Fonte : Livro Anatomia Orientada Para A Clínica - 7ª Ed.
Autores: Keith L. Moore / Arthur F. Dalley / Anne M. R. Agur
NERVOS INTERCOSTAIS TÍPICOS
Os 3o – 6o nervos intercostais entram nas partes mais mediais dos espaços
intercostais posteriores, seguindo inicialmente na fáscia endotorácica entre
a pleura parietal (revestimento
seroso
da cavidade
pulmonar) e a membrana intercostal interna, quase no meio dos espaços
intercostais (Figuras 1.15A e B e 1.17). Próximo aos ângulos das costelas, os nervos seguem entre os músculos intercostais internos
e íntimos. Nesse ponto,
os nervos intercostais vão até os sulcos das costelas e continuam
neles ou imediatamente inferiores a eles, seguindo inferiormente às artérias intercostais (que,
por sua vez, situam-se
abaixo das veias intercostais).
Assim, os feixes neurovasculares (principalmente
os vasos)
são protegidos pelas margens inferiores das costelas sobrejacentes. Os ramos colaterais desses
nervos originam-se
perto dos ângulos das costelas e seguem ao longo da margem superior da costela abaixo.
Os nervos continuam anteriormente
entre os músculos intercostais internos e íntimos, suprindo esses e
outros músculos e dando origem aos ramos cutâneos
laterais aproximadamente na linha axilar média (LAM). Anteriormente,
os nervos
aparecem na face interna do músculo intercostal interno. Perto do esterno, os nervos voltam-se anteriormente, passando entre as cartilagens costais para se tornarem ramos cutâneos anteriores.
Através de seu ramo posterior e dos ramos cutâneos
laterais e anteriores dos nervos intercostais (ramo anterior), a maioria dos nervos espinais torácicos (T2–T12) supre um dermátomo do
tronco em faixa, que se estende
da linha mediana posterior
até a linha mediana anterior (Figura 1.18). O grupo de músculos supridos pelo ramo posterior e
pelo
nervo intercostal (ramo anterior) de cada par dos nervos torácicos constitui um miótomo. Os miótomos da maioria dos nervos torácicos (T2–T11) incluem os músculos intercostal, subcostal, transverso do tórax, levantador
da costela e
serrátil posterior associados ao espaço intercostal
que
inclui o nervo intercostal
(ramo
anterior) do nervo espinal
específico, além
da
porção
sobrejacente
dos músculos profundos do dorso.
Os ramos de um nervo intercostal típico são (Figura 1.15A e B):
• Ramos comunicantes, que unem cada nervo intercostal ao tronco simpático ipsilateral. As fibras pré-ganglionares deixam as
partes iniciais do ramo anterior de cada nervo torácico (e
lombar superior) por meio de um ramo comunicante branco e seguem até o
tronco simpático.
As fibras pós-ganglionares
distribuídas para a parede do corpo e os membros seguem dos gânglios do tronco simpático através
de ramos cinzentos para se unirem ao ramo anterior do nervo espinal
mais
próximo, inclusive todos os nervos intercostais. As fibras nervosas
simpáticas são distribuídas
por meio de todos os ramos de todos os nervos
espinais (ramos anteriores e posteriores) para chegarem aos vasos sanguíneos, glândulas sudoríparas e músculo liso da parede do corpo e dos membros.
• Artéria subclávia, através das artérias torácica interna e intercostal suprema.
• Dos
3o – 11o
espaços intercostais (e as artérias subcostais do espaço subcostal) originam-se
posteriormente da parte
torácica da aorta (Figura 1.19). Como a aorta está situada ligeiramente
à esquerda da coluna vertebral, as 3a – 11a artérias intercostais direitas cruzam os corpos vertebrais e têm um trajeto
mais longo que as do lado esquerdo
(Figura 1.19B)
Figura 1.18 Inervação segmentar (dermátomos) da parede torácica (segundo Foerster). Os dermátomos C5–T1 estão localizados principalmente nos membros superiores e não têm representação significativa na parede do corpo. Como os ramos anteriores dos nervos espinais T2–T12 não participam do plexo, não há diferença entre os dermátomos e as zonas de distribuição nervosa periférica aqui. O dermátomo T4 inclui a papila mamária; o dermátomo T10 inclui o umbigo.
• Ramos colaterais que
se originam perto dos ângulos das costelas, descem
e seguem ao longo da margem superior da costela inferior, ajudando a suprir os músculos intercostais e a pleura parietal
• Ramos cutâneos
laterais que se originam
perto
da
LAM perfuram os músculos intercostais internos
e
externos e dividem-se em ramos anteriores e posteriores. Esses ramos terminais inervam
a pele da parede lateral do tórax e abdome.
• Ramos cutâneos anteriores perfuram os músculos e as membranas do espaço intercostal na linha paraesternal e dividem- se em ramos mediais e laterais. Esses ramos terminais inervam a pele na face anterior do tórax e abdome.
• Ramos musculares que suprem os músculos intercostal, subcostal, transverso do tórax, levantadores
das
costelas e serrátil posterior.
NERVOS INTERCOSTAIS ATÍPICOS
Embora o ramo anterior da maioria dos nervos espinais torácicos seja simplesmente
o nervo intercostal daquele nível, o ramo anterior do 1o nervo torácico (T1) divide-se em uma grande parte superior e uma pequena
parte inferior. A parte superior une-se ao plexo braquial, o plexo que inerva o membro superior, e a parte inferior torna-se o 1o nervo intercostal. Outras características atípicas de nervos intercostais específicos incluem:
• O 1o e o 2o nervos intercostais seguem na face interna
das costelas I e II, e não ao longo da margem inferior nos sulcos das costelas (Figura 1.14).
• O 1o
nervo intercostal não
tem ramo cutâneo
anterior e muitas vezes não tem ramo cutâneo lateral. Quando presente, o ramo cutâneo
lateral inerva a pele da axila e pode comunicar-se com o nervo
intercostobraquial ou com o nervo
cutâneo medial do braço.
• O 2o
(e algumas vezes o 3o) nervo intercostal
dá origem a um grande ramo cutâneo
lateral, o nervo intercostobraquial; este emerge do 2o
espaço intercostal na LAM, penetra no músculo serrátil anterior e entra na axila e no braço. O nervo intercostobraquial geralmente supre o assoalho — pele e tela subcutânea — da axila e depois se comunica com o nervo cutâneo medial do braço para
suprir as faces medial e posterior do braço. O ramo cutâneo lateral do 3o nervo intercostal costuma dar origem a um segundo nervo intercostobraquial.
• Os 7o – 11o nervos intercostais, após darem origem aos ramos cutâneos
laterais, cruzam a margem costal posteriormente e continuam para suprir a pele e os músculos abdominais. Não estando mais entre as costelas (intercostais), agora são os nervos toracoabdominais
da parede anterior do abdome (ver Capítulo 2). Seus ramos cutâneos
anteriores perfuram a bainha do músculo reto,
tornando-se cutâneos próximos ao plano mediano.
Vasculatura da parede torácica
Em geral, o padrão de distribuição vascular na parede torácica reflete a estrutura da caixa torácica — isto é, segue nos espaços intercostais, paralelamente às costelas.
ARTÉRIAS DA PAREDE TORÁCICA
A irrigação arterial da parede torácica (Figura 1.19; Quadro 1.3) provém da:
• Parte
torácica da aorta, através das artérias intercostais posteriores e subcostais.
• Artéria subclávia, através das artérias torácica interna e intercostal suprema.
• Artéria axilar, através da artéria torácica superior e artéria torácica lateral..
As artérias
intercostais
atravessam
a
parede
torácica entre as costelas. Com a exceção do 10o e do 11o espaços intercostais, cada um deles é irrigado por três artérias: uma grande artéria intercostal posterior (e seu ramo colateral) e um pequeno par de artérias intercostais anteriores.
As artérias intercostais posteriores:
• Do 1o e do 2o espaços intercostais
originam-se da artéria
intercostal
suprema (superior),
um
ramo
do
tronco costocervical da artéria subclávia
Figura 1.19 Artérias da parede torácica. A irrigação arterial da parede torácica provém da parte torácica da aorta, pelas artérias intercostais posteriores e subcostais (A, B e D), da artéria axilar (B), e da artéria subclávia pelas artérias torácica interna (C)
e intercostal suprema (superior) (B). As conexões (anastomoses) entre as artérias permitem o desenvolvimento de vias de circulação colateral (D).
• Emitem um ramo posterior que acompanha
o ramo posterior
do nervo espinal para suprir a medula espinal, a coluna vertebral, os músculos do dorso e a pele
• Dão origem a um pequeno
ramo colateral que cruza o espaço intercostal e segue ao longo da margem superior da costela
• Acompanham
os nervos intercostais através dos espaços intercostais. Próximo ao ângulo da costela, as artérias entram
nos sulcos das costelas,
onde
se
situam entre a veia
e
o nervo intercostais. Inicialmente,
as
artérias seguem
na
fáscia endotorácica entre a pleura parietal e a membrana intercostal interna (Figura 1.17); depois elas seguem entre os músculos intercostais íntimos e intercostais internos
• Têm ramos terminais e colaterais que se anastomosam anteriormente com as artérias
intercostais
anteriores (Figura
1.19A).
As artérias torácicas internas (antigamente chamadas
de artérias mamárias internas):
• Originam-se
na base do pescoço, na face inferior das primeiras partes das artérias subclávias.
• Descem até o tórax posteriormente
à clavícula e à 1a cartilagem costal (Figuras 1.13, 1.14 e 1.19).
• São cruzadas
perto de suas origens pelo nervo frênico ipsilateral.
• Descem na face interna
do tórax,
ligeiramente
laterais
ao esterno e posteriores às seis cartilagens
costais superiores
e músculos
intercostais
internos interpostos.
Após ultrapassar
a
2a cartilagem costal, a artéria
torácica interna
segue anteriormente
ao músculo transverso do tórax (Figuras 1.15A e 1.19C). Entre as faixas do músculo transverso do tórax, a artéria toca a pleura parietal posteriormente.
• Terminam no 6o espaço intercostal dividindo-se nas artérias epigástrica superior e musculofrênica.
• Dão origem diretamente às artérias intercostais anteriores, que suprem os seis espaços intercostais superiores.
Pares ipsilaterais das artérias intercostais anteriores:
• Irrigam as partes anteriores dos nove espaços intercostais superiores.
•
Seguem lateralmente
no espaço
intercostal, uma
próxima da margem inferior da costela
superior e a outra próxima
da margem superior da costela inferior
•
Nos dois primeiros espaços intercostais situam-se
inicialmente na fáscia endotorácica entre a pleura parietal e os músculos intercostais internos.
Responsáveis pela irrigação do 3o – 6o espaços intercostais são separados da pleura por tiras do músculo transverso do tórax.
• Nos 7o – 9o espaços intercostais derivam das artérias musculofrênicas,
também ramos das artérias torácicas internas.
• Irrigam os músculos intercostais e enviam ramos através deles para suprir os músculos peitorais, as mamas e a pele.
• Estão
ausentes
nos
dois espaços intercostais inferiores;
esses
espaços
são
irrigados
apenas
pelas artérias
intercostais
posteriores e seus ramos colaterais.
VEIAS DA PAREDE TORÁCICA
As veias intercostais
acompanham
as artérias
e nervos intercostais e estão em posição superior
nos sulcos
das costelas
(Figuras
1.15B e 1.20). Há 11 veias intercostais
posteriores
e uma veia subcostal de
cada lado.
As veias intercostais posteriores anastomosam-se com as veias intercostais anteriores (tributárias das veias torácicas internas).
À medida que se aproximam
da coluna
vertebral, as veias intercostais
posteriores recebem um afluente posterior, que
acompanha o ramo posterior
do nervo espinal daquele nível,
e uma veia intervertebral
que drena
os plexos venosos
vertebrais associados
à coluna vertebral. A maioria das veias intercostais posteriores (4–11) termina no sistema venoso
ázigo/hemiázigo,
que conduz
o sangue venoso até a veia cava superior (VCS). As veias intercostais posteriores do 1o espaço intercostal costumam
entrar diretamente nas veias braquiocefálicas
direita e esquerda.
As veias intercostais posteriores do 2o e 3o (e às vezes 4o) espaços intercostais unem-se para formar um tronco, a veia intercostal superior (Figura 1.20).
Figura 1.20 Veias da parede
torácica. Embora sejam representadas
aqui
como
canais
contínuos, as veias intercostais anteriores e posteriores são vasos diferentes, que normalmente drenam em direções opostas, cujas tributárias se comunicam (anastomosam) aproximadamente na linha axilar anterior. Entretanto, como essas
veias não têm válvulas, o fluxo pode ser invertido.
A veia intercostal superior direita
é tipicamente a
última tributária da veia ázigo,
antes
de
sua
entrada
na
VCS. Entretanto, a veia intercostal superior esquerda geralmente drena para a veia braquiocefálica esquerda.
Isso requer que a veia passe anteriormente
ao longo do lado esquerdo do mediastino superior, especificamente
através do arco da aorta ou da raiz dos grandes vasos que se originam dela, e entre os nervos vago e
frênico (ver Figura 1.70B). Em geral, ela recebe as veias bronquiais esquerdas e pode receber também a veia
pericardicofrênica. A comunicação inferior com a veia hemiázigo
acessória é comum. As veias torácicas internas são as veias acompanhantes das artérias torácicas internas.
MÚSCULOS E NEUROVASCULATURA DA PAREDE TORÁCICA
Dispneia | Dificuldade respiratória
Quando as
pessoas com problemas respiratórios (p. ex., asma) ou com insuficiência cardíaca têm dificuldade para respirar (dispneia), elas utilizam os músculos respiratórios acessórios para ajudar na expansão da
cavidade torácica. Curvam-se sobre os joelhos ou sobre os braços de uma cadeira para fixar o cíngulo dos membros superiores, de
modo que esses músculos possam agir sobre suas fixações costais e expandir o tórax.
Acesso
cirúrgico intratorácico extrapleural
É difícil observar a fixação no cadáver embalsamado, mas na cirurgia, a natureza relativamente frouxa da fáscia endotorácica fina propicia um plano de clivagem natural, permitindo ao cirurgião separar a pleura parietal costal que reveste a cavidade
pulmonar da parede
torácica.
Isso permite acesso intratorácico
às estruturas
extrapleurais
(p.
ex., linfonodos) e introdução de instrumento sem abertura e talvez contaminação do espaço potencial (cavidade pleural) que circunda os pulmões.
Herpes-zóster dos gânglios vertebrais
No herpes-zóster ocorre uma lesão cutânea clássica, com distribuição em dermátomos, que é muito dolorosa (Figura B1.3). O herpes-zóster é
uma doença viral dos gânglios vertebrais, em geral uma reativação do vírus varicela-zóster
(VZV), ou vírus da catapora. A pós invadir um gânglio, o vírus causa dor em queimação aguda no dermátomo suprido pelo nervo envolvido (Figura 1.18). A área de pele afetada torna-se vermelha e surgem erupções vesiculosas. A dor pode preceder ou acompanhar a erupção cutânea. Embora seja basicamente uma neuropatia sensitiva (alteração patológica no nervo), há fraqueza por acometimento motor em 0,5 a 5,0% das pessoas, em geral idosos com câncer (Rowland, 2010). A fraqueza muscular costuma ocorrer na mesma distribuição dos miótomos, assim como a
dor e as erupções vesiculares no dermátomo.
Figura B1.3 Herpes-zóster.
Bloqueio do nervo intercostal
A anestesia local de um espaço intercostal é
obtida injetando-se um anestésico local ao redor dos nervos intercostais entre a linha paravertebral e a área de anestesia necessária. Esse procedimento, bloqueio do nervo intercostal, consiste na
infiltração do anestésico ao redor do tronco do nervo intercostal e de
seus ramos colaterais (Figura B1.4).
A palavra bloqueio indica a interrupção das terminações nervosas na pele e da transmissão de impulsos pelos nervos sensitivos que conduzem informações álgicas antes que os impulsos cheguem à medula espinal e ao encéfalo. Como qualquer área de pele geralmente é
suprida por dois nervos adjacentes, há considerável superposição dos dermátomos contíguos. Portanto, geralmente não há perda completa da sensibilidade, exceto se forem anestesiados dois ou mais nervos intercostais.
Pontos-chave
MÚSCULOS E NEUROVASCULAT URA DA PAREDE T ORÁCICA
Músculos da parede torácica: Os músculos toracoapendiculares do membro superior e também alguns músculos do pescoço, dorso e
abdome estão superpostos no tórax. ♦ A maioria desses músculos afeta a
respiração profunda quando o cíngulo dos membros superiores está fixado e
é responsável por muitas características de superfície na região torácica. Entretanto, os músculos verdadeiramente torácicos têm poucas, ou nenhuma, características superficiais. ♦ Os músculos serráteis posteriores são finos e têm ventres pequenos, que podem ser órgãos proprioceptivos. ♦ Os músculos intercostais movem as costelas durante a respiração forçada. A função primária dos músculos intercostais é sustentar (proporcionar tônus).
a) os espaços intercostais, resistindo às pressões intratorácicas negativas e
positivas. ♦ O diafragma é
o principal músculo da respiração,
responsável pela maior parte da inspiração (normalmente a expiração
é um processo
passivo). ♦ A fáscia muscular (profunda) recobre e
reveste os músculos da parede torácica, assim como em outros lugares. ♦ Nos locais sem as partes carnosas dos músculos intercostais, sua fáscia continua na forma de membranas intercostais para completar a parede.
♦ A fáscia endotorácica é
uma camada fibroareolar fina situada entre a face interna da caixa torácica e
o revestimento das cavidades pulmonares, que pode
ser aberta cirurgicamente para dar acesso às estruturas torácicas.
Neurovasculatura da parede torácica: O padrão de distribuição das estruturas neurovasculares para a parede torácica reflete a formação da caixa torácica. ♦ Essas estruturas seguem nos espaços intercostais, paralelamente às costelas, e suprem os músculos intercostais e também o tegumento e as faces superficial e profunda da pleura parietal. ♦ Como não há formação do plexo relacionada com a
parede torácica, o padrão de inervação periférica e
segmentar (em dermátomos) é idêntico nessa região. ♦ Os nervos intercostais seguem um trajeto posteroanterior ao longo do comprimento de cada espaço intercostal, e as artérias e veias intercostais anteriores e posteriores convergem e se anastomosam aproximadamente na linha axilar anterior. ♦ Os vasos posteriores originam-se da parte torácica da aorta e drenam para o sistema venoso ázigo. ♦ Os vasos anteriores originam-se da artéria torácica interna e seus ramos e drenam para
a veia torácica interna e suas tributárias.





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