Fonte : Livro Anatomia Orientada Para A Clínica - 7ª Ed.
Autores: Keith L. Moore / Arthur F. Dalley / Anne M. R. Agur
O coração, que é um pouco maior do que uma mão fechada, é uma bomba
dupla, autoajustável, de sucção e pressão, cujas partes trabalham em conjunto para impulsionar o sangue para todos os locais do corpo. O lado direito do coração (coração direito) recebe sangue pouco oxigenado (venoso)
do corpo pelas VCS e VCI e o bombeia através do tronco e das artérias pulmonares para ser oxigenado nos pulmões (Figura 1.49A). O lado esquerdo do coração (coração esquerdo) recebe sangue bem oxigenado (arterial) dos pulmões através
das veias pulmonares
e o bombeia para a aorta,
de onde é distribuído para o corpo. O coração tem quatro câmaras:
átrios direito e esquerdo
e ventrículos direito
e esquerdo. Os átrios são câmaras
de recepção que bombeiam sangue para os ventrículos (as câmaras de
ejeção). As ações sincrônicas das duas bombas atrioventriculares (AV) cardíacas (câmaras
direita e esquerda)
constituem o ciclo cardíaco (Figura 1.49B a F). O ciclo começa com um período de alongamento e enchimento
ventricular
(diástole)
e
termina com um período de encurtamento e esvaziamento ventricular (sístole).
Figura 1.49 Ciclo cardíaco. O ciclo cardíaco descreve a movimentação completa do coração ou os batimentos cardíacos e inclui o período que vai do início de um batimento cardíaco até o início do próximo. O
ciclo consiste em diástole (relaxamento e enchimento ventricular) e sístole (contração e esvaziamento ventricular). O
coração direito (lado azul) é a bomba do circuito pulmonar; o coração esquerdo (lado vermelho) é a bomba do circuito sistêmico.
Dois sons cardíacos (bulhas cardíacas) são auscultados com um estetoscópio: um som tum (1o) quando o sangue é transferido dos átrios para os ventrículos e um som tá (2o) quando os ventrículos ejetam o sangue do coração. Os sons do coração são produzidos pelo estalido de fechamento das valvas unidirecionais que normalmente impedem o refluxo do sangue durante as contrações do coração. A parede de cada câmara cardíaca tem três camadas, da superficial para a profunda (Figura 1.43):
1.
Endocárdio, uma fina camada interna (endotélio e tecido conectivo
subendotelial)
ou membrana de revestimento do coração que também cobre suas valvas.
2. Miocárdio, uma camada intermediária helicoidal e espessa, formada
por músculo cardíaco.
3. Epicárdio, uma camada externa fina (mesotélio) formada pela lâmina visceral do pericárdio seroso.
As paredes do coração são formadas principalmente por miocárdio espesso, sobretudo nos ventrículos. A contração dos ventrículos produz um movimento de torção devido à orientação helicoidal dupla das fibras musculares cardíacas (Torrent- Guasp et al., 2001) (Figura 1.50). Inicialmente, esse movimento ejeta o sangue dos ventrículos enquanto a camada espiral externa (basal) contrai, primeiro estreitando e depois encurtando o coração, reduzindo o volume das câmaras ventriculares. A contração sequencial contínua da camada espiral interna (apical) alonga o coração, seguida por alargamento enquanto o miocárdio relaxa rapidamente, aumentando o volume das câmaras para receber sangue dos átrios. As fibras musculares cardíacas estão fixadas ao esqueleto fibroso do coração (Figura 1.51). Essa é uma estrutura complexa de colágeno denso que forma quatro anéis fibrosos que circundam os óstios das valvas, um trígono fibroso direito e outro esquerdo (formados por conexões entre os anéis), e as partes membranáceas dos septos interatrial e interventricular. O esqueleto fibroso do coração:
• Oferece fixação para as válvulas das valvas.
•
Oferece fixação para o miocárdio, que, quando não espiralado,
forma
uma
faixa miocárdica ventricular
contínua originada principalmente no anel fibroso da valva do tronco pulmonar e inserida principalmente no anel fibroso da valva da aorta (Figura 1.50)
•
Forma um “isolante” elétrico, separando os impulsos conduzidos mioentericamente dos átrios e ventrículos, de forma que a contração dessas câmaras seja independente, e circundando
e dando passagem à parte inicial do feixe AV do complexo estimulante do coração .
Na parte externa, os átrios são demarcados dos ventrículos pelo sulco coronário e os ventrículos direito e esquerdo são separados pelos sulcos interventriculares (IV) anterior e posterior (Figura 1.52B e D). O coração parece trapezoide em uma vista anterior ou posterior (Figura 1.52A), mas seu formato tridimensional é semelhante ao de uma pirâmide tombada com o ápice (voltado anteriormente e para a esquerda), uma base (oposta ao ápice, na maioria das vezes voltada posteriormente) e quatro faces.
Figura 1.50 Estrutura do miocárdio e esqueleto fibroso do coração. A organização helicoidal (espiral dupla) do miocárdio (modificada de Torrent-Guasp et al., 2001). A incisão do miocárdio superficial ao longo do sulco interventricular anterior (linha vermelha tracejada) e retirada a partir de sua origem no anel fibroso do tronco pulmonar (TP) mostra as espirais duplas espessas da faixa miocárdica ventricular. A faixa miocárdica ventricular é desenrolada progressivamente. Uma faixa de fibras quase horizontais forma uma espiral basal externa (marrom-escura) que compreende a parede externa do ventrículo direito (segmento direito; sd) e a camada externa da parede externa do ventrículo esquerdo (segmento esquerdo; se). A espiral apical mais profunda (marrom-clara) compreende a camada interna da parede externa do ventrículo esquerdo. As fibras entrecruzadas formam o septo interventricular. Assim, o septo, como a parede externa do ventrículo esquerdo, também tem uma camada dupla. A contração sequencial da faixa miocárdica permite o funcionamento dos ventrículos como bombas de sucção e impulsão paralelas; quando se contraem, os ventrículos não apenas sofrem colapso, mas também torção. mpa = músculos papilares anteriores; mpp = músculos papilares posteriores.
Figura 1.51 Esqueleto fibroso do coração. O esqueleto fibroso isolado é formado por quatro anéis fibrosos (ou
dois anéis e duas “pequenas coroas”), cada um
deles circunda uma valva; dois trígonos; e as porções membranáceas dos septos interatrial, interventricular e atrioventricular.
O ápice do coração (Figura 1.52B):
• É formado
pela parte inferolateral do ventrículo esquerdo.
• Situa-se
posteriormente ao 5o espaço intercostal esquerdo
em adultos, em geral a aproximadamente 9 cm (a largura de uma mão) do plano mediano.
• Permanece
imóvel durante todo o ciclo cardíaco
• É o local de intensidade máxima dos sons de fechamento da valva atrioventricular esquerda (mitral) (batimento
apical); o ápice está situado sob o local onde os batimentos
cardíacos podem ser auscultados na parede torácica.
A base do coração (Figura 1.52C e D):
• É a face posterior do coração (oposta
ao ápice).
• É formada
principalmente pelo átrio esquerdo,
com menor contribuição do átrio direito.
• Está voltada posteriormente
em direção aos corpos
das vértebras T VI a T IX e está separada
delas pelo pericárdio, seio oblíquo do pericárdico, esôfago e aorta.
• Estende-se superiormente até a bifurcação do tronco pulmonar e inferiormente até o sulco coronário.
• Recebe as veias pulmonares nos lados direito e esquerdo de sua porção atrial esquerda e as veias cavas superior e inferior nas extremidades superior e inferior de sua porção atrial direita.
Figura 1.52 Formato, orientação, faces e margens do coração. A e B. São mostradas a face esternocostal do coração e a relação dos grandes vasos. Os ventrículos dominam essa face (dois terços correspondem ao ventrículo direito e um
terço,
ao ventrículo esquerdo). C e D. São mostradas as faces pulmonar (esquerda) e diafragmática (inferior) e a base do coração, bem como as relações dos grandes vasos.
As quatro faces do coração (Figura 1.52A–D) são:
1. Face esternocostal (anterior), formada principalmente pelo ventrículo direito.
2.
Face diafragmática (inferior), formada principalmente
pelo ventrículo esquerdo e em parte
pelo ventrículo direito; está relacionada principalmente ao centro tendíneo do diafragma.
3. Face pulmonar direita, formada principalmente pelo átrio direito.
4.
Face
pulmonar esquerda, formada principalmente pelo
ventrículo esquerdo; forma a impressão
cardíaca
do
pulmão
esquerdo.
O coração parece
trapezoide nas vistas anterior (Figura 1.52A e B) e posterior (Figura 1.52C e D). As quatro margens do coração são:
1. Margem direita (ligeiramente convexa), formada
pelo átrio direito e estendendo-se entre a VCS e a VCI.
2. Margem inferior (quase horizontal), formada
principalmente pelo
ventrículo direito e pequena parte pelo ventrículo esquerdo.
3. Margem esquerda
(oblíqua, quase vertical), formada principalmente pelo
ventrículo esquerdo e pequena parte pela aurícula esquerda.
4. Margem superior, formada pelos átrios e aurículas direita e esquerda em vista anterior; a parte ascendente da aorta e o tronco pulmonar emergem dessa margem e a VCS entra no seu lado direito. Posteriormente
à aorta e ao tronco pulmonar e anteriormente à VCS, essa margem forma o limite inferior do seio transverso do pericárdio.
O tronco
pulmonar,
com
aproximadamente 5 cm de comprimento e 3 cm de largura, é a continuação
arterial do ventrículo direito e divide-se em artérias pulmonares direita e esquerda.
O tronco
e as artérias pulmonares conduzem o sangue pouco oxigenado
para oxigenação nos pulmões (Figuras 1.49A e 1.52B).
ÁTRIO DIREITO
O átrio direito forma a margem direita do coração e recebe sangue venoso
da VCS, VCI e seio coronário (Figura 1.52B e D). A aurícula direita, semelhante a uma orelha, é uma bolsa muscular cônica que se projeta do átrio direito como uma câmara adicional, aumenta a capacidade do átrio e se superpõe
à parte ascendente da aorta.
O interior do átrio direito (Figuras 1.53A e B) apresenta:
•
Uma parte posterior lisa, de paredes
finas (o seio das veias cavas), onde
se abrem as veias cavas (VCS e VCI) e o seio coronário, que trazem sangue pouco oxigenado
para o coração.
• Uma parede anterior muscular, rugosa, formada
pelos músculos pectíneos.
• Um óstio AV direito,
através do qual o átrio direito transfere para
o ventrículo direito
o sangue pouco oxigenado
que recebeu.
As partes lisa e áspera
da parede atrial são separadas externamente
por um sulco vertical superficial, o sulco terminal (Figura 1.52C), e internamente por uma crista vertical, a crista terminal (Figura 1.53A). A VCS se abre na parte superior do átrio direito no nível
da 3a cartilagem
costal direita. A VCI se abre na parte inferior do átrio direito quase alinhada com a VCS, no nível aproximado da 5a cartilagem costal..
Figura 1.53 Átrio direito. A. A parede externa do átrio direito foi incisada desde a aurícula direita até a face diafragmática. A parede foi afastada para mostrar a parte de parede lisa do átrio, o seio das veias cavas, formado pela absorção do seio venoso do coração embrionário. Todas as estruturas venosas que entram no átrio direito (veias cavas superior e inferior e seio coronário) se abrem no seio das veias cavas. A fossa oval superficial é o local de fusão da valva embrionária do forame oval com o septo interatrial. B. O sangue da veia cava superior (VCS) é direcionado para o óstio atrioventricular direito, enquanto o sangue da veia cava inferior (VCI) é direcionado para a fossa oval, como era antes do nascimento.
O óstio do seio coronário, um tronco venoso curto que recebe
a maioria das veias cardíacas, situa-se entre o óstio AV direito e o óstio da VCI. O septo interatrial que separa os átrios tem uma depressão
oval, do tamanho da impressão
digital de um polegar, a fossa oval, que é um remanescente do forame oval
e
sua
valva no feto. A compreensão
plena das características do átrio direito requer
o conhecimento do desenvolvimento
do coração.
VENTRÍCULO DIREITO
O ventrículo direito forma a maior parte da face esternocostal do coração, uma pequena parte
da face diafragmática e quase toda
a margem inferior do coração (Figura 1.52B). Superiormente, afila-se e forma um cone arterial (infundíbulo), que conduz ao tronco
pulmonar (Figura 1.54). No ventrículo direito existem elevações musculares irregulares (trabéculas
cárneas) em sua face interna.
Uma crista
muscular espessa, a crista supraventricular,
separa
a parede muscular
rugosa na parte
de entrada
da câmara da parede lisa do cone arterial, ou parte
de saída. A parte de entrada do ventrículo recebe sangue do átrio direito através do óstio AV direito (tricúspide)
(Figura 1.55A), localizado posteriormente ao corpo do esterno no nível do 4o e 5o espaços intercostais. O óstio AV direito é circundado por um dos anéis fibrosos
do esqueleto fibroso do coração (Figura 1.51). O anel fibroso mantém
o calibre do óstio constante
(suficientemente grande para permitir a passagem das pontas de três dedos), resistindo à dilatação que poderia resultar da passagem de sangue através dele com pressões variadas.
A valva atrioventricular direita (tricúspide) (Figuras 1.54 e 1.55) protege o óstio AV direito. As bases das válvulas estão fixadas ao anel fibroso ao redor do óstio. Como o anel fibroso mantém o calibre do óstio, as válvulas fixadas se tocam da mesma forma
a cada batimento cardíaco. As cordas tendíneas
fixam-se às margens livres e às superfícies ventriculares das válvulas anterior, posterior e
septal, de forma semelhante à fixação das cordas em um paraquedas (Figura 1.54A). As cordas tendíneas originam-se dos ápices dos músculos papilares, que
são projeções musculares cônicas com bases fixadas à parede ventricular. Os músculos
papilares começam a se contrair antes da contração do ventrículo direito,
tensionando as cordas tendíneas e aproximando as válvulas. Como as
cordas estão fixadas
a faces adjacentes de duas válvulas, elas
evitam a separação
das válvulas e sua inversão
quando é aplicada tensão
às cordas tendíneas e mantida durante toda a contração
ventricular (sístole) — isto é, impede o prolapso (entrada no átrio direito) das válvulas da valva atrioventricular direita quando a pressão ventricular aumenta. Assim, a regurgitação
(fluxo retrógrado) de sangue do ventrículo direito para o átrio direito durante
a sístole ventricular é impedida pelas válvulas (Figura 1.55C).
Figura 1.54 Interior do ventrículo direito. A parede esternocostal do ventrículo direito foi excisada. A. A valva atrioventricular
direita (tricúspide) na entrada do ventrículo (óstio atrioventricular [AV] direito) está aberta e a valva pulmonar na saída para o tronco pulmonar está fechada, como ocorre durante o enchimento ventricular (diástole). O cone arterial afunilado liso é a via de saída da câmara. B.
O sangue proveniente das faces posterior e inferior entra na câmara, fluindo anteriormente e para a esquerda (em direção ao ápice); o sangue que flui para o tronco pulmonar segue superior e posteriormente. VCI = veia cava inferior; VCS = veia cava superior.
Três músculos papilares no ventrículo direito correspondem às válvulas da valva atrioventricular direita (Figura 1.54A):
1.
O músculo papilar
anterior, o maior e mais proeminente dos três, origina-se da parede anterior do ventrículo direito; suas cordas tendíneas
se fixam nas válvulas anterior e posterior da valva atrioventricular direita.
2.
O músculo papilar
posterior, menor do que o músculo anterior, pode ter várias partes;
origina-se da parede inferior do ventrículo direito, e suas cordas tendíneas
se fixam nas válvulas posterior e septal da valva atrioventricular direita.
3. O músculo papilar septal origina-se do septo interventricular, e suas cordas
tendíneas se fixam às válvulas
anterior e septal da valva atrioventricular direita.
Figura 1.55 Valvas do coração e grandes vasos. A. As valvas coronárias são mostradas in situ. AV = atrioventricular. B. No início da diástole (relaxamento e enchimento ventriculares), as valvas da aorta e do tronco pulmonar são fechadas; logo depois, as valvas atrioventriculares direita (tricúspide) e esquerda (mitral) se abrem (também mostradas na Figura 1.49). C. Logo após o início da sístole (contração e esvaziamento ventriculares), as valvas atrioventriculares direita e esquerda se fecham e as valvas da aorta e do tronco pulmonar se abrem.
O septo interventricular (SIV),
composto pelas partes muscular e membranácea, é uma divisória oblíqua forte entre os ventrículos direito e esquerdo (Figuras 1.54A e 1.57), formando parte das paredes
de cada um. Em vista da pressão arterial muito maior no ventrículo esquerdo,
a parte muscular do SIV, que constitui a maior parte do septo, tem a espessura igual
ao restante da parede do ventrículo esquerdo (duas a três vezes mais espessa
que a parede do ventrículo direito) e salienta-se
para a cavidade do ventrículo direito. Superior e posteriormente,
uma membrana fina, parte do esqueleto fibroso do coração (Figura 1.51), forma
a parte membranácea do SIV, muito menor. No lado direito, a válvula septal da valva atrioventricular direita (Figura 1.54) está fixada ao meio dessa parte membranácea
do esqueleto fibroso. Isso significa que, inferiormente à válvula,
a membrana
é um septo interventricular,
mas superiormente
à válvula, é um septo atrioventricular, que separa o átrio direito do ventrículo esquerdo.
A trabécula septomarginal (banda moderadora) é um feixe muscular curvo que atravessa o ventrículo direito da parte inferior do SIV até a base do músculo papilar anterior. Essa trabécula é importante
porque conduz parte do ramo direito do fascículo AV, uma parte do complexo estimulante do coração até o músculo papilar anterior (ver “Complexo Estimulante do Coração”, mais adiante).
Este “atalho”
através
da câmara parece
reduzir o tempo
de condução, permitindo
a contração
coordenada do músculo papilar anterior.
O átrio direito se contrai quando o ventrículo direito está vazio e relaxado; assim, o sangue é forçado
a passar através desse orifício para o ventrículo direito, afastando as válvulas
da valva atrioventricular
direita como cortinas. A entrada de sangue no ventrículo direito (via de entrada) ocorre
posteriormente; e quando o ventrículo se contrai, a saída de sangue para o tronco pulmonar (via de saída) ocorre superiormente
e para a esquerda (Figura 1.54B). Consequentemente, o sangue faz um trajeto em
formato de U no ventrículo direito, mudando de direção em cerca de 140°. Essa
mudança de direção é acomodada pela crista supraventricular, que direciona o fluxo de entrada
para a cavidade principal do ventrículo e o fluxo de saída para o cone arterial em direção ao óstio do tronco pulmonar. O óstio de entrada (AV) e o
óstio de saída (pulmonar) estão distantes
cerca de 2 cm. A valva do tronco pulmonar (Figuras 1.54B e 1.55) no ápice do cone arterial situa-se no nível da 3a cartilagem costal esquerda.
ÁTRIO ESQUERDO
O átrio
esquerdo
forma
a maior
parte
da base do coração
(Figura 1.52C e D). Os
pares de veias pulmonares
direita
e esquerda,
avalvulares, entram no átrio de paredes
finas (Figura 1.56). No embrião, há apenas
uma veia pulmonar comum, e também somente
um tronco pulmonar. As paredes dessa
veia e de quatro
de suas tributárias foram incorporadas à parede do átrio
esquerdo, do mesmo
modo que o seio venoso foi
incorporado ao átrio direito. A parte da parede
derivada da veia pulmonar embrionária tem paredes lisas. A aurícula esquerda
muscular,
tubular,
sua
parede
trabeculada com músculos pectíneos, forma a parte superior da margem esquerda
do coração e cavalga a raiz do tronco pulmonar
(Figura 1.52A e B). Representa os remanescentes
da parte esquerda do átrio primitivo. Uma
depressão semilunar no
septo interatrial indica o assoalho da fossa oval (Figura 1.56A); a crista adjacente é a valva do forame oval.
O interior do átrio esquerdo apresenta:
• Uma parte maior com paredes lisas e uma aurícula muscular menor, contendo músculos pectíneos.
• Quatro veias pulmonares (duas superiores e duas inferiores) que entram em sua parede posterior lisa (Figura 1.56A–C).
Figura 1.56 Interior do átrio e ventrículo esquerdos do coração. A. São mostrados os elementos das faces internas do átrio esquerdo e da via de entrada do ventrículo esquerdo. AV, atrioventricular. B. O padrão de fluxo sanguíneo através do
lado esquerdo do
coração.
C.
Nas
partes
A e B, o coração foi incisado verticalmente
ao longo de
sua margem esquerda e depois transversalmente através da parte superior de sua
base, passando entre as veias pulmonares superior e inferior esquerdas.
• Um septo interatrial que se inclina posteriormente
e para a direita.
• Um óstio AV esquerdo
através do qual o átrio esquerdo
transfere o sangue oxigenado que recebe das veias pulmonares
para o ventrículo esquerdo
(Figura 1.56B).
VENTRÍCULO ESQUERDO
O ventrículo esquerdo
forma o ápice do coração, quase toda sua face esquerda
(pulmonar) e margem esquerda e a maior
parte da face diafragmática (Figuras 1.52 e 1.57). Como a pressão arterial é muito maior na circulação sistêmica do que na circulação pulmonar, o ventrículo esquerdo
trabalha mais do que o ventrículo direito.
O interior do ventrículo esquerdo apresenta (Figura 1.57):
• Paredes duas a três vezes mais espessas do que as paredes do ventrículo direito.
• Paredes cobertas
principalmente por uma tela de trabéculas cárneas
que são mais finas e mais numerosas do que as do ventrículo direito.
• Uma cavidade cônica mais longa do que a do ventrículo direito.
• Músculos papilares anteriores e posteriores maiores do que os do ventrículo direito.
• Uma parte de saída,
superoanterior, não muscular, de parede lisa, o vestíbulo da aorta, levando ao óstio da aorta e à valva da aorta.
• Uma valva atrioventricular esquerda com duas válvulas que guarda o óstio AV esquerdo
(Figuras 1.55 e 1.57A).
• Um óstio da aorta situado em sua parte posterossuperior direita e circundado
por um anel fibroso ao qual estão fixadas as válvulas direita, posterior e esquerda
da valva da aorta;
a parte ascendente da aorta começa no óstio da aorta.
A valva atrioventricular
esquerda (mitral)
tem
duas
válvulas,
anterior e posterior. O adjetivo
mitral
deriva da semelhança da valva com a mitra usada pelos bispos. A valva atrioventricular esquerda está localizada posteriormente
ao esterno,
no nível da 4a cartilagem costal. Cada uma de suas válvulas recebe
cordas tendíneas de mais de um músculo papilar. Esses músculos
e suas cordas sustentam a valva atrioventricular
esquerda,
permitindo
que as válvulas
resistam à pressão gerada durante
contrações (bombeamento) do ventrículo esquerdo (Figura 1.57A). As cordas tendíneas tornam-se tensas logo antes e durante a sístole, impedindo que as válvulas sejam empurradas para o átrio esquerdo. Enquanto
atravessa o ventrículo
esquerdo, a corrente
sanguínea sofre duas mudanças
de trajeto perpendiculares que, juntas,
resultam em mudança de direção de 180°. Essa inversão
de fluxo ocorre ao redor da válvula anterior da valva atrioventricular esquerda
(Figura 1.57B).
Figura 1.57 Interior e via de saída do ventrículo esquerdo do coração. A
e B. A face anterior do ventrículo esquerdo foi incisada paralelamente ao sulco interventricular e a margem direita da incisão foi afastada para a direita,
revelando uma vista anterior da
câmara. B. O óstio
atrioventricular
esquerdo
e
a
valva
atrioventricular
esquerda
(mitral)
estão localizados posteriormente, e o vestíbulo da aorta segue superiormente e à direita da valva da aorta.
A valva da aorta, situada entre o ventrículo esquerdo e a parte ascendente da aorta, é posicionada obliquamente (Figura 1.55). Está localizada posteriormente
ao lado esquerdo, do esterno, no nível do 3o espaço intercostal..








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