ig que permanece ligado a uma molécula de IgA nas secreções
mucosas.
Correceptor Um receptor da superfície do linfócito que se liga ao complexo de antígeno
ao mesmo tempo que Ig ou TCR de membrana se ligam ao antígeno e produzem
sinais necessários para uma ótima ativação do linfócito. CD4 e CD8 são correceptores
de célula T que se ligam a partes não polimórficas da molécula de MHC
concomitantemente à ligação do TCR aos resíduos polimórficos e ao peptídio ligado.
CR2 é um correceptor nas células B que se liga aos antígenos opsonizados por
complemento ao mesmo tempo que a Ig de membrana se liga a outra parte do
antígeno.
CTLA-4 Uma proteína da superfamília de Ig expressa na superfície de células T efetoras
ativadas e Treg, que se liga com alta afinidade a B7-1 e B7-2 e tem papel essencial na
inibição das respostas da célula T. A CTLA-4 é essencial para a função da Treg e
tolerância da célula T aos autoantígenos.
Deaminase induzida por ativação (citidina) (AID, do inglês activation-induced
deaminase) Enzima expressa nas células B que catalisa a conversão de citosina em
uracil no DNA, um passo necessário para a hipermutação somática e maturação por
afinidade dos anticorpos e para a troca de classe de Ig.
Dectinas Receptores de reconhecimento padrão expressos nas células dendríticas que
reconhecem carboidratos da parede células fúngica e induzem eventos sinalizadores
que promovem infamação e aumentam as respostas imunes adaptativas.
Defensinas Peptídios ricos em cisteína produzidos pelas células da barreira epitelial na
pele, no intestino, no pulmão e outros tecidos e nos grânulos de neutrófilos e que
agem como antibióticos de amplo espectro para matar uma grande variedade de
bactérias e fungos. A síntese das defensinas é aumentada em resposta ao estímulo de
receptores do sistema imune inato, como receptores do tipo Toll, e citocinas
inflamatórias, como IL-1 e TNF.
Deficiência de adesão de leucócito (LAD, do inglês leukocyte adhesion deficiency) Uma
doença de um raro grupo de doenças de imunodeficiência com complicações
infecciosas que é causada pela expressão defeituosa de moléculas de adesão de
leucócitos necessárias para o recrutamento tecidual de fagócitos e linfócitos. LAD-1 é
decorrente de mutações no gene que codifica a proteína CD18, que é parte das
integrinas β2
. LAD-2 é provocada por mutações em um gene que codifica um
transportador de fucose envolvido na síntese de ligantes de leucócitos para selectinas
endoteliais.
Deficiência seletiva de imunoglobulina Imunodeficiência caracterizada pela falta de
somente uma de poucas classes ou subclasses de Ig. A deficiência de IgA é a
deficiência seletiva de Ig mais comum, seguida pelas deficiências de IgG3 e IgG2.
Pacientes com esses distúrbios podem estar sob risco de infecções bacterianas, porém
muitos são normais.
Deleção clonal Mecanismo de tolerância de linfócitos no qual uma célula T imatura no
timo ou uma célula B imatura na medula óssea se submete à morte apoptótica como
consequência do reconhecimento de um autoantígeno.
Dessensibilização Método de tratamento da doença da hipersensibilidade imediata
(alergia) que envolve administração repetida de baixas doses de um antígeno ao quais
os indivíduos são alérgicos. Este processo frequentemente previne reações alérgicas
graves em exposições ambientais subsequentes ao antígeno, mas os mecanismos não
são bem compreendidos.
Desvio imune Conversão de uma resposta de célula T associada a um grupo de citocinas,
como as citocinas TH1, que estimulam funções inflamatórias de macrófagos, a uma
resposta associada a outras citocinas, como as citocinas TH2, que ativam respostas
anti-inflamatórias de macrófagos.
Determinante Uma porção específica de um antígeno macromolecular no qual um
anticorpo se liga. No caso de um antígeno proteico reconhecido por uma célula T, o
determinante é uma porção de peptídio que se liga a uma molécula de MHC para o
reconhecimento pelo TCR. Sinônimo de epítopo.
Diabetes melito tipo 1 Doença caracterizada pela falta de insulina e que causa várias
anormalidades metabólicas e vasculares. A deficiência de insulina resulta de
destruição autoimune das células β produtoras de insulina nas ilhotas de Langerhans
do pâncreas, normalmente durante a infância. Células CD4
+ e CD8
+
, anticorpos e
citocinas têm sido implicados no dano à ilhota pancreática. Também denominado
diabetes melito dependente de insulina.
Diacilglicerol (DAG) Uma molécula de sinalização gerada pela hidrólise de
fosfatidilinositol 4,5-bifosfato (PIP2) mediada pela fosfolipase C (PLCγ1) durante a
ativação de linfócitos pelo antígeno. A principal função do DAG é ativar uma enzima
chamada de proteinoquinase C, que participa da geração de fatores de transcrição
ativos.
Diversidade Existência de um grande número de linfócitos com diferentes
especificidades antigênicas em qualquer indivíduo. A diversidade é uma propriedade
fundamental do sistema imune adaptativo e é o resultado da variabilidade nas
estruturas de locais de ligação do antígeno de receptores de linfócitos aos antígenos
(anticorpos e TCRs).
Diversidade combinatorial Diversidade de Ig e especificidade de TCR geradas pelo uso
de diferentes combinações de diversas variáveis, diversidade e segmentos unidos
durante a recombinação somática do DNA no loci de Ig e TCR nas células B e T em
desenvolvimento. A diversidade combinatorial é um mecanismo que trabalha
conjuntamente com a diversidade juncional, para a geração de um grande número de
diferentes genes de receptores de antígenos a partir de um número limitado de
segmentos de gene de DNA.
Diversidade juncional Diversidade de anticorpos e repertórios de TCR que é atribuída à
adição ou remoção randômica de sequências de nucleotídios nas junções entre
segmentos de gene V, D, e J.
Doença autoimune Doença causada pela interrupção da autotolerância de tal forma que
o sistema imune adaptativo responde aos autoantígenos e medeia o dano a células e
tecidos. As doenças autoimunes podem ser causadas por ataque contra um órgão ou
tecido (p. ex., esclerose múltipla, tireoidite ou diabetes tipo 1) ou contra antígenos
múltiplos e sistemicamente distribuídos (p. ex., lúpus eritematoso sistêmico).
Doença do enxerto versus hospedeiro Uma doença que ocorre nos recebedores de
transplantes de medula óssea e que é causada pela reação de células T maduras na
medula transplantada com aloantígenos nas células do hospedeiro. A doença afeta
mais frequentemente a pele, o fígado e os intestinos.
Doença do imunocomplexo Doença inflamatória causada pela deposição de complexos
antígeno-anticorpo nas paredes dos vasos sanguíneos, resultando em ativação local do
complemento e recrutamento de fagócitos. Os imunocomplexos podem se formar em
virtude da superprodução de anticorpos contra antígenos microbianos ou como
resultado de produção de autoanticorpo no quadro de uma doença autoimune, como
o lúpus eritematoso sistêmico. A deposição de imunocomplexos nas membranas
basais de capilares especializados do glomérulo renal pode causar glomerulonefrite e
prejuízo da função renal. A deposição sistêmica de imunocomplexos nas paredes
arteriais pode levar à vasculite, com trombose e dano isquêmico a vários órgãos.
Doença do soro Doença causada pela injeção de grandes doses de um antígeno proteico
no sangue e caracterizada pela deposição de complexos antígeno-anticorpo (imunes)
nas paredes dos vasos sanguíneos, especialmente nos rins e nas articulações. A
deposição dos imunocomplexos leva a fixação do complemento e recrutamento de
leucócitos e, subsequentemente, à glomerulonefrite e artrite. A doença do soro foi
originalmente descrita como um distúrbio que ocorre em pacientes que receberam
injeção de soro contendo anticorpos antitoxina para prevenir a difteria.
Doença granulomatosa crônica Uma rara imunodeficiência herdada causada por
mutações nos genes que codificam componentes do complexo da enzima oxidase de
fagócitos e que é necessária para a morte do microrganismo por leucócitos
polimorfonucleares e macrófagos. A doença é caracterizada por recorrentes infecções
intracelulares bacterianas e fúngicas, frequentemente acompanhadas por respostas
imunes crônicas mediadas por células e formação de granulomas.
Doença inflamatória imunomediada Um amplo grupo de distúrbios nos quais as
respostas imunes, ao próprio ou a antígenos estranhos, e a inflamação crônica são os
componentes principais.
Doença inflamatória intestinal (IBD, do inglês inflammatory bowel disease) Um grupo
de distúrbios incluindo colite ulcerativa e doença de Crohn, caracterizado por
inflamação crônica no trato gastrintestinal. A etiologia da IBD não é conhecida, mas
algumas evidências indicam que é causada por regulação inadequada das respostas de
célula T, provavelmente contra bactérias comensais intestinais. A IBD desenvolve-se
em camundongos sem o gene para IL-2, IL-10 ou cadeia de TCRα.
Doenças de hipersensibilidade Distúrbios causados por respostas imunes. As doenças
de hipersensibilidade incluem as doenças autoimunes, nas quais as respostas imunes
são direcionadas contra autoantígenos, e aquelas que resultam de respostas
descontroladas ou excessivas contra antígenos estranhos, como microrganismos e
alérgenos. O dano tecidual que ocorre nas doenças de hipersensibilidade é decorrente
dos mesmos mecanismos efetores usados pelo sistema imune para proteção contra os
microrganismos.
Domínio de imunoglobulina Uma estrutura tridimensional globular encontrada em
muitas proteínas no sistema imune, incluindo Igs, TCRs e moléculas de MHC. Os
domínios Ig têm cerca de 110 resíduos de aminoácidos de extensão, incluem uma
ponte dissulfeto interna e possuem duas camadas de folhas β-pregueadas, cada
camada composta de três a cinco bandas de cadeia polipeptídica antiparalela. Os
domínios Ig são classificados como tipo V ou tipo C baseando-se nas homologias mais
próximas ou aos domínios Ig V ou C.
Domínio Src de homologia 2 (SH2) Uma estrutura de domínio tridimensional com
aproximadamente 100 resíduos de aminoácidos presente em muitas proteínas de
sinalização e que permite interações específicas e não covalentes com outras proteínas
através da ligação à fosfotirosina. Cada domínio SH2 tem uma especificidade única de
ligação que é determinada pelos resíduos de aminoácidos adjacentes à fosfotirosina
na proteína-alvo. Várias proteínas envolvidas nos eventos iniciais de sinalização nos
linfócitos T e B interagem umas com as outras através de domínios SH2.
Domínio Src de homologia 3 (SH3) Uma estrutura de domínio tridimensional com
aproximadamente 60 resíduos de aminoácidos presente em muitas proteínas de
sinalização e que medeia a ligação proteína-proteína. Os domínios SH3 ligam-se a
resíduos de prolina e funcionam cooperativamente com os domínios SH2 da mesma
proteína. Por exemplo, SOS, o fator de troca de nucleotídio guanina para Ras, contém
ambos os domínios SH2 e SH3, os quais estão envolvidos na ligação do SOS à proteína
adaptadora Grb-2.
Ectoparasitas Parasitas que vivem na superfície de um animal, tais como carrapatos e
ácaros. Ambos os sistemas imunes inato e adaptativo podem ter papel na proteção
contra ectoparasitas, frequentemente pela destruição dos estágios larvais destes
organismos.
Edição de receptor Processo pelo qual algumas células B imaturas que reconhecem os
próprios antígenos na medula óssea podem ser induzidas a alterarem suas
especificidades de Ig. A edição de receptor envolve a reativação dos genes RAG,
recombinações adicionais de cadeia leve VJ e nova produção de cadeia leve de Ig, o
que permite à célula expressar um receptor Ig diferente que não é autorreativo.
Encefalomielite autoimune experimental (EAE, do inglês experimental autoimune
encephalomyelitis) Um modelo animal de esclerose múltipla, uma doença autoimune
desmielinizante do sistema nervoso central. A EAE é induzida em roedores com
imunização com componentes da bainha de mielina (p. ex., proteína básica da
mielina) dos nervos, misturados com um adjuvante. A doença é mediada em grande
parte por células T CD4
+ secretoras de citocinas específicas para as proteínas da
bainha de mielina.
Endossoma Uma vesícula intracelular ligada à membrana onde proteínas extracelulares
são internalizadas durante o processamento do antígeno. Os endossomas têm um pH
ácido e possuem enzimas proteolíticas que degradam proteínas em peptídios que se
ligam às moléculas de MHC de classe II. Um subgrupo de endossomas ricos em MHC
de classe II, chamado de MIIC, tem papel especial no processamento de antígenos e
apresentação pela via de classe II.
Endotoxina Um componente da parede celular de bactérias Gram-negativas, também
chamado de lipopolissacarídio (LPS), que é liberado pelas bactérias mortas e estimula
as respostas inflamatórias imunes inatas através da ligação em TLR4 de diferentes
tipos celulares, incluindo fagócitos, células endoteliais, células dendríticas e células
epiteliais de barreira. A endotoxina contém ambas as porções de componentes
lipídicos e de carboidrato (polissacarídio).
Ensaio de imunoabsorção ligado à enzima (ELISA) Método de quantificação de um
antígeno imobilizado em uma superfície sólida pelo uso de um anticorpo específico
com uma enzima covalentemente acoplada. A quantidade de anticorpo que se liga ao
antígeno é proporcional à quantidade de antígeno presente e é determinada por
medida espectofotométrica da conversão de um substrato claro a um produto
colorido causado pela enzima acoplada (ver Apêndice IV).
Enxerto Tecido ou órgão que é removido de um local e colocado em outro local,
normalmente em um indivíduo diferente.
Enxerto arteriosclerótico Oclusão de artérias enxertadas causada por proliferação das
células musculares lisas da íntima. Este processo é evidente dentro de 6 meses a 1 ano
após o transplante e é responsável pela rejeição crônica de enxertos de órgãos
vascularizados. O mecanismo provavelmente é uma resposta imune crônica aos
aloantígenos da parede do vaso. Também é chamado de arteriosclerose acelerada.
Enxerto singênico Um enxerto de um doador que é geneticamente idêntico ao recebedor.
Os enxertos singênicos não são rejeitados.
Eosinófilo Um granulócito derivado da medula óssea que é abundante nos infiltrados
inflamatórios nas fases tardias das reações de hipersensibilidade imediata e contribui
para muitos dos processos patológicos nas doenças alérgicas. Os eosinófilos são
importantes na defesa contra parasitas extracelulares, incluindo helmintos.
Epítopo Porção específica de um antígeno macromolecular no qual um anticorpo se liga.
No caso de um antígeno proteico reconhecido por uma célula T, um epítopo é a
porção peptídica que se liga a uma molécula de MHC para o reconhecimento pelo
TCR. Sinônimo de determinante.
Epítopo imunodominante O epítopo de um antígeno proteico que elicita a maioria das
respostas em um indivíduo imunizado com proteínas inativas. Os epítopos
imunodominantes correspondem aos peptídios das proteínas que são
proteoliticamente geradas dentro das APCs e se ligam mais avidamente às moléculas
de MHC e, mais provavelmente, estimularão as células T.
Espalhamento de epítopo Na autoimunidade, o desenvolvimento das respostas imunes a
múltiplos epítopos como uma doença imune originalmente visando a um único
epítopo progride provavelmente em virtude da interrupção na tolerância e liberação
de antígenos teciduais adicionais decorrentes do processo inflamatório estimulado
pela resposta inicial.
Espécies reativas de oxigênio (ROS, do inglês reactive oxygen species) Metabólitos de
oxigênio altamente reativos, incluindo ânion superóxido, radical hidroxila e peróxido
de hidrogênio, que são produzidos pelos fagócitos ativados. As espécies reativas de
oxigênio são usadas pelos fagócitos para formar oxialetos que danificam a bactéria
ingerida. Eles também podem ser liberados das células e promover respostas
inflamatórias ou causar dano tecidual.
Especificidade Uma característica cardinal do sistema imune adaptativo, ou seja, as
respostas imunes são direcionadas e capazes de distinguir entre antígenos distintos e
pequenas partes de antígenos macromoleculares. Esta fina especificidade é atribuída
aos receptores de antígenos de linfócitos que podem se ligar a uma molécula, mas não
a outra, mesmo intimamente relacionada.
Exclusão alélica Expressão exclusiva de somente um de dois alelos herdados que codifica
cadeias pesada e leve de Ig e cadeias TCR β. A exclusão alélica ocorre quando o
produto proteico de um lócus receptor antigênico produtivamente recombinado em
um cromossoma bloqueia o rearranjo do lócus correspondente no outro cromossoma.
Esta propriedade garante que cada linfócito expressará um único receptor de antígeno
e que todos os receptores de antígenos expressos por um clone de linfócitos terão
especificidade idêntica. Pelo fato de os loci de cadeias TCR α não mostrarem exclusão
alélica, algumas células T expressam dois tipos diferentes de TCR.
Expansão clonal Aumento de ∼10.000 a 100.000 vezes no número de linfócitos
específicos para um antígeno que resulta de estimulação e proliferação das células T
virgens pelo antígeno. A expansão clonal ocorre nos tecidos linfoides e é necessária
para gerar linfócitos efetores específicos para antígenos em quantidade suficiente
para erradicar infecções.
Fab (fragmento, ligante de antígeno) Fragmento proteolítico de uma molécula de
anticorpo IgG que inclui uma cadeia leve completa pareada com um fragmento de
cadeia pesada contendo o domínio variável e somente o primeiro domínio constante.
Os fragmentos Fab retêm a habilidade de se ligar monovalentemente a um antígeno,
mas não podem interagir com receptores Fc IgG nas células ou com complemento.
Dessa maneira, as preparações Fab são usadas na pesquisa e aplicações terapêuticas
quando a ligação do antígeno é desejada sem a ativação das funções efetoras. (O
fragmento Fab retém a região da dobra da cadeia pesada.)
Fagócitos mononucleares Células com uma linhagem óssea comum cuja principal função
é a fagocitose. Estas células atuam como células acessórias nas fases de
reconhecimento e ativação da resposta imune adaptativa e como células efetoras na
imunidade inata e adaptativa. Os fagócitos mononucleares circulam no sangue como
uma forma diferenciada incompleta denominada monócito e, uma vez que alcançam
os tecidos, amadurecem em macrófagos.
Fagocitose Processo pelo qual certas células do sistema imune inato, incluindo
macrófagos e neutrófilos, engolfam grandes partículas (> 0,5 µm em diâmetro), tais
como um microrganismo. A célula circunda a partícula com extensões de sua
membrana plasmática mediante um processo dependente de energia do
citoesqueleto. Este processo resulta na formação de uma vesícula intracelular
denominada fagossoma, que contém a partícula ingerida.
Fagossoma Uma vesícula intracelular ligada à membrana e que contém microrganismos
ou material particulado do ambiente extracelular. Os fagossomas são formados
durante o processo de fagocitose. Eles se fundem com outras estruturas vesiculares,
como lisossomas, levando à degradação enzimática do material ingerido.
Família de proteínas Bcl-2 Uma família de proteínas membranares citoplasmáticas e
mitocondriais parcialmente homólogas que regulam a apoptose, influenciando a
permeabilidade da membrana mitocondrial. Os membros desta família podem ser
pró-apoptóticos (p. ex., Bax, Bad e Bak) ou antiapoptóticos (p. ex., Bcl-2 e Bcl-XL
).
Família de receptor acoplado à proteína G Uma família diversa de receptores para
hormônios, mediadores lipídicos inflamatórios e quimiocinas que usam proteínas G
triméricas para a sinalização intracelular.
Fas (CD95) Um receptor de morte da família de receptor do TNF que é expresso na
superfície das células T e muitos outros tipos celulares e inicia uma cascata de
sinalização que leva à morte apoptótica da célula. A via de morte é iniciada quando o
Fas se liga ao ligante Fas expresso nas células T ativadas. A morte de linfócitos
mediada pelo Fas é importante para a manutenção da autotolerância. Mutações no
gene FAS causam doenças autoimunes sistêmicas.
Fase efetora Fase da resposta imune na qual um antígeno estranho é destruído ou
inativado. Por exemplo, na resposta imune humoral, a fase efetora pode ser
caracterizada por ativação de complemento dependente de anticorpo e fagocitose de
bactéria opsonizada por anticorpo ou complemento.
Fator ativador de plaqueta (PAF, do inglês platelet-activating factor) Um mediador
lipídico derivado de fosfolipídios de membrana de vários tipos celulares, incluindo
mastócitos e células endoteliais. O PAF pode causar broncoconstrição e dilatação
vascular e extravasamento, e também pode ser um importante mediador na asma.
Fator autócrino Uma molécula que age na mesma célula que produz o fator. Por exemplo,
a IL-2 é um fator de crescimento de células T autócrino que estimula a atividade
mitótica da célula T que a produz.
Fator estimulador de colônia de granulócito (G-CSF, do inglês granulocyte colonystimulating
factor) Uma citocina produzida por células T ativadas, macrófagos e
células endoteliais nos locais de infecção e que age na medula óssea para aumentar a
produção e mobilizar neutrófilos para substituírem aqueles consumidos nas reações
inflamatórias.
Fator estimulador de colônia de granulócito e monócito (GM-CSF, do inglês granulocytemonocyte
colony-stimulating factor) Uma citocina produzida por células T ativadas,
macrófagos, células endoteliais e fibroblastos do estroma e que age na medula óssea
para aumentar a produção de neutrófilos e monócitos. O GM-CSF também é um fator
ativador de macrófagos e promove a maturação de células dendríticas.
Fator nuclear de células T ativadas (NFAT, do inglês nuclear factor of activated cells) Um
fator de transcrição necessário para a expressão de genes de IL-2, IL-4, TNF e outras
citocinas. As quatro NFATs diferentes são cada uma codificadas por genes separados;
NFATp e NFATc são encontradas nas células T. NFAT citoplasmática é ativada por
defosforilação mediada por calcineurina, dependente de cálcio/calmodulina, o que
permite ao NFAT translocar para o núcleo e se ligar às sequências consenso de ligação
nas regiões regulatórias dos genes de IL-2, IL-4 e outras citocinas, normalmente em
associação com outros fatores de transcrição, tais como AP-1.
Fator nuclear κB (NF-κB, do inglês nuclear factor kappa;B) Uma família de fatores de
transcrição composta de proteínas homodímeras ou heterodímeras homólogas à
proteína c-Rel. As proteínas NF-κB são necessárias para a transcrição induzível de
muitos genes importantes em ambas as respostas imunes inata e adaptativa.
Fator parácrino Uma molécula que age nas células na proximidade da célula que produz
o fator. A maioria das citocinas age em função parácrina.
Fatores associados ao receptor de TNF (TRAFs, do inglês TNF receptor-associated
factors) Uma família de moléculas adaptadoras que interagem com os domínios
citoplasmáticos de vários receptores na família do receptor de TNF, incluindo TNFRII,
receptor de linfotoxina (LT)-β e CD40. Cada um desses receptores contém um
motivo citoplasmático que se liga a diferentes TRAFs, que por sua vez envolvem
outras moléculas sinalizadoras, levando à ativação dos fatores de transcrição AP-1 e
NF-κB.
Fatores de estimulação de colônia (CSFs, do inglês colony-stimulating factors) Citocinas
que promovem a expansão e diferenciação de células progenitoras da medula óssea.
São essenciais para a maturação de hemácias, granulócitos, monócitos e linfócitos.
Exemplos de CSFs incluem fator estimulador de colônia de granulócito e monócito
(GM-CSF), fator estimulador de colônia de granulócito (G-CSF) e IL-3.
Fatores regulatórios de interferon (IRFs, do inglês interferon regulatory factors) Uma
família de fatores de transcrição induzivelmente ativados que são importantes na
expressão de genes inflamatórios e antivirais. Por exemplo, IFR3 é ativado por sinais
TLR e regula a expressão de interferons tipo I, que são citocinas que protegem as
células da infecção viral.
Fc (fragmento, cristalino) Fragmento proteolítico de IgG que contém somente regiões
carboxiterminais de duas cadeias pesadas ligadas a um dissulfeto. O Fc também é
usado para descrever a região correspondente de uma molécula de Ig intacta que
medeia funções efetoras através de ligação a receptores da superfície celular ou a
proteína C1a do complemento. (Fragmentos Fc são assim denominados porque eles
tendem a cristalizar a partir da solução.)
Fc RI Um receptor de alta afinidade para a região constante carboxiterminal das
moléculas de IgE que é expresso nos mastócitos, basófilos e eosinófilos. As moléculas
Fc RI dos mastócitos normalmente são ocupadas pela IgE, e ligações cruzadas
induzidas por antígeno destes complexos IgE-Fc RI ativam os mastócitos e iniciam
reações de hipersensibilidade imediatas.
Fenda de ligação a peptídio Porção de uma molécula de MHC que se liga a peptídios para
a apresentação às células T. A fenda é composta de α-hélices pareadas repousando em
um assoalho composto de até oito cadeias de folhas β-pregueadas. Os resíduos
polimórficos, que são os aminoácidos que variam dentre diferentes alelos de MHC,
estão localizados na fenda e em seu entorno.
Ficolinas Proteínas plasmáticas hexaméricas do sistema imune inato, contendo domínios
do tipo colágeno e domínios de reconhecimento de carboidrato do tipo fibrinogênio,
que se ligam a componentes da parede celular de bactérias Gram-positivas,
opsonizando-as e ativando o complemento.
Fito-hemaglutinina (PHA, do inglês phytohemagglutinin) Uma proteína, ou lectina, de
ligação de carboidrato, produzida por plantas que fazem ligação cruzada com
moléculas de superfície da célula T humana, incluindo receptor de célula T,
induzindo, assim, a ativação policlonal e aglutinação de células T. A PHA é
frequentemente usada na imunologia experimental para o estudo da ativação da
célula T. Na medicina clínica, a PHA é utilizada para avaliar se as células T de um
paciente são funcionais ou se induzem mitose da célula T com a finalidade de gerar
dados cariotípicos.
FK506 Fármaco imunossupressor (também conhecido como tacrolimus) usado para
prevenir a rejeição ao aloenxerto que atua bloqueando a transcrição de gene de
citocina em célula T, similar à ciclosporina. O FK506 liga-se a uma proteína citosólica
chamada proteína ligante de FK506, e o complexo resultante liga-se à calcineurina,
inibindo, assim, a ativação e translocação nuclear do fator de transcrição NFAT.
Folha linfoide periarteriolar (PALS, do inglês periarteriolar lymphoid sheath) Uma linha
de linfócitos rodeando pequenas arteríolas no baço, adjacente aos folículos linfoides.
A PALS contém principalmente linfócitos T, cerca de dois terços dos quais são CD4
+ e
um terço é CD8
+
. Nas respostas imunes humorais aos antígenos proteicos, os
linfócitos B são ativados na interface entre a PALS e os folículos e, então, migram para
dentro dos folículos para formar os centros germinativos.
Folículo Ver folículo linfoide.
Folículo linfoide Uma região do linfonodo ou baço rica em célula B e que é local de
proliferação e diferenciação de célula B induzida por antígeno. Nas respostas de
célula B dependente de célula T aos antígenos proteicos, um centro germinativo se
forma dentro dos folículos.
Fosfatase (proteína fosfatase) Uma enzima que remove grupos fosfato das cadeias
laterais de certos resíduos de aminoácidos de proteínas. As fosfatases proteicas nos
linfócitos, como CD45 ou calcineurina, regulam a atividade de várias moléculas de
sinalização de sinal e fatores de transcrição. Algumas fosfatases proteicas podem ser
específicas para resíduos de fosfotirosina e outras para resíduos de fosfosserina e
fosfotreonina.
Fosfolipase Cγ (PLCγ, do inglês fosfolipase Cγ) Uma enzima que catalisa a hidrólise do
fosfolipídio a membrana plasmática PIP2 para gerar duas moléculas de sinalização, o
IP3 e o DAG. A PLCγ torna-se ativada em linfócitos mediante ligação do antígeno ao
receptor de antígeno.
FoxP3 Uma família de fatores de transcrição expressa por e necessária para o
desenvolvimento das células T CD4
+ regulatórias. Mutações no FoxP3 em
camundongos e humanos resultam na ausência das células T CD25
+ regulatórias e em
doença autoimune multissistêmica.
Fragmento F(ab’)
2 Fragmento proteolítico de uma molécula de IgG que inclui duas
cadeias leves completas, mas somente um domínio variável, primeiro domínio
constante e região de dobradiça das duas cadeias pesadas. Os fragmentos F(ab’)
2
retêm toda a região bivalente de ligação do antígeno de uma molécula de IgG intacta,
mas não podem se ligar a complemento ou receptores IgG Fc. Eles são usados na
pesquisa e em aplicações terapêuticas quando a ligação do antígeno é desejável sem
as funções efetoras do anticorpo.
GATA-3 Fator de transcrição que promove a diferenciação de células TH2 a partir de
células T inativas.
Genes 1 e 2 de reativação de recombinação (RAG1 e RAG2, do inglês recombinationactivating
genes) Genes que codificam as proteínas RAG-1 e RAG-2, que formam a
recombinase V(D)J e são expressas nas células B e T em desenvolvimento. As
proteínas RAG ligam-se a sequências de recombinação de sinal e são críticas para
eventos de recombinação de DNA que formam Ig funcionais e genes TCR. Dessa
maneira, as proteínas RAG são necessárias para a expressão de receptores de
antígenos e para a maturação de linfócitos B e T.
Genes de resposta imune (Ir) Originalmente definidos como genes de linhagens puras
de roedores que foram herdados de maneira mendeliana dominante e que
controlavam a habilidade dos animais em produzirem anticorpos contra polipeptídios
sintéticos simples. Agora sabemos que os genes Ir são genes polimórficos que
codificam moléculas de MHC de classe II, as quais expõem peptídios aos linfócitos T,
mostrando-se, portanto, necessários para a ativação da célula T e respostas de célula B
dependente de célula T auxiliar (anticorpo) às proteínas antigênicas.
Glicoproteína de envelope (Env) Uma glicoproteína de membrana codificada por um
retrovírus que é expresso na membrana plasmática de células infectadas e na
membrana derivada da célula do hospedeiro recoberta de partículas virais. As
proteínas Env frequentemente são necessárias para a infectividade viral. As proteínas
Env do HIV incluem gp41 e gp120, que se ligam ao CD4 e receptores de quimiocinas,
respectivamente nas células T humanas, e medeiam a fusão das membranas viral e da
célula T.
Glomerulonefrite Inflamação do glomérulo renal, frequentemente iniciada por
mecanismos imunopatológicos como deposição de complexos antígeno-anticorpo na
membrana basal glomerular ou ligação de anticorpos a antígenos expressos no
glomérulo. Os anticorpos podem ativar o complemento em fagócitos, e a resposta
inflamatória resultante pode levar à falência renal.
Granuloma Nódulo no tecido inflamatório composto de agregados de macrófagos e
linfócitos T, normalmente com fibrose associada. A inflamação granulomatosa é uma
forma de hipersensibilidade do tipo retardada crônica, frequentemente em resposta a
microrganismos persistentes, tais como Mycobacterium tuberculosis e alguns fungos, ou
em resposta a antígenos particulados que não são facilmente fagocitados.
Granzimas Uma enzima serinoprotease encontrada nos grânulos de CTLs e células NK
que é liberada por exocitose, entra nas células-alvo, quebra proteoliticamente e ativa
as caspases, que então clivam vários substratos e induzem a apoptose da célula-alvo.
Halótipo Grupo de alelos de MHC herdados de um dos pais e, assim, em um
cromossoma.
Hapteno Uma pequena molécula que pode se ligar a um anticorpo, mas deve estar
acoplada a uma macromolécula (carreador) para estimular uma resposta imune
adaptativa específica para aquela molécula. Por exemplo, a imunização com
dinitrofenol (DNP) sozinho não estimula uma resposta de anticorpo contra DNP, mas
a imunização com uma proteína com um hapteno DNP covalentemente ligado
desencadeará a resposta.
Helminto Um verme parasita. As infecções helmínticas frequentemente elicitam
respostas imunes dependentes de TH2 caracterizadas por infiltrados inflamatórios
ricos em eosinófilos e produção de IgE.
Hematopoese Desenvolvimento de células sanguíneas maduras, incluindo eritrócitos,
leucócitos e plaquetas, a partir de células-tronco pluripotentes na medula óssea e no
fígado fetais. A hematopoese é regulada por várias citocinas e diferentes fatores de
crescimento produzidos pelas células estromais da medula óssea, células T e outros
tipos celulares.
Hibridoma Uma linhagem celular derivada por fusão, ou hibridização celular somática,
entre um linfócito normal e uma linhagem tumoral de linfócito imortalizado. Os
hibridomas de célula B criados por fusão das células B normais de especificidade
antigênica definida com uma linhagem células de mieloma são usados para produção
de anticorpos monoclonais. Os hibridomas de células T criados por fusão de uma
célula T normal de especificidade definida com uma linhagem tumoral de célula T são
comumente usados na pesquisa.
Hipermutação somática Mutações pontuais de alta frequência nas cadeias pesada e leve
de Ig e que ocorrem nas células B do centro germinativo em resposta aos sinais das
células TFH
. As mutações que resultam em afinidade aumentada dos anticorpos pelos
antígenos fornecem uma vantagem na sobrevivência seletiva às células B que
produzem aqueles anticorpos e levam à maturação da afinidade da resposta imune
humoral.
Hipersensibilidade de contato Estado de responsividade imune a certos agentes
químicos que leva a reações de hipersensibilidade do tipo retardada mediada por
células T após contato com a pele. Substâncias que disparam a hipersensibilidade de
contato, incluindo íons de níquel e urishiol na erva venenosa, se ligam e modificam as
próprias proteínas nas superfícies das APCs, que são então reconhecidas pelas células
CD4
+ ou CD8
+
.
Hipersensibilidade do tipo retardada (DTH, do inglês delayed-type hypersensitivity)
Uma reação imune na qual a ativação de macrófagos dependente de célula T e a
inflamação causam lesão tecidual. Uma reação DTH à injeção subcutânea de antígeno
frequentemente é usada como um ensaio para a imunidade mediada por célula (p. ex.,
teste cutâneo com derivado de proteína purificada para a imunidade ao Mycobacterium
tuberculosis).
Hipersensibilidade imediata Tipo de reação imune responsável pelas doenças alérgicas,
que é dependente da ativação mediada por antígeno de mastócitos teciduais
recobertos por IgE. Os mastócitos liberam mediadores que induzem aumento na
permeabilidade vascular, vasodilatação, contração de músculo liso bronquial e visceral
e inflamação local.
Hipótese da seleção clonal Um dogma fundamental do sistema imune (não mais uma
hipótese) afirmando que cada indivíduo possui numerosos linfócitos derivados
clonalmente, cada clone tendo surgido a partir de precursor único, expressando um
receptor de antígeno e capaz de reconhecimento e respondendo a um determinante
antigênico distinto. Quando um antígeno entra, ele seleciona um clone preeexistente
específico e o ativa.
Hipótese de dois sinais Uma hipótese comprovada de que a ativação dos linfócitos
necessita de dois sinais distintos, o primeiro sendo o antígeno e o segundo, produtos
microbianos ou componentes das respostas imunes inatas aos microrganismos. A
necessidade de estímulos adicionais disparados pelos microrganismos ou pelas
reações imunes inatas (sinal 2) garante que as respostas imunes são induzidas quando
necessário, ou seja, contra microrganismos e outras substâncias tóxicas e não contra
substâncias inofensivas, incluindo os próprios antígenos. O sinal 2 é referido como
coestimulador, sendo frequentemente mediado por moléculas de membrana nas
APCs profissionais, tais como proteínas B7.
Histamina Uma amina biogênica armazenada nos grânulos dos mastócito e um
importante mediador da hipersensibilidade imediata. A histamina liga-se a receptores
específicos em vários tecidos e induz aumento na permeabilidade vascular e
contração da musculatura brônquica e do músculo liso intestinal.
Hit letal Termo usado para descrever os eventos que resultam de dano irreversível a uma
célula-alvo quando a CTL se liga a ela. O hit letal inclui exocitose de grânulo de CTL e
liberação dependente de perforina de enzimas indutoras de apoptose (granzimas) no
citoplasma da célula-alvo.
HLA Ver antígenos de leucócito humano.
HLA-DM Uma molécula de troca de peptídio que desempenha papel crucial na via do
MHC de classe II na apresentação de antígeno. O HLA-DM é encontrado no
compartimento endossomal de MIIC especializado e facilita a remoção do peptídio
CLIP derivado de cadeia invariante e a ligação de outros peptídios às moléculas de
MHC de classe II. A HLA-DM é codificada por um gene no MHC e é estruturalmente
similar às moléculas de MHC de classe II, mas não é polimórfico.
Homeostasia No sistema imune adaptativo, a manutenção do número constante e o
repertório diverso de linfócitos, apesar do surgimento de novos linfócitos e da
tremenda expansão de clones individuais que podem ocorrer durante as expostas aos
antígenos imunogênicos. A homeostasia é alcançada por meio de várias vias reguladas
de morte e inativação de linfócitos.
Idiótipo Propriedade de um grupo de anticorpos ou TCRs definida pela partilha de um
idiotopo particular, ou seja, anticorpos que compartilham um idiotopo particular
pertencem ao mesmo idiótipo. Idiótipo também é usado para descrever uma coleção
de idiotopo expressos por uma molécula Ig, tendo frequentemente sinonímia com
idiotopo.
Ignorância clonal Uma forma de irresponsividade do linfócito na qual autoantígenos são
ignorados pelo sistema imune mesmo quando linfócitos específicos para aqueles
antígenos permanecem viáveis e funcionais.
Immunoblot Uma técnica analítica na qual anticorpos são usados para detectar a
presença de um antígeno ligado (i.e., ligados) a uma matriz sólida, como papel de
filtro (também conhecida como Western blot).
Imunidade Proteção contra doença, normalmente doença infecciosa, mediada por células
e tecidos que são coletivamente chamados de sistema imune. De maneira geral, a
imunidade se refere à habilidade e responder às substâncias estranhas, incluindo
microrganismos e moléculas não infecciosas.
Imunidade adaptativa Forma de imunidade que é mediada por linfócitos e estimulada
pela exposição a agentes infecciosos. Contrapondo-se à imunidade inata, a imunidade
adaptativa é caracterizada por uma requintada especificidade para macromoléculas
distintas e por memória, que é a habilidade de responder mais vigorosamente a
exposições repetidas ao mesmo microrganismo. A imunidade adaptativa é também
chamada de imunidade específica ou imunidade adquirida.
Imunidade ativa Forma da imunidade adaptativa que é induzida pela exposição a um
antígeno estranho e ativação de linfócitos e na qual o indivíduo imunizado tem papel
central na resposta ao antígeno. Este tipo contrasta com a imunidade passiva, na qual
o indivíduo recebe os anticorpos ou linfócitos de outro indivíduo que foi previamente
ativamente imunizado.
Imunidade humoral Tipo de resposta imune adaptativa mediada por anticorpos
produzidos pelos linfócitos B. A imunidade humoral é o principal mecanismo de
defesa contra microrganismos extracelulares e suas toxinas.
Imunidade inata Proteção contra infecção que se baseia em mecanismos que existiam
antes da infecção, são capazes de uma rápida resposta aos microrganismos e reagem
essencialmente da mesma maneira a repetidas infecções. O sistema imune inato
inclui barreiras epiteliais, células fagocíticas (neutrófilos, macrófagos), células NK e
sistema complemento e citocinas, amplamente sintetizadas por células dendríticas e
fagócitos mononucleares, que regulam e coordenam muitas atividades das células da
imunidade inata.
Imunidade mediada por célula (CMI, do inglês cell-mediated immunity) Forma de
imunidade adaptativa que é mediada por linfócitos T e serve como mecanismo de
defesa contra vários tipos de microrganismos que são fagocitados pelos fagócitos ou
por células não fagocíticas infectadas. As respostas imunes mediadas por célula
incluem ativação de fagócitos mediada por célula T CD4
+ e morte de células infectadas
mediada por CTL CD8
+
.
Imunidade neonatal Imunidade humoral passiva às infecções em mamíferos nos
primeiros meses de vida, antes do completo desenvolvimento do sistema imune. A
imunidade neonatal é mediada por anticorpos produzidos pela mãe e transportados
através da placenta para a circulação fetal antes do nascimento ou no leite ingerido e
transportado através do epitélio intestinal.
Imunidade passiva Forma de imunidade a um antígeno que é estabelecida em um
indivíduo por meio da transferência de anticorpos ou linfócitos de um indivíduo que
está imunizado aos antígenos. O recebedor de tal transferência pode se tornar imune
ao antígeno sem nunca ter sido exposto ou ter respondido ao antígeno. Um exemplo
de imunidade passiva é a transferência de soro humano contendo anticorpos
específicos para certas toxinas microbianas ou veneno de cobra a um indivíduo
previamente imunizado.
Imunidade tumoral Proteção contra o desenvolvimento ou progressão de tumores pelo
sistema imune. Embora as respostas imunes aos tumores de ocorrência natural
possam ser frequentemente demonstradas, tumores escapam com frequência a essas
respostas. Novas terapias que têm como alvo moléculas inibitórias da célula T, como
PD-1, vêm mostrando-se efetivas no aumento da imunidade antitumoral mediada por
célula T.
Imunocomplexos Um complexo multimolecular de moléculas de anticorpo com antígeno
ligado. Pelo fato de cada molécula de anticorpo ter um mínimo de dois locais de
ligação ao antígeno e muitos antígenos serem multivalentes, os imunocomplexos
podem variar grandemente em tamanho. Os imunocomplexos ativam mecanismos
efetores da imunidade humoral, tais como a via clássica do complemento e a ativação
da fagocitose mediada por receptor Fc. A deposição de imunocomplexos circulantes
nas paredes dos vasos sanguíneos ou o glomérulo renal podem levar a inflamação e
doença.
Imunodeficiência Ver imunodeficiência adquirida e imunodeficiência congênita.
Imunodeficiência adquirida Deficiência no sistema imune que é adquirida após o
nascimento, normalmente por causa de infecção (p. ex., AIDS) e não está relacionada
com defeito genético. Sinônimo de imunodeficiência secundária.
Imunodeficiência combinada grave (SCID, do inglês severe combined immunodeficiency)
Doenças de imunodeficiência nas quais ambos os linfócitos B e T não se desenvolvem
ou não funcionam apropriadamente e, assim, ambas as imunidade humoral e
imunidade mediada por célula são prejudicadas. Crianças com SCID normalmente
têm infecções durante o primeiro ano de vida e sucumbem a essas infecções a menos
que a imunodeficiência seja tratada. A SCID tem várias causas genéticas.
Imunodeficiência congênita Um defeito genético no qual uma deficiência herdada em
algum aspecto do sistema imune inato ou adaptativo leva a uma suscetibilidade a
infecções. A imunodeficiência congênita é frequentemente manifestada precocemente
na infância e adolescência, mas algumas vezes é detectada tardiamente na vida.
Sinônimo de imunodeficiência primária.
Imunodeficiência primária Ver imunodeficiência congênita.
Imunodeficiência secundária Ver imunodeficiência adquirida.
Imunofluorescência Técnica na qual uma molécula é detectada pelo uso de um anticorpo
marcado com um indicador fluorescente. Por exemplo, na microscopia de
imunofluorescência, células que expressam um antígeno de superfície em particular
podem ser coradas com anticorpo conjugado à fluoresceína específico para o antígeno
e, então, visualizado com o microscópio de fluorescência.
Imunógeno Antígeno que induz uma resposta imune. Nem todos os antígenos são
imunógenos. Por exemplo, compostos de baixo peso molecular (haptenos) podem se
ligar aos anticorpos, mas não estimularão uma resposta imune a menos que estejam
ligados a macromoléculas (carreadores).
Imunoglobulina (Ig) Sinonímia com anticorpo (ver anticorpo).
Imuno-histoquímica Uma técnica para detectar a presença de um antígeno em seções
histológicas de tecidos por meio do uso de um anticorpo acoplado a uma enzima que
é específica para o antígeno. A enzima converte um substrato incolor em uma
substância insolúvel colorida que precipita no local onde o anticorpo, e assim o
antígeno, estão localizados. A posição do precipitado colorido e, portanto, do antígeno
na seção do tecido é observada em microscópio de luz convencional. A imunohistoquímica
é uma técnica de rotina na patologia diagnóstica e em vários campos de
pesquisa.
Imunoprecipitação Uma técnica para o isolamento de uma molécula a partir de uma
solução através de sua ligação a um anticorpo e, então, tornando o complexo antígenoanticorpo
insolúvel, por precipitação com um segundo anticorpo ou acoplamento do
primeiro anticorpo a uma partícula isolada.
Imunossupressão Inibição de um ou mais componentes do sistema imune adaptativo
como resultado de uma doença subjacente ou intencionalmente induzida por
fármacos com o propósito de prevenção ou tratamento de rejeição a enxerto ou
doença autoimune. Um fármaco imunossupressor comumente utilizado é a
ciclosporina, que bloqueia a produção de citocina pela célula T.
Imunoterapia Tratamento de uma doença com agentes terapêuticos que promovem ou
inibem as respostas imunes. Imunoterapia do câncer, por exemplo, envolve a
promoção das respostas imunes ativas aos antígenos tumorais ou administração de
anticorpos antitumorais ou células T para estabelecer a imunidade passiva.
Imunotoxinas Reagentes que podem ser usados no tratamento do câncer e consistem em
conjugados covalentes de uma potente toxina células, tais como ricina ou toxina
diftérica, com anticorpos específicos para antígenos expressos na superfície das
células tumorais. Espera-se que esses reagentes possam atingir especificamente e
matar as células tumorais sem danificar as células normais, mas imunotoxinas
seguras e efetivas ainda precisam ser desenvolvidas.
Inflamação Uma reação complexa de tecidos vascularizados à infecção ou lesão celular e
que envolve acúmulo extravascular de proteínas plasmáticas e leucócitos. A
inflamação aguda é um resultado comum das respostas imunes inatas, e a resposta
imune adaptativa local também pode promover inflamação. Embora a inflamação
sirva com função protetora no controle de infecções e na promoção de reparo tecidual,
ela também pode causar dano aos tecidos e doença.
Inflamação imune Inflamação que é o resultado de resposta imune adaptativa ao
antígeno. O infiltrado celular no local inflamatório pode incluir células do sistema
imune inato (p. ex., neutrófilos e macrófagos), que são recrutados como resultado das
ações de citocinas de célula T.
Inflamossoma Um complexo multiproteico no citosol de fagócitos mononucleares,
células dendríticas e outros tipos celulares que gera proteoliticamente a forma ativa
da IL-1β a partir de um precursor pró-IL-1β. A formação do complexo inflamossoma,
que inclui NLRP3 (um receptor de padrão de reconhecimento do tipo NOD) e
caspase-1, é estimulada por uma variedade de produtos microbianos, moléculas
associadas a dano celular e cristais.
Inibidor de C1 (C1-INH) Um inibidor proteico plasmático da via clássica da ativação do
complemento. O C1-INH é um inibidor serinoprotease (serpina) que mimetiza o
substrato normal nos componentes C1r e C1s de C1. Uma deficiência genética em C1-
INH causa a doença hereditária edema angioneurótico.
Integrinas Proteínas heterodiméricas da superfície celular cuja principal função é mediar
a adesão de células a células ou à matriz extracelular. As integrinas são importantes
para as interações de células T com APCs e para a migração de leucócitos do sangue
para os tecidos. A atividade de ligação ao ligante das integrinas de leucócitos depende
de sinais induzidos por quimiocinas ligadas aos receptores de quimiocinas. Duas
integrinas importantes no sistema imune são VLA-4 (antígeno tardio 4) e LFA-1
(antígeno associado à função de leucócito 1).
Interferons Um subgrupo de citocinas originalmente denominadas pelas suas
habilidades em interferir nas infecções virais, mas que têm outras importantes
funções imunomodulatórias. Os interferons de tipo I incluem o interferon-α e o
interferon-β, cuja principal função é prevenir a replicação viral celular; interferon tipo
II, também denominado interferon-γ, ativa macrófagos e vários outros tipos celulares
(ver Apêndice II).
Interleucinas Qualquer uma de um grande número de citocinas denominadas com um
sufixo numérico sequencial de acordo com a ordem de descoberta ou caracterização
molecular (p. ex., interleucina-1, interleucina-2). Algumas citocinas foram
originalmente denominadas pelas suas atividades biológicas e não têm a designação
citocina (ver Apêndice II).
Isotipo Um de cinco tipos de anticorpo, determinado pela presença de uma entre cinco
formas diferentes de cadeia pesada. Os isotipos de anticorpo incluem IgM, IgD, IgA e
IgE, e cada isotipo realiza um grupo diferente de funções efetoras. Variações
estruturais adicionais caracterizam subtipos distintos de IgG e IgA.
Janus quinases (JAKs) Uma família de tirosinoquinases que estão associadas a porções
citoplasmáticas de diversos receptores de citocinas, incluindo receptores para IL-2, IL-
3, IL-4, IFN-γ, IL-12 e outras. Em resposta à ligação da citocina e dimerização do
receptor, as JAKs fosforilam os receptores de citocinas para permitir a ligação de
STATs e, então, as JAKs fosforilam e ativam as STATs. Diferentes JAK quinases estão
associadas a diferentes receptores de citocinas.
Lâmina própria Camada de tecido conjuntivo frouxo abaixo do epitélio dos tecidos
mucosos, como intestinos e vias aéreas, onde células dendríticas, mastócitos,
linfócitos e macrófagos medeiam respostas imunes aos patógenos invasores.
Lck Uma família Src sem receptor de tirosinoquinase que se associa não covalentemente
às porções citoplasmáticas de moléculas de CD4 e CD8 nas células T e está envolvida
nos eventos iniciais de sinalização da ativação da célula T induzida pelo antígeno. A
Lck medeia a fosforilação da tirosina da porção citoplasmática das proteínas CD3 e ζ
do complexo TCR.
Lectina ligante de manose (MBL, do inglês manose-binding lectin) Uma proteína
plasmática que se liga a resíduos de manose nas paredes celulares bacterianas e age
como uma opsonina promovendo a fagocitose da bactéria pelos macrófagos. Os
macrófagos expressam um receptor de superfície para C1q que também pode se ligar
à MBL e medeia a captação de organismos opsonizados.
Lectina tipo C Membro de uma grande família de proteínas de ligação de carboidratos e
dependente de cálcio, muitas das quais têm papel importante na imunidade inata e
adaptativa. Por exemplo, lectinas solúveis tipo C ligam-se às estruturas de
carboidratos do microrganismo e medeiam fagocitose ou ativação do complemento
(p. ex., lectina ligante de manose, dectinas, colectinas e ficolinas).
Leishmania Um parasita protozoário intracelular obrigatório que infecta macrófagos e
pode causar uma doença inflamatória crônica envolvendo muitos tecidos. A infecção
por Leishmania em camundongos pode servir como um modelo para o estudo das
funções efetoras de várias citocinas e subgrupos de células T auxiliares que as
produzem. As respostas TH1 à Leishmania major e a produção de IFN-γ associada
controlam a infecção, ao passo que as respostas TH2 com produção de IL-4 levam à
doença disseminada letal.
Leucemia Doença maligna de precursores da medula óssea de células sanguíneas na qual
grande número de células leucêmicas normalmente ocupa a medula óssea e
frequentemente circula na corrente sanguínea. Leucemias linfocíticas são derivadas
de precursores de célula B ou T, leucemias mielogênicas são provenientes de
precursores de granulócitos ou monócitos e leucemias eritroides originam-se de
precursores de hemácias.
Leucotrienos Uma classe de mediadores inflamatórios lipídicos derivados do ácido
araquidônico produzidos pela via das lipo-oxigenases em vários tipos celulares.
Mastócitos produzem muito leucotrieno C4
(LTC4
) e os produtos da sua degradação
LTD4 e LTE4
, os quais se ligam a receptores específicos nas células musculares lisas e
causam broncoconstrição prolongada. Os leucotrienos contribuem para os processos
patológicos da asma brônquica. Coletivamente, LTC4
, LTD4 e LTE4 constituem o que
uma vez foram denominadas substâncias lentas de anafilaxia.
Ligação cruzada Teste realizado para minimizar a chance de reações adversas na
transfusão ou rejeição a transplantes, no qual um paciente que requer transfusão de
sangue ou transplante de órgão é testado para a presença de anticorpos pré-formados
contra antígenos de superfície celular do doador (normalmente antígenos de grupo
sanguíneo ou antígenos de MHC). O teste envolve a mistura de soro do receptor com
leucócitos ou hemácias do potencial doador e a análise para aglutinação ou lise das
células dependente do complemento.
Ligante c-kit (fator de célula-tronco) Uma proteína necessária para a hematopoese, fases
iniciais no desenvolvimento da célula T no timo e desenvolvimento de mastócitos. O
ligante c-kit é produzido em formas ligadas à membrana e solúveis pelas células
estromais na medula óssea e no timo; liga-se ao receptor membranar tirosinoquinase
c-kit das células-tronco multipotentes.
Ligante Fas (ligante CD95) Uma proteína de membrana que é um membro da família de
proteínas do TNF expressas nas células T ativadas. O ligante Fas liga-se ao receptor de
morte Fas, estimulando a via de sinalização que leva à morte celular por apoptose da
célula que expressa Fas. Mutações no gene do ligante Fas causam doenças autoimunes
sistêmicas em camundongos.
Linfocina Um nome antigo para citocina (mediador proteico das respostas imunes)
produzida pelos linfócitos.
Linfócito B O único tipo celular capaz de produzir moléculas de anticorpo e, assim, o
mediador das respostas imunes humorais. Os linfócitos B, ou células B, desenvolvemse
na medula óssea, e as células B maduras são encontradas principalmente nos
folículos linfoides dos tecidos linfoides secundários, na medula óssea e, em baixo
número, na circulação.
Linfócito B imaturo Uma célula B com IgM+ e IgD-
, recentemente derivada de
precursores da medula, que não prolifera ou se diferencia em resposta aos antígenos,
mas pode sofrer morte apoptótica ou se tornar funcionalmente irresponsiva. Esta
propriedade é importante para a seleção negativa das células B que são específicas
para autoantígenos presentes na medula óssea.
Linfócito B inativo Um linfócito B ou T maduro que não encontrou previamente o
antígeno. Quando os linfócitos inativos são estimulados pelo antígeno, eles se
diferenciam em linfócitos efetores, como células B secretoras de anticorpo ou células
T auxiliares e CTLs. Os linfócitos inativos têm marcadores de superfície e padrões de
recirculação que são distintos daqueles linfócitos previamente ativados (“nativo” ou
naïve também se refere a um indivíduo não imunizado).
*
Linfócito granular grande Outro nome para célula NK baseado na aparência morfológica
deste tipo celular no sangue.
Linfócito T O componente-chave das respostas imunes mediadas por células no sistema
imune adaptativo. Os linfócitos T amadurecem no timo, circulam no sangue, populam
os tecidos linfoides secundários e são recrutados para os locais periféricos de
exposição do antígeno. Eles expressam os receptores de antígenos (TCRs) que
reconhecem fragmentos de peptídios de proteínas estranhas ligados às próprias
moléculas de MHC. Os subgrupos funcionais de linfócitos incluem células T
auxiliares CD4
+ e CTLs CD8
+
.
Linfócito T citotóxico (ou citolítico) (CTL, do inglês cytotoxic T lymphocyte) Um tipo de
linfócito T cuja principal função efetora é reconhecer e matar células do hospedeiro
infectadas com vírus ou outros microrganismos intracelulares. Os CTLs normalmente
expressam CD8 e reconhecem peptídios microbianos expostos pelas moléculas de
MHC de classe I. A morte das células infectadas pelo CTL envolve a liberação dos
conteúdos dos grânulos citoplasmáticos para o citosol das células infectadas, levando
à morte apoptótica.
Linfócitos B da zona marginal Um subgrupo de linfócitos B, encontrados exclusivamente
na zona marginal do baço, que responde rapidamente a antígenos microbianos
oriundos do sangue produzindo anticorpos IgM com diversidade limitada.
Linfócitos B-1 Um subgrupo de linfócitos B que se desenvolvem mais cedo durante a
ontogenia do que o fazem as células B convencionais, expressam um repertório
limitado de genes V com pouca diversidade juncional e secretam anticorpos IgM que
se ligam aos antígenos independentes de T. Muitas células B-1 expressam a molécula
CD5 (Ly-1).
Linfócitos de memória Células B e T de memória são produzidas pela estimulação do
antígeno em linfócitos inativos e sobrevivem em um estado funcionalmente
quiescente por muitos anos após o antígeno ser eliminado. Os linfócitos de memória
medeiam respostas rápidas e aumentadas a subsequentes exposições aos antígenos.
Linfócitos infiltrantes de tumores (TILs, do inglês tumor-infiltrating lymphocytes)
Linfócitos isolados de infiltrados inflamatórios presentes dentro e em torno de
amostras de ressecção cirúrgica de tumores sólidos que são enriquecidas com CTLs e
células NK específicas do tumor. Em um modo experimental de tratamento do câncer,
os TILs proliferam in vitro na presença de altas doses de IL-2 e são, então, transferidos
de volta para os pacientes com o tumor.
Linfócitos T intraepiteliais Linfócitos T presentes na epiderme da pele e no epitélio
mucoso que tipicamente expressam uma diversidade limitada de receptores para
antígenos. Alguns desses linfócitos, chamados de células NKT invariantes, podem
reconhecer produtos microbianos, tais como glicolipídios, associados a moléculas tipo
MHC classe I não polimórficas. Outros, denominados células T γδ, reconhecem vários
antígenos não peptídicos, não ligados às moléculas de MHC. Os linfócitos T
intraepiteliais podem ser considerados células efetoras da imunidade inata e atuam
na defesa do hospedeiro secretando citocinas, ativando fagócitos e matando células
infectadas.
Linfoma Um tumor maligno de linfócitos B ou T geralmente proveniente de e
espalhando-se entre os tecidos linfoides, mas podendo disseminar-se a outros tecidos.
Os linfomas frequentemente expressam características fenotípicas de linfócitos
normais dos quais eles foram derivados.
Linfoma de Burkitt Tumor maligno de célula B que é diagnosticado por características
histológicas, mas quase sempre carreia uma translocação cromossômica recíproca
envolvendo o lócus do gene Ig e o gene celular MYC no cromossoma 8. Muitos casos
de linfoma de Burkitt na África estão associados à infecção pelo vírus Epstein-Barr.
Linfonodos Pequenos órgãos nodulares, encapsulados e ricos em linfócitos, situados ao
longo dos canais linfáticos e distribuídos por todo o corpo, onde as respostas imunes
adaptativas aos antígenos surgidos na linfa se iniciam. Os linfonodos têm uma
arquitetura anatômica especializada que regula as interações das células B, células T,
células dendríticas e antígenos, para maximizar a indução das respostas imunes
protetoras.
Linfotoxina (LT, TNF-β) Uma citocina produzida pelas células T que é homóloga e se liga
aos mesmos receptores do TNF. Assim como o TNF, a LT tem efeitos pró-
inflamatórios, incluindo ativação endotelial e de neutrófilos. A LT também é crítica
para o desenvolvimento normal dos órgãos linfoides.
Linhagem pura de camundongo Uma linhagem de camundongos criada pelo casamento
repetitivo de irmãos e que é caracterizada pela homozigocitose em todos os lócus
genéticos. Cada camundongo de uma linhagem pura é geneticamente idêntico
(singênico) a todos os outros camundongos da mesma linhagem.
Lipopolissacarídio Sinônimo de endotoxina.
Lisossoma Uma organela acídica, ligada à membrana e abundante em células fagocíticas,
que contém enzimas proteolíticas que degradam proteínas derivadas de ambos os
compartimento extracelular e intracelular. Os lisossomas estão envolvidos na via do
MHC de classe II do processamento de antígeno.
Local imunologicamente privilegiado Um local no corpo que é inacessível à ou é
constitutivamente suprimido de resposta imune. A câmara anterior do olho, os
testículos e o cérebro são exemplos de locais imunologicamente privilegiados.
Lúpus eritematoso sistêmico (SLE, do inglês systemic lupus erythematosus) Doença
autoimune sistêmica crônica que afeta predominantemente mulheres e é
caracterizada por rash, artrite, glomerulonefrite, anemia hemolítica, trombocitopenia
e envolvimento do sistema nervoso central. Muitos anticorpos diferentes são
encontrados em pacientes com SLE, particularmente anticorpos anti-DNA. Muitas
das manifestações do SLE são decorrentes da formação de imunocomplexos
compostos de autoanticorpos e seus antígenos específicos, com deposição destes
complexos nos pequenos vasos sanguíneos em vários tecidos. O mecanismo para a
quebra da autotolerância no SLE não é compreendido.
Macrófago Célula fagocítica baseada no tecido e derivada de órgãos hematopoéticos
fetais ou monócitos sanguíneos e que desempenham papel importante nas respostas
imunes inata e adaptativa. Os macrófagos são ativados por produtos microbianos,
como endotoxina, e citocinas de célula T, como IFN-γ. Macrófagos ativados fagocitam
e matam microrganismos, secretam citocinas pró-inflamatórias e apresentam
antígenos para as células T auxiliares. Os macrófagos podem assumir diferentes
formas morfológicas em diferentes tecidos, incluindo microglia do sistema nervoso
central, células de Kupfer no fígado, macrófagos alveolares nos pulmões e
osteoclastos no osso.
Macrófagos M1 Ver ativação clássica de macrófagos.
Macrófagos M2 Ver ativação alternativa de macrófagos.
Mastócito Principal célula efetora das reações de hipersensibilidade imediata (alérgica).
Os mastócitos são derivados da medula, residem na maioria dos tecidos adjacentes
aos vasos sanguíneos, expressam receptor de Fc de alta afinidade para IgE e contêm
numerosos grânulos contendo mediador. A ligação cruzada induzida por antígeno da
IgE ligada aos receptores de Fc dos mastócitos causa a liberação de seu conteúdo
granular, bem como nova síntese e secreção de outros mediadores, levando a uma
reação de hipersensibilidade imediata.
Maturação de afinidade Processo que leva a um aumento na afinidade dos anticorpos
por um antígeno em particular à medida que a resposta ao anticorpo mediada por
célula T progride. A maturação de afinidade ocorre nos centros germinativos dos
tecidos linfoides e é o resultado de mutação somática dos genes Ig, seguida por
sobrevivência seletiva das células B produtoras dos anticorpos de maior afinidade.
Maturação de linfócitos Processo pelo qual células-tronco pluripotentes da medula óssea
se desenvolvem em linfócitos B ou T inativos, maduros e expressando receptor para
antígeno e que povoam os tecidos linfoides periféricos. Este processo ocorre nos
ambientes especializados da medula óssea (para células B) e no timo (para células T).
Sinônimo de desenvolvimento de linfócito.
Medula óssea Tecido dentro da cavidade óssea central que é o local de geração de todas
as células sanguíneas circulantes em adultos, incluindo linfócitos imaturos e o local
da maturação da célula B.
Memória Propriedade do sistema imune adaptativo em responder mais rapidamente,
com maior magnitude e mais efetivamente a exposições repetidas a um antígeno,
quando comparado com a resposta à primeira exposição.
Micobacterium Um gênero de bactéria aeróbica, muitas espécies das quais podem
sobreviver dentro de fagócitos e causar doença. A principal defesa do hospedeiro
contra a micobactéria, como Mycobacterium tuberculosis, é a imunidade mediada por
célula.
Microglobulina β2 Cadeia leve da molécula de MHC de classe I. A microglobulina β2 é
uma proteína extracelular codificada por um gene não polimórfico externo ao MHC,
sendo estruturalmente homóloga ao domínio Ig e invariante dentre todas as
moléculas de classe I.
Mieloma múltiplo Tumor maligno de células B produtoras de anticorpo que, com
frequência, secretam Igs ou partes de moléculas de Ig. Os anticorpos monoclonais
produzidos pelos mielomas múltiplos foram críticos para as análises bioquímicas
iniciais sobre a estrutura do anticorpo.
Migração de linfócitos Movimento de linfócitos da corrente sanguínea para os tecidos
periféricos.
Mimetismo molecular Um mecanismo postulado de autoimunidade disparado por
infecção com um microrganismo contendo antígenos que fazem reação cruzada com
os próprios antígenos. As respostas imunes ao microrganismo resultam em reações
contra os próprios tecidos.
Molécula de adesão Uma molécula da superfície celular cuja função é promover as
interações de adesão com outras células ou matriz extracelular. Leucócitos expressam
vários tipos de moléculas de adesão, como selectinas, integrinas e membros da
superfamília da Ig, as quais têm papel crucial na migração celular e ativação celular
nas respostas imunes inata e adaptativa.
Molécula do complexo maior de histocompatibilidade (MHC) Uma proteína
heterodimérica membranar codificada no lócus MHC que serve como uma molécula
apresentadora de peptídios para o reconhecimento pelos linfócitos T. Existem dois
tipos estruturalmente distintos de moléculas de MHC. As moléculas de MHC de
classe I estão presentes na maioria das células nucleadas, ligam peptídios derivados
de proteínas citosólicas e são reconhecidas pelas células T CD8
+
. As moléculas de
MHC de classe II estão amplamente restritas a células dendríticas, macrófagos e
linfócitos B, ligam peptídios derivados de proteínas endocitadas e são reconhecidas
pelas células T CD4
+
.
Molécula do complexo maior de histocompatibilidade de classe I (MHC I, do inglês class
I major histocompatibility complex molecule) Uma de duas classes de proteínas
heterodiméricas polimórficas de membrana que se liga e apresenta fragmentos
peptídicos de antígenos proteicos na superfície das APCs, para reconhecimento pelos
linfócitos T. As moléculas de MHC de classe I normalmente mostram peptídios
derivados de proteínas no citosol celular, para reconhecimento pelas células T CD8
+
.
Molécula do complexo maior de histocompatibilidade de classe II (MHC II, do inglês
class II major histocompatibility complex molecule) Uma de duas classes de proteínas
heterodiméricas polimórficas de membrana que se liga e apresenta fragmentos
peptídicos de antígenos proteicos na superfície das APCs, para reconhecimento pelos
linfócitos T. As moléculas de MHC de classe II normalmente contêm peptídios
derivados de proteínas extracelulares que são internalizadas pelas vesículas
endocíticas ou fagocíticas, para reconhecimento pelas células T CD4
+
.
Molécula H-2 Uma molécula de MHC no camundongo. O MHC do camundongo foi
originalmente denominado lócus H-2.
Moléculas CD Moléculas da superfície celular expressas em vários tipos celulares no
sistema imune que são designadas pela “diferenciação de agregados” ou número CD.
Ver Apêndice III para uma lista das moléculas CD.
Monócito Um tipo de célula sanguínea circulante derivada da medula óssea que é
precursora de macrófagos teciduais. Os monócitos são ativamente recrutados para os
locais inflamatórios, onde eles se diferenciam em macrófagos.
Morte celular induzida por ativação (AICD, do inglês activation-induced cell death)
Apoptose de linfócitos ativados; expressão geralmente usada para células T.
Morte celular programada Ver apoptose.
Motivo de ativação baseado em imunorreceptor (ITAM, do inglês immunoreceptor
tyrosine-based activation motif) Um motivo proteico conservado e composto de duas
cópias da sequência tirosina-x-x-leucina (onde x é um aminoácido inespecífico)
encontrado nas porções citoplasmáticas de várias proteínas membranares no sistema
imune que estão envolvidas na transdução de sinal. As ITAMs estão presentes nas
proteínas ζ e CD3 do complexo TCR, nas proteínas Igα e Igβ no complexo BCR e em
vários receptores Ig Fc. Quando esses receptores se ligam a seus ligantes, os resíduos
de tirosina das ITAMs se tornam fosforilados e formam locais de ancoragem para
outras moléculas envolvidas nas vias de propagação de sinal de ativação da célula.
Motivo de inibição baseado em imunorreceptor tirosina (ITIM, do inglês
immunoreceptor tyrosine-based inhibition motif) Um motivo de seis aminoácidos
(isoleucina-x-tirosina-x-x-leucina) encontrado nas porções citoplasmáticas de vários
receptores inibitórios no sistema imune, incluindo FcγRIIB nas células B e receptores
tipo Ig nas células killer (KIRs) nas células NK. Quando esses receptores se ligam a
seus ligantes, as ITIMs se tornam fosforiladas nos seus resíduos de tirosina e formam
um local de ancoragem para proteína tirosinofosfatase, que atua para inibir outras
vias de transdução de sinal.
Multivalência Ver polivalência.
Neutrófilo (também leucócito polimorfonuclear, PMN) Uma célula fagocítica
caracterizada por um núcleo segmentado lobular e grânulos citoplasmáticos
preenchidos com enzimas degradativas. Os PMNs consistem no tipo mais abundante
de células brancas circulantes e no principal tipo celular que medeia as respostas
inflamatórias agudas às infecções bacterianas.
N-formilmetionina Um aminoácido que inicia todas as proteínas bacterianas e nenhuma
proteína de mamífero (exceto aquelas sintetizadas dentro da mitocôndria) e serve
como sinal para o sistema imune da infecção. Receptores específicos para peptídios
contendo a N-formilmetionina são expressos nos neutrófilos e medeiam a ativação
dos neutrófilos.
Notch 1 Um receptor de sinalização celular de superfície que é proteoliticamente clivado
após a ligação do ligante, e a porção intracelular clivada transloca para o núcleo e
regula a expressão de gene. A sinalização do Notch 1 é necessária para o
comprometimento dos precursores da célula T em desenvolvimento para a linhagem
de célula T alfa beta.
Nucleotídios CpG Sequências não metiladas de citidina-guanina encontradas no DNA
microbiano que estimulam as respostas imunes inatas. Os nucleotídios CpG são
reconhecidos pelos receptores do tipo Toll-9 e têm propriedades adjuvantes no
sistema imune de mamíferos.
Nucleotídios N O mesmo nome dado aos nucleotídios randomicamente adicionados às
junções entre genes Ig ou TCR durante o desenvolvimento do linfócito. A adição de
até 20 destes nucleotídios, que é mediada por uma enzima deoxiribonucleotidil
transferase terminal, contribui para a diversidade do anticorpo e dos repertórios TCR.
Nucleotídios P Pequenas sequências invertidas de nucleotídios repetidos nas junções
VDJ de genes Ig e TCR que são reorganizados e que são gerados pela quebra
assimétrica mediada por RAG-1 e RAG-2 de intermediários de NA durante um evento
de recombinação somática. Os nucleotídios P contribuem para a diversidade juncional
de receptores de antígenos.
Opsonina Uma molécula que se torna ligada à superfície do microrganismo e pode ser
reconhecida pelos receptores de superfície de neutrófilos e macrófagos e que aumenta
a eficiência da fagocitose do microrganismo. As opsoninas incluem anticorpos IgG,
que são reconhecidos pelo receptor Fcγ nos fagócitos, e fragmentos de proteínas do
complemento, que são reconhecidos por CR1 (CD35) e pela integrina Mac-1 de
leucócito.
Opsonização Processo de ligação de opsoninas, como IgG ou fragmentos do
complemento, às superfícies microbianas para marcarem os microrganismos para a
fagocitose.
Organização de linha germinativa Arranjo herdado de variável, diversidade, união e
região constante de segmentos de gene de lócus de receptor de antígeno em células
não linfoides ou em linfócitos imaturos. Nos linfócitos B ou T em desenvolvimento, a
organização de linha germinativa é modificada por recombinação somática para
formar genes Ig ou TCR funcionais.
Órgão linfoide produtor Órgão no qual os linfócitos se desenvolvem a partir de
precursores inativos. A medula óssea e o timo são os principais órgãos linfoides
produtores nos quais as células B e células T se desenvolvem, respectivamente.
Órgão linfoide terciário Uma coleção de linfócitos e células apresentadoras de antígenos
organizada dentro dos folículos das células B e zonas de células T que se desenvolve
em locais de inflamação crônica imunomediadas, como sinóvia das articulações de
pacientes com artrite reumatoide.
Órgãos linfoides periféricos e teciduais Coleções organizadas de linfócitos e células
acessórias, incluindo baço, linfonodo e tecidos linfoides, associadas à mucosa, nas
quais as respostas imunes adaptativas são iniciadas.
Óxido nítrico sintase Um membro da família de enzimas que sintetizam o composto
vasoativo e microbicida óxido nítrico a partir da L-arginina. Macrófagos expressam a
forma induzida desta enzima após ativação com vários estímulos microbianos ou
citocina.
Óxido nítrico Uma molécula efetora biológica com uma grande variedade de atividades
que, em macrófagos, atua como um potente agente microbicida para matar
organismos ingeridos.
Padrões moleculares associados ao dano (DAMPS, do inglês damage-associated
molecular patterns) Moléculas endógenas que são produzidas ou liberadas por células
lesionadas ou morrendo e que se ligam a receptores de reconhecimento padrão e
estimulam as respostas imunes inatas. Exemplos incluem proteínas do grupo de alta
mobilidade-1 (HMGB1, do inglês high-mobility group box 1), ATP extracelular e ácido
úrico.
Padrões moleculares associados ao patógeno (PAMPs, do inglês pathogen-associated
molecular patterns) Estruturas produzidas por microrganismos, mas não por células
de mamíferos (hospedeiro), que são reconhecidas pelo sistema imune inato
estimulado. Exemplos incluem lipopolissacarídio bacteriano e RNA viral de fita dupla.
Patogenicidade Habilidade de um microrganismo em causar doença. Vários mecanismos
podem contribuir para a patogenicidade, incluindo produção de toxinas, estimulação
de respostas inflamatórias do hospedeiro e perturbação do metabolismo celular do
hospedeiro.
PD-1 Um receptor inibitório homólogo ao CD28 que é expresso em células T ativadas e se
liga ao PD-L1 ou PD-L2, membros da família de proteína B7 expressa em vários tipos
celulares. A PD-1 é regulada positivamente nas células T e no quadro de uma infecção
crônica ou tumores, e o bloqueio da PD-1 com anticorpos monoclonais aumenta as
respostas imunes antitumorais.
Pentraxinas Família que contém cinco subunidades globulares idênticas; inclui a
proteína C-reativa de fase aguda.
Peptídio de cadeia invariável associado à classe II (CLIP, do inglês class II-associated
invariant chain peptide) Um peptídio remanescente da cadeia invariável que se situa
na fenda de ligação do peptídio de MHC de classe II e é removido pela ação da
molécula de HLA-DM antes que a fenda se torne acessível aos peptídios produzidos
por antígenos proteicos extracelulares.
Perforina Uma proteína que é homóloga à proteína C9 do complemento e está presente
nos grânulos de CTLs e células NK. Quando a perforina é liberada dos grânulos de
CTLs ou células NK ativadas, ela promove a entrada de granzimas nas células-alvo,
levando à morte apoptótica da célula.
Placas de Peyer Tecido linfoide organizado na lâmina própria de intestino delgado na
qual as respostas imunes aos patógenos intestinais ou outros antígenos ingeridos
podem ser iniciadas. As placas de Peyer são compostas principalmente de células B,
com pequenos números de células T e células acessórias, todas organizadas nos
folículos, similarmente às encontrados nos linfonodos, frequentemente com centros
germinativos.
Plasmablastos Células circulantes, secretoras de anticorpos que podem ser precursores
de plasmócitos que residem na medula óssea e em outros tecidos.
Plasmócito Um linfócito B secretor de anticorpo, terminalmente diferenciado com uma
aparência histológica característica, incluindo formato oval, núcleo excêntrico e halo
perinuclear.
Polimorfismo A existência de duas ou mais formas alternativas, ou variantes, de um gene
que estão presentes em frequências estáveis em uma população. Cada variante
comum do gene polimórfico é denominada alelo, e um indivíduo pode carrear dois
alelos diferentes de um gene, cada um herdado de um pai diferente. Os genes de
MHC são os mais polimórficos no genoma de mamíferos, alguns dos quais têm
milhares de alelos.
Polivalência Presença de múltiplas cópias idênticas de um epítopo em uma única
molécula de antígeno, superfície celular ou partícula. Antígenos polivalentes, como
polissacarídios bacterianos capsulares, são frequentemente capazes de ativar
linfócitos B independentes de células T auxiliares. Termo usado como sinônimo de
multivalência.
Polpa branca Parte do baço que é composta predominantemente de linfócitos,
organizados em folhas linfoides periarteriolares e folículos e outros leucócitos. O
restante do baço contém linhas sinusoides com células fagocíticas e sangue,
denominado polpa vermelha.
Polpa vermelha Um compartimento anatômico e funcional do baço composto de
sinusoides vasculares, dispersos e dentre os quais existe grande número de
eritrócitos, macrófagos, células dendríticas, linfócitos esparsos e plasmócitos. Os
macrófagos da polpa vermelha limpam o sangue de microrganismos, outras
partículas estranhas e hemácias danificadas.
Potenciadores Sequência regulatória de nucleotídio em um gene que está localizado
acima ou abaixo do promotor, se liga a fatores de transcrição e aumenta a atividade do
promotor. Nas células do sistema imune, os potenciadores são responsáveis pela
integração dos sinais da superfície celular que levam à transcrição induzida dos genes
que codificam muitas das proteínas efetoras de um sistema imune, como as citocinas.
Pré-Tα Uma proteína invariável transmembranar com um único domínio extracelular do
tipo Ig que se associa à cadeia TCRβ nas células pré-T para formar o receptor da célula
pré-T.
Processamento antigênico Conversão intracelular de antígenos proteicos derivados do
espaço extracelular ou do citosol em peptídios e transformação desses peptídios em
moléculas de MHC para serem disponibilizadas aos linfócitos T.
Promotor Uma sequência de DNA imediatamente 5’ ao local de início da transcrição do
gene onde as proteínas que iniciam a transcrição se ligam. O termo promotor
frequentemente é usado para significar toda a região 5’regulatória de um gene,
incluindo os amplificadores, que são sequências adicionais que se ligam aos fatores de
transcrição e interagem com o complexo basal de transcrição para aumentar a taxa de
iniciação transcricional. Outros amplificadores podem estar localizados em uma
distância significante do promotor, ou 5’ do gene, em íntrons, ou 3’ do gene.
Prostaglandinas Uma classe de mediadores inflamatórios lipídicos que são derivados do
ácido araquidônico em muitos tipos celulares através da via da ciclo-oxigenase e que
têm atividades vasodilatadora, broncoconstritora e quimiotática. As prostaglandinas
produzidas pelos mastócitos são importantes mediadores das reações alérgicas.
Proteassoma Um grande complexo enzimático multiproteico com uma ampla variedade
de atividade proteolítica e que é encontrado no citoplasma da maioria das células e
gera, a partir de proteínas citosólica, peptídios que se ligam às moléculas de MHC de
classe I. As proteínas são alvo para degradação proteassomal através de ligação
covalente de moléculas de ubiquitina.
Proteína 1 de ativação (AP-1) Família de fatores de transcrição ligados ao DNA composta
de dímeros de duas proteínas que se ligam uma a outra através de região estrutural
compartilhada denominada zíper de leucina. O fator AP-1 mais bem caracterizado é
composto das proteínas Fos e Jun. A AP-1 está envolvida na regulação transcricional
de muitos genes diferentes que são importantes no sistema imune, tais como os genes
das citocinas.
Proteína adaptadora Proteínas envolvidas nas vias intracelulares de transdução de sinal
por servirem como moléculas ponte ou base para o recrutamento de outras moléculas
sinalizadoras. Durante a sinalização do receptor de antígeno em linfócito ou receptor
de citocina, as moléculas adaptadoras podem ser fosforiladas nos resíduos de tirosina
para permitir que elas se liguem a outras moléculas que contenham domínios de
homologia 2 Src (SH2). As moléculas adaptadoras envolvidas na ativação da célula T
incluem LAT, SLP-76 e Grb-2.
Proteína C-reativa (CRP, do inglês C-reactive protein) Um membro da família pentraxina
de proteínas plasmáticas envolvido nas respostas imunes inatas às infecções
bacterianas. A CRP é um reagente de fase aguda e se liga à cápsula da bactéria
pneumococal. A CRP também se liga e pode, assim, ativar o complemento ou agir
como uma opsonina, interagindo com receptores C1q nos fagócitos.
Proteína de 70 kD associada a zeta (ZAP-70, do inglês zeta-associated protein of 70 kD)
Uma proteína tirosinoquinase citosólica, similar ao Syk nas células B, que é crucial
para as etapas da sinalização inicial na ativação da célula T induzida por antígeno. A
ZAP-70 liga-se às tirosinas fosforiladas nas caudas citoplasmáticas da cadeia ζ e
cadeias CD3 do complexo TCR e, assim, fosforila as proteínas adaptadoras que
recrutam outros componentes da cascata de sinalização.
Proteína tirosinoquinase (PTKs, do inglês protein tyrosine kinase) Enzimas que medeiam
a fosforilação de resíduos de tirosina em proteínas e, assim, promovem interações
proteína-proteína dependentes de fosfotirosina. As PTKs estão envolvidas em
numerosas vias de tradução do sinal em células do sistema imune.
Proteínas G Proteínas que se ligam a nucleotídios guanilil e agem como trocadores de
moléculas catalisando a substituição de guanosina difosfato ligada (GDP) por
guanosina trifosfato (GTP). As proteínas G com GTP ligado podem ativar uma
variedade de enzimas celulares em diferentes cascatas de sinalização. As proteínas
triméricas ligadas ao GTP estão associadas a porções citoplasmáticas de muitos
receptores de superfície celular, tais como os receptores de quimiocinas. Outras
pequenas proteínas G solúveis, como Ras e Rac, são recrutadas para as vias de
sinalização por proteínas adaptadoras.
Proteínas Igα e Igβ β Proteínas que são necessárias para a expressão na superfície e
funções de sinalização de Ig de membrana nas células B. Os pares Igα e Igβ são
ligados um ao outro por pontes dissulfeto, associadas não covalentemente à cauda
citoplasmática da Ig da membrana, formando complexos BCR. Os domínios
citoplasmáticos da Igα e Igβ contêm ITAMs que estão envolvidas nos eventos iniciais
durante a ativação da célula B induzida pelo antígeno.
Proteinoquinase C (PKC, do inglês protein kinase C) Qualquer uma de várias isoformas
de uma enzima que medeia a fosforilação de resíduos de serina e treonina em muitos
substratos proteicos diferentes e, assim, serve para propagar várias vias de transdução
do sinal, levando à ativação de fatores de transcrição. Nos linfócitos T e B, a PKC é
ativada pelo DAG, que é gerado em resposta à ligação ao receptor do antígeno.
Protozoa Organismos eucarióticos de única célula, muitos dos quais são parasitas
humanos e causam doença. Exemplos de protozoários patogênicos incluem Entamoeba
histolytica, que causa desinteria amebíaca; Plasmodium, que causa malária; e
Leishmania, que causa a leishmaniose. O protozoário estimula ambas as respostas
imunes inata e adaptativa. Mostrou-se difícil o desenvolvimento de vacinas efetivas
contra muitos desses organismos.
Provírus Uma cópia de DNA do genoma de um retrovírus que é integrado no genoma da
célula do hospedeiro e a partir da qual os genes virais são transcritos e o genoma viral
é reproduzido. Os provírus de HIV podem permanecer inativos por longos períodos e,
portanto, representam uma forma latente de infecção de HIV que não é acessível à
defesa imune.
Quimiocinas Uma grande família de citocinas estruturalmente homólogas e de baixo
peso molecular que estimulam a quimiotaxia de leucócitos, regulam a migração de
leucócitos do sangue para os tecidos mediante ativação de integrinas dos leucócitos e
manutenção da organização espacial de diferentes subtipos de linfócitos e células
apresentadoras de antígenos dentro dos órgãos linfoides.
Quimiotaxia Movimento das células direcionadas por um gradiente de concentração
química. O movimento dos leucócitos dentro dos vários tecidos frequentemente é
direcionado por gradientes de citocinas de baixo peso molecular chamadas de
quimiocinas.
Radioimunoensaio Método imunológico altamente sensível e específico de quantificação
da concentração de um antígeno em uma solução que depende de um anticorpo
marcado radioativamente e específico para um antígeno. Normalmente, dois
anticorpos específicos para o antígeno são usados. O primeiro anticorpo não está
marcado, mas ligado a um suporte sólido, onde ele se liga e imobiliza o antígeno cuja
concentração é determinada. A quantidade do segundo anticorpo, marcado, que se
liga ao antígeno imobilizado, como determinado pelos detectores radioativos, é
proporcional à concentração de antígeno na solução em teste.
Rapamicina Fármaco imunossupressor (também denominado sirolimus) usado
clinicamente para prevenir a rejeição ao enxerto. A rapamicina inibe a ativação de uma
proteína chamada de alvo molecular da rapamicina (mTOR), que é a molécula-chave
da sinalização em uma variedade de vias metabólicas e de crescimento, incluindo a via
necessária para a proliferação de célula T mediada por interleucina-2.
Ras Um membro da família de proteínas ligantes de nucleotídio guanina de 21 kD com
atividade GTPásica intrínseca que está envolvido em diversas vias de transdução de
sinal e em diversos tipos celulares. Os genes ras mutados estão associados à
transformação neoplásica. Na ativação da célula T, Ras é recrutado para a membrana
plasmática por proteínas adaptadoras tirosina-fosforiladas, onde é ativado por fatores
de aumento GDP-GTP. GTPRas inicia então a cascata da MAP quinase, que leva à
expressão do gene fas e montagem do fator AP-1 de transcrição.
Reação de Arthus Uma forma localizada de vasculite experimental mediada por
imunocomplexos e induzida pela injeção subcutânea de um antígeno em um animal
previamente imunizado ou em um animal que tenha recebido intravenosamente o
anticorpo específico para o antígeno. Os anticorpos circulantes ligam-se ao antígeno
injetado e formam imunocomplexos que são depositados nas paredes das pequenas
artérias do local da injeção e iniciam uma vasculite cutânea local com necrose.
Reação de fase tardia Um componente da reação de hipersensibilidade imediata que
ocorre 2 a 4 horas após a desgranulação do mastócito e que se caracteriza por um
infiltrado inflamatório de eosinófilos, basófilos, neutrófilos e linfócitos. Ataques
repetidos desta reação inflamatória de fase tardia podem causar dano tecidual.
Reação de máculas e pápulas Inchaço e vermelhidão local na pele no local de uma reação
de hipersensibilidade imediata. A mácula reflete aumento na permeabilidade vascular
e a pápula decorre de maior fluxo sanguíneo local, ambas as alterações resultantes de
mediadores como liberação de histamina dos mastócitos dérmicos ativados.
Reação de Shwartzman Um modelo experimental de efeitos patológicos de LS e TNF no
qual duas injeções intravenosas de LPS são administradas ao coelho em um intervalo
de 24 horas. Após a segunda injeção, o coelho sofre coagulação intravascular
disseminada e coágulo de neutrófilo e plaquetas nos pequenos vasos sanguíneos.
Reação em cadeia de polimerase (PCR, do inglês polimerase chain reaction) Um método
rápido de se copiar e amplificar sequências específicas de DNA em até 1 kb de
comprimento e que é amplamente usado como técnica preparativa e analítica em
todas as áreas da biologia molecular. O método se baseia no uso de pequenos primers
de oligonucleotídios complementares às sequências nas terminações do DNA a serem
amplificadas e envolve ciclos repetidos de fusão, realinhamento e síntese do DNA.
Reação mista de leucócito (MLR, do inglês mixed leukocyte reaction) Uma reação in vitro
de células T alorreativas de um indivíduo contra antígenos de MHC nas células
sanguíneas de outro indivíduo. O MLR envolve a proliferação e a secreção de citocina
por ambas as células T CD4
+ e CD8
+
.
Reações de transfusão Uma reação imunológica contra produtos sanguíneos
transfundidos, normalmente mediada por anticorpos pré-formados no recebedor e
que se ligam aos antígenos das células sanguíneas do doador, tais como antígenos de
grupo sanguíneo ABO ou antígenos de histocompatibilidade. As reações de
transfusão podem causar lise intravascular de hemácias e, em casos graves, dano
renal, febre, choque e coagulação intravascular disseminada.
Reagentes de fase aguda Proteínas, a maioria sintetizada no fígado em resposta às
citocinas inflamatórias, tais como IL-6 e IL-1, cujas concentrações plasmáticas
aumentam lentamente após infecções como parte da síndrome da resposta
inflamatória sistêmica. Exemplos incluem proteína C-reativa, fibrinogênio e proteína
A amiloide sérica. Os reagentes de fase aguda desempenham vários papéis na
resposta imune inata aos microrganismos.
Reagina Anticorpo IgE que medeia uma reação de hipersensibilidade imediata.
Receptor αβ de célula T (TCR αβ, do inglês T cell receptor) Forma mais comum de TCR,
expresso em ambas as células CD4
+ e CD8
+
. O TCR αβ reconhece antígenos peptídicos
ligados a uma molécula de MGC. Ambas as cadeias α e β contêm regiões altamente
variáveis (V) que juntas formam os locais de ligação ao antígeno, assim como regiões
constantes (C). As regiões V e C do TCR são estruturalmente homólogas às regiões V
e C das moléculas de Ig.
Receptor de célula pré-B Receptor expresso em linfócitos B em desenvolvimento no
estágio de célula pré-B que é constituído por cadeias pesadas µ de Ig e cadeias leves,
invariantes e substituídas. O receptor de célula pré-B associa-se a proteínas Igα e Igβ
de transdução de sinal para formar o complexo do receptor de célula pré-B. Esses
receptores são necessários para a estimulação da proliferação e maturação continuada
da célula B em desenvolvimento, atuando como um ponto de avaliação para o
rearranjo VDJ da cadeia pesada µ. Não é conhecido se o receptor da célula pré-B se
liga a um ligante específico.
Receptor de célula pré-T Receptor expresso em na superfície das células pré-T que é
composto de cadeias TCR β e proteína invariável pré-Tα. Esse receptor associa-se a
CD3 e moléculas ζ para formar o complexo do receptor de célula pré-T. A função deste
complexo é similar àquela do receptor de célula pré-B na célula B em
desenvolvimento, ou seja, disparo de sinais que estimulam proliferação,
reorganização do gene do receptor de antígeno e outros eventos maturacionais. Não é
conhecido se o receptor de célula pré-T se liga a um ligante específico.
Receptor de célula T (TCR, do inglês T cell receptor) Receptor de antígeno clonalmente
distribuído nos linfócitos T CD4
+ e CD8
+ que reconhecem complexos de peptídios
estranhos ligados às próprias moléculas de MHC na superfície das APCs. A forma
mais comum de TCR é composta de um heterodímero de duas cadeias polipeptídicas
transmembranares ligadas por dissulfeto, designadas como α e β, cada uma contendo
um domínio variável (V) do tipo N-terminal de Ig, um domínio constante tipo Ig (C),
uma região transmembranar hidrofóbica e uma pequena região citoplasmática.
(Outro tipo menos comum de TCR, composto de cadeias γ e δ, é encontrado em um
pequeno subgrupo de células T que reconhece diferentes formas de antígeno.)
Receptor de complemento tipo 1 (CR1, do inglês complemente receptor 1) Um receptor de
alta afinidade para os fragmentos C3b e C4b do complemento. Os fagócitos utilizam
CR1 para mediar a internalização das partículas recobertas por C3b ou C4b. O CR1
nos eritrócitos atua na eliminação de imunocomplexos da circulação. O CR1 também é
um regulador da ativação do complemento.
Receptor de complemento tipo 2 (CR2, do inglês complemente receptor 2) Um receptor
expresso nas células B e células dendríticas foliculares que se ligam aos fragmentos
proteolíticos da proteína C3 do complemento, incluindo C3d, C3dg e iC3b. O CR2
atua para estimular as respostas imunes humorais mediante aumento na ativação da
célula B pelo antígeno e promoção do sequestro dos complexos antígeno-anticorpo
nos centros germinais. O CR2 é também o receptor para o vírus Epstein-Barr.
Receptor de homing Moléculas de adesão expressas na superfície dos linfócitos que são
responsáveis pelas diferentes vias de recirculação de linfócitos e homing tecidual. Os
receptores homing ligam-se a ligantes (adressinas) expressos nas células endoteliais
em leitos vasculares particulares.
Receptor de manose Um receptor ligante de carboidrato (lectina) expresso pelos
macrófagos que se liga a resíduos de manose e fucose nas paredes celulares
bacterianas e medeia a fagocitose dos organismos.
Receptor Fc neonatal (FcRn) Um receptor Fc IgG específico que medeia o transporte de
IgG materna através da placenta e epitélio intestinal neonatal e, em adultos, promove
a meia-vida longa das moléculas de IgG no sangue, protegendo-as do catabolismo
pelos fagócitos ou células endoteliais.
Receptor Fc Um receptor da superfície celular específico para a região constante
carboxiterminal da uma molécula de Ig. Os receptores Fc são tipicamente complexos
proteicos multicadeia que incluem componentes da sinalização e componentes
ligantes de Ig. Existem vários tipos de receptores Fc, incluindo aqueles específicos
para diferentes isotipos de IgG, IgE e IgA. Os receptores Fc medeiam muitas das
funções efetoras dependentes de células dos anticorpos, incluindo fagocitose de
antígenos ligados a anticorpo, ativação de mastócitos induzida por antígeno e ligação
e ativação de células NK.
Receptor Fcγ (FcγR) Um receptor específico da superfície celular para a região constante
carboxiterminal das moléculas de IgG. Existem diferentes tipos de receptores de Fcγ,
incluindo FcγRI de alta afinidade que medeia a fagocitose pelos macrófagos e
neutrófilos, um FcγRIIB de baixa afinidade que traduz sinais inibitórios nas células B
e um FcγRIIIA de baixa afinidade que medeia a ativação das células NK.
Receptor γδ de célula T (γδ TCR, do inglês T cell receptor) Uma forma de TCR que é
distinta do mais comum αβ TCR e é expressa em subclasse de células T encontrada
principalmente nos tecidos das barreiras epiteliais. Embora o γδ TCR seja
estruturalmente similar ao αβ TCR, as formas de antígenos reconhecidas pelos γδ
TCRs são pouco compreendidas; elas não reconhecem complexos peptídicos ligados
às moléculas de MHC polimórficas.
Receptor poli-Ig Um receptor Fc expresso pelas células da mucosa epitelial que medeiam
o transporte de IgA e IgM através das células epiteliais para dentro do lúmen
intestinal.
Receptores de morte Receptores de membrana plasmática expressos em vários tipos
celulares que, sob ligação do ligante, traduzem sinais que levam ao recrutamento da
proteína associada ao Fas com proteína adaptadora de domínio de morte (FADD, do
inglês Fas-associated protein with death domain), a qual ativa a caspase 8, induzindo a
morte celular apoptótica. Todos os receptores de morte, incluindo FAS, TRAIL e
TNFR, pertencem à superfamília de receptor de TNF.
Receptores de quimiocina Receptores da superfície celular para quimiocinas e que
traduzem sinais que estimulam a migração de leucócitos. Existem pelo menos 19
diferentes tipos de receptores de quimiocinas. Todos são membros da família de
receptores acoplados a proteínas G, com sete α-hélices transmembranares.
Receptores de reconhecimento padrão Receptores de sinalização do sistema imune inato
que reconhecem PAMPs e DAMPs e, assim, ativam as respostas imunes inatas.
Exemplos incluem receptores do tipo Toll (TLRs, do inglês Toll-like receptors) e
receptores do tipo Nod (NLRs, do inglês Nod-like receptors).
Receptores do tipo Ig de célula assassina (KIRs, do inglês killer cell Ig-like receptors)
Receptores da superfamília Ig expressos pelas células NK que reconhecem diferentes
alelos das moléculas de HLA-A, HLA-B e HLA-C. Alguns KIRs possuem
componentes de sinalização com ITIMs em suas porções citoplasmáticas, e esses
sinais inibitórios inativam as células NK. Alguns membros da família KIR têm regiões
citoplasmáticas pequenas sem ITIMs, mas associadas a outros polipeptídios contendo
ITAM e função de ativadores de receptores.
Receptores do tipo NOD (NLRs, do inglês NOD-like receptors) Uma família de
proteínas multidomínio e citosólica que possui PAMPs e DAMPS citoplasmáticos e
recruta outras proteínas para formar complexos de sinalização que promovem a
inflamação.
Receptores do tipo RIG (RLRs, do inglês RIG-like receptors) Receptores citosólicos do
sistema imune inato que reconhece o RNA viral e induz a produção de interferons do
tipo I. Os dois RLRs mais bem caracterizados são o RIG-I (gene I induzível de ácido
retinoico) e o MDA5 (gene 5 associado à diferenciação de melanoma).
Receptores do tipo Toll Uma família de receptores de padrão de reconhecimento do
sistema imune inato que são expressos na superfície e nos endossomas de muitos
tipos celulares, bem como reconhecem as estruturas microbianas, como endotoxina e
RNA viral, e transduzem sinais que levam à expressão de genes inflamatórios e
antivirais.
Receptores scavenger Uma família de receptores da superfície celular expressos em
macrófagos, originalmente definidos como receptores que medeiam a endocitose de
partículas de lipoproteína oxidada ou acetilada de baixa densidade, mas também se
ligam e medeiam a fagocitose de uma variedade de microrganismos.
Recirculação de linfócitos Movimento contínuo de linfócitos inativos da corrente
sanguínea para órgãos linfoides secundários e seu retorno para o sangue.
Recombinação somática Processo de recombinação de DNA pelo qual os genes
funcionais que codificam as regiões variáveis de receptores de antígenos são formados
durante o desenvolvimento do linfócito. Um quadro relativamente limitado de
herança ou linha germinativa, sequências de DNA que são iniciadas separadamente
umas das outras são mantidas juntas por deleção enzimática das sequências
intervenientes e religação. Este processo ocorre somente nos linfócitos B ou T em
desenvolvimento e é mediado pelas proteínas RAG-1 e RAG-2. Também recebe a
denominação de recombinação V(D)J ou rearranjo somático.
Recombinase V(D)J Um complexo de proteínas RAG1 e RAG2 que catalisa a
recombinação do gene do receptor do antígeno de um linfócito.
Região constante (C) Porção da cadeia polipeptídica da Ig ou TCR que não varia na
sequência entre diferentes clones e não está envolvida na ligação do antígeno.
Região de dobradiça Uma região das cadeias pesadas de Ig entre os dois primeiros
domínios constantes que podem assumir múltiplas conformações, conferindo, assim,
flexibilidade na orientação dos dois locais de ligação do antígeno. Por causa da região
de dobradiça, uma molécula de anticorpo pode se ligar simultaneamente a dois
epítopos que estão em qualquer local dentro de uma gama de distância uma da outra.
Região determinante de complementariedade (CDR, do inglês complementaritydetermining
region) Pequenos segmentos de proteínas de Ig e TCR que contêm a
maior parte das diferenças na sequência entre os distintos anticorpos ou TCRs e
fazem contato com o antígeno; também recebem a denominação de regiões
hipervariáveis. Três CDRs estão presentes no domínio variável de cada cadeia
polipeptídica do receptor de antígeno e seis CDRs estão presentes em uma molécula
de Ig ou TCR intacta. Esses segmentos hipervariáveis assumem estruturas em alça que
juntas formam uma superfície complementar às estruturas tridimensionais dos
antígenos ligados.
Região hipervariável (alça hipervariável) Segmentos curtos de cerca de 10 resíduos de
aminoácidos dentro das regiões variáveis de anticorpo ou proteínas TCR que formam
estruturas em alça que entram em contato com o antígeno. Três alças hipervariáveis,
também chamadas CDRs, estão presentes em cada cadeia pesada e cadeia leve de
anticorpo e em cada cadeia TCR. A maior parte da variabilidade entre os diferentes
anticorpos ou TCRs está localizada dentro destas alças.
Região variável Região N-terminal extracelular de uma cadeia de Ig pesada ou leve ou
um TCR α, β, γ ou cadeia δ que contém sequências variáveis de aminoácidos que
diferenciam entre cada clone de linfócitos e que são responsáveis pela especificidade
para o antígeno. As sequências variáveis de ligação ao antígeno estão localizadas para
estender as estruturas das alças ou segmentos hipervariáveis.
Regulador autoimune (AIRE, do inglês autoimune regulator) Uma proteína cuja função é
estimular a expressão de antígenos proteicos de tecidos periféricos nas células
epiteliais medulares tímicas. Mutações no gene AIRE em humanos e camundongos
levam à doença autoimune específica ao tecido resultante de uma expressão
defeituosa dos antígenos teciduais no timo e falha em deletar as células T específicas
para esses antígenos.
Rejeição a enxerto Uma resposta imune específica a um órgão ou tecido enxertado que
leva a inflamação, dano e, possivelmente, falha no enxerto.
Rejeição aguda Forma de rejeição a enxerto envolvendo lesão vascular e parenquimal
mediada por células T, macrófagos e anticorpos que normalmente se manifesta dias
ou semanas após o transplante, mas pode ocorrer tardiamente se a imunossupressão
farmacológica se tornar inadequada.
Rejeição crônica Uma forma de rejeição a enxerto caracterizada por fibrose com perda
das estruturas normais dos órgãos e ocorrendo durante um período prolongado. Em
muitos casos, o principal evento patológico na rejeição crônica é a oclusão arterial
causada por proliferação das células musculares lisas da íntima, o que é denominado
enxerto de arteriosclerose.
Rejeição de primeira fase Rejeição a enxerto em um indivíduo que não havia recebido
previamente um enxerto ou de outro modo sido exposto a aloantígenos teciduais do
mesmo doador. A rejeição de primeira fase normalmente demora cerca de 7 a 14 dias.
Rejeição hiperaguda Uma forma de rejeição a enxerto ou xenotransplante que se inicia
dentro de minutos a horas após o transplante e que é caracterizada pela oclusão
trombótica dos vasos do enxerto. A rejeição hiperaguda é mediada por anticorpos
preexistentes na circulação do hospedeiro que se ligam aos antígenos endoteliais do
doador, tais como antígenos de grupo sanguíneo ou moléculas de MHC, e ativam o
sistema complemento.
Repertório de anticorpo Coleção de diferentes especificidades de anticorpos expressos
em um indivíduo.
Repertório de linfócitos Coleção completa de receptores de antígenos e, portanto,
especificidades de antígenos expressos pelos linfócitos B e T de um indivíduo.
Resíduos de ancoragem Resíduos de aminoácidos de um peptídio cujas cadeias cabem
dentro de uma bolsa na fenda de ligação ao peptídio na molécula de MHC. A cadeia
lateral liga-se aos aminoácidos complementares na molécula de MHC, servindo,
assim, como âncora para o peptídio na fenda da molécula de MHC.
Resposta de fase aguda Aumento nas concentrações plasmáticas de várias proteínas,
denominadas reagentes de fase aguda, que ocorre como parte da fase inicial da
resposta imune inata às infecções.
Resposta imune Uma resposta coletiva e coordenada à introdução de substâncias
estranhas em um indivíduo mediada pelas células e moléculas do sistema imune.
Resposta imune primária Resposta imune adaptativa que ocorre após a primeira
exposição de um indivíduo a um antígeno estranho. As respostas primárias são
caracterizadas por cinética relativamente lenta e de pequena magnitude quando
comparadas às respostas após uma segunda ou subsequente exposição.
Resposta imune secundária Uma resposta imune adaptativa que ocorre em uma segunda
exposição a um antígeno. Uma resposta secundária é caracterizada por uma cinética
mais rápida e maior magnitude em relação à resposta imune primária, que ocorre na
primeira exposição.
Restrição de MHC Característica de linfócitos T de que reconhecem um antígeno
peptídico estranho somente quando estão ligados a uma forma alélica particular de
uma molécula de MHC.
Retorno de linfócitos Migração direcionada de subgrupos de linfócitos circulantes para
locais teciduais em particular. O retorno de linfócitos é regulado pela expressão
seletiva de moléculas de adesão endotelial e quimiocinas, em diferentes tecidos. Por
exemplo, alguns linfócitos direcionam-se preferencialmente para a mucosa intestinal,
o que é regulado pela quimiocina CCL25 e moléculas de adesão endotelial MadCAM,
ambas expressas no intestino, e ligam-se respectivamente ao receptores de quimiocina
CCR9 e à integrina α4β1 em linfócitos que retornam ao intestino.
Retroalimentação de anticorpo Regulação negativa da produção de anticorpo pelos
anticorpos IgG secretados e que ocorre quando os complexos antígeno-anticorpo
atingem simultaneamente a Ig da membrana da célula B e um tipo de receptor Fcγ
(FcγRIIb). Sob essas condições, a cauda citoplasmática do FcγRIIb traduz os sinais
inibitórios para dentro da célula B.
RORγT (receptor orfão γ T relacionado com o ácido retinoico, do inglês retinoid-related
orphan receptor gamma; T) Um fator de transcrição expresso nas células e necessário
para a diferenciação das células TH17 e células linfoides inatas tipo 3.
Sarcoma de Kaposi Um tumor maligno de células vasculares que frequentemente surge
em pacientes com AIDS. O sarcoma de Kaposi está associado à infecção pelo herpesvírus
relacionada com sarcoma de Kaposi (herpes-vírus humano 8).
Segmentos de diversidade (D) Pequenas sequências de codificação entre os segmentos
variáveis (V) e constantes (C) de genes na cadeia pesada de Ig e lócus de TCRβ e γ,
que, juntos com os segmentos J, são somaticamente recombinados com os segmentos
V durante o desenvolvimento do linfócito. O DNA VDJ recombinante resultante
codifica para os terminais carboxil das regiões V do receptor de antígeno, incluindo as
terceiras regiões hipervariáveis. O uso randômico dos segmentos D contribui para a
diversidade do repertório do receptor de antígeno.
Segmentos de gene C (região constante) Sequências de DNA nos loci do gene Ig e TCR
que codificam as porções não variáveis das cadeias pesada e leve de Ig e TCR e cadeias
α, β, γ e δ.
Segmentos de gene V Sequência de DNA que codifica o domínio variável de uma cadeia
de Ig pesada ou leve ou um TCR α, β, γ ou cadeia δ. Cada lócus do receptor do
antígeno contém muitos segmentos diferentes do gene V, qualquer um podendo se
recombinar com segmentos D ou J durante a maturação do linfócito para formar
genes de receptor de antígeno funcionais.
Segmentos de ligação (J) Pequenas sequências de codificação entre os segmentos dos
genes variável (V) e constante (C) em todos os locis Ig e TCR que, juntamente aos
segmentos D, são somaticamente recombinados com segmentos V durante o
desenvolvimento do linfócito. O DNA VDJ recombinante resultante codifica para as
porções carboxiterminais das regiões V do receptor do antígeno, incluindo as terceiras
regiões hipervariáveis (CDR). O uso randômico de diferentes segmentos J contribui
para a diversidade do repertório de receptores para antígenos.
Segundo quadro de rejeição Rejeição a enxerto em um indivíduo que foi previamente
sensibilizado aos aloantígenos teciduais do doador pelo fato de ter recebido outro
enxerto ou transfusão deste doador. Contrapondo-se ao primeiro quadro de rejeição,
que ocorre em um indivíduo que não foi previamente sensibilizado com os
aloantígenos do doador, o segundo quadro de rejeição é rápido e ocorre em 3 a 7 dias
como resultado da memória imunológica.
Seleção negativa Processo pelo qual os linfócitos em desenvolvimento que expressam os
receptores de antígenos autorreativos são eliminados, contribuindo, assim, para a
manutenção da autotolerância. A seleção negativa dos linfócitos T em
desenvolvimento (timócitos) é mais bem compreendida e envolve ligação de alta
afinidade do timócito às próprias moléculas de MHC com peptídios ligados nas APCs
tímicas, levando à morte apoptótica do timócitos.
Seleção positiva Processo pelo qual células T em desenvolvimento no timo (timócitos)
cujos TCRs se ligam às próprias moléculas de MHC são salvas da morte celular
programada, ao passo que os timócitos cujos receptores não reconhecem as próprias
moléculas de MHC morrem. A seleção positiva garante que as células T maduras são
restritas ao próprio MHC e as células T CD8
+ são específicas para complexos de
peptídios com moléculas de MHC de classe I e células T CD4
+ para complexos de
peptídios com moléculas de MHC de classe II.
Selectina Qualquer uma de três independentes, mas proximamente relacionadas
proteínas ligantes de carboidratos que medeiam a adesão de leucócitos às células
endoteliais. Cada uma das moléculas de selectina é uma glicoproteína
transmembranar de cadeia simples com uma estrutura similar, incluindo um domínio
lectina extracelular e cálcio dependente. As selectinas incluem a L-selectina (CD62L),
expressa nos leucócitos; a P-selectina (CD62P), expressa nas plaquetas e no endotélio
ativado; e a E-selectina (CD62E), expressa no endotélio ativado.
Sequências de recombinação de sinal Sequências específicas de DNA encontradas
adjacentes aos segmentos V, D e J no lócus do receptor do antígeno e reconhecidas
pelo complexo RAG-1/RAG-2 durante a recombinação V(D)J. As sequências de
reconhecimento consistem em uma extensão de 7 nucleotídios altamente
conservados, chamada de heptâmero, localizada adjacente à sequência de codificação
V, D, J, seguida por um espaçador de exatamente 12 ou 23 nucleotídios não
conservados e uma extensão altamente conservada de 9 nucleotídios, denominada
nonâmero.
Sinal transdutor e ativador de transcrição (STAT, do inglês signal transducer and
activator of transcription) Um membro de uma família de proteínas que atua como
molécula de sinalização e fator de transcrição em resposta à ligação de citocinas aos
receptores de citocinas dos tipos I e II. Os STATs estão presentes como monômeros
inativos no citosol das células e são recrutados para as caudas citoplasmáticas dos
receptores de citocina, onde eles são fosforilados na tirosina pelas JAKs. As proteínas
STAT fosforiladas dimerizam e movem-se para o núcleo, onde se ligam a sequências
específicas nas regiões promotoras de vários genes e estimulam sua transcrição.
Diferentes STATs são ativados por citocinas distintas.
Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS, do inglês adquired immunodeficiency
disease syndrome) Doença causada por infecção com vírus da imunodeficiência
humana (HIV) que é caracterizada por depleção das células T CD4
+
, levando a um
profundo defeito na imunidade mediada por células. Clinicamente, a AIDS inclui
infecções oportunísticas, tumores malignos e encefalopatia.
Síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS, do inglês systemic inflammatory
response syndrome) Alterações sistêmicas observadas em pacientes que têm infecções
bacterianas disseminadas. Na forma moderada, a SIRS consiste em neutrofilia, febre e
aumento nos reagentes de fase aguda no plasma. Essas alterações são estimuladas
pelos produtos bacterianos (p. ex., LPS) e mediadas por citocinas do sistema imune
inato. Em casos graves, a SIRS pode incluir coagulação intravascular disseminada,
síndrome do desconforto respiratório do adulto e choque séptico.
Síndrome de Chédiak-Higashi Uma rara imunodeficiência recessiva autossômica
causada por um defeito nos grânulos citoplasmáticos de vários tipos celulares que
afetam os lisossomos de neutrófilos e macrófagos, assim como os grânulos de células
CTLs e NK. Pacientes mostram resistência reduzida à infecção com bactéria
piogênica.
Síndrome de DiGeorge Deficiência seletiva de célula T causada por malformação
congênita que resulta em defeito no desenvolvimento do timo, das glândulas
paratiroides e de outras estruturas que emergem das 3ª e 4ª bolsas faríngeas.
Síndrome de hiper-IgM ligada ao X Uma rara imunodeficiência causada por mutações no
gene do ligante CD40 e caracterizada por falha na troca de isotipo da cadeia pesada da
célula B e na imunidade mediada por célula. Os pacientes sofrem de ambas as
infecções bacteriana piogênica e por protozoário.
Síndrome de Wiskott-Aldrich Doença ligada ao X caracterizada por eczema,
trombocitopenia (reduzidas plaquetas sanguíneas) e imunodeficiência, manifestada
como suscetibilidade a infecções bacterianas. O gene defeituoso codifica uma
proteína citosólica envolvida nas cascatas de sinalização e regulação da actina do
citoesqueleto.
Síndrome do choque tóxico Doença aguda caracterizada por choque, esfoliação cutânea,
conjuntivite e diarreia e que está associada ao uso de tampão, sendo causada por
superantígeno de Staphylococcus aureus.
Síndrome do linfócito nu Uma síndrome de imunodeficiência caracterizada pela perda
da expressão das moléculas de MHC de classe II que leva a defeitos na apresentação
de antígenos e na imunidade mediada por células. A doença é causada por mutações
nos genes que codificam fatores que regulam a transcrição dos genes do MHC de
classe II.
Singênico Geneticamente idêntico. Todos os animais de uma linhagem pura e gêmeos
monozigóticos são singênicos.
Sistema imune Moléculas, células, tecidos e órgãos que atuam coletivamente para
fornecer imunidade ou proteção, contra organismos estranhos.
Sistema imune cutâneo Componentes dos sistemas imunes inato e adaptativo
encontrados na pele e que atuam juntos de forma especializada para detectar e
responder aos patógenos na pele e manter a homeostasia com microrganismos
comensais. Componentes do sistema imune cutâneo incluem queratinócitos, células
de Langerhans, células dendríticas dérmicas, linfócitos intraepiteliais e linfócitos
dérmicos.
Sistema imune mucoso Parte do sistema imune que responde e protege contra
microrganismos que entram no corpo através de superfícies mucosas, tais como os
tratos gastrintestinal e respiratório, mas também mantém a tolerância aos organismos
comensais que vivem no lado de fora do epitélio mucoso. O sistema imune mucoso é
constituído por tecido linfoide associado à mucosa, tais como as placas de Peyer, bem
como células difusamente distribuídas dentro da lâmina própria.
Sistema linfático Um sistema de vasos distribuídos pelo corpo e que coleta fluidos
teciduais denominados linfa, originalmente derivada do sangue, e retorna, através do
ducto torácico, para a circulação. Os linfonodos são intercalados ao longo desses vasos
e recebem e retêm antígenos presentes na linfa.
Soro Fluido livre de célula que permanece quando sangue ou plasma formam um
coágulo. Os anticorpos sanguíneos são encontrados na fração sérica.
Soroconversão Produção de anticorpos detectáveis no soro e específicos para um
microrganismo durante o curso de uma infecção ou na resposta à imunização.
Sorologia Estudo dos anticorpos sanguíneos (soro) e suas reações com antígenos. O
termo sorologia frequentemente é utilizado para o diagnóstico de doenças infecciosas
pela detecção de anticorpos específicos para o microrganismo no soro.
Sorotipo Um subgrupo antigenicamente distinto de uma espécie de um organismo
infeccioso que é diferenciado de outros subgrupos por testes sorológicos (i.e.,
anticorpo sérico). As respostas imunes humorais a um sorotipo de microrganismo
(p. ex., vírus da influenza) podem não ser protetoras contra outro sorotipo.
Superantígenos Proteínas que se ligam e ativam todas as células T em um indivíduo que
expressa um quadro ou família particular de genes VβTCR. Os superantígenos são
apresentados pelas células T através da ligação a regiões não polimórficas das
moléculas de MHC de classe II nas APCs e interagem com regiões conservadas dos
domínios TCR Vβ
. Várias enterotoxinas estafilocócicas são superantígenos. Sua
importância reside na habilidade de ativar muitas células T, o que resulta em grandes
quantidades de citocinas produzidas e uma síndrome clínica que é similar ao choque
séptico.
Superfamília de imunoglobulina Uma grande família de proteínas que contêm uma
região globular estrutural denominada domínio Ig, ou dobra Ig, originalmente
descrita em anticorpos. Muitas proteínas de importância no sistema imune, incluindo
anticorpos, TCRs, moléculas de MHC, CD4 e CD8, são membros desta superfamília.
Superfamília do fator de necrose tumoral (TNFSF, do inglês tumor necrosis factor
superfamily) Uma grande família de proteínas transmembranares estruturalmente
homólogas que regulam diversas funções nas células, incluindo proliferação,
diferenciação, apoptose e expressão de gene inflamatório. Os membros TNFSF
tipicamente formam homotrímeros, dentro da membrana plasmática ou após
liberação proteolítica pela membrana, e se ligam a moléculas da superfamília
homotrimérica do receptor de TNF (TNFRSF), que então inicia uma variedade de vias
de sinalização (ver Apêndice II).
Superfamília do receptor do fator de necrose tumoral (TNFRSF, do inglês tumor necrosis
factor receptor superfamily) Uma grande família de proteínas transmembranares
estruturalmente homólogas que se ligam às proteínas do TNFRSF e geram sinais que
regulam a proliferação, diferenciação, apoptose e expressão de gene inflamatório (ver
Apêndice II).
Syk Uma proteína tirosinoquinase citoplasmática, similar ao ZAP-70 nas células T, que é
crucial para os passos iniciais da sinalização na ativação da célula B induzida pelo
antígeno. O Syk liga-se às tirosinas fosforiladas nas caudas citoplasmáticas das
cadeias de Igα e Igβ do complexo BCR e, assim, fosforila as proteínas adaptadoras que
recrutam outros componentes da cascata de sinalização.
Tecido linfoide associado à mucosa (MALT, do inglês mucosa-associated lymphoid
tissue) Coleção de linfócitos, células dendríticas e outros tipos celulares dentro da
mucosa dos tratos gastrintestinal e respiratório, locais das respostas imunes
adaptativas aos antígenos. Os tecidos linfoides associados à mucosa contêm linfócitos
intraepiteliais, principalmente células T, e coleções organizadas de linfócitos,
frequentemente ricos em células B, abaixo do epitélio da mucosa, tais como as placas
de Peyer no intestino ou amigdalas faríngeas.
Tecido linfoide associado ao intestino (GALT, do inglês gut-associated lymphoid tissue)
Coleções de linfócitos e APCs dentro da mucosa do trato gastrintestinal onde são
iniciadas as respostas imunes adaptativas à flora microbiana intestinal e antígenos
ingeridos (ver também tecido linfoide associado à mucosa).
Técnica de imunoperoxidase Uma técnica de imuno-histoquímica comum na qual um
anticorpo acoplado a horsehadish peroxidase é usado para identificar a presença de um
antígeno em uma seção de tecido. A enzima peroxidase converte o substrato incolor a
um produto marrom insolúvel que é observável em microscópio de luz.
Terapia antirretroviral (ART, do inglês antiretroviral therapy) Quimioterapia combinada
para infecção por HIV, normalmente consistindo em dois inibidores de nucleosídio
transcriptase reversa e um inibidor de protease viral ou um inibidor de transcriptase
reversa não nucleotídica. A ART pode reduzir o título viral plasmático para níveis
abaixo dos detectáveis por mais de 1 ano e retardar a progressão da doença HIV.
Tetrâmero MHC Reagente usado para identificar e enumerar células T que reconhecem
especificamente um complexo MHC-peptídio particular. O reagente consiste em
quatro moléculas de MHC recombinantes, biotiniladas (normalmente de classe I)
ligadas à molécula de avidina marcada com um fluorocromo e carregada com um
peptídio. As células T que se ligam ao tetrâmero MHC podem ser detectadas por
citometria de fluxo.
Timo Um órgão bilobado, situado no mediastino anterior, que é o local de maturação dos
linfócitos T oriundos de precursores derivados da medula óssea. O tecido tímico é
dividido em um córtex externo e uma medula interna e contém células epiteliais
tímicas, macrófagos, células dendríticas e numerosos precursores de células T
(timócitos) em vários estágios de maturação.
Timócito Um precursor do linfócito T maduro presente no timo.
Timócito simples positivo Um precursor de célula T em maturação no timo e que
expressa moléculas de CD4 ou CD8, mas não ambas. Os timócitos simples positivos
são principalmente encontrados na medula e maturaram a partir do estágio duplopositivo,
durante o qual os timócitos expressam ambas as moléculas CD4 e CD8.
Timócitos duplo-negativos Um subgrupo de células T em desenvolvimento no timo
(timócitos) que não expressa CD4 nem CD8. A maioria dos timócitos duplo-negativos
está em um estágio inicial de desenvolvimento e não expressa receptores de
antígenos. Eles expressarão tardiamente ambos os CD4 e CD8 durante o estágio
intermediário duplo-positivo antes da maturação a células T positivas que expressam
somente CD4 ou CD8.
Timócitos duplo-positivos Um subgrupo de células T em desenvolvimento no timo
(timócitos) que expressa ambos CD4 e CD8 e está em um estágio intermediário de
desenvolvimento. Os timócitos duplo-positivos também expressam TCRs e estão
sujeitos aos processos de seleção, maturando as células T positivas e expressando
somente CD4 ou CD8.
Tipagem tecidual Determinação de alelos de MHC particulares, expressos por um
indivíduo, para fins de combinação de doadores e recebedores de enxertos. A tipagem
tecidual, também denominada tipagem de HLA, normalmente é realizada por
sequenciamento molecular (baseado em PCR) dos alelos HLA ou por métodos
sorológicos (lise de células individuais por painéis de anticorpos anti-HLA).
Tirosinoquinase de Bruton (Btk, do inglês Bruton’s tyrosine kinase) Uma família Tec de
tirosinoquinase que é essencial para a maturação da célula B. Mutações no gene que
codifica a Btk causam agamaglobulinemia ligada ao X, uma doença caracterizada por
falha das células B em maturarem além do estágio de célula pré-B.
Tolerância Irresponsividade do sistema imune adaptativo aos antígenos, como resultado
da inativação ou morte de linfócitos específicos para antígeno, induzida pela
exposição aos antígenos. A tolerância aos próprios antígenos é uma característica
normal do sistema imune adaptativo, mas a tolerância aos antígenos estranhos pode
ser induzida sob certas condições de exposição ao antígeno.
Tolerância central Uma forma de autotolerância induzida nos órgãos linfoides
germinativos (centrais) como consequência do reconhecimento, pelos linfócitos
imaturos autorreativos, dos próprios antígenos e levando subsequentemente à sua
morte ou inativação. A tolerância central previne a emergência dos linfócitos com
receptores de alta afinidade para os próprios antígenos que são expressos na medula
óssea e no timo.
Tolerância imunológica Ver tolerância.
Tolerância oral Supressão das respostas imunes sistêmica humoral e mediada por célula
a um antígeno após a administração oral daquele antígeno como resultado de anergia
de células T antígeno-específicas ou produção de citocinas imunossupressoras, tais
como fator de transformação de crescimento-β. A tolerância oral é um possível
mecanismo para a prevenção das respostas imunes aos antígenos alimentares e a
bactérias que normalmente residem como comensais no lúmen intestinal.
Tolerância periférica Irresponsividade aos próprios antígenos que estão presentes nos
tecidos periféricos e não nos órgãos linfoides geradores. A tolerância periférica é
induzida pelo reconhecimento de antígenos sem níveis adequados de
coestimuladores necessários para a ativação do linfócito ou pela estimulação
persistente ou repetida por esses autoantígenos.
Tolerógeno Antígeno que induz tolerância imunológica, contrapondo-se a um
imunógeno, que induz resposta imune. Muitos antígenos podem ser tolerógenos ou
imunógenos, dependendo de como eles são administrados. As formas tolerogênicas
dos antígenos incluem grandes doses de proteínas administradas sem adjuvantes e
antígenos oralmente administrados.
Transcriptase reversa Uma enzima codificada por retrovírus, como HIV, que sintetiza
uma cópia de DNA do genoma viral a partir de um template genômico de RNA. A
transcriptase reversa purificada é muito usada na pesquisa em biologia molecular
para fins de clonagem de DNAs complementares que codificam um gene de interesse
a partir do RNA mensageiro. Os inibidores da transcriptase reversa são utilizados
como fármacos para tratar a infecção por HIV-1.
Transferência adaptativa Processo de transferência de células de um indivíduo para
outro ou de volta ao mesmo indivíduo após expansão e ativação in vitro. A
transferência adaptativa é usada na pesquisa para se definir o papel de uma
população células particular (p. ex., células T) na resposta imune. Clinicamente, a
transferência adaptativa de linfócitos T reativos a tumores e células dendríticas
apresentadoras de antígenos é usada na terapia experimental do câncer e pesquisas
de transferência adaptativa de células T regulatórias estão em desenvolvimento.
Transfusão Transplante de células sanguíneas circulantes, plaquetas ou plasma, de um
indivíduo para outro. As transfusões são realizadas para tratar a perda sanguínea
ocorrida por hemorragia ou a deficiência de um ou mais tipos celulares sanguíneos
resultante de produção inadequada ou destruição excessiva.
Translocação cromossômica Anormalidade cromossômica na qual um segmento de um
cromossoma é transferido para outro. Muitas doenças malignas de linfócitos estão
associadas a translocações cromossômicas envolvendo o lócus de Ig ou TCR e um
segmento cromossômico contendo um oncogene celular.
Transplante alogênico Transplante de um órgão ou tecido de um doador que é da mesma
espécie, mas geneticamente não idêntico ao recebedor (também chamado de
alotransplante).
Transplante autólogo Transplante de tecido ou órgão no qual o doador e o recebedor são
o mesmo indivíduo. Transplantes autólogos de medula óssea e pele são realizados na
clínica médica.
Transplante de célula-tronco hematopoética Transplante de célula-tronco hematopoética
coletada do sangue ou medula óssea. É clinicamente realizado para tratar distúrbios
hematopoéticos ou linfopoéticos e doenças malignas e também é usado em vários
experimentos imunológicos em animais.
Transplante de medula óssea Ver transplante de célula-tronco hematopoética.
Transplante Processo de transferência de células, tecidos ou órgãos (i.e., enxertos) de um
indivíduo para outro ou de um local para outro no mesmo indivíduo. O transplante é
usado para o tratamento de uma variedade de doenças nas quais existe um distúrbio
funcional de um tecido ou órgão. A principal barreira para o sucesso no transplante
entre indivíduos é a reação imunológica (rejeição) ao enxerto transplantado.
Transportador associado ao processamento de antígeno (TAP, do inglês transporter
associates with antigen processing) Um transportador peptídico dependente de
trifosfato de adenosina (ATP) que medeia o transporte ativo de peptídios do citosol
para o local de ligação das moléculas de MHC de classe I dentro do retículo
endoplasmático. O TAP é uma molécula heterodiméricas composta de polipeptídios
TAP-1 e TAP-2, ambos codificados por genes no MHC. Pelo fato de os peptídios serem
necessários para a montagem estável das moléculas de MHC de classe I, os animais
deficientes em TAP expressam poucas moléculas de MHC de classe I de superfície
celular, o que resulta em desenvolvimento e ativação de células T CD8
+ reduzidos.
Troca de classe de cadeia pesada (isotipo) Processo pelo qual um linfócito B troca de
classe, ou isotipo, de anticorpo que ele produz, de IgM para IgG, IgE ou IgA, sem
trocar a especificidade do antígeno do anticorpo. A troca de classe de cadeia pesada é
estimulada por citocinas e ligantes CD40 expressos pelas células T auxiliares e envolve
a recombinação de segmentos VDJ de células B com redução de segmentos de genes
de cadeia pesada.
Troca de recombinação O mecanismo molecular da troca de isotipo Ig no qual o
rearranjo do segmento do gene VDJ em uma célula B produtora de anticorpo se
recombina com um gene C e o gene ou genes C intervenientes são deletados. Os
eventos de recombinação de DNA na troca de recombinação são disparados por CD40
ou citocinas e envolvem sequências de nucleotídios denominadas como regiões de
troca, localizadas nos íntrons da terminação 5’ de cada lócus CH
.
Ubiquitinação Ligação covalente de uma ou várias cópias de um pequeno polipeptídio
denominado ubiquitina a uma proteína. A ubiquitinação frequentemente serve para
marcar proteínas para a degradação proteolítica pelos lisossomas ou proteassomas,
este último sendo o passo crítico na via de MHC de classe I do processamento e
apresentação de antígeno.
Urticária Inchaço e vermelhidão transientes e localizados da pele, causados pelo
extravasamento de fluido e proteínas plasmáticas de pequenos vasos para a derme e
durante uma reação de hipersensibilidade imediata.
Vacina Uma preparação de antígeno microbiano, frequentemente combinada com
adjuvantes, que é administrada aos indivíduos para induzir imunidade protetora
contra infecções microbianas. O antígeno pode ser na forma viva, mas
microrganismos avirulentos, microrganismos mortos, componentes
macromoleculares purificados de um microrganismo ou um plasmídio que contenha
um DNA complementar que codifica um antígeno microbiano também podem ser
utilizados.
Vacina com vírus vivo Uma vacina composta com a forma de um vírus vivo, mas não
patogênico (atenuado). Os vírus atenuados carreiam mutações que interferem no ciclo
de vida viral ou sua patogênese. Como as vacinas de vírus vivos normalmente
infectam as células recebedoras, elas podem estimular efetivamente as respostas
imunes, tais como a resposta CTL, que é ótima para proteção contra infecção viral
selvagem. Uma vacina de vírus vivo comumente utilizada é a vacina Sabin com
poliovírus.
Vacina de antígeno purificado (subunidade) Uma vacina composta de antígenos
purificados ou subunidades de microrganismos. Exemplos deste tipo de vacina
incluem os toxoides de difteria e tetânico, vacinas de polissacarídio de pneumococcus
e Haemophilus influenzae e vacinas de polipeptídios purificados contra vírus da
hepatite B e vírus da influenza. Vacinas de antígenos purificados podem estimular
anticorpos e respostas de células T auxiliares, mas elas tipicamente não geram
respostas CTL.
Vacina de DNA Vacina composta de plasmídio bacteriano contendo um DNA
complementar codificando um antígeno proteico. As vacinas de DNA
presumivelmente funcionam porque as APCs profissionais são transfectadas in vivo
pelo plasmídio e expressam peptídios imunogênicos que elicitam respostas
específicas. Além disso, o DNA do plasmídio contém nucleotídios CpG que agem
como potentes adjuvantes.
Vacina sintética Vacinas compostas de antígenos derivados de DNA recombinante. As
vacinas sintéticas para vírus da hepatite B e vírus herpes simples estão atualmente em
uso.
Variação antigênica Processo pelo qual antígenos expressos pelos microrganismos
podem se alterar em razão de vários mecanismos genéticos e, assim, permitir aos
microrganismos evadirem das respostas imunes. Um exemplo de variação antigênica é
a mudança nas proteínas da superfície do vírus da influenza, hemaglutinina e
neuraminidase, que requer uso de novas vacinas a cada ano.
Varíola Doença causada pelo vírus da varíola. A varíola foi a primeira doença infecciosa
prevenida pela vacinação e a primeira doença a ser completamente erradicada após
um programa mundial de vacinação.
Vesícula de classe II (CIIV, do inglês class II vesicle) Uma organela ligada à membrana e
identificada nas células B murinas que é importante na via de MHC de classe II na
apresentação de antígenos. A CIIV é similar ao compartimento de MHC de classe II
(MIIC) identificado em outras células e contém todos os componentes necessários
para a formação de complexos de antígenos peptídicos e moléculas de MHC de classe
II, incluindo enzimas que degradam os antígenos proteicos, moléculas de classe II,
cadeia invariável e HLA-DM.
Via alternativa de ativação do complemento Uma via de ativação do sistema
complemento independente de anticorpo que ocorre quando a proteína C3b se liga às
superfícies da célula microbiana. A via alternativa é um componente do sistema
imune inato e medeia as respostas inflamatórias à infecção, bem como a lise direta de
microrganismos.
Via da lectina da ativação do complemento Uma via da ativação do complemento ativada
pela ligação de polissacarídios microbianos às lectinas circulantes, tais como MBL. A
MBL é estruturalmente similar à C1q e ativa o complexo de enzima C1r-C1s (tipo C1q)
ou outra serino-esterase, denominada serino-esterase associada à proteína de ligação
à manose. Os passos restantes da via da lectina, iniciando-se com a clivagem de C4,
são os mesmos da via clássica.
Via de sinalização JAK-STAT Uma via de sinalização iniciada pela ligação de citocina aos
receptores de citocina de tipo I e tipo II. Esta via envolve sequencialmente a ativação
de receptor associado a Janus quinase (JAK) tirosinoquinase, fosforilação de tirosina
mediada por JAK das porções citoplasmáticas dos receptores de citocina,
acoplamento de transdutores de sinal e ativadores de transcrição (STATs) às cadeias
fosforiladas do receptor, fosforilação de tirosina mediada por JAK das STATs
associadas, dimerização e translocação nuclear das STATs e ligação da STAT às regiões
regulatórias de genes-alvo, causando ativação transcricional daqueles genes.
Vigilância imune Conceito de que as funções do sistema imune são a de reconhecer e
destruir clones de células transformadas antes de estes crescerem em tumores e a de
matar tumores após eles se formarem. O termo vigilância imune algumas vezes é
usado de modo genérico para descrever a função de linfócitos T em detectar e destruir
qualquer célula, não necessariamente uma célula tumoral, que está expressando
antígenos estranhos (p. ex., microbiano).
Vírus Um organismo parasita intracelular obrigatório, primitivo ou partícula infecciosa
que consiste em um genoma de ácido nucleico simples empacotado em um capsídeo
proteico, algumas vezes circundado por um envelope membranar. Muitos vírus
animais patogênicos causam uma grande variedade de doenças. As respostas imunes
humorais aos vírus podem ser efetivas no bloqueio da infecção das células. As células
NK e CTLs são necessárias para matar as células ainda infectadas.
Vírus da imunodeficiência humana (HIV, do inglês human immunodeficiency virus) O
agente etiológico da AIDS. O HIV é um retrovírus que infecta uma variedade de tipos
celulares, incluindo células T auxiliares expressando CD4, macrófagos e células
dendríticas, e causa destruição crônica e progressiva do sistema imune.
Vírus da imunodeficiência símia Um lentivírus intimamente relacionado com o HIV-1
que causa doença similar à AIDS em macacos.
Vírus Epstein-Barr (EBV, do inglês Epstein-Barr virus) Um vírus de dupla hélice de DNA
da família do herpes-vírus que é o agente etiológico da mononucleose infecciosa e
está associado a alguns tumores malignos de célula B e carcinoma nasofaríngeo. O
EBV infecta linfócitos B e algumas células epiteliais por ligação específica a CR2
(CD21).
Western blot Uma técnica imunológica para determinar a presença de uma proteína em
amostra biológica. O método envolve separação de proteínas na amostra por
eletroforese, transferência da proteína do gel de eletroforese para a membrana de
suporte, por meio de ação capilar (blotting), e, finalmente, a detecção da proteína pela
ligação de um anticorpo específico para aquela proteína e marcado enzimaticamente
ou radioativamente.
XBP-1 Um fator de transcrição que é necessário para a resposta da proteína desenovelada
e o desenvolvimento do plasmócitos.
Xenoantígeno Antígeno em um enxerto de outra espécie.
Xenoenxerto (enxerto xenogênico) Órgão ou tecido do enxerto derivado de uma espécie
diferente da do recebedor. O transplante de enxertos xenogênicos (p. ex., de um
porco) para humanos não é uma prática devido a problemas especiais relacionados
com a rejeição imunológica.
Xenorreativo Descrição de uma célula T ou anticorpo que reconhece e responde a um
antígeno em um enxerto de outra espécie (um xenoantígeno). A célula T pode
reconhecer uma molécula de MHC xenogênica intacta ou um peptídio derivado de
uma proteína xenogênica ligada à própria molécula de MHC.
Zona marginal Uma região periférica dos folículos linfoides esplênicos contendo
macrófagos que são particularmente eficientes na retenção de antígenos
polissacarídicos. Tais antígenos podem persistir por prolongados períodos nas
superfícies dos macrófagos da zona marginal, onde eles são reconhecidos pelas
células B específicas, ou podem ser transportados para dentro dos folículos.
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