Face
A face é a superfície anterior da cabeça, da fronte ao queixo e de uma orelha à outra. A face determina nossa identidade como
ser humano; assim, suas malformações, cicatrizes ou outras alterações causadas por doença ou traumatismo têm
consequências marcantes que ultrapassam os efeitos físicos.
O formato básico da face é determinado pelos ossos subjacentes. A individualidade resulta principalmente da variação
anatômica: diferenças do formato e proeminência relativa dos acidentes ósseos do crânio; deposição de tecido adiposo; da cor
e dos efeitos do envelhecimento sobre a pele; e abundância, natureza e distribuição dos pelos na face e no couro cabeludo. O
tamanho relativamente grande dos corpos adiposos da bochecha em lactentes impede seu colapso durante a sucção e
produz a aparência bochechuda. Os ossos da face crescem por mais tempo do que os da calvária. O crescimento do etmoide,
das cavidades orbitais e das partes superiores das cavidades nasais está quase completo aos 7 anos de idade. A expansão das
órbitas e o crescimento do septo nasal deslocam as maxilas em sentido inferoanterior. O crescimento da face é considerável na
infância, quando os seios paranasais se desenvolvem e os dentes permanentes irrompem.
A face é importante na comunicação. Nossas interações com outras pessoas ocorrem principalmente por intermédio dela
(inclusive das orelhas); daí o termo interface para designar uma área de interação. Embora seu formato e suas peculiaridades
garantam nossa identidade, grande parte do efeito que exercemos sobre os outros e de suas ideias a nosso respeito resulta de
como usamos os músculos faciais para produzir pequenas alterações nos elementos que constituem a expressão facial.
Couro cabeludo
O couro cabeludo é formado por pele (normalmente com pelos) e tecido subcutâneo, que cobrem o neurocrânio desde as
linhas nucais superiores no occipital até as margens supraorbitais do frontal (Figuras 7.3 e 7.4A). Lateralmente, o couro
cabeludo estende-se sobre a fáscia temporal até os arcos zigomáticos.
O couro cabeludo tem cinco camadas, sendo que as três primeiras são muito próximas e se movem como uma só (p. ex.,
ao enrugar a fronte e movimentar o couro cabeludo). As cinco camadas são (Figura 7.15A):
Pele: fina, exceto na região occipital; contém muitas glândulas sudoríferas e sebáceas, além de folículos pilosos. A irrigação
arterial é abundante e há boa drenagem venosa e linfática
Tecido conectivo: forma a tela subcutânea espessa, densa e ricamente vascularizada, bem suprida por nervos cutâneos
Aponeurose (aponeurose epicrânica): a lâmina tendínea larga e forte que cobre a calvária e é o local de fixação dos
ventres musculares que convergem da fronte e do occipúcio (o músculo occipitofrontal) (Figura 7.15B) e dos temporais
de cada lado (os músculos temporoparietal e auricular superior). Juntas, essas estruturas constituem o epicrânio
musculoaponeurótico. O ventre frontal do músculo occipitofrontal puxa o couro cabeludo anteriormente, enruga a fronte e
eleva os supercílios; o ventre occipital do músculo occipitofrontal puxa o couro cabeludo posteriormente, alisando a pele
da fronte. O músculo auricular superior (na verdade, uma parte posterior especializada do músculo temporoparietal) eleva
a orelha. Todas as partes do epicrânio (músculo e aponeurose) são inervadas pelo nervo facial
Tecido conectivo frouxo: uma camada esponjosa contendo espaços virtuais, que podem ser distendidos por líquido em
caso de lesão ou infecção. Essa camada permite o livre movimento do couro cabeludo propriamente dito (as três
primeiras camadas — pele, tecido conectivo e aponeurose epicrânica) sobre a calvária
5.
Figura 7.15 Camadas do couro cabeludo, crânio e meninges. A. A pele está firmemente unida à aponeurose epicrânica, que
se movimenta livremente sobre o pericrânio e o crânio por causa do tecido conectivo frouxo interposto. A aponeurose refere-se à
aponeurose epicrânica, o tendão intermediário plano do músculo occipitofrontal. As meninges cranianas e o espaço
subaracnóideo (leptomeníngeo) são mostrados. LCS = líquido cerebrospinal. B. O músculo occipitofrontal. A inervação dos dois
ventres pelos ramos auricular posterior e temporal do nervo facial é mostrada.
Pericrânio: uma camada densa de tecido conectivo que forma o periósteo externo do neurocrânio. Está firmemente fixado,
mas pode ser arrancado com facilidade do crânio de pessoas vivas, exceto nos locais onde é contínuo com o tecido fibroso
nas suturas do crânio.
Músculos da face e do couro cabeludo
Os músculos da face (músculos da expressão facial) estão na tela subcutânea da parte anterior e posterior do couro cabeludo,
face e pescoço. Eles movimentam a pele e modificam as expressões faciais para exprimir humor. A maioria dos músculos se
fixa ao osso ou fáscia e atua mediante tração da pele. A Figura 7.16 ilustra os músculos do couro cabeludo e da face e o
Quadro 7.3 apresenta suas fixações e ações. Alguns músculos e/ou grupos musculares serão analisados com mais detalhes.
Todos os músculos da expressão facial desenvolvem-se a partir do mesoderma nos segundos arcos faríngeos. Durante o
desenvolvimento embrionário há formação de uma lâmina muscular subcutânea que se estende sobre o pescoço e a face,
levando consigo ramos do nervo do arco (o nervo facial, NC VII) para suprir todos os músculos formados a partir do arco
(Moore et al., 2012). A lâmina muscular diferencia-se em músculos que circundam os orifícios da face (boca, olhos e nariz),
atuando como mecanismos esfincterianos e dilatadores que também criam diversas expressões faciais (Figura 7.17). Em vista
de sua origem embriológica comum, muitas vezes há fusão do músculo platisma e dos músculos da face, com entrelaçamento
de suas fibras.
MÚSCULOS DO COURO CABELUDO, DA FRONTE E DOS SUPERCÍLIOS
O músculo occipitofrontal é digástrico e plano, e seus ventres occipital e frontal têm um tendão comum, a aponeurose
epicrânica (Figuras 7.15 e 7.16A e B; Quadro 7.3). Como a aponeurose é uma camada do couro cabeludo, a contração
independente do ventre occipital retrai o couro cabeludo e a contração do ventre frontal o protrai. Agindo simultaneamente, o
ventre occipital, com fixações ósseas, e o ventre frontal, que não tem fixações ósseas, são sinérgicos; eles elevam os
supercílios e produzem rugas transversais na fronte, o que cria uma aparência de surpresa.
Figura 7.16 Músculos do couro cabeludo e da face.
Quadro 7.3 Músculos do couro cabeludo e da face.
Músculo
a Origem Inserção Principal(is) ação(ões)
Occipitofrontal
Ventre frontal
2 Aponeurose epicrânica
Pele e tela subcutânea dos
supercílios e da fronte
Eleva os supercílios e
enruga a pele da fronte;
protrai o couro cabeludo
(indicando surpresa ou
curiosidade)
Ventre occipital
1 Dois terços laterais da linha
nucal superior
Aponeurose epicrânica
Retrai o couro cabeludo;
aumenta a eficácia do ventre
frontal
Orbicular do olho
(esfíncter orbital)2,
3
Margem orbital medial;
ligamento palpebral medial;
lacrimal
Pele ao redor da margem da
órbita; lâminas tarsais
superior e inferior
Fecha as pálpebras: a parte
palpebral o faz com
suavidade; a parte orbital,
com firmeza (piscar)
Corrugador do
supercílio
2
Extremidade medial do arco
superciliar
Pele superior ao meio da
margem supraorbital e arco
superciliar
Leva o supercílio medial e
inferiormente, criando rugas
verticais acima do nariz (que
exprimem interesse ou
preocupação)
Prócero mais parte
transversa do M. nasal
4
Fáscia aponeurótica que
cobre o osso nasal e a
cartilagem nasal lateral
Pele da fronte inferior, entre
os supercílios
Abaixa a extremidade
medial do supercílio; enruga
a pele sobre o dorso do
nariz (exprimindo desdém
ou aversão)
Parte da asa do nariz
mais M. levantador do
lábio superior e asa do
nariz
4
Processo frontal da maxila
(margem inferomedial da
órbita)
Cartilagem alar maior
Abaixa a asa lateralmente,
dilatando a abertura nasal
anterior (i. e., “alargando as
narinas”, como durante a
raiva ou o esforço)
Orbicular da boca
(esfíncter oral)
4
Parte medial da maxila e
mandíbula; face profunda
da pele perioral; ângulo da
boca (modíolo)
Túnica mucosa dos lábios
O tônus fecha a rima da
boca; a contração fásica
comprime e protrai os
lábios (ao beijar) ou resiste
à distensão (ao soprar)
Levantador do lábio
superior
4 Margem infraorbital (maxila)
Pele do lábio superior
Parte dos Mm. dilatadores
da boca; retraem (elevam)
e/ou evertem o lábio
superior; aprofundam o
sulco nasolabial (exprimindo
tristeza)
Zigomático menor
4 Face anterior, zigomático
Bucinador (músculo da
bochecha)
4
Mandíbula, processos
alveolares da maxila e
mandíbula, rafe
pterigomandibular
Ângulo da boca (modíolo);
orbicular da boca
Pressiona a bochecha contra
os dentes molares; atua
com a língua para manter o
alimento entre as faces
oclusais e fora do vestíbulo
da boca; resiste à distensão
(ao soprar)
Zigomático maior
4 Face lateral do zigomático
Ângulo da boca (modíolo)
Parte dos Mm. dilatadores
da boca; elevam a
comissura labial —
bilateralmente para sorrir
(felicidade); unilateralmente
para zombar (desdém)
Levantador do ângulo da
boca
4
Maxila infraorbital (fossa
canina)
Parte dos Mm. dilatadores
da boca; alarga a rima da
boca, como ao sorrir com
os dentes à mostra ou fazer
careta
Risório
4
Fáscia parotídea e pele da
boca (muito variável)
Parte dos Mm. dilatadores
da boca; abaixa a comissura
labial bilateralmente para
exprimir reprovação
(tristeza) Abaixador do ângulo da Base anterolateral da
•
•
•
•
boca
5 mandíbula
Abaixador do lábio
inferior
5
Platisma e parte
anterolateral do corpo da
mandíbula
Pele do lábio inferior
Parte dos Mm. dilatadores
da boca; retrai (abaixa) e/ou
everte o lábio inferior
(“fazer beicinho”, tristeza)
Mentual
5
Corpo da mandíbula
(anterior às raízes dos
incisivos inferiores)
Pele do queixo (sulco
mentolabial)
Eleva e protrai o lábio
inferior; eleva a pele do
queixo (exprimindo dúvida)
Platisma
6
Tela subcutânea das regiões
infraclavicular e
supraclavicular
Base da mandíbula; pele da
bochecha e do lábio
inferior; ângulo da boca
(modíolo); orbicular da
boca
Abaixa a mandíbula (contra
resistência); tensiona a pele
da região inferior da face e
do pescoço (exprimindo
tensão e estresse)
aTodos os músculos faciais são inervados pelo nervo facial (NC VII) via ramo auricular posterior (1) ou ramos temporal (2), zigomático (3),
bucal (4), marginal da mandíbula (5) ou cervical (6) do plexo parotídeo.
MÚSCULOS DA BOCA, DOS LÁBIOS E DAS BOCHECHAS
Os lábios e o formato e grau de abertura da boca são importantes para a clareza da voz. Além disso, a comunicação vocal é
enfatizada pelas expressões faciais. Vários músculos alteram o formato da boca e dos lábios durante a fala e também durante
atividades como cantar, assobiar e fazer mímica. O formato da boca e dos lábios é controlado por um grupo tridimensional
complexo de alças musculares, que incluem (Figura 7.16B e C; Quadro 7.3):
Músculos elevadores, afastadores e eversores do lábio superior
Músculos depressores, afastadores e eversores do lábio inferior
Músculo orbicular da boca, o esfíncter ao redor da boca
Músculo bucinador, na bochecha.
Em repouso, os lábios ficam em suave contato e os dentes estão próximos.
O músculo orbicular da boca, o primeiro da série de esfíncteres associados ao sistema digestório, circunda a boca nos
lábios, controlando a entrada e a saída através da rima da boca. O músculo orbicular da boca é importante durante a
articulação (fala).
O músculo bucinador é retangular, plano e fino, e se fixa lateralmente aos processos alveolares da maxila e mandíbula,
em oposição aos dentes molares, e à rafe pterigomandibular, um espessamento tendíneo da fáscia bucofaríngea que separa
e dá origem ao músculo constritor superior da faringe posteriormente. O músculo bucinador ocupa um plano mais profundo e
medial do que os outros músculos da face; passa profundamente à mandíbula, de modo que está mais próximo da túnica
mucosa da boca do que da pele da face. O músculo bucinador, ativo ao sorrir, também mantém as bochechas tensas, evitando
seu pregueamento e lesão durante a mastigação.
Figura 7.17 Músculos da expressão facial em ação. Esses músculos são esfíncteres e dilatadores superficiais dos orifícios da
cabeça. Os músculos faciais, supridos pelo nervo facial (NC VII), estão fixados à pele da face, a qual movimentam, produzindo
muitas expressões faciais.
Na parte anterior, as fibras do músculo bucinador misturam-se medialmente àquelas do músculo orbicular da boca, e o
tônus dos dois músculos comprime as bochechas e os lábios contra os dentes e gengivas. A contração tônica do músculo
bucinador e principalmente do músculo orbicular da boca oferece resistência suave, porém contínua, à tendência de inclinação
externa dos dentes. Na presença de um lábio superior curto, ou de afastadores que anulam essa força, os dentes tornam-se
tortos ou protrusos.
Os músculos orbicular da boca (na face labial) e bucinador (na face bucal) atuam juntamente com a língua (na face lingual)
para manter o alimento entre as faces oclusais dos dentes durante a mastigação e evitar o acúmulo de alimento no vestíbulo da
boca. O músculo bucinador também ajuda as bochechas a resistirem às forças geradas pelo assobio e sucção; o músculo
recebeu esse nome porque comprime as bochechas ao soprar (p. ex., quando um músico toca um instrumento de sopro). A
distensão dos músculos bucinadores e de outros músculos da bochecha em alguns trompetistas (como o memorável e falecido
Dizzy Gillespie) é tamanha que suas bochechas estufam-se quando eles sopram os instrumentos com força.
Vários músculos dilatadores irradiam-se dos lábios e ângulos da boca, como os raios de uma roda, retraindo as várias
margens da rima da boca em conjunto, em grupos ou de modo individual. Lateralmente aos ângulos da boca ou comissuras
labiais (as junções dos lábios superiores e inferiores), fibras de até nove músculos da face se entrelaçam ou se fundem em
uma formação muito variável e multiplanar denominada modíolo, que é a principal responsável pelas covinhas observadas em
muitos indivíduos.
O músculo platisma é uma lâmina larga e fina de músculo na tela subcutânea do pescoço (Figura 7.16A e B; Quadro
7.3). As margens anteriores dos dois músculos cruzam-se sobre o queixo e se fundem aos músculos da face. Agindo a partir
de sua fixação superior, o músculo platisma tensiona a pele, produz sulcos cutâneos verticais, conduz grande tensão e libera a
pressão sobre as veias superficiais. Atuando a partir de sua fixação inferior, o músculo platisma ajuda a abaixar a mandíbula e
abaixa os ângulos da boca, como ao fazer uma careta.
1.
2.
3.
MÚSCULOS DA ABERTURA DA ÓRBITA
A função das pálpebras é proteger os bulbos do olho contra lesões e luz excessiva. As pálpebras também distribuem as
lágrimas e mantêm a córnea úmida.
O músculo orbicular do olho fecha as pálpebras e enruga a fronte verticalmente (Figuras 7.16A e B e 7.18; Quadro 7.3).
Suas fibras formam círculos concêntricos em torno da margem orbital e das pálpebras. A contração dessas fibras estreita a
rima das pálpebras e auxilia o fluxo de líquido lacrimal por meio do início da união das pálpebras na parte lateral, fechando a
rima das pálpebras na direção lateromedial. O músculo orbicular do olho tem três partes:
Parte palpebral: originada no ligamento palpebral medial e localizada principalmente nas pálpebras, as quais fecha
suavemente (como ao piscar ou dormir) para evitar o ressecamento da córnea
Parte profunda: passa posteriormente ao saco lacrimal e movimenta as pálpebras medialmente, auxiliando a drenagem das
lágrimas
Parte orbital: sobrejacente à margem orbital e fixada ao frontal e à maxila medialmente, fecha as pálpebras com firmeza
(como ao piscar com força ou semicerrar os olhos) para proteger os bulbos dos olhos contra a luz e a poeira.
A contração das três partes do músculo orbicular do olho fecha os olhos com firmeza (Figuras 7.17 e 7.18C).
MÚSCULOS DO NARIZ E DAS ORELHAS
Como mostrado em “Dilatação das narinas”, no boxe azul mais adiante, os músculos do nariz sinalizam comportamentos
respiratórios. De resto, embora sejam importantes do ponto de vista funcional em alguns mamíferos (elefantes, tapires,
coelhos e alguns mamíferos aquáticos), esses músculos têm importância relativamente pequena nos seres humanos, exceto em
termos de expressão facial e no campo especializado da cirurgia plástica estética. Os músculos das orelhas, importantes nos
animais capazes de levantar ou apontar as orelhas em direção à origem dos sons, são ainda menos importantes nos seres
humanos.
Nervos da face e do couro cabeludo
O nervo trigêmeo (NC V) é o principal responsável pela inervação cutânea (sensitiva) da face e da parte anterossuperior do
couro cabeludo; e o nervo facial (NC VII) é o responsável pela inervação motora dos músculos faciais.
NERVOS CUTÂNEOS DA FACE E DO COURO CABELUDO
O nervo trigêmeo (NC V) origina-se na face lateral da ponte do mesencéfalo por meio de duas raízes: motora e sensitiva.
Essas raízes são comparáveis às raízes motoras (anteriores) e sensitivas (posteriores) dos nervos espinais. A raiz sensitiva do
NC V consiste em processos centrais de neurônios pseudounipolares localizados em um gânglio sensitivo (gânglio
trigeminal) na extremidade distal da raiz, que é contornado pelos axônios neuronais multipolares que formam a raiz motora.
O NC V é o nervo sensitivo da face e o nervo motor dos músculos da mastigação e de vários pequenos músculos (Figura
7.19).
Os prolongamentos periféricos dos neurônios do gânglio trigeminal constituem as três divisões do nervo: o nervo oftálmico
(NC V1
), o nervo maxilar (NC V2
) e o componente sensitivo do nervo mandibular (NC V3
). Esses nervos são nomeados de
acordo com as principais áreas onde terminam: olho, maxila e mandíbula, respectivamente. As duas primeiras divisões (nervos
oftálmico e maxilar) são apenas sensitivas. O nervo mandibular é principalmente sensitivo, mas também recebe as fibras
motoras (axônios) da raiz motora do NC V, que supre principalmente os músculos da mastigação. A Figura 7.20 ilustra os
nervos cutâneos derivados de cada divisão do NC V, e o Quadro 7.4 lista e descreve a origem, o trajeto e a distribuição de
cada nervo.
Os nervos cutâneos do pescoço superpõem-se aos da face. Os ramos cutâneos de nervos cervicais oriundos do plexo
cervical estendem-se sobre a face posterior do pescoço e do couro cabeludo. O nervo auricular magno em particular inerva
a face inferior da orelha externa e grande parte da região parotideomassetérica da face (a área sobre o ângulo da mandíbula).
Figura 7.18 Disposição e ações do músculo orbicular do olho. A. Partes orbital e palpebral do músculo orbicular do olho. B.
A parte palpebral fecha suavemente as pálpebras. C. A parte orbital fecha as pálpebras com firmeza.
Figura 7.19 Distribuição do nervo trigêmeo (NC V). A. As três divisões do NC V originam-se do gânglio trigeminal. Além do
gânglio trigeminal, um gânglio sensitivo (semelhante aos gânglios sensitivos do nervo espinal) e quatro gânglios parassimpáticos
(três deles mostrados aqui) estão associados a ramos do nervo trigêmeo. B. Ramos do nervo mandibular (NC V3
) seguem até os
músculos da mastigação. C. Esta vista em “livro aberto” da parede lateral e do septo da cavidade nasal direita mostra a
distribuição superficial e profunda do NC V1 e do NC V2
(e, incidentalmente, NC I) para a cavidade nasal e parte superior da
cavidade oral, na linha mediana da cabeça ou perto dela.
Figura 7.20 Nervos cutâneos da face e do couro cabeludo.
Quadro 7.4 Nervos cutâneos da face e do couro cabeludo.
Nervo Origem Trajeto Distribuição
Nervos cutâneos derivados do nervo oftálmico (NC V1)
Supraorbital
Maior ramo da bifurcação
do N. frontal,
aproximadamente no meio
do teto da órbita
Continua anteriormente ao
longo do teto da órbita,
emergindo através da
incisura ou forame
supraorbital; ascende na
fronte, dividindo-se em
ramos
Túnica mucosa do seio
frontal; pele e túnica
conjuntiva do meio da
pálpebra superior; pele e
pericrânio da região
anterolateral da fronte e
couro cabeludo até o vértice
(linha interauricular)
Supratroclear
Menor ramo da bifurcação
do N. frontal,
aproximadamente no meio
do teto da órbita
Continua em sentido
anteromedial ao longo do
teto da órbita, seguindo
lateralmente à tróclea e
ascendendo na fronte
Pele e túnica conjuntiva da
face medial da pálpebra
superior; pele e pericrânio
da região anteromedial da
fronte
Lacrimal
Menor ramo da trifurcação
do NC V1
, proximal à fissura
orbital superior
Segue em sentido
superolateral através da
órbita, recebendo fibras
secretomotoras através de
um ramo comunicante do
nervo zigomaticotemporal
Glândula lacrimal (fibras
secretomotoras); pequena
área de pele e túnica
conjuntiva da parte lateral
da pálpebra superior
Infratroclear
Ramo terminal (com o N.
etmoidal anterior) do N.
nasociliar
Acompanha a parede medial
da órbita, passando
inferiormente à tróclea
Pele lateral à raiz do nariz;
pele e túnica conjuntiva das
pálpebras adjacentes ao
canto medial, saco lacrimal
e carúncula lacrimal
Nasal externo
Ramo terminal do N.
etmoidal anterior
Emerge da cavidade nasal
passando entre o osso nasal
e a cartilagem nasal lateral
Pele da asa do nariz,
vestíbulo e dorso do nariz,
inclusive o ápice
Nervos cutâneos derivados do nervo maxilar (NC V2)
Infraorbital
Continuação do NC V2 distal
à sua entrada na órbita
através da fissura orbital
inferior
Atravessa o sulco
infraorbital e o canal no
assoalho da órbita, dando
origem a ramos alveolares
superiores; depois emerge
através do forame
infraorbital, dividindo-se
imediatamente em ramos
palpebral inferior, nasais
interno e externo, e labial
superior
Túnica mucosa do seio
maxilar; dentes pré-
molares, caninos e incisivos
maxilares; pele e túnica
conjuntiva da pálpebra
inferior; pele da bochecha,
região lateral do nariz e
região anteroinferior do
septo nasal; pele e túnica
mucosa oral do lábio
superior
Zigomaticofacial
Ramo terminal menor (com
o N. zigomaticotemporal)
do N. zigomático
Atravessa o canal
zigomaticofacial no
zigomático no ângulo
inferolateral da órbita
Pele na proeminência da
bochecha
Zigomaticotemporal
Ramo terminal maior (com
o N. zigomaticofacial) do N.
zigomático
Envia o ramo comunicante
para o N. lacrimal na órbita;
depois segue até a fossa
temporal através do canal
zigomaticotemporal no
zigomático
Pele sem pelos na parte
anterior da fossa temporal
Nervos cutâneos derivados do nervo mandibular (NC V3)
Auriculotemporal
Na fossa infratemporal
através de duas raízes do
tronco posterior do NC V3
que circundam a artéria
meníngea média
Segue em direção posterior,
profundamente ao ramo da
mandíbula e à parte
profunda superior da
glândula parótida,
emergindo posteriormente à
articulação
temporomandibular
Pele anterior à orelha e dois
terços posteriores da região
temporal; pele do trago e
hélice adjacente da orelha;
pele do teto do meato
acústico externo; e pele da
membrana timpânica
superior
Bucal
Na fossa infratemporal
como ramo sensitivo do
tronco anterior do NC V3
Passa entre duas partes do
M. pterigóideo lateral,
emergindo anteriormente
do revestimento do ramo da
mandíbula e M. masseter,
unindo-se aos ramos bucais
do N. facial
Pele e túnica mucosa oral da
bochecha (sobrejacente e
profundamente à parte
anterior do M. bucinador);
gengiva bucal adjacente ao
segundo e ao terceiro
molares
Mentual
Ramo terminal do N.
alveolar inferior (NC V3)
Emerge do canal
mandibular através do
forame mentual na face
anterolateral do corpo da
mandíbula
Pele do queixo e pele;
túnica mucosa oral do lábio
inferior
Nervos cutâneos derivados dos ramos anteriores dos nervos espinais cervicais
Auricular magno
Nn. espinais C2 e C3 através
do plexo cervical
Ascende verticalmente
através do músculo
esternocleidomastóideo,
posterior à veia jugular
externa
Pele sobre o ângulo da
mandíbula e lobo inferior da
orelha; bainha parotídea
Segue a margem posterior
Occipital menor
do músculo
esternocleidomastóideo;
depois ascende
posteriormente à orelha
Couro cabeludo posterior à
orelha
Nervos cutâneos derivados dos ramos posteriores dos nervos espinais cervicais
Occipital maior
Como ramo medial do ramo
posterior do N. espinal C2
Emerge entre o áxis e o M.
oblíquo inferior da cabeça;
depois perfura o M. trapézio
Couro cabeludo da região
occipital
Occipital terceiro
Como ramo lateral do ramo
posterior do N. espinal C3
Perfura o M. trapézio
Couro cabeludo das regiões
occipital inferior e
suboccipital
NERVO OFTÁLMICO
O nervo oftálmico (NC V1
), a divisão superior do nervo trigêmeo, é a menor das três divisões do NC V. Origina-se do
gânglio trigeminal como um nervo completamente sensitivo e supre a área de pele derivada da proeminência frontonasal
embrionária (Moore et al., 2012). Ao entrar na órbita através da fissura orbital superior, o NC V1
trifurca-se em nervos
frontal, nasociliar e lacrimal (Figura 7.19). Com exceção do nervo nasal externo, os ramos cutâneos do NC V1 chegam à pele
da face através da abertura da órbita (Figura 7.21).
O nervo frontal, o maior ramo produzido pela trifurcação do NC V1
, segue ao longo do teto da órbita em direção à
abertura da órbita, bifurcando-se aproximadamente no meio do caminho para formar os nervos cutâneos supraorbital e
supratroclear, distribuídos para a fronte e o couro cabeludo (Figuras 7.21 e 7.22).
O nervo nasociliar, o ramo intermediário da trifurcação do NC V1
, envia ramos para o bulbo do olho e divide-se na órbita
em nervos etmoidal posterior, etmoidal anterior e infratroclear (Figura 7.19). Os nervos etmoidais posterior e anterior deixam
a órbita, e este último segue um trajeto tortuoso através das cavidades do crânio e nasal. Seu ramo terminal, o nervo nasal
externo, é um nervo cutâneo que supre a parte externa do nariz. O nervo infratroclear é um ramo terminal do nervo
nasociliar e seu principal ramo cutâneo.
O nervo lacrimal, o menor ramo da trifurcação do NC V1
, é basicamente um ramo cutâneo, mas também tem algumas
fibras secretomotoras, enviadas através de um ramo comunicante, de um gânglio associado ao nervo maxilar para inervação
da glândula lacrimal (Figuras 7.20 e 7.21).
NERVO MAXILAR
O nervo maxilar (NC V2
), a divisão intermediária do nervo trigêmeo, também se origina como um nervo completamente
sensitivo (Figura 7.19A). O NC V2 segue anteriormente a partir do gânglio trigeminal e deixa o crânio através do forame
redondo na base da asa maior do esfenoide. O nervo maxilar entra na fossa pterigopalatina, onde emite ramos para o
gânglio pterigopalatino e continua anteriormente, entrando na órbita através da fissura orbital inferior (Figura 7.19). Dá
origem ao nervo zigomático e segue anteriormente até o sulco e o forame infraorbitais como o nervo infraorbital (Figura
7.21).
Figura 7.21 Nervos cutâneos da região orbital/periorbital. Os nervos cutâneos são mostrados em relação às paredes e
margem da órbita e do esqueleto fibroso das pálpebras. A pele da pálpebra superior é suprida por ramos do nervo oftálmico (NC
V1
), enquanto a pálpebra inferior é suprida principalmente por ramos do nervo maxilar (NC V2
).
O nervo zigomático segue até a parede lateral da órbita, dando origem a dois dos três ramos cutâneos do NC V2
, os
nervos zigomaticofacial e zigomaticotemporal. Este último nervo emite um ramo comunicante que leva fibras
secretomotoras para o nervo lacrimal. No trajeto até a face, o nervo infraorbital dá origem a ramos palatinos, ramos para a
túnica mucosa do seio maxilar e ramos para os dentes posteriores. Chega à pele da face através do forame infraorbital na
face infraorbital da maxila. Os três ramos cutâneos do nervo maxilar suprem a área de pele derivada das proeminências
maxilares embrionárias (Moore et al., 2012).
Figura 7.22 Nervos do couro cabeludo. Os nervos aparecem em sequência: NC V1
, NC V2
, NC V3
, ramos anteriores de C2 e
C3, e ramos posteriores de C2 e C3.
NERVO MANDIBULAR
O nervo mandibular (NC V3
) é a divisão maior e inferior do nervo trigêmeo (Figura 7.19A). É formado pela união de fibras
sensitivas do gânglio sensitivo com a raiz motora do NC V no forame oval na asa maior do esfenoide, através do qual o NC
V3 emerge do crânio. O NC V3
tem três ramos sensitivos que suprem a área da pele derivada da proeminência mandibular
embrionária. Também envia fibras motoras para os músculos da mastigação (Figura 7.19B). O NC V3 é a única divisão do NC
V que tem fibras motoras. Os principais ramos cutâneos do NC V3 são os nervos auriculotemporal, bucal e mentual. No
trajeto até a pele, o nervo auriculotemporal segue profundamente à glândula parótida, levando até ela fibras secretomotoras
oriundas de um gânglio associado a essa divisão do NC V.
NERVOS DO COURO CABELUDO
A inervação do couro cabeludo anterior às orelhas é feita por ramos de todas as três divisões do NC V, o nervo trigêmeo
(Figuras 7.20B, 7.22 e Quadro 7.4). Na região posterior às orelhas, a inervação provém dos nervos cutâneos espinais (C2 e
C3).
NERVOS MOTORES DA FACE
Os nervos motores da face são o nervo facial para os músculos da expressão facial e a raiz motora do nervo trigêmeo/nervo
mandibular para os músculos da mastigação (masseter, temporal, e pterigóideos medial e lateral). Esses nervos também
suprem alguns músculos mais profundos (descritos adiante neste capítulo em relação à boca, à orelha média e ao pescoço)
(Figura 7.19A).
NERVO FACIAL
O NC VII, o nervo facial, tem uma raiz motora e uma raiz sensitiva/parassimpática (sendo esta última o nervo intermédio).
A raiz motora do NC VII supre os músculos da expressão facial, inclusive o músculo superficial do pescoço (platisma),
músculos auriculares, músculos do couro cabeludo e alguns outros músculos derivados do mesoderma no segundo arco
faríngeo embrionário (Figura 7.23). Seguindo um trajeto tortuoso através do temporal, o NC VII emerge do crânio através do
forame estilomastóideo localizado entre os processos mastoide e estiloide (Figuras 7.9B e 7.11). Imediatamente dá origem ao
nervo auricular posterior, que segue posterossuperiormente à orelha para suprir o músculo auricular posterior e o ventre
occipital do músculo occipitofrontal (Figura 7.23A e C).
O tronco principal do NC VII segue anteriormente e é englobado pela glândula parótida, na qual forma o plexo
intraparotídeo. Este plexo dá origem aos cinco ramos terminais do nervo facial: temporal, zigomático, bucal, marginal da
mandíbula e cervical. Os nomes dos ramos referem-se às regiões que inervam. O Quadro 7.4 identifica os músculos
específicos supridos por cada ramo.
O ramo temporal do NC VII emerge da margem superior da glândula parótida e cruza o arco zigomático para suprir os
músculos auricular superior e auricular anterior; o ventre frontal do músculo occipitofrontal; e, mais importante, a parte
superior do músculo orbicular do olho.
O ramo zigomático do NC VII segue através de dois ou três ramos superiormente e, em especial, inferiormente ao olho
para suprir a parte inferior do músculo orbicular do olho e outros músculos faciais inferiores à órbita.
O ramo bucal do NC VII segue externamente ao músculo bucinador para suprir este músculo e os músculos do lábio
superior (partes superiores do músculo orbicular da boca e fibras inferiores do músculo levantador do lábio superior).
O ramo marginal da mandíbula do NC VII supre os músculos risório e do lábio inferior e do queixo. Emerge da
margem inferior da glândula parótida e cruza a margem inferior da mandíbula profundamente ao músculo platisma até chegar
à face. Esse ramo segue inferiormente ao ângulo da mandíbula em cerca de 20% das pessoas.
O ramo cervical do NC VII segue inferiormente a partir da margem inferior da glândula parótida e posteriormente à
mandíbula para suprir o músculo platisma (Figura 7.23).
Vasculatura superficial da face e do couro cabeludo
A face é ricamente suprida por artérias superficiais e veias externas, como comprovam o rubor e a palidez (p. ex., ao
empalidecer por causa do frio). Os ramos terminais de artérias e veias anastomosam-se livremente, o que inclui anastomoses
através da linha mediana com seus pares contralaterais.
ARTÉRIAS SUPERFICIAIS DA FACE
A maioria das artérias superficiais da face é ramo ou derivada de ramos da artéria carótida externa, como mostra a Figura
7.24. O Quadro 7.5 apresenta a origem, o trajeto e a distribuição dessas artérias. A artéria facial é a principal responsável
pelo suprimento arterial da face. Origina-se da artéria carótida externa e espirala-se até a margem inferior da mandíbula,
imediatamente anterior ao músculo masseter (Figuras 7.23C e 7.24B). Nesse local a artéria está em posição superficial,
imediatamente profunda ao músculo platisma. A artéria facial cruza a mandíbula, o músculo bucinador e a maxila enquanto
segue sobre a face até o ângulo medial do olho, onde se encontram as pálpebras superior e inferior (Figura 7.24B). A artéria
facial situa-se profundamente aos músculos zigomático maior e levantador do lábio superior. Perto do término de seu trajeto
sinuoso através da face, a artéria facial segue cerca de um dedo lateral ao ângulo da boca. A artéria facial envia ramos para os
lábios superior e inferior (as artérias labiais superior e inferior), ascende ao longo da lateral do nariz e se anastomosa com o
ramo nasal dorsal da artéria oftálmica. Distalmente à artéria nasal lateral na região lateral do nariz, a parte terminal da artéria
facial é denominada artéria angular.
A artéria temporal superficial é o menor ramo terminal da artéria carótida externa; o outro ramo é a artéria maxilar. A
artéria temporal superficial emerge na face entre a articulação temporomandibular (ATM) e a orelha, entra na fossa temporal e
termina no couro cabeludo dividindo-se em ramos frontal e parietal. Esses ramos arteriais acompanham ou seguem muito
próximos dos ramos correspondentes do nervo auriculotemporal.
A artéria facial transversa origina-se da artéria temporal superficial na glândula parótida e cruza a face superficialmente
ao músculo masseter (Figuras 7.23C e 7.24B), aproximadamente um dedo abaixo do arco zigomático. Divide-se em muitos
ramos que suprem a glândula parótida e seu ducto, o músculo masseter e a pele da face. Anastomosa-se com ramos da artéria
facial.
Além das artérias temporais superficiais, várias outras artérias acompanham nervos cutâneos na face. As artérias
supraorbitais e supratrocleares, ramos da artéria oftálmica, acompanham nervos do mesmo nome através dos supercílios e
da fronte (Figura 7.24; Quadro 7.5). A artéria supraorbital continua e supre a parte anterior do couro cabeludo até o vértice. A
artéria mentual, o único ramo superficial derivado da artéria maxilar, acompanha o nervo do mesmo nome no queixo.
ARTÉRIAS DO COURO CABELUDO
O couro cabeludo tem uma rica vascularização (Figura 7.24A; Quadro 7.5). As artérias seguem na segunda camada do couro
cabeludo, a camada de tecido conectivo subcutâneo entre a pele e a aponeurose epicrânica. As artérias anastomosam-se
livremente com artérias adjacentes e, através da linha média, com a artéria contralateral. As paredes arteriais estão firmemente
fixadas ao tecido conectivo denso no qual as artérias estão inseridas, o que limita sua capacidade de contração quando
seccionadas. Logo, as feridas do couro cabeludo estão associadas a hemorragia abundante.
Figura 7.23 Ramos do nervo facial (NC VII). A. Os ramos terminais do NC VII originam-se do plexo intraparotídeo na glândula
parótida. Eles emergem da glândula sob o revestimento de sua face lateral e geralmente irradiam-se em direção anterior através
da face. Embora esteja intimamente relacionado com a glândula parótida (e muitas vezes entre em contato com a glândula
submandibular através de um ou mais de seus ramos inferiores), o NC VII não envia fibras nervosas para as glândulas salivares.
Também são mostrados dois músculos que representam os extremos da distribuição do NC VII, o occipitofrontal e o platisma. B.
Um método simples para demonstrar e memorizar o trajeto geral dos cinco ramos terminais do NC VII até a face e o pescoço. C.
Dissecção do lado direito da cabeça mostrando o nervo auricular magno (C2 e C3), que supre a bainha da glândula parótida e a
pele sobre o ângulo da mandíbula, e ramos terminais do nervo facial, que suprem os músculos da expressão facial: B = bucal; C =
cervical; M = marginal da mandíbula; T = temporal; Z = zigomático.
Figura 7.24 Artérias superficiais da face e do couro cabeludo.
Quadro 7.5 Artérias superficiais da face e do couro cabeludo.
Artéria Origem Trajeto Distribuição
Facial A. carótida externa
Ascende profundamente à glândula
submandibular; espirala-se ao redor da
margem inferior da mandíbula e entra
na face
Músculos da expressão
facial e face
Labial inferior
A. facial perto do ângulo da
boca
Segue medialmente no lábio inferior Lábio inferior
Labial
superior
Segue medialmente no lábio superior
Lábio superior e asa
(lateral) e septo do nariz
Nasal lateral
A. facial quando ascende ao
longo do nariz
Segue até a asa do nariz Pele na asa e dorso do nariz
Angular Ramo terminal da A. facial Segue até o ângulo medial do olho
Parte superior da bochecha
e pálpebra inferior
Occipital A. carótida externa
Segue medial ao ventre posterior do M.
digástrico e processo mastoide;
acompanha o N. occipital na região
occipital
Couro cabeludo do dorso da
cabeça, até o vértice
Auricular
posterior
A. carótida externa
Segue posteriormente, profundamente à
glândula parótida, ao longo do processo
estiloide, entre o processo mastoide e a
orelha
Orelha e couro cabeludo
posterior à orelha
Ascende anteriormente à orelha até a
Temporal
superficial
Ramo terminal menor da A.
carótida externa
região temporal e termina no couro
cabeludo
Músculos faciais e pele das
regiões frontal e temporal
Facial
transversa
A. temporal superficial na
glândula parótida
Atravessa a face superficialmente ao M.
masseter e inferiormente ao arco
zigomático
Glândula parótida e ducto
parotídeo, músculos e pele
da face
Mentual
Ramo terminal da A.
alveolar inferior
Emerge do forame mentual e segue até
o queixo
Músculos faciais e pele do
queixo
Supraorbital
a
Ramo terminal da A.
oftálmica
Segue superiormente a partir do forame
supraorbital Músculos e pele da fronte e
couro cabeludo e túnica
conjuntiva superior
Supratroclear
a Segue superiormente a partir da incisura
supratroclear
aAorigem é a A. carótida interna.
A irrigação arterial provém das artérias carótidas externas por intermédio das artérias occipital, auricular posterior e
temporal superficial e das artérias carótidas internas por intermédio das artérias supratroclear e supraorbital. As artérias
do couro cabeludo levam pouco sangue para o neurocrânio, que é suprido basicamente pela artéria meníngea média.
VEIAS EXTERNAS DA FACE
A maioria das veias externas da face é drenada por veias que acompanham as artérias da face. Assim como na maioria das
veias superficiais, há muitas variações; a Figura 7.25 mostra um padrão comum e o Quadro 7.6 apresenta detalhes. O retorno
venoso da face normalmente é superficial, mas anastomoses com veias profundas, um seio dural e o plexo venoso podem
permitir drenagem profunda para as veias avalvulares.
Assim como as veias em outras partes do corpo, fazem muitas anastomoses, que permitem a drenagem por vias
alternativas durante períodos de compressão temporária. As vias alternativas incluem vias superficiais (por meio das veias
facial e retromandibular/jugular externa) e drenagem profunda (por meio das anastomoses com o seio cavernoso, o plexo
venoso pterigóideo e a veia jugular interna).
As veias faciais, que seguem com as artérias faciais ou paralelas a elas, são veias avalvulares responsáveis pela drenagem
superficial primária da face. As tributárias da veia facial incluem a veia facial profunda, que drena o plexo venoso
pterigóideo da fossa infratemporal. Inferiormente à margem da mandíbula, a veia facial se une ao ramo anterior
(comunicante) da veia retromandibular. A veia facial drena direta ou indiretamente para a veia jugular interna (VJI). No ângulo
medial do olho, a veia facial comunica-se com a veia oftálmica superior, que drena para o seio cavernoso.
A veia retromandibular é um vaso profundo da face formado pela união da veia temporal superficial com a veia maxilar,
sendo que esta drena o plexo venoso pterigóideo. A veia retromandibular segue posteriormente ao ramo da mandíbula dentro
da substância da parótida, superficialmente à artéria carótida externa e profundamente ao nervo facial. Quando emerge do
polo inferior da glândula parótida, a veia retromandibular divide-se em um ramo anterior, que se une à veia facial, e um ramo
posterior, que se une à veia auricular posterior, inferiormente à glândula parótida, para formar a veia jugular externa. Essa
veia segue em direção inferior e superficial no pescoço e deságua na veia subclávia.
VEIAS DO COURO CABELUDO
A drenagem venosa das partes superficiais do couro cabeludo é feita através das veias acompanhantes das artérias do couro
cabeludo, as veias supraorbitais e supratrocleares. As veias temporais superficiais e veias auriculares posteriores
drenam as áreas do couro cabeludo anteriores e posteriores às orelhas, respectivamente. Muitas vezes a veia auricular
posterior recebe uma veia emissária mastóidea do seio sigmóideo, um seio venoso da dura-máter (ver Figura 7.33). As veias
occipitais drenam a região occipital do couro cabeludo. A drenagem venosa de partes profundas do couro cabeludo na região
temporal se faz por meio das veias temporais profundas, que são tributárias do plexo venoso pterigóideo.
Figura 7.25 Veias da face e do couro cabeludo.
Quadro 7.6 Veias da face e do couro cabeludo.
Veia Origem Trajeto Término Área drenada
Supratroclear
Começa no plexo
venoso na fronte e
no couro cabeludo,
através do qual se
comunica com o
ramo frontal da V.
temporal superficial,
a veia contralateral e
V. supraorbital
Desce perto da linha mediana da
fronte até a raiz do nariz, onde se une
à V. supraorbital
V. angular na
raiz do nariz
Parte anterior
do couro
cabeludo e da
fronte
Supraorbital
Começa na fronte
anastomosando-se
com a tributária
frontal da V.
temporal superficial
Segue medialmente superior à órbita;
une-se à V. supratroclear; um ramo
atravessa a incisura supraorbital e se
une à V. oftálmica superior
Angular
Começa na raiz do
nariz pela união das
Vv. supratroclear e
supraorbital
Desce obliquamente ao longo da raiz
e face lateral do nariz até a margem
orbital inferior
Torna-se a V.
facial na
margem
inferior da
órbita
Parte anterior
do couro
cabeludo e
fronte;
pálpebras
superior e
inferior e túnica
conjuntiva;
pode receber a
drenagem do
seio cavernoso
Desce ao longo da margem lateral do
nariz, recebendo as Vv. nasal externa
Parte anterior
do couro
cabeludo e
fronte;
•
•
•
Facial
Continuação da V.
angular além da
margem inferior da
órbita
e palpebral inferior; depois segue
obliquamente através da face para
cruzar a margem inferior da
mandíbula; recebe comunicação da V.
retromandibular (depois do que, às
vezes, é denominada V. facial comum)
V. jugular
interna oposta
ou inferior ao
nível do hioide
pálpebras;
parte externa
do nariz;
região anterior
da bochecha;
lábios; queixo;
e glândula
submandibular
Facial profunda
Plexo venoso
pterigóideo
Segue anteriormente sobre a maxila,
superiormente ao M. bucinador e
profundamente ao M. masseter,
emergindo medialmente à margem
anterior do M. masseter para a face
Entra na face
posterior da V.
facial
Fossa
infratemporal
(a maioria das
áreas supridas
pela A.
maxilar)
Temporal
superficial
Começa a partir do
amplo plexo venoso
na lateral do couro
cabeludo e ao longo
do arco zigomático
As tributárias frontal e parietal se
unem anteriormente à orelha; cruza a
raiz temporal do arco zigomático para
sair da região temporal e entrar na
substância da glândula parótida
Une-se à veia
maxilar
posteriormente
ao colo da
mandíbula para
formar a V.
retromandibular
Região lateral
do couro
cabeludo; face
superficial do
M. temporal; e
orelha externa
Retromandibular
Formada
anteriormente à
orelha pela união
das Vv. temporal
superficial e maxilar
Segue posterior e profundamente ao
ramo da mandíbula através da
substância da glândula parótida;
comunica-se na extremidade inferior
com a veia facial
Une-se à V.
auricular
posterior para
formar a V.
jugular externa
Glândula
parótida e M.
masseter
DRENAGEM LINFÁTICA DA FACE E DO COURO CABELUDO
O couro cabeludo não tem linfonodos e, com exceção das regiões parotideomassetérica e da bochecha, a face não tem
linfonodos. A linfa do couro cabeludo, da face e do pescoço drena para o anel superficial de linfonodos — submentual,
submandibular, parotídeo, mastóideo e occipital — localizado na junção da cabeça e pescoço (Figura 7.26A). Os vasos
linfáticos da face acompanham outros vasos faciais. Os vasos linfáticos superficiais acompanham as veias, e os linfáticos
profundos acompanham as artérias. Todos os vasos linfáticos da cabeça e do pescoço drenam direta ou indiretamente para os
linfonodos cervicais profundos (Figura 7.26B), uma cadeia de linfonodos localizada ao longo da VJI no pescoço. A linfa
desses linfonodos profundos segue até o tronco linfático jugular, que se une ao ducto torácico no lado esquerdo e à VJI ou
veia braquiocefálica no lado direito. A seguir é apresentado um resumo da drenagem linfática da face:
A linfa da parte lateral da face e do couro cabeludo, inclusive das pálpebras, drena para os linfonodos parotídeos
superficiais
A linfa dos linfonodos parotídeos profundos drena para os linfonodos cervicais profundos
A linfa proveniente do lábio superior e das partes laterais do lábio inferior drena para os linfonodos submandibulares
•
Figura 7.26 Drenagem linfática da face e do couro cabeludo. A. Drenagem superficial. Um colar pericervical de linfonodos
superficiais é formado na junção da cabeça e pescoço pelos linfonodos submentuais, submandibulares, parotídeos, mastóideos e
occipitais. Esses linfonodos inicialmente recebem a maior parte da drenagem linfática da face e do couro cabeludo. B. Drenagem
profunda. Todos os vasos linfáticos da cabeça e do pescoço acabam por drenar para os linfonodos cervicais profundos, seja
diretamente a partir dos tecidos ou indiretamente depois de atravessarem um grupo distante de linfonodos.
A linfa proveniente do queixo e da parte central do lábio inferior drena para os linfonodos submentuais.
Anatomia de superfície da face
Apesar das variações aparentemente infinitas que permitem a identificação das pessoas como indivíduos, as características da
face humana são constantes (Figura 7.27). Os supercílios são áreas lineares de pelos sobre a margem orbital superior. A
região sem pelos entre os supercílios está sobre a glabela, e as cristas proeminentes que se estendem lateralmente de cada
lado acima dos supercílios são os arcos superciliares.
As pálpebras são pregas musculofibrosas móveis situadas sobre o bulbo do olho. Unem-se nos ângulos medial e lateral
do olho em cada extremidade da rima das pálpebras situada entre as pálpebras. A prega epicântica
*
(epicanto) é uma
dobra cutânea que cobre o ângulo medial do olho em algumas pessoas, principalmente em asiáticos. As depressões superior e
inferior às pálpebras são os sulcos suprapalpebral e infrapalpebral.
Figura 7.27 Anatomia de superfície da face.
O formato do nariz varia consideravelmente. O nariz externo tem um ápice proeminente e é contínuo com a fronte na raiz
(ponte) do nariz. A margem anterior arredondada entre a raiz e o ápice é o dorso do nariz. Inferiormente ao ápice, a cavidade
nasal de cada lado abre-se anteriormente através de uma narina, limitada medialmente pelo septo nasal e lateralmente por
uma asa do nariz.
Os lábios circundam a abertura da boca, a rima da boca. A margem vermelha do lábio marca o início da zona de
transição (comumente denominada lábio) entre a pele e a túnica mucosa do lábio. A pele da zona de transição não tem pelos
e é fina, o que aumenta sua sensibilidade e confere uma cor diferente (por causa dos leitos capilares subjacentes) da cor da
pele adjacente da face. A junção lateral dos lábios é a comissura dos lábios; o ângulo entre os lábios, medial à comissura,
que aumenta quando a boca se abre e diminui quando a boca se fecha, é o ângulo da boca.
A parte mediana do lábio superior apresenta um tubérculo, superiormente ao qual há um sulco superficial, o filtro (G.
feitiço de amor), que se estende até o septo nasal. As pregas musculofibrosas dos lábios continuam lateralmente como
bochechas, que também contêm o músculo bucinador e o corpo adiposo da bochecha. A bochecha é separada dos lábios pelo
sulco nasolabial, que segue obliquamente entre as asas do nariz e o ângulo da boca. É mais fácil observar esses sulcos
quando a pessoa está sorrindo. O lábio inferior é separado da protuberância mentual (mento ou queixo) pelo sulco
mentolabial. Os lábios, as bochechas e o queixo do homem maduro têm pelos como parte das características sexuais
secundárias, a barba.
FACE E COURO CABELUDO
Lacerações e incisões da face
Como a face não tem fáscia muscular distinta e o tecido subcutâneo entre as fixações cutâneas dos músculos da face
é frouxo, as lacerações na face tendem a se abrir (afastar-se muito). Assim, a pele deve ser suturada com cuidado
para evitar cicatrizes. A frouxidão da tela subcutânea também permite o acúmulo de líquido e sangue no tecido
conjuntivo frouxo após contusão.
Do mesmo modo, a inflamação da face causa edema considerável (p. ex., uma picada de abelha na ponte do nariz pode
causar o fechamento dos dois olhos). À medida que a pessoa envelhece, a pele perde sua resiliência (elasticidade).
Consequentemente, surgem sulcos e rugas perpendiculares à direção das fibras musculares da face. As incisões da pele ao
longo dessas linhas de clivagem ou rugas (linhas de Langer) deixam cicatrizes mínimas (ver, no boxe azul, “Incisões e
cicatrizes cutâneas”, na Introdução).
Lesões do couro cabeludo
Como se originam nas laterais da cabeça, as artérias do couro cabeludo são bem protegidas por tecido conjuntivo
denso e se anastomosam livremente, um couro cabeludo parcialmente descolado pode ser reposicionado com chance
razoável de cicatrização desde que um dos vasos permaneça intacto. Durante uma craniotomia vinculada (remoção
cirúrgica de um segmento da calvária com um retalho de tecidos moles do couro cabeludo para expor a cavidade do crânio),
as incisões geralmente são convexas e voltadas para cima, e a artéria temporal superficial é incluída no retalho de tecido.
Muitas vezes o couro cabeludo propriamente dito, as três primeiras camadas (ver Figura 7.15A), é considerado
clinicamente como uma única camada porque estas permanecem juntas quando se faz um retalho do couro cabeludo durante
a craniotomia e quando parte do couro cabeludo é arrancada (p. ex., em acidentes de trabalho). Os nervos e vasos do couro
cabeludo entram na parte inferior e ascendem através da segunda camada até a pele. Logo, retalhos de couro cabeludo com
pedículo cirúrgico são feitos de forma que permaneçam fixados inferiormente para preservar os nervos e vasos, promovendo
uma boa cicatrização.
As artérias do couro cabeludo levam pouco sangue para a calvária, que é irrigada basicamente pelas artérias meníngeas
médias. Portanto, a perda do couro cabeludo não causa necrose dos ossos da calvária.
Feridas do couro cabeludo
A aponeurose epicrânica é clinicamente importante. Devido à resistência dessa aponeurose, feridas superficiais no
couro cabeludo não se abrem, e as margens da ferida são mantidas juntas. Além disso, não são necessárias suturas
profundas para feridas superficiais, porque a aponeurose epicrânica não permite grande afastamento da pele. As
feridas profundas do couro cabeludo abrem-se muito quando a aponeurose epicrânica é lacerada no plano coronal por causa
da tração dos ventres frontal e occipital do músculo occipitofrontal em direções opostas (anterior e posteriormente).
Infecções do couro cabeludo
A camada de tecido conjuntivo frouxo (quarta camada) é a área de perigo do couro cabeludo, porque há fácil
disseminação de pus ou sangue nela. A infecção nessa camada também pode passar para a cavidade do crânio
através de pequenas veias emissárias, que atravessam os forames parietais na calvária, e chegam a estruturas
intracranianas como as meninges (Figura 7.8A e C). A infecção não passa para o pescoço, porque os ventres occipitais do
músculo occipitofrontal fixam-se ao occipital e às partes mastóideas dos temporais (Figura 7.16A). Também não se dissemina
lateralmente além dos arcos zigomáticos, porque a aponeurose epicrânica é contínua com a fáscia temporal que se fixa a
esses arcos.
Uma infecção ou líquido (p. ex., pus ou sangue) pode entrar nas pálpebras e na raiz do nariz porque o músculo
occipitofrontal se insere na pele e na tela subcutânea, e não se fixa ao osso (Figura 7.16B). A pele da pálpebra é a mais fina
do corpo e é delicada e sensível. Em face da natureza frouxa da tela subcutânea nas pálpebras, até mesmo uma lesão
relativamente pequena ou inflamação pode resultar em acúmulo de líquido, que causa edema palpebral. Golpes na região
periorbital geralmente causam lesão dos tecidos moles porque os tecidos são esmagados contra a margem forte e
relativamente saliente. Assim, “olhos roxos” (equimose periorbital) podem ser causados por lesão do couro cabeludo e/ou
fronte (Figura B7.12). A equimose decorre do extravasamento de sangue para a tela subcutânea e para a pele das pálpebras
e regiões adjacentes.
Figura B7.12 Equimose (extravasamento de sangue sob a pele).
Cistos sebáceos
Os ductos das glândulas sebáceas associadas aos folículos pilosos no couro cabeludo podem ser obstruídos,
resultando na retenção de secreções e na formação de cistos sebáceos (cistos epidérmicos). Como estão localizados
na pele, os cistos sebáceos movimentam-se com o couro cabeludo.
Cefalematoma
Às vezes, depois de um parto difícil, há sangramento entre o pericrânio (quinta camada do couro cabeludo; ver
Figura 7.15A) e a calvária do bebê, geralmente sobre um parietal. O sangue fica aprisionado nessa área, causando
um cefalematoma. Esse distúrbio benigno costuma resultar de traumatismo no parto, que rompe várias e pequenas
artérias periosteais que nutrem os ossos da calvária.
Dilatação das narinas
As ações dos músculos nasais (Figura 7.17; linha de cima, imagem do meio) costumam ser consideradas
insignificantes; entretanto médicos observadores estudam sua ação por causa de seu valor diagnóstico. Por exemplo,
respiradores nasais verdadeiros conseguem alargar visivelmente as narinas. A respiração habitual pela boca, causada
por obstrução nasal crônica, por exemplo, diminui e às vezes elimina a capacidade de alargar as narinas. Crianças
respiradoras bucais crônicas desenvolvem, com frequência, má oclusão dentária porque o alinhamento dos dentes é mantido
principalmente por períodos normais de oclusão e fechamento labial. Foram desenvolvidos dispositivos antirronco que são
fixados ao nariz para alargar as narinas e tornar as vias respiratórias mais pérvias.
Paralisia dos músculos faciais
A lesão do nervo facial (NC VII) ou de seus ramos causa paralisia de alguns ou de todos os músculos faciais no lado
afetado (paralisia de Bell). Há flacidez da área afetada e distorção da expressão facial, que parece passiva ou triste
(Figura B7.13). A perda do tônus do músculo orbicular do olho causa eversão da pálpebra inferior (afastamento da
superfície do bulbo do olho). Assim, o líquido lacrimal não se espalha sobre a córnea, impedindo a lubrificação adequada,
hidratação e lavagem da superfície da córnea.
Isso torna a córnea vulnerável à ulceração. A consequente cicatriz na córnea pode comprometer a visão. Se a lesão causar
enfraquecimento ou paralisia dos músculos bucinador e orbicular da boca, haverá acúmulo de alimento no vestíbulo da boca
durante a mastigação, em geral exigindo a remoção contínua com um dedo. Quando os músculos esfíncteres ou dilatadores
da boca são afetados, o deslocamento da boca (queda do ângulo) é causado pela contração sem oposição de músculos faciais
contralaterais e pela gravidade, resultando em gotejamento de alimento e saliva pelo canto da boca. O enfraquecimento dos
músculos labiais afeta a fala em virtude de redução da capacidade de produzir sons labiais (B, M, ou P). As pessoas afetadas
não conseguem assobiar nem tocar um instrumento de sopro. Secam os olhos e a boca com frequência com um lenço para
limpar o líquido (lágrimas e saliva), que escorre da pálpebra e da boca; o líquido e o ato de secar constantemente podem
resultar em irritação cutânea localizada.
Figura B7.13
Bloqueio do nervo infraorbital
O tratamento das feridas do lábio superior e da bochecha ou, com maior frequência, o reparo dos dentes incisivos
maxilares emprega anestesia local da parte inferior da face por infiltração de um agente anestésico no nervo
infraorbital. A injeção é administrada na região do forame infraorbital, elevando-se o lábio superior e introduzindo a
agulha através da junção da mucosa oral e gengiva na face superior do vestíbulo da boca.
Para determinar o local onde emerge o nervo infraorbital, aplica-se pressão sobre a maxila na região do forame
infraorbital. A compressão excessiva do nervo causa dor intensa. Como os vasos infraorbitais acompanhantes deixam o
forame infraorbital com o nervo, a aspiração da seringa antes da injeção evita a injeção acidental de anestésico em um vaso
•
•
•
sanguíneo. Como a órbita está localizada imediatamente acima do local de injeção, uma injeção sem cuidado poderia resultar
na entrada de líquido anestésico na órbita, causando paralisia temporária dos músculos extrínsecos do bulbo do olho.
Bloqueios dos nervos mentual e incisivo
Às vezes é desejável anestesiar um lado da pele e mucosa do lábio inferior e a pele do queixo (p. ex., para suturar
uma laceração grave do lábio). A injeção de um anestésico no forame mentual bloqueia o nervo mentual que supre a
pele e a mucosa do lábio inferior desde o forame mentual até a linha mediana, inclusive a pele do queixo.
Bloqueio do nervo bucal
Para anestesiar a pele e a mucosa da bochecha (p. ex., para suturar uma ferida produzida por uma faca), pode-se
injetar um anestésico na mucosa que cobre a fossa retromolar, uma depressão triangular posteriormente ao 3
o molar
mandibular, entre a margem anterior do ramo e a crista temporal.
Neuralgia do trigêmeo
A neuralgia do trigêmeo ou tic doulourex é um distúrbio sensitivo da raiz sensitiva do NC V, mais frequente em
pessoas de meia-idade e idosas. É caracterizada por crises súbitas de golpes excruciantes, semelhantes a faíscas. Um
paroxismo (dor súbita e aguda) pode durar 15 minutos ou mais. A dor pode ser tão intensa que a pessoa treme; daí
o termo comum tique (espasmo). Em alguns casos, a dor é tão intensa que ocorrem alterações psicológicas, causando
depressão e até mesmo tentativas de suicídio.
O NC V2 é acometido com maior frequência, depois o NC V3 e, com menor frequência, o NC V1
. Os paroxismos de dor
súbita em caráter de punhalada costumam ser desencadeados ao tocar a face, escovar os dentes, fazer a barba, beber ou
mastigar. Muitas vezes a dor é iniciada tocando-se uma zona de gatilho mais sensível, que frequentemente está localizada em
torno da ponta do nariz ou na bochecha (Haines, 2006). Na neuralgia do trigêmeo há desmielinização de axônios na raiz
sensitiva. Na maioria dos casos isso é causado por pressão de uma pequena artéria aberrante (Kiernan, 2008). Amiúde,
quando a artéria aberrante é afastada da raiz sensitiva do nervo V, os sintomas desaparecem. Outros pesquisadores acreditam
que o distúrbio seja causado por uma doença que afeta os neurônios no gânglio trigeminal.
A dor é aliviada com tratamento clínico ou cirúrgico, ou ambos. Quando há acometimento do NC V2
, foram feitas
tentativas para bloquear o nervo infraorbital no forame infraorbital com o uso de álcool. Em geral, esse tratamento causa
alívio temporário da dor. O procedimento cirúrgico mais simples é a avulsão ou secção dos ramos do nervo no forame
infraorbital.
Outros tratamentos empregaram ablação seletiva por radio-frequência de partes do gânglio trigeminal por um eletrodo de
agulha que atravessa a bochecha e o forame oval. Em alguns casos, é necessário seccionar a raiz sensitiva para obter alívio da
dor. Para evitar a regeneração de fibras nervosas, a raiz sensitiva do nervo trigêmeo pode ser parcialmente seccionada entre o
gânglio e o tronco encefálico (rizotomia). Embora os axônios possam se regenerar, isso não ocorre no tronco encefálico. Os
cirurgiões tentam distinguir e seccionar apenas as fibras sensitivas para a divisão do NC V envolvido.
O mesmo resultado pode ser obtido por secção do trato espinal do NC V (tratotomia). Depois dessa cirurgia, há perda da
sensibilidade à dor, temperatura e tato simples (leve) na área de pele e mucosa suprida pelo componente afetado do NC V.
Essa perda de sensibilidade perturba o paciente, que não reconhece a presença de alimento no lábio e na bochecha ou pode
não senti-lo na boca no lado da secção do nervo, mas essas incapacidades geralmente são preferíveis à dor excruciante.
Lesões do nervo trigêmeo
As lesões de todo o nervo trigêmeo causam anestesia difusa com acometimento da:
Metade anterior correspondente do couro cabeludo
Face, exceto uma área ao redor do ângulo da mandíbula, a córnea e a conjuntiva
Mucosa do nariz, boca e parte anterior da língua.
Também há paralisia dos músculos da mastigação.
Herpes-zóster do gânglio trigeminal
A infecção pelo vírus herpes-zóster pode lesar os gânglios cranianos. O acometimento do gânglio trigeminal ocorre
em cerca de 20% dos casos (Bernardini, 2010). A infecção é caracterizada pela erupção de grupos de vesículas que
seguem o trajeto do nervo afetado (p. ex., herpes-zóster oftálmico). Qualquer divisão do NC V pode ser acometida,
mas a divisão oftálmica é afetada com maior frequência. Em geral há acometimento da córnea, o que frequentemente resulta
em ulceração corneana dolorosa e subsequente fibrose da córnea.
Avaliação da função sensitiva do NC V
A função sensitiva do nervo trigêmeo é avaliada instruindo-se a pessoa a fechar os olhos e responder quando sentir
os tipos de toque. Por exemplo, um pedaço de gaze seca é passado suavemente sobre a pele de um lado da face e
depois na posição correspondente no outro lado. O teste então é repetido até que seja examinada a pele da fronte
(NC V1), da bochecha (NC V2) e da mandíbula (NC V3). Pergunta-se à pessoa se a sensação de um lado é igual ou diferente à
•
•
•
do outro lado. O teste pode então ser repetido usando instrumentos aquecidos ou frios e o toque suave de um alfinete, mais
uma vez alternando os lados (Figura B7.14).
Figura B7.14
Lesões do nervo facial
A lesão dos ramos do nervo facial causa paralisia dos músculos faciais (paralisia de Bell), com ou sem perda do
paladar nos dois terços anteriores da língua ou alteração da secreção das glândulas lacrimais e salivares (ver, neste
boxe azul, “Paralisia dos músculos faciais”, anteriormente). As lesões perto da origem do NC VII na ponte do encéfalo
ou proximais à origem do nervo petroso maior (na região do gânglio geniculado) resultam em perda das funções motora,
gustatória e autônoma. As lesões distais ao gânglio geniculado, mas proximais à origem do nervo corda do tímpano,
produzem a mesma disfunção, exceto pelo fato de não haver comprometimento da secreção lacrimal. As lesões perto do
forame estilomastóideo causam apenas perda da função motora (isto é, paralisia facial).
A paralisia do nervo facial tem muitas causas. A causa atraumática mais comum é a inflamação do nervo facial perto do
forame estilomastóideo (ver Figura 7.9A), não raro em virtude de uma infecção viral. Isso causa edema e compressão do
nervo no canal facial. A lesão do nervo facial pode ser ocasionada pela fratura do temporal; a paralisia facial é evidente logo
após a lesão. No caso de secção total do nervo, as chances de recuperação plena, ou mesmo parcial, são remotas. De modo
geral, há melhora do movimento muscular quando a lesão do nervo é causada por traumatismo craniano contundente; mas a
recuperação pode não ser completa (Rowland, 2010). A paralisia do nervo facial pode ser idiopática (sem causa conhecida),
mas não raro sucede a exposição ao frio, como ocorre ao andar de carro ou dormir com a janela aberta.
A paralisia facial pode ser uma complicação cirúrgica; logo, é imprescindível identificar o nervo facial e seus ramos
durante a cirurgia (p. ex., na parotidectomia, retirada de uma glândula parótida). O nervo facial é mais evidente quando
emerge do forame estilomastóideo; se necessário, pode ser usada estimulação elétrica para confirmação. A paralisia do nervo
facial também pode estar associada a manipulação dentária, vacinação, gravidez, infecção por HIV, doença de Lyme (distúrbio
inflamatório que causa cefaleia e rigidez de nuca) e infecções da orelha média (otite média). Como os ramos do nervo facial
são superficiais, estão sujeitos a lesão por instrumentos perfurocontundentes e por projéteis de arma de fogo, cortes e
tocotraumatismo (Figura 7.23):
Uma lesão do ramo zigomático do NC VII causa paralisia, inclusive perda do tônus do músculo orbicular do olho na
pálpebra inferior
A paralisia do ramo bucal do NC VII causa paralisia do músculo bucinador e da porção superior dos músculos orbicular da
boca e do lábio superior
Pode haver paralisia do ramo marginal da mandíbula do NC VII quando é feita uma incisão ao longo da margem inferior
da mandíbula. A lesão desse ramo (p. ex., durante uma cirurgia da glândula submandibular) causa paralisia da parte
inferior dos músculos orbicular da boca e do lábio inferior.
As consequências dessas paralisias são discutidas neste boxe azul, “Paralisia dos músculos faciais”, anteriormente.
Compressão da artéria facial
A artéria facial pode ser ocluída por pressão contra a mandíbula no local de cruzamento. Em face das numerosas
anastomoses entre os ramos da artéria facial e outras artérias da face, a compressão da artéria facial de um lado não
interrompe todo o sangramento no caso de laceração da artéria facial ou de um de seus ramos. Nas lacerações do
lábio, deve-se aplicar pressão nos dois lados do corte para interromper o sangramento. Em geral, as feridas da face sangram
livremente e cicatrizam rápido.
Pulsos das artérias da face e do couro cabeludo
As artérias temporal superficial e facial podem ser usadas para verificar o pulso arterial. Por exemplo,
anestesiologistas na cabeceira da mesa de cirurgia costumam verificar o pulso temporal, no local onde a artéria
temporal superficial cruza o processo zigomático imediatamente anterior à orelha. Cerre os dentes e palpe o pulso
facial, pois a artéria facial cruza a margem inferior da mandíbula imediatamente anterior ao músculo masseter (Figura 7.24B).
Estenose da artéria carótida interna
No ângulo medial do olho, há uma anastomose entre a artéria facial, um ramo da artéria carótida externa, e os
ramos cutâneos da artéria carótida interna. Com o avanço da idade, a artéria carótida interna pode tornar-se estreita
(estenótica) por causa do espessamento aterosclerótico da túnica íntima das artérias. Por causa da anastomose
arterial, estruturas intracranianas como o encéfalo conseguem receber sangue da conexão da artéria facial com o ramo dorsal
do nariz da artéria oftálmica.
Lacerações do couro cabeludo
As lacerações do couro cabeludo são o tipo mais comum de traumatismo craniano que exige cuidados cirúrgicos.
Essas feridas sangram abundantemente porque as artérias que entram na periferia do couro cabeludo sangram pelas
duas extremidades em razão das anastomoses abundantes. As artérias não se retraem quando laceradas porque são
mantidas abertas pelo tecido conjuntivo denso presente na segunda camada do couro cabeludo. Espasmos do músculo
occipitofrontal podem aumentar o afastamento das margens das feridas no couro cabeludo. O sangramento das lacerações do
couro cabeludo pode ser fatal se não for controlado (p. ex., por suturas).
Carcinoma espinocelular do lábio
O carcinoma (câncer) espinocelular do lábio geralmente ocorre no lábio inferior (Figura B7.15). A exposição excessiva
à luz solar durante muitos anos é um fator comum nesses casos. A irritação crônica causada pelo hábito de fumar
cachimbo também contribui. As células cancerosas da parte central do lábio inferior, do assoalho da boca e do ápice
da língua disseminam-se para os linfonodos submentuais, enquanto as células cancerosas de partes laterais do lábio inferior
drenam para os linfonodos submandibulares.
Figura B7.15
Pontos-chave
FACE E COURO CABELUDO
A face é responsável por nossa identidade como seres humanos. Assim, os defeitos congênitos ou adquiridos têm
consequências que ultrapassam seus efeitos físicos. ♦ A individualidade da face é garantida principalmente pela variação
anatômica. ♦ O modo como os músculos faciais modificam as características básicas é fundamental para a comunicação. ♦ Os
lábios e o formato e o grau de abertura da boca são componentes importantes da fala, mas a ênfase e as sutilezas do
significado provêm das expressões faciais.
Estrutura do couro cabeludo: O couro cabeludo é o tecido mole, parcialmente móvel, que cobre a calvária. ♦ O
componente subcutâneo primário do couro cabeludo é o epicrânio musculoaponeurótico, ao qual a pele sobrejacente está
firmemente fixada, mas é separado do periósteo externo (pericrânio) do crânio por tecido conectivo frouxo. ♦ A camada
conjuntiva possibilita a mobilidade do couro cabeludo sobre a calvária e permite a separação traumática do couro cabeludo
do crânio. ♦ A fixação da pele à aponeurose epicrânica mantém unidas as margens de feridas superficiais, mas uma ferida
que também penetre na aponeurose epicrânica abre-se muito. ♦ Depois de um traumatismo craniano, o sangue pode
acumular-se no espaço conjuntivo abaixo da aponeurose.
Músculos da face e do couro cabeludo: Os músculos faciais têm papéis importantes como dilatadores e esfíncteres
das aberturas dos sistemas digestório, respiratório e visual (rima da boca e das pálpebras, e narinas), controlando o que
entra e parte do que sai de nossos corpos. ♦ Outros músculos da face ajudam os músculos da mastigação mantendo o
alimento entre os dentes. ♦ As partes carnosas da face (pálpebras e bochechas) formam paredes dinâmicas de contenção das
órbitas e da cavidade oral. ♦ Todos os músculos faciais são derivados do segundo arco faríngeo e, portanto, são supridos pelo
nervo desse arco, o nervo facial (NC VII). ♦ Os músculos faciais são subcutâneos e a maioria tem uma origem óssea e uma
inserção cutânea. ♦ A face não tem a fáscia muscular encontrada em outras partes do corpo.
Inervação da face e do couro cabeludo: A face é extremamente sensível. Recebe inervação sensitiva das três divisões
do nervo trigêmeo (NC V). ♦ Os principais ramos terminais de cada divisão chegam à tela subcutânea de cada lado da face
através de três forames alinhados verticalmente. ♦ Cada divisão supre uma zona sensitiva distinta, semelhante a um
dermátomo, mas sem a superposição de nervos adjacentes; portanto, as lesões resultam em áreas distintas e definidas de
parestesia. ♦ As divisões do NC V são responsáveis não só pela sensibilidade da pele da face, mas também das túnicas
mucosas profundas dos sacos conjuntivais, córnea, cavidade nasal e seios paranasais, e da cavidade oral e vestíbulo da boca.
♦ A pele que cobre o ângulo da mandíbula é suprida pelo nervo auricular magno, um ramo do plexo cervical. ♦ Oito nervos
são responsáveis pela sensibilidade do couro cabeludo através de ramos originados das três divisões do NC V anteriores à
orelha e ramos dos nervos espinais cervicais posteriores à orelha. ♦ O nervo facial (NC VII) é o nervo motor da face que
supre todos os músculos da expressão facial, inclusive o músculo platisma, o ventre occipital do músculo occipitofrontal e os
músculos auriculares que não fazem parte da face propriamente dita. ♦ Os músculos recebem inervação do NC VII
basicamente por cinco ramos do plexo (nervoso) intraparotídeo.
Vasculatura da face e do couro cabeludo: A face e o couro cabeludo são muito vascularizados. Os ramos terminais
de artérias e veias anastomosam-se livremente (inclusive com anastomoses através da linha mediana com seus equivalentes
contralaterais). Assim, a hemorragia pode ser difusa nas lacerações faciais, com sangramento nas duas extremidades do vaso
lacerado. ♦ A maioria das artérias da face consiste em ramos ou derivados de ramos da artéria carótida externa; as artérias
que se originam da artéria carótida interna que suprem a fronte são exceções. ♦ A principal artéria da face é a artéria facial. ♦
As artérias do couro cabeludo estão firmemente inseridas no tecido conectivo denso sobre a aponeurose epicrânica. Assim,
quando se rompem, as artérias sangram pelas duas extremidades, como as artérias da face, mas têm menor capacidade de
contração ou retração do que outros vasos superficiais; portanto, há sangramento abundante.
As veias da face e do couro cabeludo geralmente acompanham as artérias, formando uma drenagem venosa basicamente
superficial. ♦ Entretanto, também se anastomosam com o plexo venoso pterigóideo e com os seios venosos da dura-máter
através de veias emissárias, o que produz uma via potencialmente perigosa para a disseminação de infecção. ♦ A maioria dos
nervos e vasos do couro cabeludo segue verticalmente em direção ao vértice; assim, uma laceração horizontal pode causar
maior lesão neurovascular do que uma lesão vertical.
A drenagem linfática da maior parte da face segue a drenagem venosa para os linfonodos ao redor da base da parte
anterior da cabeça (linfonodos submandibulares, parotídeos e cervicais superficiais). ♦ Uma exceção a esse padrão é a
drenagem linfática da parte central do lábio e do queixo, que inicialmente vai para os linfonodos submentuais. Todos esses
linfonodos, por sua vez, drenam para os linfonodos cervicais profundos.
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