sábado, 24 de junho de 2017

PARTE PARASSIMPÁTICA (CRANIOSSACRAL) DA DASN



Fonte : Livro Anatomia Orientada Para A Clínica - 7ª Ed. 

Autores: Keith L. Moore / Arthur F. Dalley / Anne M. R. Agur

Os corpos celulares  dos neurônios  parassimpáticos  pré-sinápticos  estão localizados  em duas regiões no SNC e suas fibras saem por duas vias. Essa organização é responsável pelo nome alternativo “craniossacral da parte parassimpática da DASN (Figura I.48):

   Na substância cinzenta do tronco encefálico,  as fibras saem do SNC nos nervos cranianos III, VII, IX e X; essas fibras constituem a parte parassimpática craniana.

   Na substância  cinzenta  dos segmentos  sacrais  da medula  espinal (S2–S4),  as fibras  saem do SNC através  das raízes anteriores dos nervos espinais sacrais S2–S4 e dos nervos esplâncnicos lvicos originados de seus ramos anteriores; essas fibras constituem a parte parassimpática pélvica.



Não causa surpresa  o fato de a parte craniana  ser responsável pela inervação parassimpática  da cabeça,  e de a partelvica ser responsável pela inervação parassimpática das vísceras lvicas. Entretanto, em termos de inervação das vísceras torácicas  e abdominais,  a parte  craniana,  por  intermédio  do nervo  vago  (NC  X),  é dominante.  Inerva  todas  as vísceras torácicas e a maior parte do sistema digestório, do esôfago até a maior parte do intestino grosso (até a flexura esquerda do colo).
A parte lvica para o sistema digestório inerva apenas o colo descendente, o colo sigmoide e o reto.

A despeito da extensa influência de sua parte craniana, o sistema parassimpático tem distribuição muito mais restrita do que o  sistema simpático.  O sistema parassimpático  é distribuído  apenas para a cabeça,  cavidades  viscerais  do tronco e tecidos eréteis dos órgãos genitais externos. Com a exceção desses últimos, não chega à parede do corpo ou aos membros; e com exceção  das partes iniciais  dos ramos anteriores  dos nervos espinais  S2–S4,  suas fibras não são componentes  dos nervos espinais ou de seus ramos.

quatro pares de gânglios parassimpáticos  na cabeça. Em outras partes, as fibras parassimpáticas  pré-sinápticas fazem sinapse com corpos celulares pós-sinápticos isolados ou na parede do órgão-alvo (gânglios intrínsecos ou entéricos). Consequentemente, nessa divisão, a maioria das fibras pré-sinápticas é muito longa, estendendo-se do SNC até o órgão efetor, enquanto as fibras pós-sinápticas são muito curtas, partindo de um gânglio localizado perto ou alojado no órgão efetor.

FUNÇÕES DAS PARTES DA DASN


Embora os sistemas  simpático  e parassimpático  inervem  estruturas  involuntárias  (e muitas vezes afetem  as mesmas),  têm efeitos diferentes, geralmente  contrastantes,  porém coordenados (Figuras I.46 e I.48). Em geral, o sistema simpático é um sistema  catabólico  (com  gasto  energético)  que permite  ao corpo  lidar  com estresses,  como  ao preparar  o corpo  para a resposta de luta ou fuga. O sistema parassimpático é basicamente um sistema homeostático ou anabólico (conservador de energia), que promove os processos silenciosos e ordenados do corpo, como aqueles que permitem ao corpo se alimentar e assimilar o alimento.
 
Figura I.48 Parte parassimpática (craniossacral) da DASN. Os corpos celulares dos nervos parassimticos pré-sinápticos estão localizados em extremidades opostas do SNC e suas fibras saem por duas vias diferentes: (1) na substância cinzenta do tronco encefálico, com saída de fibras do SNC nos nervos cranianos III, VII, IX e X (essas fibras constituem a parte parassimtica craniana), e (2) na substância cinzenta dos segmentos sacrais (S2–S4) da medula espinal, com saída de fibras do SNC através das raízes anteriores dos nervos espinais S2–S4 e dos nervos esplâncnicos lvicos originados nos ramos anteriores. (Essas fibras constituem a parte parassimtica lvica.) A parte craniana é responsável pela inervação parassimtica da cabeça, do pescoço e da maior parte do tronco; a partelvica é responsável pela inervação parassimtica das vísceras lvicas.



A principal função do sistema simpático é controlar os vasos sanguíneos. Isso é realizado por vários mecanismos que têm efeitos diferentes.  Os vasos sanguíneos de todo o corpo são tonicamente  inervados pelos nervos simpáticos,  mantendo um estado de vasoconstrição moderada em repouso. Na maioria dos leitos vasculares, o aumento dos sinais simpáticos intensifica a vasoconstrição, e a diminuição da frequência de sinais simpáticos permite vasodilatação. No entanto, em algumas regiões do corpo, os sinais simpáticos  são vasodilatadores  (isto é, substâncias  transmissoras  simpáticas  inibem a vasoconstrição  ativa, permitindo que os vasos sanguíneos sejam dilatados passivamente pela pressão do sangue). Nos vasos coronários, vasos dos músculos  esqueléticos  e  órgãos  genitais  externos,  a  estimulação  simpática  provoca  vasodilatação  (Wilson-Pauwels  et  al.,2010).

SENSIBILIDADE VISCERAL



As  fibras  aferentes  viscerais  têm  relações  anatômicas  e  funcionais  importantes  com  a  DASN.  Geralmente  não  temos consciência  dos  impulsos  sensitivos  dessas  fibras,  que  fornecem  informações  sobre  o  ambiente  interno  do  corpo.  Essas informações  são  integradas  no  SNC,  muitas  vezes  desencadeando  reflexos  viscerais,  somáticos  ou  ambos.  Os  reflexos viscerais controlam a pressão arterial e a bioquímica mediante alteração de funções como frequência cardíaca e respiratória e resistência vascular.
A sensibilidade visceral que atinge um nível consciente geralmente é percebida como dor difusa ou lica, pode haver ainda uma sensação de fome, plenitude ou náusea. Os cirurgiões que operam pacientes sob anestesia local podem manusear, cortar, clampear, ou até mesmo cauterizar órgãos viscerais sem provocar sensação consciente. No entanto, a estimulação adequada, como as mostradas a seguir, pode causar dor visceral:

   Distensão súbita
   Espasmos ou contrações fortes
   Irritantes químicos
   Estimulação mecânica, principalmente quando o órgão é ativo
   Distúrbios patológicos (principalmente isquemia) que reduzem os limiares normais de estimulação.

A atividade  normal  geralmente  não  produz  sensação,  mas  isso  pode  acontecer  quando  o  suprimento  sanguíneo  é inadequado  (isquemia).  A maior  parte  da  sensibilidade  reflexa  (inconsciente)  visceral  e  parte  da  dor  seguem  nas  fibras aferentes  viscerais  que  acompanham  as  fibras  parassimpáticas  retrogradamente.  A maioria  dos  impulsos  de  dor  visceral (provenientes  do coração  e da maioria  dos  órgãos  da cavidade  peritoneal)  segue  em  direção  central  ao longo  das  fibras aferentes viscerais que acompanham as fibras simpáticas.




Pontos-chave

DIVISÃO AUTÔNOMA DO SISTEMA NERVOSO


A divisão autônoma do sistema nervoso é uma subdivisão do sistema nervoso motor que controla as funções do corpo que não estão sob controle consciente. Dois neurônios, uma fibra pré-sináptica e uma pós-sináptica, unem o SNC a um órgão final, formado por músculo liso, glândula ou músculo cardíaco modificado. Com base na localização do corpo celular das fibras pré-sinápticas, o SNA pode ser subdividido em duas partes: simpática e parassimpática. Os corpos celulares pré- sinápticos da parte simpática são encontrados apenas nas colunas celulares intermédias da substância cinzenta na medula espinal toracolombar, que são organizadas de forma somatotópica. A s fibras nervosas simpáticas pré-sinápticas terminam nos gânglios simpáticos formados pelos corpos celulares de neurônios simpáticos pós-sinápticos. Os gânglios simpáticos estão localizados nos troncos simpáticos (gânglios paravertebrais) ou ao redor das raízes dos principais ramos da parte abdominal da aorta (gânglios pré-vertebrais). Os corpos celulares dos neurônios pré-sinápticos da parte parassimpática estão localizados na substância cinzenta do tronco encefálico e nos segmentos sacrais da medula espinal. Os corpos celulares de neurônios parassimpáticos pós-sinápticos do tronco estão localizados sobre a estrutura inervada ou dentro dela, enquanto os corpos celulares da caba estão organizados em gânglios distintos. A s partes simpática e parassimpática geralmente têm efeitos opostos, mas coordenados. O sistema simpático essencialmente regula os vasos sanguíneos e facilita as respostas de emergência (luta ou fuga). O sistema parassimpático distribuído apenas para as vísceras da cabeça, pescoço e cavidades do tronco e os tecidos eréteis dos órgãos genitais está relacionado principalmente com a conservação do corpo, muitas vezes revertendo os efeitos da estimulação simpática. Alguns nervos que distribuem fibras autônomas para as cavidades do corpo também contêm fibras sensitivas viscerais que conduzem impulsos de dor ou reflexos. 




 

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