Fonte : Livro Anatomia Orientada Para A Clínica - 7ª Ed.
Autores: Keith L. Moore / Arthur F. Dalley / Anne M. R. Agur
As mamas são as estruturas superficiais mais proeminentes na parede anterior do tórax, sobretudo nas mulheres. As mamas são
formadas
por
tecido glandular e
tecido fibroso de sustentação integrados a uma matriz
adiposa, junto com vasos
sanguíneos, vasos linfáticos e nervos.
Homens e mulheres têm mamas;
normalmente, elas só são bem desenvolvidas
em mulheres (Figuras 1.21 e 1.22). As glândulas
mamárias estão localizadas na tela subcutânea,
sobre os músculos peitorais
maior e menor. Na parte mais proeminente da mama está a papila mamária, circundada por uma área cutânea pigmentada circular, a aréola.
As glândulas mamárias presentes nas mamas
estão
relacionadas
com
a reprodução nas mulheres.
Nos
homens,
são rudimentares
e não funcionais, formadas apenas por alguns pequenos ductos ou cordões
epiteliais. Em geral, a
gordura presente em mamas masculinas não é diferente da tela subcutânea encontrada em outras partes
do corpo, e normalmente não há desenvolvimento do sistema glandular.
MAMAS FEMININAS
A gordura ao redor do tecido glandular determina o tamanho das mamas não lactantes.
O corpo aproximadamente circular da mama feminina fica apoiado sobre um leito que
se estende transversalmente da margem lateral do esterno
até a linha axilar média e verticalmente da costela II a VI. Dois terços do leito são formados pela fáscia peitoral sobre o músculo peitoral maior; o
outro terço, pela fáscia que cobre o músculo serrátil anterior. Entre a mama e a fáscia peitoral há um plano de tecido conectivo
frouxo ou espaço
potencial — o espaço
retromamário. Esse plano, que contém pouca gordura, permite que a mama tenha algum grau de movimento sobre a fáscia peitoral. Uma pequena parte da glândula mamária pode estender-se ao longo da margem inferolateral do músculo peitoral maior em direção à fossa axilar, formando
um processo axilar ou cauda de Spence.
Algumas
mulheres descobrem isso
(sobretudo
durante
o
ciclo
menstrual, quando
pode
aumentar)
e
ficam preocupadas, suspeitando de um nódulo (tumor)
ou aumento dos linfonodos.
Figura 1.21 Dissecção superficial da região peitoral feminina. A fáscia peitoral foi removida, exceto a parte profunda à mama. O leito da mama estende-se da costela II a VI. O processo axilar da mama estende-se em direção à fossa axilar.
Figura 1.22
Corte sagital da mama feminina e parede anterior do tórax.
Os dois terços superiores da figura mostram os ligamentos suspensores e os alvéolos da mama com lóbulos da glândula mamária em
repouso; a parte inferior mostra lóbulos da glândula mamária em lactação.
A glândula mamária está firmemente
fixada à derme da pele sobrejacente, sobretudo
por ligamentos cutâneos significativos
(retináculos da pele
segundo a T.A.),
os ligamentos suspensores da mama (de
Cooper). Essas
condensações de tecido conectivo
fibroso, mais
desenvolvidas
na parte superior da glândula,
ajudam
a sustentar os lobos e lóbulos da glândula
mamária.
Durante a puberdade (8 a 15 anos de idade), as mamas normalmente aumentam, em parte devido ao desenvolvimento glandular, mas principalmente por aumento da deposição de gordura. As aréolas e as papilas também aumentam. O tamanho e o formato
da mama são
determinados, em parte, por
fatores genéticos, étnicos
e alimentares.
Os ductos
lactíferos dão
origem a brotos que formam 15 a 20 lóbulos da glândula mamária, que
constituem o parênquima da
glândula mamária.
Assim, cada lóbulo é drenado
por um ducto lactífero,
esses ductos convergem e têm aberturas
independentes. Cada ducto tem uma parte dilatada,
situada profundamente à aréola, o seio lactífero, na qual uma pequena gotícula de leite se acumula ou permanece na lactante.
Quando o neonato começa a sugar, a compressão da aréola (e do seio lactífero
abaixo dela) expele as gotículas acumuladas e estimula o
neonato a continuar mamando enquanto ocorre o reflexo de ejeção do leite, mediado por hormônios. O leite materno é secretado na boca do bebê, e não sugado da glândula por ele.
As aréolas da mama contêm
muitas glândulas sebáceas, que aumentam
durante a gravidez e secretam uma
substância oleosa, que atua como um lubrificante protetor para a aréola e a papila. A aréola e a papila estão particularmente sujeitas a fissuras e irritação no início da amamentação. As papilas mamárias são proeminências cônicas ou cilíndricas
situadas
nos centros das aréolas. As papilas mamárias não têm gordura, pelos nem glândulas sudoríparas. As extremidades das papilas são fissuradas e os ductos lactíferos
abrem-se nelas. As papilas são formadas
principalmente por fibras musculares lisas circulares que comprimem
os ductos
lactíferos durante
a lactação
e causam a ereção das papilas
em resposta à estimulação, como quando um bebê começa a sugar.
As glândulas mamárias são glândulas sudoríferas modificadas; portanto,
não
têm
cápsula nem bainha.
O contorno arredondado
e a maior parte
do volume das mamas
são produzidos
por gordura
subcutânea,
exceto durante a gravidez, quando
as
glândulas
mamárias aumentam e há formação de novo tecido glandular.
Os
alvéolos que secretam leite
são organizados de modo semelhante a cachos de uvas. Na maioria das mulheres, as mamas
aumentam ligeiramente
durante o período menstrual em razão do aumento da liberação
dos hormônios gonadotrópicos — hormônio foliculestimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH) — no tecido glandular.
VASCULATURA DA MAMA
A irrigação arterial da mama (Figura 1.23A e B) provém de:
• Ramos mamários mediais de ramos perfurantes
e ramos intercostais
anteriores
da
artéria torácica
interna, originados
da artéria subclávia.
• Artérias torácica lateral
e toracoacromial, ramos da artéria axilar
• Artérias intercostais posteriores, ramos da parte torácica da aorta no 2o, 3o e 4o espaços intercostais.
•
A drenagem venosa da mama se faz principalmente para a veia axilar, mas há alguma drenagem para
a veia torácica interna (Figura 1.23C). A drenagem linfática da mama é importante devido ao seu
papel na metástase de células cancerosas. A linfa passa da papila, da aréola e dos lóbulos da glândula
mamária para o plexo linfático subareolar (Figura 1.24A e B). Desse plexo:
A drenagem venosa da mama se faz principalmente para a veia axilar, mas há alguma drenagem para
a veia torácica interna (Figura 1.23C). A drenagem linfática da mama é importante devido ao seu
papel na metástase de células cancerosas. A linfa passa da papila, da aréola e dos lóbulos da glândula
mamária para o plexo linfático subareolar (Figura 1.24A e B). Desse plexo:
• A maior
parte
da
linfa (>75%),
sobretudo
dos
quadrantes
laterais
da
mama,
drena
para
os
linfonodos
axilares,
Inicialmente para os linfonodos anteriores ou peitorais. Entretanto, parte da linfa drena diretamente para outros linfonodos axilares ou até mesmo para os linfonodos interpeitorais, deltopeitorais, supraclaviculares ou cervicais profundos inferiores.
• A maior parte da linfa remanescente, sobretudo dos quadrantes mediais da mama, drena para os linfonodos
paraesternais ou para a mama oposta, enquanto a linfa dos quadrantes inferiores flui profundamente para os linfonodos abdominais (linfonodos
frênicos inferiores subdiafragmáticos).
A linfa da pele da mama, com exceção da papila e da aréola, drena para os linfonodos axilares, cervicais profundos inferiores e infraclaviculares ipsilaterais e, também, para os linfonodos
paraesternais de ambos os lados.
A linfa dos linfonodos axilares drena para os linfonodos claviculares (infraclaviculares e supraclaviculares)
e daí para o tronco linfático subclávio,
que também drena
a linfa do membro
superior. A linfa dos linfonodos
paraesternais entra
nos troncos linfáticos broncomediastinais,
que também
drena linfa das vísceras
torácicas. A interrupção dos troncos linfáticos
varia; tradicionalmente,
esses troncos se fundem
um ao outro e com o tronco linfático jugular, drenando a cabeça e o pescoço
para formar um ducto linfático direito curto no lado direito ou entrando no ducto torácico do lado esquerdo. No entanto, em muitos casos
(talvez na maioria), os troncos se abrem independentemente na junção das veias jugular interna e subclávia, no ângulo venoso direito ou esquerdo, que formam as veias braquiocefálicas
direita e esquerda (Figura 1.24C). Em alguns casos,
eles se abrem em duas veias imediatamente
antes do ângulo.
NERVOS DA MAMA
Os nervos da mama derivam dos ramos cutâneos
anteriores e laterais dos 4o
– 6o
nervos intercostais (Figura 1.15). Os ramos dos nervos intercostais atravessam
a fáscia peitoral que cobre o
músculo peitoral maior para chegar à tela subcutânea
superposta e à
pele da mama. Os ramos
dos
nervos
intercostais
conduzem
fibras sensitivas da pele
da
mama
e
fibras simpáticas para os vasos sanguíneos nas mamas e músculo liso na pele e papila mamária sobrejacentes.
As clavículas estão situadas na tela subcutânea, formando cristas ósseas na junção do tórax e do pescoço (Figura 1.25). Podem ser palpadas facilmente em todo o comprimento, sobretudo quando suas extremidades mediais articulam-se com o manúbrio do esterno. As clavículas demarcam a divisão superior entre zonas de drenagem linfática: acima das clavículas, a linfa flui finalmente para os linfonodos jugulares inferiores; abaixo deles, a linfa parietal (da parede do corpo e membros superiores) flui para os linfonodos axilares.
As clavículas estão situadas na tela subcutânea, formando cristas ósseas na junção do tórax e do pescoço (Figura 1.25). Podem ser palpadas facilmente em todo o comprimento, sobretudo quando suas extremidades mediais articulam-se com o manúbrio do esterno. As clavículas demarcam a divisão superior entre zonas de drenagem linfática: acima das clavículas, a linfa flui finalmente para os linfonodos jugulares inferiores; abaixo deles, a linfa parietal (da parede do corpo e membros superiores) flui para os linfonodos axilares.
O esterno tem localização subcutânea
na
linha mediana
anterior e é palpável
em
toda
a
sua
extensão. Entre as proeminências das extremidades mediais das clavículas nas articulações esternoclaviculares, a incisura jugular no manúbrio do
esterno
pode
ser
palpada entre as
extremidades mediais proeminentes
das
clavículas.
A incisura situa-se
no
nível da margem inferior do corpo da vértebra T II e no espaço entre o 1o e o 2o processos espinhosos
torácicos.
O manúbrio do esterno, com comprimento aproximado de 4 cm, situa-se no nível dos corpos das vértebras T III e T IV (Figura 1.26).
O ângulo do esterno é palpável e muitas vezes
visível em pessoas jovens em razão
do leve movimento que ocorre
na sínfise manubriesternal
durante a respiração forçada.
O ângulo do esterno situa-se no nível do disco entre T IV e T V e do espaço entre o 3o e o 4o processos espinhosos torácicos. O ângulo do esterno marca o nível do 2o par de cartilagens costais. O lado esquerdo
do manúbrio
do esterno
situa-se anteriormente ao arco da aorta,
e seu lado direito
superpõe-se diretamente à fusão
das veias braquiocefálicas
para formar
a veia cava superior (VCS) (Figura 1.24C). Como é comum
na prática clínica introduzir cateteres na VCS para alimentação
intravenosa de pacientes em estado
grave e para outros
fins, é essencial conhecer a anatomia de superfície dessa
grande veia. A VCS segue em direção inferior, profundamente ao manúbrio do esterno e à sínfise manubriesternal, mas projeta-se até um dedo à direita da margem do manúbrio do esterno.
A VCS entra no átrio direito do coração oposta à 3a cartilagem costal.
Figura 1.23 Vascularização da mama. A. A glândula mamária é suprida desde sua face medial principalmente por ramos perfurantes da artéria torácica interna e por vários ramos da artéria axilar (principalmente a artéria torácica lateral) superior e lateralmente. B. A mama é suprida profundamente por ramos originados das artérias intercostais. C. A drenagem venosa se faz para a veia
axilar (principalmente) e as veias torácicas internas.
O corpo do
esterno, que tem aproximadamente
10
cm
de
comprimento, situa-se
anteriormente à
margem direita do coração
e das vértebras T V a T IX (Figura 1.26). O sulco intermamário (depressão ou clivagem mediana entre
as mamas femininas maduras) está sobre
o corpo do esterno
(Figuras 1.25 e 1.29). O
processo
xifoide
situa-se em uma pequena
depressão, a fossa epigástrica.
Essa
fossa
é usada como guia na
reanimação cardiopulmonar
(RCP) para determinar
a posição adequada
da mão sobre a parte inferior do esterno. A sínfise xifosternal é palpável e frequentemente observada como uma crista, no nível da margem inferior da vértebra
T IX.
As margens costais, formadas
pela união das 7a – 10a cartilagens costais, são facilmente
palpáveis porque se estendem em sentido inferolateral a partir da sínfise xifosternal.
As margens costais
direita
e esquerda convergentes
formam
o ângulo infraesternal.
Figura 1.24 Drenagem linfática da mama. A. Os linfonodos que recebem drenagem da mama. B. As setas vermelhas indicam o fluxo linfático proveniente da mama direita. A maior parte da linfa, sobretudo do quadrante lateral superior e do centro da mama, drena para os linfonodos axilares e daí para o tronco linfático subclávio. No lado direito, entra no sistema venoso através do ducto linfático direito. C. A maior parte da linfa
da
mama esquerda volta ao sistema venoso via ducto torácico.
Figura 1.25 Pontos de referência superficiais na parede anterior do
tórax.
As costelas
e os espaços intercostais
servem como base para localização
ou descrição da posição de estruturas ou de locais de traumas
ou doenças na parede torácica ou sob ela. Como a costela I não é palpável,
a contagem das costelas no exame físico começa na costela II adjacente ao ângulo do esterno subcutâneo facilmente palpado. Para contar as costelas e os espaços intercostais anteriores,
devem-se
posicionar
os dedos sobre o ângulo do esterno e deslizar lateralmente para
a 2a cartilagem costal, começando a contar as costelas e os espaços com os dedos a partir daí. O 1o espaço intercostal é aquele superior à 2a cartilagem costal — isto é, os espaços intercostais são numerados de acordo com a costela que forma seu limite superior. Em geral, é mais seguro contar os espaços intercostais, pois a ponta do dedo tende a entrar
nos espaços entre as costelas.
Um dedo deve permanecer no lugar enquanto
o outro é usado para localizar o próximo espaço. Usando todos os dedos, é possível localizar quatro espaços
de uma vez. A parte anterolateral
dos espaços é mais larga (aproximadamente
na linha medioclavicular). Se os dedos
forem retirados da parede
torácica durante
a contagem dos espaços,
pode-se facilmente
colocar o dedo de volta no mesmo espaço, confundindo-o com o espaço abaixo. Na parte posterior, a extremidade medial da espinha da escápula situa-se sobre a costela IV.
Figura 1.26 Níveis
vertebrais do esterno e plano transverso do
tórax.
Embora as costelas e/ou os espaços intercostais estabeleçam a “latitude” para navegação e localização
na parede torácica, diversas linhas
imaginárias facilitam
as descrições
anatômicas e clínicas
oferecendo
a “longitude”. As linhas
a seguir são extrapoladas sobre a parede torácica com base em características superficiais visíveis ou palpáveis:
• A linha mediana
(medioesternal) anterior (LMA) indica a interseção do plano mediano com a parede torácica anterior
(Figura 1.27A)
• A linha medioclavicular (LMC)
atravessa o ponto médio da clavícula, paralelamente à LMA
• A linha axilar anterior
(LAA) segue
verticalmente
ao
longo
da
prega axilar
anterior que é formada pela margem
inferolateral do músculo peitoral maior quando passa da caixa torácica para o úmero no braço (Figura 1.27B)
• A linha axilar média (LAM) inicia-se no ápice (parte mais profunda)
da fossa axilar, paralelamente à LAA
• A linha axilar posterior (LAP),
também
paralela
à LAA,
é traçada verticalmente ao longo
da prega
axilar posterior formada pelos músculos latíssimo do dorso e redondo
maior quando atravessam do dorso para o úmero.
• A linha mediana (mediovertebral) posterior
(LMP) é uma linha
vertical situada
ao
longo
das
extremidades
dos processos espinhosos das vértebras (Figura 1.27C)
• As linhas escapulares (LE) são paralelas à linha mediana posterior e cruzam os ângulos inferiores da escápula.
Outras linhas (não ilustradas) são extrapoladas ao longo das margens de formações
ósseas palpáveis como o esterno
e a coluna vertebral, como as linhas paraesternal e paravertebral.
As mamas são as estruturas superficiais mais proeminentes da parede anterior do tórax, sobretudo nas mulheres.
Exceto quando
há excesso de tela subcutânea, as mamas nos homens são principalmente uma acentuação do contorno dos músculos peitorais maiores, realçados pela papila mamária no
4o espaço intercostal, lateral à LMC (Figura 1.28). Em indivíduos moderadamente atléticos,
o contorno dos músculos
peitorais
maiores é visível, separados na linha mediana
pelo sulco intermamário sobre o esterno,
e a margem lateral forma a prega axilar anterior
(Figura 1.25). Na parte inferolateral,
as digitações do músculo serrátil anterior têm uma aparência serrilhada na fixação às costelas e interdigitação
com o músculo oblíquo externo (Figura 1.28). Muitas vezes as costelas inferiores e as margens costais são visíveis,
sobretudo quando os músculos abdominais são contraídos para “encolher a
barriga”. A musculatura
intercostal normalmente não é
visível; entretanto,
em casos (raros) de ausência ou atrofia da musculatura intercostal, os espaços intercostais tornam-se aparentes com a respiração: durante a inspiração, quando são côncavos;
durante a expiração, quando se projetam para fora.
Figura 1.28 Anatomia de superfície da musculatura da parede torácica.
As mamas femininas variam em tamanho, formato e
simetria — até mesmo entre as duas mamas de uma pessoa. As faces superiores achatadas não mostram demarcação nítida da face anterior da parede torácica, mas as margens laterais e inferiores são bem definidas (Figura 1.29). Muitas vezes há proeminência das veias na superfície das mamas,
principalmente durante a gravidez.
A papila mamária é circundada
pela aréola pigmentada, ligeiramente
elevada e circular, cuja cor depende da cor da pele. A aréola geralmente
escurece durante
a gravidez e preserva a pigmentação escurecida. A aréola normalmente é pontilhada pelas aberturas
papulares (pequenas
elevações) das glândulas
areolares (glândulas sebáceas na
pele
da aréola). Às vezes há inversão
(retração) de uma ou ambas as papilas; essa pequena anomalia congênita pode dificultar a amamentação.
Em homens e mulheres nulíparas
jovens — aquelas que nunca tiveram um filho viável — com mamas de tamanho médio, a papila situa-se anterior ao 4o espaço intercostal, distante
aproximadamente 10 cm da LMA. Em geral, porém, a posição das papilas varia muito com o tamanho
da mama, sobretudo em mulheres multíparas – aquelas que deram
à luz duas ou mais crianças.
Assim,
tendo em vista as variações
no tamanho e formato,
as papilas não servem como referência segura para localizar o 4o espaço intercostal em mulheres adultas.
MAMAS
Alterações nas mamas
Durante o período menstrual e a gravidez ocorrem alterações nos tecidos mamários, como a ramificação dos ductos lactíferos. Embora as glândulas mamárias estejam prontas para a secreção no meio da gravidez, a produção de leite só se inicia logo após o nascimento do bebê. O colostro, um líquido cremoso, branco a amarelado, que precede o leite, pode ser secretado
pelas
papilas mamárias
no último
trimestre
de gravidez e
durante episódios
iniciais da amamentação. A credita-se que o colostro seja especialmente rico em proteínas, agentes imunes e um fator de crescimento que afeta o intestino do lactente. A s mamas das mulheres multíparas (que deram à luz duas vezes ou mais) costumam ser grandes e pendulares. A s mamas das mulheres idosas geralmente são pequenas em razão da diminuição da gordura e da atrofia do tecido glandular.
Quadrantes mamários
A superfície da mama é dividida em quatro quadrantes (Figura B1.5) para localização anatômica e descrição de tumores e cistos. Por exemplo, o médico pode escrever no prontuário: “Foi palpada massa irregular, de consistência dura, no quadrante superior medial da mama na posição de 2 horas, distante cerca 2,5 cm da margem da aréola.”
Figura B1.5 Quadrantes mamários.
Carcinoma da mama
O conhecimento da
drenagem linfática das mamas tem importância prática na
previsão da
metástase das células do carcinoma da
mama. Os carcinomas da mama são tumores malignos, geralmente adenocarcinomas originados nas células epiteliais dos ductos lactíferos nos lóbulos das glândulas mamárias (Figura B1.6A ). A s células cancerosas metatásticas que entram num vaso linfático geralmente atravessam dois ou três grupos de linfonodos antes de entrarem no sistema venoso.
A interferência do câncer na drenagem linfática pode causar linfedema que, por sua vez, pode resultar em desvio da papila mamária e
deixar a
pele espessa e
coriácea. A pele proeminente entre poros deprimidos tem uma aparência em casca de laranja (peau d’orange). Depressões maiores (do tamanho da ponta do dedo ou maiores) resultam da invasão cancerosa do tecido glandular e fibrose (degeneração fibrosa), que causa encurtamento ou tração dos ligamentos suspensores da mama. O câncer de
mama subareolar pode causar retração da papila mamária por um mecanismo semelhante, acometendo os ductos lactíferos.
O câncer de mama costuma se disseminar pelos vasos linfáticos (metástase
linfogênica), que levam células cancerosas da mama para os linfonodos, sobretudo aqueles situados na axila. A s células alojam-se nos linfonodos, produzindo focos de células tumorais (metástases). Comunicações abundantes entre as vias linfáticas e
entre os linfonodos axilares, cervicais e paraesternais também podem causar metástases da mama para os linfonodos supraclaviculares, a mama oposta ou o abdome (Figura 1.24A e B). Como a maior parte da drenagem linfática da mama se faz para os linfonodos axilares, eles são o local mais comum de metástase de um câncer de mama. O aumento desses linfonodos palpáveis sugere a possibilidade de câncer de mama e pode ser fundamental para a
detecção precoce. Entretanto, a ausência de linfonodos axilares aumentados não garante que não houve metástase de
um
câncer de
mama; as células malignas podem ter passado para outros linfonodos, como os linfonodos infraclaviculares e supraclaviculares.
A s veias intercostais posteriores drenam para o sistema venoso ázigo/hemiázigo ao longo dos corpos vertebrais (ver Figura 1.38B) e se comunicam com o plexo venoso vertebral interno que circunda a medula espinal. A s células cancerosas também se disseminam da mama por essas vias venosas para as vértebras, e daí para o crânio e o encéfalo. O câncer também se dissemina por contiguidade (invasão do tecido adjacente). Quando as células do câncer de mama invadem o espaço retromamário (Figura 1.22), se fixam ou invadem a fáscia peitoral sobre o músculo peitoral maior, ou metastatizam para os linfonodos interpeitorais, a mama se eleva quando o músculo contrai. Esse movimento é um sinal clínico de câncer de mama avançado. Para observar esse movimento para cima, o médico instrui a paciente a
colocar as mãos nos quadris e fazer força, puxando os cotovelos para a frente, a fim de contrair os músculos peitorais.
Mamografia
O exame radiográfico das mamas, mamografia, é uma das técnicas usadas para detectar massas na mama (Figura B1.6B). O carcinoma apresenta-se como uma área densa grande e irregular na imagem da mamografia. A pele sobre o tumor é espessa (duas setas superiores na Figura B1.6C) e há depressão da papila mamária. Os cirurgiões usam a mamografia como guia ao remover tumores, cistos e abscessos da mama.
Incisões cirúrgicas da mama
Sempre que possível, as incisões cirúrgicas são feitas nos quadrantes inferiores da mama, visto que são menos vascularizados do que os superiores. A transição entre a parede torácica e
a mama é
mais abrupta inferiormente, produzindo uma linha, dobra ou prega cutânea profunda — o sulco inframamário (Figura 1.29). A s incisões feitas ao longo dessa dobra são menos visíveis e podem ser ocultas pela mama superposta. A s incisões que precisam ser feitas perto da aréola ou na própria mama geralmente são radiais de cada lado da papila (as linhas de clivagem de Langer são transversais nessa área) ou circunferenciais (Figura I.7, na Introdução).
A mastectomia (excisão da mama) não é
tão comum quanto já foi como tratamento do câncer de mama. Na mastectomia simples, a mama é removida até o espaço retromamário. A mastectomia radical, um procedimento cirúrgico mais extenso, inclui a retirada da mama, dos músculos peitorais, da gordura, da fáscia e
do maior número possível de linfonodos na axila e região peitoral. A tualmente, muitas vezes são removidos apenas o tumor e os tecidos adjacentes — uma nodulectomia ou quadrantectomia (conhecida como cirurgia conservadora da mama, excisão local ampla) — seguida por radioterapia (Goroll,2009).
Polimastia, politelia e amastia
A polimastia (mamas supranumerárias) ou politelia (papilas mamárias acessórias) pode
ser encontrada superior ou inferiormente ao par normal, às vezes na fossa axilar ou na parede anterior do abdome (Figuras 1.29 e B1.7). A s mamas supranumerárias consistem apenas em papila e aréola rudimentares, que podem ser confundidas com um nevo até mudarem de
pigmentação, junto com as papilas mamárias normais, durante a
gravidez. Entretanto, também pode haver tecido glandular, que se desenvolve ainda mais com a lactação. Essas mamas supranumerárias podem surgir em qualquer ponto ao longo de uma linha que se estende da axila até a região inguinal — a
localização da crista mamária embrionária (a linha láctea) que dá origem às mamas, e ao longo da qual surgem as mamas em animais com várias mamas. Pode
não haver desenvolvimento mamário (amastia), ou pode haver uma papila mamária e/ou aréola, mas sem tecido glandular.
Figura B1.7 Polimastia e politelia.
Câncer de mama em homens
A proximadamente 1,5% dos cânceres de mama ocorrem em homens. Como nas mulheres, o câncer geralmente metastatiza para os linfonodos axilares, mas também para os ossos, a pleura, os pulmões, o fígado e a pele. O câncer de mama afeta cerca de 1.000 homens por ano nos Estados Unidos (Swartz, 2009). Uma massa subareolarvisível e/ou palpável ou secreção mamilar pode indicar um tumor maligno. O câncer de mama em homens tende a infiltrar a fáscia peitoral, o músculo peitoral maior e os linfonodos apicais na axila. Embora o câncer de mama seja raro em homens, as consequências são graves porque frequentemente só são detectados quando há metástases extensas — por exemplo, nos ossos.
Ginecomastia
O discreto aumento temporário das mamas masculinas é normal (frequência = 70%) na puberdade (10 a 12 anos de idade). A hipertrofia da mama em homens após a puberdade (ginecomastia) é relativamente rara (<1%) e pode estar
relacionada
à idade ou
ao uso de medicamentos (p. ex.,
após tratamento
do câncer
de próstata com dietilestilbestrol). A ginecomastia
também pode ser causada
por
um desequilíbrio entre hormônios estrogênicos
e androgênicos ou por alteração no metabolismo hepático dos hormônios sexuais. A ssim, a ginecomastia é considerada um sinal e
deve-se iniciar uma avaliação para excluir possíveis causas importantes, como cânceres da glândula suprarrenal ou do testículo
(Goroll,
2009).
Cerca
de 40%
dos
homens pós-púberes
com
síndrome de Klinefelter
(trissomia
XXY)
têm ginecomastia (Moore, Persaud e Torchia, 2012).
Pontos-chave
MAMAS E ANATOMIA DE SUPERFÍCIE DA PAREDE TORÁCICA
Mamas: A s glândulas mamárias estão situadas na tela subcutânea da mama, sobre os músculos peitoral maior e serrátil anterior e a fáscia muscular associada (o leito da mama). ♦ Os lóbulos de
tecido glandular convergem para a papila mamária, e cada um tem seu próprio ducto lactífero, que se abre nesse local. ♦ O quadrante superior lateral da mama tem a maior parte do tecido glandular, principalmente devido a uma
extensão que segue em direção à axila ou entra nela
(processo axilar), e, portanto, é o local da maioria dos tumores. ♦ A mama é servida pelos vasos torácicos internos e torácicos laterais e pelos 2° – 6° vasos e nervos intercostais. A maior parte da linfa da mama drena para os linfonodos axilares; isso é importante no tratamento do câncer de mama. ♦ Como as glândulas mamárias e os linfonodos axilares são superficiais, a palpação de tumores primários e metastáticos durante o exame de rotina da mama permite detecção e tratamento precoces.
Anatomia de superfície da parede torácica: A parede torácica tem muitas características visíveis e/ou palpáveis úteis no exame da parede e das características das vísceras subjacentes. ♦ A s costelas e os espaços intercostais, contados a partir da costela II no nível do ângulo do esterno, estabelecem a latitude. ♦ A s clavículas, papilas mamárias, pregas axilares, escápulas e coluna vertebral determinam a longitude. ♦ A s mamas são características proeminentes e, nos homens, as papilas mamárias demarcam o 4o espaço intercostal.












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