Fonte : Livro Anatomia Orientada Para A Clínica - 7ª Ed.
Autores: Keith L. Moore / Arthur F. Dalley / Anne M. R. Agur
O esqueleto torácico forma a caixa torácica osteocartilagínea (Figura 1.1), que protege as vísceras
torácicas e alguns órgãos abdominais. Consiste
em
12
pares
de
costelas e cartilagens
costais associadas,
12 vértebras torácicas
e os discos intervertebrais (IV) interpostos entre elas, além do esterno.
As costelas e as cartilagens costais formam a
maior parte da caixa torácica; ambas são identificadas por números,
da superior (1a costela ou cartilagem costal) para a inferior (12a).
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| Figura 1.1A e B COSTELAS, CARTILAGENS COSTAIS E ESPAÇOS INTERCOSTAIS |
As costelas são ossos planos e curvos que formam a maior parte da caixa torácica (Figuras 1.1 e 1.2). São muito leves, porém têm alta resiliência. Cada
costela tem um interior esponjoso contendo
medula óssea (tecido hematopoético), que
forma as células do sangue. Há três tipos de costelas, que podem ser classificadas em típicas ou atípicas:
1. Costelas verdadeiras (vertebroesternais)
(costelas I a VII): Fixam-se diretamente ao esterno por meio de suas próprias cartilagens costais.
2. Costelas falsas (vertebrocondrais) (costelas VIII,
IX
e,
geralmente,
X): Suas cartilagens unem-se à cartilagem das costelas acima delas; portanto, a conexão com o esterno é indireta.
3. Costelas flutuantes (vertebrais, livres) (costelas XI, XII e, às vezes, a X): As cartilagens rudimentares
dessas costelas não têm conexão, nem mesmo indireta, com o esterno; elas terminam na musculatura abdominal posterior.
As costelas típicas
(III a IX) têm os seguintes componentes:
• Cabeça
da costela: cuneiforme e com duas faces articulares, separadas pela crista da cabeça
da costela (Figuras 1.2 e 1.3); uma face para articulação com a vértebra
de mesmo número e outra face para a vértebra
superior a ela.
• Colo da costela: une a cabeça da costela ao corpo no nível do tubérculo
• Tubérculo da
costela: situado na junção do colo e do corpo; uma face articular
lisa articula-se com o processo
transverso da vértebra correspondente, e uma
face não articular rugosa é o local
de fixação do
ligamento costotransversário (ver Figura 1.8B)
• Corpo da costela (diáfise): fino, plano e curvo,
principalmente no ângulo da costela, onde a costela faz
uma curva anterolateral. O ângulo da costela também
marca o limite lateral
de fixação dos músculos profundos do dorso às costelas (ver Quadro 4.6, no Capítulo 4). A face interna côncava
do corpo exibe um sulco da costela, paralelo à margem inferior da costela, que oferece alguma proteção
para o nervo e os vasos intercostais.
As costelas atípicas
(I, II e X a XII) são diferentes
(Figura 1.3):
• A costela I é a mais larga (i. e., seu corpo é mais largo e quase horizontal),
mais curta e mais curva das sete costelas verdadeiras. Tem uma única
face
articular
em
sua cabeça para
articulação apenas com a vértebra T I e dois sulcos transversais
na face superior para os vasos subclávios;
os sulcos são separados pelo tubérculo do músculo escaleno anterior ao qual está fixado o músculo escaleno anterior.
Figura 1.2 Costelas típicas. A. As costelas III a IX têm características comuns. Cada costela é dividida em cabeça, colo,
tubérculo e corpo (diáfise). B. Corte transversal da parte média do corpo de uma costela.
Figura 1.3 Costelas
atípicas. As
costelas atípicas (I, II, XI, XII)
são
diferentes das costelas típicas (p. ex., a costela VIII, mostrada no centro).
•
A costela II tem
um corpo mais fino, menos
curvo e é bem mais longa do que a costela I. A cabeça
tem duas faces para articulação com os corpos das vértebras T I e T II; sua principal característica atípica é uma área rugosa na face superior,
a tuberosidade do músculo
serrátil anterior, na qual tem origem parte desse músculo
• As costelas
X a XII, como a costela I, têm apenas uma face articular em suas cabeças e articulam-se
apenas com uma vértebra
• A costelas XI a XII são curtas e não têm colo nem tubérculo.
As cartilagens costais
prolongam
as
costelas anteriormente e contribuem
para
a
elasticidade da parede torácica, garantindo uma fixação flexível para suas extremidades anteriores.
As cartilagens aumentam em comprimento da costela I a VII, e depois diminuem gradualmente.
As sete primeiras cartilagens apresentam fixação direta e independente ao esterno; as costelas VIII, IX e X articulam-se com as cartilagens costais imediatamente
superiores a elas, formando uma margem costal cartilaginosa,
articulada
e contínua (Figura 1.1A; ver também Figura 1.13). As
cartilagens
costais das costelas
XI
e XII formam proteções sobre as extremidades
anteriores dessas
costelas e não alcançam nem se fixam a nenhum outro
osso ou cartilagem. As
cartilagens
costais das costelas
I a X fixam
a
extremidade
anterior da costela
ao
esterno,
limitando
seu movimento geral enquanto
a extremidade posterior gira ao redor do eixo transversal da costela (Figura 1.5).
Os espaços intercostais separam as costelas e suas cartilagens costais umas das outras
(Figura 1.1A). São denominados
de acordo com a costela que forma a margem superior do espaço
— por exemplo, o 4o espaço intercostal situa-se entre
as costelas IV e V. Existem 11 espaços
intercostais e 11 nervos intercostais. Os espaços intercostais são ocupados
por músculos e membranas
intercostais e dois conjuntos
(principal e colateral) de vasos sanguíneos
e nervos intercostais, identificados pelo
mesmo número atribuído ao espaço. O espaço abaixo da costela XII não se situa entre as costelas e, assim, é denominado espaço subcostal,
e o ramo anterior
do nervo espinal T12 é o nervo subcostal.
Os espaços intercostais são
mais largos anterolateralmente, e alargam-se ainda mais durante
a inspiração. Podem ser ainda mais alargados por extensão e/ou flexão lateral da coluna vertebral torácica para o lado oposto.
A maioria
das vértebras torácicas
é típica visto que é independente,
tem corpos, arcos
vertebrais e sete processos
para conexões musculares e articulares (Figuras 1.4 e 1.5). Os aspectos
característicos das vértebras torácicas incluem:
•
Fóveas
costais bilaterais (hemifóveas)
nos corpos vertebrais, geralmente
em pares, uma inferior e outra superior, para articulação com as cabeças das costelas
•
Fóveas costais dos processos
transversos
para articulação
com
os
tubérculos das costelas,
exceto nas duas ou três vértebras torácicas inferiores
• Processos espinhosos longos, com inclinação inferior.
As fóveas costais superiores e inferiores, a maioria, na verdade,
pequenas hemifóveas, são superfícies pares bilaterais e planas nas margens posterolaterais superior e inferior dos corpos de vértebras torácicas típicas (T II a T IX). Sob o ponto de vista funcional, as fóveas são dispostas
em pares nas vértebras adjacentes, ladeando um disco IV
interposto: uma (hemi)fóvea
inferior na vértebra superior e uma (hemi)fóvea
superior na vértebra inferior. Tipicamente,
duas hemifóveas
assim emparelhadas e a margem posterolateral
do disco IV existente
entre elas formam uma única cavidade para receber
a cabeça da costela de mesmo número da vértebra inferior (p. ex., a cabeça
da costela VI com a fóvea costal
superior da vértebra T VI). As vértebras
torácicas atípicas têm fóveas costais inteiras em lugar das hemifóveas:
• As fóveas
costais superiores da vértebra T I não são hemifóveas porque
não há hemifóveas na vértebra C VII acima, e a costela I articula-se apenas com a vértebra
T I. T I tem uma (hemi)fóvea costal inferior típica.
• T X tem apenas um par bilateral de fóveas costais (inteiras), localizadas em parte no corpo e em parte no pedículo.
• T XI e T XII também
têm apenas um par de fóveas costais (inteiras), localizadas em seus pedículos.
Os processos espinhosos que
se projetam dos arcos de vértebras torácicas típicas (p. ex., vértebras T VI ou T VII) são longos e inclinados
inferiormente,
em geral superpondo-se à vértebra situada abaixo (Figuras 1.4D e 1.5). Eles cobrem
os intervalos entre as lâminas de vértebras
adjacentes, impedindo, assim, a penetração de objetos cortantes, como uma faca, no canal vertebral
e a lesão da medula espinal. As faces
articulares superiores convexas dos processos articulares superiores estão voltadas principalmente em sentido posterior e
ligeiramente lateral, enquanto as faces articulares inferiores côncavas
dos processos articulares inferiores estão voltadas principalmente em sentido anterior e
ligeiramente medial. Os planos articulares bilaterais entre as respectivas faces articulares das vértebras torácicas adjacentes formam um arco, cujo centro está em um eixo de rotação
no corpo vertebral (Figura 1.4A–C). Assim, é possível fazer pequenos movimentos rotatórios entre vértebras adjacentes, limitados pela caixa torácica fixada às vértebras.
ESTERNO
O esterno é
o osso plano e alongado
que forma a região intermediária
da parte anterior
da caixa
torácica (Figura 1.6). Sobrepõe-se diretamente às vísceras do mediastino em geral e as protege, em especial grande parte do coração.
O esterno tem três partes: manúbrio, corpo e processo xifoide. Em adolescentes e adultos jovens, as três partes são unidas por articulações
cartilagíneas (sincondroses)
que se ossificam em torno da meia-idade.
O manúbrio do esterno
é um osso de formato aproximadamente trapezoide. O manúbrio é a parte mais larga e espessa do esterno.
O centro côncavo facilmente
palpado
da
margem superior
do
manúbrio é a incisura
jugular* (incisura supraesternal). A incisura é aprofundada pelas extremidades esternais (mediais) das clavículas, que são muito maiores do que as incisuras claviculares relativamente pequenas no manúbrio que as recebem, formando as articulações
esternoclaviculares (EC)
(Figura 1.1A). Inferolateralmente
à incisura clavicular,
a cartilagem costal da costela I está firmemente
fixada à margem lateral do manúbrio — a sincondrose da primeira costela (Figuras 1.1A e 1.6A). O manúbrio e o corpo do esterno situam-se
em planos
um
pouco
diferentes
nas partes superior e inferior à junção,
a sínfise manubriesternal (Figura 1.6A e B); assim, a junção forma um ângulo do esterno (de Louis) saliente.
Figura 1.4 Vértebras torácicas. A. T I tem forame vertebral e corpo de tamanho e formato semelhantes aos de uma vértebra cervical. B. As
vértebras T V a
T IX têm características típicas de vértebras torácicas. C. T XII tem processos ósseos e tamanho do corpo semelhante a uma vértebra lombar. Os planos das faces articulares das vértebras torácicas definem um
arco (setas
vermelhas)
centralizado em um eixo que atravessa os corpos vertebrais verticalmente. D.
Fóveas costais superior e inferior (hemifóveas) no corpo vertebral
e fóveas costais nos processos transversos. Os processos espinhosos longos inclinados são característicos das vértebras torácicas.
Figura 1.5 Articulações costovertebrais de uma costela típica. As articulações costovertebrais incluem a articulação da cabeça da costela, na qual
a cabeça articula-se com dois corpos vertebrais adjacentes e o disco intervertebral entre eles, e a articulação costotransversária, na qual o tubérculo da costela articula-se com o processo transverso de uma vértebra. A costela se movimenta (eleva e abaixa) ao redor de um eixo
que
atravessa a cabeça e o colo
da
costela (setas).
Figura 1.6 Esterno. A.
As faixas membranáceas largas e finas dos ligamentos esternocostais radiais seguem das cartilagens
costais até as faces anterior e posterior do esterno — mostrado na parte superior direita. B. Observe a espessura do terço superior do manúbrio do esterno entre as incisuras claviculares. C. É
mostrada a relação entre o esterno e a coluna vertebral.
O corpo do esterno é mais longo, mais estreito e mais fino do que o manúbrio, e está localizado no nível das vértebras
T V a T IX (Figura 1.6A–C). Sua largura varia por causa dos entalhes em suas margens laterais pelas incisuras costais. Em pessoas
jovens, podem-se ver quatro segmentos primordiais do esterno. Esses segmentos articulam-se entre si por articulações
cartilagíneas primárias (sincondroses esternais). Essas articulações começam
a se fundir a partir da extremidade inferior entre a puberdade (maturidade sexual) e os 25 anos. A face anterior quase plana do corpo do esterno é marcada em adultos por três cristas
transversais
variáveis
(Figura 1.6A), que representam as linhas de fusão (sinostose) dos quatro segmentos originalmente separados.
O processo xifoide, a menor e mais variável parte do esterno, é fino e alongado. Sua
extremidade inferior situa-se
no nível da vértebra T X. Embora
muitas vezes seja pontiagudo,
pode ser rombo,
bífido, curvo ou defletido para um lado ou anteriormente. É cartilagíneo em pessoas jovens, porém mais ou
menos ossificado em adultos acima de
40 anos. Nas pessoas idosas,
o processo xifoide pode fundir-se ao corpo do esterno.
O processo xifoide é um ponto de referência importante
no plano mediano porque:
•
Sua junção com o corpo do esterno na sínfise xifosternal indica o limite inferior da parte central
da cavidade torácica projetado sobre a parede
anterior do corpo; essa articulação também é o local do ângulo infraesternal (ângulo subcostal) da abertura inferior do tórax (Figura 1.1A)
• É uma referência mediana para o limite superior do fígado, centro tendíneo
do diafragma e margem inferior do coração.
ABERTURAS DO TÓRAX
ABERTURAS DO TÓRAX
Embora a parede periférica da caixa torácica
seja
completa, existem
aberturas
nas partes superior
e inferior.
A abertura
superior, muito menor, permite a comunicação com o pescoço
e os membros superiores. A
abertura inferior, maior, forma o anel de origem do diafragma, que fecha toda a abertura.
As excursões do diafragma controlam principalmente
o volume e a pressão
interna da cavidade torácica, constituindo a base da respiração corrente (troca
gasosa).
ABERTURA SUPERIOR DO TÓRAX
A abertura superior do tórax tem como limites (Figura 1.7):
ABERTURA SUPERIOR DO TÓRAX
A abertura superior do tórax tem como limites (Figura 1.7):
• Posterior, a vértebra
T I, cujo corpo salienta-se anteriormente na abertura
• Lateral, o 1o par de costelas e suas cartilagens costais
• Anterior, a margem superior do manúbrio do esterno.
As estruturas que passam entre
a cavidade torácica e o pescoço através
da abertura superior do tórax oblíqua e reniforme incluem traqueia, esôfago, nervos e vasos que suprem e drenam a cabeça, o pescoço
e os membros superiores.
No adulto, o diâmetro
anteroposterior aproximado da abertura superior do tórax é de 6,5 cm, e o diâmetro
transversal, 11 cm. Para ter uma ideia do tamanho
dessa abertura, note que é um pouco maior do que o necessário para permitir a passagem de uma ripa de madeira medindo 5 cm × 10 cm. Em virtude da obliquidade do 1o par de costelas, a abertura
tem inclinação
anteroinferior.
ABERTURA INFERIOR DO TÓRAX
A abertura inferior do tórax tem os seguintes limites:
• Posterior, a vértebra
torácica XII, cujo corpo salienta-se
anteriormente na abertura
• Posterolateral, o 11o e o 12o pares de costelas
• Anterolaterais, as cartilagens costais unidas das costelas VII a X, formando
as margens costais
• Anterior, a articulação xifosternal.
A abertura inferior do tórax é muito maior do que a abertura superior e tem contorno
irregular. Também é oblíqua porque a parede torácica posterior é muito mais longa do que a parede anterior. Ao fechar
a abertura inferior do tórax, o diafragma
separa quase por completo as cavidades torácica e abdominal.
As estruturas que passam do tórax para o abdome
ou vice- versa atravessam aberturas
no diafragma (p. ex., esôfago e veia cava inferior) ou passam posteriormente
a ele (p. ex., aorta).
Figura 1.7 Aberturas do tórax. A abertura superior do tórax é a “passagem” entre a cavidade torácica e o pescoço e o membro superior. A abertura inferior do tórax
é o
local de fixação do diafragma, que se projeta para cima, de modo que as vísceras
abdominais superiores (p. ex., fígado) sejam protegidas pela caixa torácica. A faixa cartilagínea contínua criada pelas cartilagens
articuladas das costelas VII a X (falsas) forma a margem costal.
Assim como o tamanho
da cavidade torácica (ou de seu conteúdo) costuma ser superestimado,
é frequente
a estimativa errada da extensão
inferior (correspondente ao limite entre as cavidades torácica e abdominal) devido à discrepância entre a abertura
inferior do tórax e a localização do diafragma (assoalho da cavidade torácica) em pessoas
vivas. Embora o diafragma tenha origem nas estruturas que formam a abertura inferior do tórax, as cúpulas do diafragma sobem até o nível do 4o
espaço intercostal, e as vísceras abdominais, inclusive o fígado, o baço e o estômago, situam-se superiormente ao plano da abertura
inferior do tórax, internamente à parede torácica (Figura 1.1A e B).







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