O olho é o órgão da visão, formado pelo bulbo do olho e pelo nervo óptico. A órbita contém o bulbo do olho e as estruturas
acessórias da visão. A região orbital é a área da face sobre a órbita e o bulbo do olho que inclui as pálpebras superior e
inferior, além do aparelho lacrimal.
Órbitas
As órbitas são cavidades ósseas no esqueleto da face que se assemelham a pirâmides quadrangulares ocas, cujas bases estão
voltadas na direção anterolateral e os ápices, na direção posteromedial (Figura 7.44A). As paredes mediais das duas órbitas,
separadas pelos seios etmoidais e pelas partes superiores da cavidade nasal, são quase paralelas, enquanto as paredes laterais
formam um ângulo quase reto (90°).
Assim, os eixos das órbitas (eixos orbitais) divergem em cerca de 45°. No entanto, os eixos ópticos (eixos do olhar, a
direção ou linha de visão) dos dois bulbos dos olhos são paralelos, e na posição anatômica estão voltados para frente, quando
os bulbos estão na posição primária. As órbitas e a região da órbita anterior a elas contêm e protegem os bulbos dos olhos e
as estruturas acessórias da visão (Figura 7.45), que são:
Pálpebras, que limitam as órbitas anteriormente e controlam a exposição da região anterior do bulbo do olho
Músculos extrínsecos do bulbo do olho, que posicionam os bulbos dos olhos e levantam as pálpebras superiores
Nervos e vasos no trajeto para os bulbos dos olhos e músculos
Figura 7.44 Órbitas e posição dos bulbos dos olhos em seu interior. A. Observe a disposição das órbitas em relação uma à
outra e aos eixos ópticos (linha do olhar). As órbitas são separadas por células etmoidais e pela cavidade nasal superior e septo
nasal. B. Paredes ósseas da órbita. Esta vista anterolateral mostra a órbita e o ápice, situados no plano sagital, e não bem
observados em uma vista anterior.
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Figura 7.45 Órbita, bulbo do olho e pálpebras. A. Corte sagital da órbita mostra seu conteúdo. Detalhe, corte transversal do
nervo óptico (NC II). O espaço subaracnóideo ao redor do nervo óptico é contínuo com o espaço entre a aracnoide-máter e a piamáter
que revestem o encéfalo. Os números referem-se às estruturas identificadas na parte B. B. Exame de RM mostra um corte
sagital semelhante a A. M = seio maxilar; S = veia oftálmica superior; arco = canal óptico. C. Detalhe da pálpebra superior. O tarso
forma o esqueleto da pálpebra e contém glândulas tarsais. (A parte B é cortesia do Dr. W. Kucharczyk, Professor and
Neuroradiologist Senior Scientist, Department of Medical Imaging, University Health Network. Toronto, Ontario, Canada.)
Fáscia orbital circundando os bulbos dos olhos e os músculos
Túnica mucosa (conjuntiva) que reveste as pálpebras e a face anterior dos bulbos dos olhos e a maior parte do aparelho
lacrimal, que a lubrifica.
Todo espaço dentro das órbitas não ocupado por essas estruturas é preenchido pelo corpo adiposo da órbita; assim,
forma a matriz na qual estão inseridas as estruturas da órbita.
A órbita piramidal quadrangular tem uma base, quatro paredes e um ápice (Figura 7.44B):
A base da órbita é delimitada pela margem orbital que circunda o ádito orbital. O osso que forma a margem orbital é
reforçado para proporcionar proteção ao conteúdo da órbita e oferece fixação para o septo orbital, uma membrana fibrosa
que se estende até as pálpebras
A parede superior (teto) é quase horizontal e é formada principalmente pela parte orbital do frontal, que separa a
cavidade orbital da fossa anterior do crânio. Perto do ápice da órbita, a parede superior é formada pela asa menor do
esfenoide. Na parte anterolateral, uma depressão superficial na parte orbital do frontal, denominada fossa da glândula
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lacrimal (fossa lacrimal), acomoda a glândula lacrimal
As paredes mediais das órbitas contralaterais são quase paralelas e são formadas principalmente pela lâmina orbital do
etmoide, juntamente com contribuições do processo frontal da maxila lacrimal e esfenoide. Anteriormente, a parede
medial é entalhada pelo sulco lacrimal e pela fossa do saco lacrimal; a tróclea para o tendão de um dos músculos
extrínsecos do bulbo do olho está localizada superiormente. Grande parte do osso que forma a parede medial é fina como
papel; o etmoide é muito pneumatizado com células etmoidais, amiúde visíveis através do osso no crânio seco
A parede inferior (assoalho da órbita) é formada principalmente pela maxila e, em parte, pelo zigomático e pelo palatino.
A parede inferior fina é compartilhada pela órbita e pelo seio maxilar. Inclina-se inferiormente desde o ápice até a margem
orbital inferior. A parede inferior é demarcada da parede lateral da órbita pela fissura orbital inferior, um espaço entre as
faces orbitais da maxila e do esfenoide
A parede lateral é formada pelo processo frontal do zigomático e pela asa maior do esfenoide. Esta é a parede mais
forte e mais espessa, o que é importante porque é mais exposta e vulnerável ao traumatismo direto. A parte posterior
separa a órbita do temporal e da fossa média do crânio. As paredes laterais das órbitas contralaterais são quase
perpendiculares entre si
O ápice da órbita situa-se no canal óptico na asa menor do esfenoide imediatamente medial à fissura orbital superior.
A parte mais larga da órbita corresponde ao equador do bulbo do olho (Figura 7.45A), uma linha imaginária que circunda o
bulbo do olho equidistante de seus polos anterior e posterior. Os ossos que formam a órbita são revestidos pela periórbita, o
periósteo da órbita. A periórbita é contínua:
No canal óptico e na fissura orbital superior com a lâmina periosteal da dura-máter
Sobre as margens orbitais e através da fissura orbital inferior, com o periósteo cobrindo a face externa do crânio
(pericrânio)
Com os septos orbitais nas margens orbitais
Com a fáscia dos músculos extrínsecos do bulbo do olho
Com a fáscia da órbita que forma a bainha fascial do bulbo do olho.
Pálpebras e aparelho lacrimal
As pálpebras e o líquido lacrimal, secretado pelas glândulas lacrimais, protegem a córnea e o bulbo do olho contra lesão e
irritação (p. ex., por poeira e pequenas partículas).
PÁLPEBRAS
Quando fechadas, as pálpebras cobrem o bulbo do olho anteriormente, protegendo-o contra lesão e contra a luz excessiva.
Também mantêm a córnea úmida por espalhamento do líquido lacrimal. As pálpebras são pregas móveis cobertas
externamente por pele fina e internamente por túnica mucosa transparente, a túnica conjuntiva da pálpebra (Figura 7.45A e
C). Essa parte da conjuntiva é refletida sobre o bulbo do olho, onde é contínua com a túnica conjuntiva do bulbo. Essa
parte da conjuntiva é fina e transparente, com fixação frouxa à face anterior do bulbo do olho. A túnica conjuntiva do bulbo,
frouxa e enrugada sobre a esclera (onde contém pequenos vasos sanguíneos visíveis), está aderida à periferia da córnea
(Figura 7.46B). As linhas de reflexão da túnica conjuntiva da pálpebra sobre o bulbo do olho formam recessos profundos, os
fórnices superior e inferior da conjuntiva (Figuras 7.45A e 7.46).
O saco da conjuntiva é o espaço limitado pelas túnicas conjuntivas da pálpebra e do bulbo; é um espaço fechado quando
as pálpebras estão fechadas, mas se abre através de uma abertura anterior, a rima das pálpebras, quando o olho é “aberto”
(as pálpebras são afastadas) (Figura 7.45A). O saco da conjuntiva é uma forma especializada de “bolsa” mucosa que permite
a livre movimentação das pálpebras sobre a superfície do bulbo do olho enquanto se abrem e se fecham.
As pálpebras superior e inferior são fortalecidas por densas faixas de tecido conectivo, os tarsos superior e inferior, que
formam o “esqueleto” das pálpebras (Figuras 7.45C e 7.47A). As fibras da parte palpebral do músculo orbicular do olho (o
esfíncter da rima das pálpebras) estão no tecido conectivo superficial aos tarsos e profundamente à pele das pálpebras (Figura
7.45C). Nos tarsos estão inseridas as glândulas tarsais, que produzem uma secreção lipídica que lubrifica as margens das
pálpebras e impede a sua adesão quando se fecham. A secreção lipídica também forma uma barreira que o líquido lacrimal
não cruza quando produzido em volume normal. Quando a produção é excessiva, ele ultrapassa a barreira e desce sobre as
bochechas como lágrimas.
Os cílios estão nas margens das pálpebras. As grandes glândulas sebáceas associadas aos cílios são as glândulas ciliares.
As junções das pálpebras superior e inferior formam as comissuras medial e lateral das pálpebras, que definem os ângulos
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medial e lateral do olho (Figuras 7.46B e 7.47A).
Figura 7.46 Aparelho lacrimal e parte anterior do bulbo do olho. A. Componentes do aparelho lacrimal, pelo qual as lágrimas
fluem da face superolateral do saco conjuntival (linhas tracejadas) até a cavidade nasal. B. Os elementos superficiais do olho. A
túnica fibrosa externa do bulbo do olho inclui a esclera branca e resistente e a córnea transparente central, através da qual se pode
ver a íris pigmentada com sua abertura, a pupila. A pálpebra inferior foi evertida para mostrar a reflexão da conjuntiva da face
anterior do bulbo do olho para a face interna da pálpebra. A prega semilunar é uma prega vertical de conjuntiva perto do ângulo
medial, na carúncula lacrimal.
Entre o nariz e o ângulo medial do olho está o ligamento palpebral medial, que une os tarsos à margem medial da órbita
(Figura 7.47A). O músculo orbicular do olho se origina e se insere nesse ligamento. Um ligamento palpebral lateral
semelhante fixa o tarso à margem lateral da órbita, mas não garante fixação muscular direta.
O septo orbital é uma membrana fibrosa que se estende dos tarsos até as margens da órbita, onde se torna contínuo com
o periósteo (Figuras 7.45A e 7.47A). Contém o corpo adiposo da órbita e, em razão de sua continuidade com a periórbita,
consegue limitar a disseminação de infecção para a órbita e desta para outros locais. O septo constitui em grande parte a fáscia
posterior do músculo orbicular do olho.
APARELHO LACRIMAL
O aparelho lacrimal (Figuras 7.46A e 7.47B) consiste em:
Glândula lacrimal: secreta líquido lacrimal, uma solução salina fisiológica aquosa que contém a enzima bactericida
lisozima. O líquido umidifica e lubrifica as superfícies da conjuntiva e córnea e fornece à córnea alguns nutrientes e
oxigênio dissolvido; quando produzido em excesso, o líquido forma lágrimas
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Figura 7.47 Esqueleto das pálpebras e acesso anterior à órbita. A. Tarsos superior e inferior e suas fixações. As margens
ciliares são livres, mas estão fixadas na periferia ao septo orbital (fáscia palpebral). B. Nesta dissecção da órbita, foram
removidas as pálpebras, o septo orbital, o músculo levantador da pálpebra superior e parte da gordura. Parte da glândula lacrimal
é vista entre a parede orbital óssea lateralmente e o bulbo do olho e o músculo reto lateral medialmente. Na parte medial são
observadas as estruturas que recebem drenagem lacrimal do saco conjuntival.
Dúctulos excretores da glândula lacrimal: conduzem líquido lacrimal das glândulas lacrimais para o saco da conjuntiva
(Figura 7.46A)
Canalículos lacrimais: começam em um ponto lacrimal na papila lacrimal perto do ângulo medial do olho e drenam
líquido lacrimal do lago lacrimal (L. lacus lacrimalis; um espaço triangular no ângulo medial do olho, onde se acumulam
as lágrimas) para o saco lacrimal (a parte superior dilatada do ducto lacrimonasal) (Figuras 7.46A e 7.47B)
Ducto lacrimonasal: conduz o líquido lacrimal para o meato nasal inferior (parte da cavidade nasal inferior à concha
nasal inferior).
A glândula lacrimal, amendoada e com cerca de 2 cm de comprimento, situa-se na fossa da glândula lacrimal na parte
superolateral de cada órbita (Figuras 7.44B, 7.46A e 7.47B). A glândula é dividida em partes superior orbital e inferior
palpebral pela expansão lateral do tendão do músculo levantador da pálpebra superior (Figura 7.46A). Também podem
haver glândulas lacrimais acessórias, às vezes na parte média da pálpebra ou ao longo dos fórnices superior ou inferior da
conjuntiva. São mais numerosas na pálpebra superior do que na pálpebra inferior.
A produção de líquido lacrimal é estimulada por impulsos parassimpáticos do NC VII. É secretado através de 8 a 12
dúctulos excretores que se abrem na parte lateral do fórnice superior da conjuntiva do saco conjuntival. O líquido flui
inferiormente no saco sob a influência da gravidade. Quando a córnea seca, o olho pisca. As pálpebras aproximam-se em
sequência lateral a medial, empurrando uma película de líquido medialmente sobre a córnea, semelhante a limpadores de parabrisas.
Dessa forma, o líquido lacrimal que contém material estranho como poeira é empurrado em direção ao ângulo medial
do olho, acumulando-se no lago lacrimal, de onde drena por ação capilar através dos pontos lacrimais e canalículos lacrimais
para o saco lacrimal (Figuras 7.46A e B e 7.47B).
A partir desse saco, o líquido segue para o meato nasal inferior da cavidade nasal através do ducto lacrimonasal. Drena
posteriormente através do assoalho da cavidade nasal para a parte nasal da faringe e é, por fim, engolido. Além de limpar
partículas e irritantes do saco conjuntival, o líquido lacrimal fornece nutrientes e oxigênio para a córnea.
A inervação da glândula lacrimal é simpática e parassimpática (Figura 7.48). As fibras secretomotoras parassimpáticas
pré-ganglionares são conduzidas do nervo facial pelo nervo petroso maior e depois pelo nervo do canal pterigóideo até o
1.
2.
3.
gânglio pterigopalatino, onde fazem sinapse com o corpo celular da fibra pós-ganglionar. Fibras simpáticas pós-ganglionares
vasoconstritoras, trazidas do gânglio cervical superior pelo plexo carótico interno e nervo petroso profundo, unem-se às
fibras parassimpáticas para formar o nervo do canal pterigóideo e atravessar o gânglio pterigopalatino. O nervo zigomático
(ramo do nervo maxilar) leva os dois tipos de fibras até o ramo lacrimal do nervo oftálmico, através do qual entram na
glândula (ver Capítulo 9).
Bulbo do olho
O bulbo do olho contém o aparelho óptico do sistema visual (Figura 7.45A). Ocupa a maior parte da porção anterior da
órbita, suspenso por seis músculos extrínsecos que controlam seu movimento e por um aparelho suspensor da fáscia. Tem
diâmetro aproximado de 25 mm. Todas as estruturas anatômicas no bulbo do olho têm disposição circular ou esférica. O
bulbo do olho propriamente dito tem três túnicas; entretanto, há outra camada de tecido conectivo frouxo que circunda o
bulbo do olho, sustentando-o dentro da órbita. A camada de tecido conectivo é composta posteriormente pela bainha do
bulbo do olho (fáscia bulbar ou cápsula de Tenon), que forma a verdadeira cavidade para o bulbo do olho, e anteriormente
pela túnica conjuntiva do bulbo. A bainha do bulbo do olho é a parte mais substancial do aparelho suspensor. Uma lâmina de
tecido conectivo muito frouxo, o espaço episcleral (um espaço virtual) situa-se entre a bainha do bulbo do olho e a túnica
externa do bulbo do olho, facilitando os movimentos do bulbo do olho na bainha.
As três túnicas do bulbo do olho são (Figura 7.49):
Túnica fibrosa (camada externa), formada pela esclera e córnea
Túnica vascular (camada intermédia), formada pela corioide, corpo ciliar e íris
Túnica interna (camada interna), formada pela retina, que tem partes óptica e não visual.
TÚNICA FIBROSA DO BULBO DO OLHO
A túnica fibrosa do bulbo do olho é o esqueleto fibroso externo, que garante a forma e a resistência. A esclera é a parte
opaca resistente da túnica (camada) fibrosa do bulbo do olho que cobre os cinco sextos posteriores do bulbo do olho (Figuras
7.49A e 7.50). É o local de fixação dos músculos extrínsecos (extraoculares) e intrínsecos do bulbo do olho. A parte anterior
da esclera é visível através da túnica conjuntiva do bulbo transparente como “a parte branca do olho” (Figura 7.46B). A
córnea é a parte transparente da túnica fibrosa que cobre a sexta parte anterior do bulbo do olho (Figuras 7.49A e 7.50). A
convexidade da córnea é maior do que a da esclera e, portanto, ela parece protrair-se do bulbo do olho quando vista
lateralmente.
Figura 7.48 Inervação da glândula lacrimal. O nervo facial (NC VII), nervo petroso maior e nervo do canal pterigóideo
conduzem fibras parassimpáticas pré-ganglionares até o gânglio pterigopalatino. Aqui ocorre a sinapse entre fibras pré-
ganglionares e pós-ganglionares. Os nervos maxilar, infraorbital, zigomático e lacrimal levam as fibras pós-ganglionares até a
glândula.
Figura 7.49 Túnicas do bulbo do olho. As três túnicas são sequenciais. A. Túnica fibrosa externa. B. Túnica vascular média. C.
Túnica interna (retina).
As duas camadas diferem principalmente em termos da regularidade da organização das fibras colágenas que as compõem
e do grau de hidratação de cada uma. Enquanto a esclera é relativamente avascular, a córnea é totalmente avascular e nutrida
por leitos capilares periféricos e líquidos existentes sobre suas faces externa e interna (líquido lacrimal e humor aquoso,
respectivamente). O líquido lacrimal também provê oxigênio absorvido do ar.
A córnea é muito sensível ao toque; sua inervação é realizada pelo nervo oftálmico (NC V1
). Mesmo corpos estranhos
muito pequenos (p. ex., partículas de poeira) levam a pessoa a piscar, ao fluxo de lágrimas e, às vezes, à dor intensa. Sua
nutrição provém dos leitos capilares em sua periferia, o humor aquoso e o líquido lacrimal. Este último também fornece
oxigênio absorvido do ar. O ressecamento da superfície da córnea pode causar ulceração.
O limbo da córnea é o ângulo formado pela interseção das curvaturas da esclera e da córnea na junção corneoescleral.
A junção é um círculo translúcido, cinza, com 1 mm de largura que inclui várias alças capilares que participam da nutrição da
córnea avascular.
TÚNICA VASCULAR DO BULBO DO OLHO
A túnica vascular do bulbo do olho (também denominada úvea ou trato uveal) é formada pela corioide, pelo corpo ciliar e
pela íris (Figura 7.49B). A corioide, uma camada marrom-avermelhada escura situada entre a esclera e a retina, forma a
maior parte da túnica vascular do bulbo do olho e reveste a maior parte da esclera (Figura 7.50A). Nesse leito vascular
pigmentado e denso, os vasos maiores estão localizados externamente (perto da esclera). Os vasos mais finos (a lâmina
capilar da corioide ou corioideocapilar, um leito capilar extenso) são mais internos, adjacentes à camada fotossensível
avascular da retina, que supre com oxigênio e nutrientes. Ingurgitada com sangue durante a vida (tem a maior taxa de perfusão
por grama de tecido de todos os leitos vasculares do corpo), essa camada é responsável pelo reflexo do “olho vermelho” que
ocorre na fotografia com flash. A corioide fixa-se firmemente ao estrato pigmentoso da retina, mas pode ser arrancada da
esclera com facilidade. A corioide é contínua anteriormente com o corpo ciliar.
O corpo ciliar é um espessamento anular da camada posterior ao limbo da córnea, que é muscular e vascular (Figuras
7.49B e 7.50). Une a corioide à circunferência da íris. O corpo ciliar é o local de fixação da lente. A contração e o
relaxamento do músculo liso circular do corpo ciliar controlam a espessura e, portanto, o foco da lente. Pregas na face interna
do corpo ciliar, os processos ciliares, secretam humor aquoso. O humor aquoso ocupa o segmento anterior do bulbo do
olho, o interior do bulbo anterior à lente, ligamento suspensor e corpo ciliar (Figura 7.50B).
A íris, que literalmente está sobre a face anterior da lente, é um diafragma contrátil fino com uma abertura central, a
pupila, para dar passagem à luz (Figuras 7.49B, 7.50 e 7.51A). Quando uma pessoa está acordada, o tamanho da pupila varia
continuamente para controlar a luz que entra no olho (Figura 7.51B). Dois músculos involuntários controlam o tamanho da
pupila: o músculo esfíncter da pupila circular, estimulado pelo sistema parassimpático, diminui seu diâmetro (miose
pupilar), e o músculo dilatador da pupila, radial e estimulado pelo sistema simpático, aumenta seu diâmetro (dilata a
pupila). A natureza das respostas pupilares é paradoxal: as respostas simpáticas geralmente são imediatas, porém a dilatação da
pupila em resposta à baixa iluminação, como em um cinema escuro, pode levar até 20 minutos. As respostas parassimpáticas
costumam ser mais lentas do que as respostas simpáticas, porém a constrição pupilar estimulada pelo sistema parassimpático
normalmente é imediata. A dilatação pupilar contínua anormal (midríase) ocorre em algumas doenças ou em consequência de
traumatismo ou uso de alguns fármacos/drogas.
Figura 7.50 Bulbo do olho com remoção de um quadrante. A. A face interna da parte óptica da retina é suprida pela artéria
central da retina, enquanto a face externa, fotossensível, é nutrida pela lâmina capilar da corioide (Figura 7.62). A artéria central
atravessa o nervo óptico e divide-se no disco óptico em ramos superior e inferior. Os ramos da artéria central são artérias
terminais que não se anastomosam entre si nem com qualquer outro vaso. B. Detalhes estruturais da região ciliar. O corpo ciliar é
muscular e vascular, assim como a íris, e esta inclui dois músculos: esfíncter da pupila e dilatador da pupila. O sangue venoso
dessa região e o humor aquoso na câmara anterior drenam para o seio venoso da esclera.
TÚNICA INTERNA DO BULBO DO OLHO
A túnica interna do bulbo do olho é a retina (Figuras 7.49C e 7.50). É a camada neural sensitiva do bulbo do olho.
Macroscopicamente, a retina é formada por duas partes funcionais com localizações distintas: uma parte óptica e uma parte
cega. A parte óptica da retina é sensível aos raios luminosos visuais e tem dois estratos: um estrato nervoso e um estrato
pigmentoso. O estrato nervoso é sensível à luz. O estrato pigmentoso é formado por uma única camada de células, que
reforça a propriedade de absorção da luz pela corioide para reduzir a dispersão da luz no bulbo do olho. A parte cega da
retina é uma continuação anterior do estrato pigmentoso e uma camada de células de sustentação. A parte cega da retina
estende-se sobre o corpo ciliar (parte ciliar da retina) e a face posterior da íris (parte irídica da retina) até a margem
pupilar.
Clinicamente, a face interna da parte posterior do bulbo do olho, onde é focalizada a luz que entra no bulbo do olho, é
denominada fundo do bulbo do olho. A retina do fundo inclui uma área circular bem definida chamada disco do nervo
óptico (papila óptica), onde as fibras sensitivas e os vasos conduzidos pelo nervo óptico (NC II) entram no bulbo do olho
(Figuras 7.49C, 7.50A e 7.52). Como não contém fotorreceptores, o disco do nervo óptico é insensível à luz.
Consequentemente, essa parte da retina costuma ser chamada de ponto cego.
Imediatamente lateral ao disco do nervo óptico está a mácula lútea. A cor amarela da mácula só é visível quando a retina
é examinada com luz sem vermelho. A mácula é uma pequena área oval da retina com cones fotorreceptores especiais
especializada para acuidade visual. Não é normalmente observada com um oftalmoscópio (um aparelho para ver o interior do
bulbo do olho através da pupila). No centro da mácula há uma depressão, a fóvea central, a área de maior acuidade visual. A
fóvea tem diâmetro aproximado de 1,5 mm; seu centro, a fovéola, não tem a rede capilar visível em outra parte
profundamente à retina.
Figura 7.51 Estrutura e função da íris. A. Íris dissecada in situ. A íris separa as câmaras anterior e posterior do segmento
anterior do bulbo do olho, pois adere à pupila. B. Dilatação e constrição da pupila. Em situação de baixa luminosidade, as fibras
simpáticas estimulam a dilatação da pupila. Em situação de alta luminosidade, as fibras parassimpáticas estimulam a constrição
da pupila.
Figura 7.52 Fundo do bulbo do olho direito. Vênulas (mais largas) e arteríolas (mais estreitas) da retina irradiam-se do centro
do disco óptico oval. A área escura lateral ao disco é a mácula. Ramos dos vasos retinianos estendem-se em direção a essa área,
mas não alcançam seu centro, a fóvea central — a área de maior acuidade visual.
A parte óptica funcional da retina termina anteriormente ao longo da ora serrata, a margem posterior irregular do corpo
ciliar (Figuras 7.49C e 7.50A). Com exceção dos cones e bastonetes do estrato nervoso, a retina é suprida pela artéria central
da retina, um ramo da artéria oftálmica. Os cones e bastonetes do estrato nervoso externo recebem nutrientes da lâmina
capilar da corioide (discutida em “Vasculatura da órbita”, adiante). Tem os vasos mais finos da face interna da corioide,
contra os quais a retina é comprimida. Um sistema correspondente de veias retinianas une-se para formar a veia central da
retina.
MEIOS DE REFRAÇÃO E COMPARTIMENTOS DO BULBO DO OLHO
No seu trajeto até a retina, as ondas luminosas atravessam os meios refrativos do bulbo do olho: córnea, humor aquoso, lente
e humor vítreo (Figura 7.50A). A córnea é o meio refrativo primário do bulbo do olho — isto é, desvia a luz no máximo grau,
focalizando uma imagem invertida sobre a retina fotossensível do fundo do bulbo do olho.
O humor aquoso ocupa o segmento anterior do bulbo do olho (Figuras 7.50B e 7.51A). O segmento anterior é
subdividido pela íris e pupila. A câmara anterior do bulbo do olho é o espaço entre a córnea anteriormente e a íris/pupila
posteriormente. A câmara posterior do bulbo do olho está situada entre a íris/pupila anteriormente e a lente e o corpo ciliar
posteriormente. O humor aquoso é produzido na câmara posterior pelos processos ciliares do corpo ciliar. Essa solução
aquosa transparente fornece nutrientes para a córnea avascular e a lente. Após atravessar a pupila e chegar à câmara anterior,
o humor aquoso drena através de uma rede trabecular no ângulo iridocorneal para o seio venoso da esclera (canal de
Schlemm) (Figura 7.51A). O humor é retirado pelo plexo do limbo, uma rede de veias esclerais próximas do limbo, que
drenam para tributárias das veias vorticosas e ciliares anteriores (Figura 7.50B). A pressão intraocular (PIO) é um equilíbrio
entre a produção e a drenagem de humor aquoso.
A lente situa-se posteriormente à iris e anteriormente ao humor vítreo do corpo vítreo (Figuras 7.50 e 7.51A). É uma
estrutura biconvexa e transparente encerrada em uma cápsula. A cápsula da lente, extremamente elástica, é fixada pelas
fibras zonulares (que juntas formam o ligamento suspensor da lente) aos processos ciliares circundantes. Embora a maior
parte da refração seja produzida pela córnea, a convexidade da lente, sobretudo de sua face anterior, varia constantemente
para a focalização fina de objetos próximos ou distantes na retina (Figura 7.53). A lente não fixada isolada torna-se quase
esférica. Em outras palavras, na ausência de fixação externa e distensão, torna-se quase redonda. O músculo ciliar do corpo
ciliar modifica o formato da lente. Na ausência de estimulação nervosa, o diâmetro do anel muscular relaxado é maior. A lente
suspensa no anel está sob tensão, pois sua periferia é distendida, tornando-a mais fina (menos convexa). A lente menos
convexa coloca objetos mais distantes em foco (visão para longe). A estimulação parassimpática através do nervo oculomotor
(NC III) causa contração do músculo ciliar, semelhante a um esfíncter. O anel torna-se menor e a tensão sobre a lente
diminui. A lente relaxada torna-se mais espessa (mais convexa), focalizando objetos próximos (visão para perto). O processo
ativo de modificação do formato da lente para visão de perto é chamado de acomodação. A espessura da lente aumenta com
a idade, de modo que a capacidade de acomodação costuma ser limitada depois dos 40 anos de idade.
Figura 7.53 Mudança do formato da lente (acomodação). A. Visão de longe. B. Visão de perto.
O humor vítreo é um líquido aquoso contido nas telas do corpo vítreo, uma substância gelatinosa transparente nos
quatro quintos posteriores do bulbo do olho, posterior à lente (segmento posterior do bulbo do olho, também chamado de
câmara postrema ou vítrea) (Figura 7.50A). Além de dar passagem à luz, o humor vítreo mantém a retina no lugar e sustenta
a lente.
Músculos extrínsecos do bulbo do olho
Os músculos extrínsecos do bulbo do olho são o levantador da pálpebra superior, quatro retos (superior, inferior, medial
e lateral) e dois oblíquos (superior e inferior). Esses músculos atuam juntos para movimentar as pálpebras superiores e os
bulbos dos olhos. Eles são ilustrados nas (Figuras 7.54 a 7.58, e as fixações, a inervação e as principais ações dos músculos da
órbita, começando a partir da posição primária, são descritas no Quadro 7.8. As seções a seguir apresentam outros detalhes.
LEVANTADOR DA PÁLPEBRA SUPERIOR
O músculo levantador da pálpebra superior expande-se e forma uma aponeurose bilaminar larga à medida que se aproxima
de suas fixações distais. A lâmina superficial se fixa à pele da pálpebra superior e a lâmina profunda, ao tarso superior (Figura
7.54B). Esse músculo sofre a oposição da gravidade na maior parte do tempo e é o antagonista da metade superior do
músculo orbicular do olho, o esfíncter da rima das pálpebras. A lâmina profunda da parte distal (palpebral) do músculo
contém fibras musculares lisas, o músculo tarsal superior, responsável pelo alargamento adicional da rima das pálpebras,
sobretudo durante uma resposta simpática (p. ex., medo). No entanto, elas parecem funcionar continuamente (na ausência de
resposta simpática) porque uma interrupção dos estímulos simpáticos provoca ptose — queda da pálpebra superior —
permanente.
MOVIMENTOS DO BULBO DO OLHO
Os movimentos do bulbo do olho são rotações em torno de três eixos — vertical, transversal e anteroposterior (Figura
7.54A) — e são descritos de acordo com a direção do movimento da pupila a partir da posição primária ou do polo superior
do bulbo do olho a partir da posição neutra. A rotação do bulbo do olho em torno do eixo vertical move a pupila em sentido
medial (em direção à linha mediana, adução) ou lateral (em direção oposta à linha mediana, abdução). A rotação em torno
do eixo transversal move a pupila em sentido superior (elevação) ou inferior (abaixamento). Os movimentos em torno do
eixo anteroposterior (AP) (correspondente ao eixo do olhar na posição primária) movem o polo superior do bulbo do olho em
sentido medial (rotação medial ou torção interna) ou lateral (rotação lateral ou torção externa). Esses movimentos de
rotação acomodam alterações na inclinação da cabeça. A ausência desses movimentos em razão de lesões nervosas contribui
para a visão dupla. Os movimentos podem ocorrer ao redor dos três eixos simultaneamente, o que exige o uso de três termos
para descrever a direção do movimento a partir da posição primária (p. ex., a pupila está elevada, aduzida e rodada
medialmente).
MÚSCULOS RETOS E OBLÍQUOS
Os quatro músculos retos seguem em sentido anterior até o bulbo do olho e originam-se de uma bainha fibrosa, o anel
tendíneo comum, que circunda o canal óptico e parte da fissura orbital superior (Figuras 7.54B e C e 7.55A). As estruturas
que entram na órbita através desse canal e a parte adjacente da fissura situam-se inicialmente no cone dos retos (Figuras
7.54B e C e 7.55B). Os quatro músculos retos são nomeados de acordo com suas posições individuais em relação ao bulbo
do olho. Como eles seguem principalmente em sentido anterior para se fixarem às faces superior, inferior, medial e lateral do
bulbo do olho, anteriormente ao seu equador, as ações primárias dos quatro retos na produção de elevação, abaixamento,
adução e abdução são relativamente intuitivas.
Diversos fatores dificultam a compreensão das ações dos músculos oblíquos e das ações secundárias dos músculos retos
superiores e inferiores. O ápice da órbita ocupa posição medial em relação à órbita, de modo que o eixo da órbita não
coincide com o eixo óptico (Figuras 7.44A e 7.54C). Portanto, quando o olho está em posição primária, os músculos reto
superior (RS) e reto inferior (RI) também chegam ao bulbo do olho pela face medial e sua linha de tração passa medialmente
ao eixo vertical. Isso confere aos dois músculos uma ação secundária de adução. Os músculos RS e RI também estendem-se
lateralmente, passando superiormente e inferiormente ao eixo AP, respectivamente, o que proporciona ao músculo RS uma
ação secundária de rotação medial, e ao músculo RI uma ação secundária de rotação lateral.
Se o olhar for primeiro direcionado lateralmente (abduzido pelos músculos retos laterais [RL]), de modo que a linha do
olhar coincida com o plano dos músculos RI e RS, o músculo RS produz apenas elevação (e é o único responsável pelo
movimento) (Figura 7.56A), e o RI produz apenas abaixamento (e também é o único responsável) (Figura 7.56B). Durante o
exame físico, o médico orienta o paciente a acompanhar o movimento lateral de seu dedo (testando o músculo RL e o nervo
abducente [NC VI]), depois os movimentos superior e inferior para isolar e testar a função dos músculos RS e RI e a
integridade do nervo oculomotor (NC III), que supre ambos (Figura 7.56E).
O músculo oblíquo inferior (OI) é o único a se originar da parte anterior da órbita (imediatamente lateral à fossa lacrimal)
(Figura 7.47B). O músculo oblíquo superior (OS) origina-se da região do ápice, como os músculos retos (mas
superomedialmente ao anel tendíneo comum) (Figura 7.55A); entretanto, o tendão atravessa a tróclea logo no interior da
margem orbital superomedial, redirecionando a linha de tração (Figuras 7.54B e C e 7.55B). Assim, os tendões de inserção
dos músculos oblíquos estão no mesmo plano vertical oblíquo. A vista anterior (Figura 7.47B) ou superior (Figura 7.54C) dos
tendões de inserção com o bulbo do olho na posição primária permite ver que os tendões dos músculos oblíquos seguem
principalmente em sentido lateral para se inserirem na metade lateral do bulbo do olho, posteriormente ao seu equador. Como
eles seguem em posição inferior e superior ao eixo AP em sentido lateral, o OI é o principal rotador lateral e o músculo OS é o
principal rotador medial do bulbo do olho. Entretanto, na posição primária os músculos oblíquos também seguem em sentido
posterior através do eixo transversal (Figura 7.54B) e posteriormente ao eixo vertical (Figura 7.54C), conferindo ao músculo
OS a função secundária de depressor, ao músculo OI a função secundária de elevador, e aos dois músculos a função
secundária de abdutores (Figura 7.54B e C).
Figura 7.54 Músculos extrínsecos do bulbo do olho e seus movimentos. A. Eixos de movimento do bulbo do olho. B.
Posição dos músculos na órbita direita. Setas = movimentos do bulbo do olho em torno do eixo transversal.C. Posição dos
músculos nas órbitas direita e esquerda. Setas à esquerda = movimentos do bulbo do olho em torno do eixo AP; setas à direita =
movimentos do bulbo do olho em torno do eixo vertical. Para compreender as ações musculares a partir da posição primária, é
necessário observar a posição e a linha de tração do músculo em relação aos eixos dos movimentos. D. Demonstração uni e
bilateral de ações dos músculos extrínsecos do bulbo do olho a partir da posição primária. Nos movimentos em uma das seis
direções principais (setas grandes), o músculo indicado é o agonista primário. Os movimentos nas direções entre as grandes
setas exigem ações sinérgicas dos músculos adjacentes. Por exemplo, a elevação direta exige as ações sinérgicas dos músculos
OI e RS; a depressão direta exige ação sinérgica dos músculos OS e RI. Setas pequenas = músculos que produzem movimentos
giratórios em torno do eixo AP. Para direcionar o olhar é necessária a ação coordenada dos músculos conjugados contralaterais.
Por exemplo, ao dirigir o olhar para a direita, os músculos RL direito e RM esquerdo atuam como músculos conjugados.
Quadro 7.8 Músculos extrínsecos do bulbo do olho.
Músculo Origem Inserção Inervação Principal ação
a
Levantador da
pálpebra superior
Asa menor do
esfenoide, superior e
anterior ao canal
óptico
Tarso superior e pele
da pálpebra superior
N. oculomotor (NC
III); a camada
profunda (M. tarsal
superior) é suprida
por fibras simpáticas
Eleva a pálpebra
superior
Seu tendão atravessa
Oblíquo superior
(OS)
Corpo do esfenoide
um anel fibroso ou
tróclea, muda sua
direção e se insere na
esclera
profundamente ao M.
reto superior
N. troclear (NC IV)
Abduz, abaixa e gira
medialmente o bulbo
do olho
Oblíquo inferior
(OI)
Parte anterior do
assoalho da órbita
Esclera
profundamente ao M.
reto lateral
N. oculomotor (NC
III)
Abduz, eleva e gira
lateralmente o bulbo
do olho
Reto superior (RS)
Anel tendíneo comum
Esclera
imediatamente
posterior ao limbo da
córnea
Eleva, aduz e gira
medialmente o bulbo
do olho
Reto inferior (RI)
Abaixa, aduz e gira
lateralmente o bulbo
do olho
Reto medial (RM) Aduz o bulbo do olho
Reto lateral (RL) N. abducente (NC VI)
Abduz o bulbo do
olho
aAs ações descritas referem-se à ação individual dos músculos, a partir da posição primária (olhar voltado para a frente). Na verdade, os
músculos raramente têm ação independente e quase sempre atuam juntos em grupos sinérgicos e antagonistas. A avaliação clínica exige
manobras para isolar as ações musculares. Somente as ações dos músculos retos medial e lateral são avaliadas, a partir da posição
primária (Figura 7.56E).
Figura 7.55 Relação no ápice da órbita. A. O anel tendíneo comum é formado pela origem dos quatro músculos retos e
circunda a bainha óptica do NC II, as divisões superior e inferior do NC III, o nervo nasociliar (NC V
1
) e o NC VI. Os nervos que
suprem os músculos extrínsecos do bulbo do olho entram na órbita através da fissura orbital superior: oculomotor (NC III), troclear
(NC IV) e abducente (NC VI). B. Estruturas (menos a fáscia membranácea e a gordura) após enucleação (excisão) do bulbo do
olho.
•
•
Figura 7.56 Exame clínico dos músculos extrínsecos do bulbo do olho. A e B. Quando o olho é abduzido pelo músculo RM,
só os músculos retos podem produzir elevação e abaixamento. C e D. Quando o olho é aduzido pelo músculo RL, só os músculos
oblíquos podem produzir elevação e abaixamento. E. Acompanhando os movimentos do dedo do examinador, a pupila se move
traçando um “H” para isolar e testar cada músculo extrínseco do bulbo do olho e avaliar a integridade de seus nervos.
Se o olhar for primeiramente direcionado medialmente (aduzido pelo músculo reto medial [RM]), de modo que a linha
do olhar coincida com o plano dos tendões de inserção dos músculos OS e OI, o músculo OS faz apenas o movimento de
abaixamento (e é o único responsável pelo movimento) (Figura 7.56C), e o músculo OI causa apenas elevação (e também é
o único responsável) (Figura 7.56D). Durante o exame físico, o médico orienta o paciente a acompanhar o movimento medial
de seu dedo (testando o músculo RM e o nervo oculomotor), depois os movimentos inferior e superior para isolar e testar as
funções dos músculos OS e OI e a integridade do nervo troclear (NC IV), que supre o músculo OS e a divisão inferior do NC
III, que supre o músculo OI (Figura 7.56E). Na prática:
A principal ação do músculo oblíquo superior é o abaixamento da pupila na posição aduzida (p. ex., direcionamento do
olhar para o pé da página quando os dois olhos estão voltados medialmente [convergentes] para a leitura)
A principal ação do músculo oblíquo inferior é a elevação da pupila na posição aduzida (p. ex., direcionamento do olhar
para o topo da página durante a convergência para a leitura).
Embora as ações produzidas pelos músculos extrínsecos do bulbo do olho tenham sido analisadas individualmente, todos
os movimentos exigem a ação de diversos músculos no mesmo olho, que se auxiliam, como sinergistas, ou se opõem, como
antagonistas. Músculos que são sinérgicos para uma ação podem ser antagonistas para outra. Por exemplo, nenhum músculo
isolado pode elevar a pupila diretamente a partir da posição primária (Figura 7.54D). Os dois elevadores (músculos RS e OI)
atuam de modo sinérgico para fazer isso. No entanto, esses músculos são antagonistas como rotadores e neutralizam-se
mutuamente, de modo que não há rotação quando eles atuam juntos para elevar a pupila. Do mesmo modo, nenhum músculo
isolado pode abaixar a pupila diretamente a partir da posição primária. Agindo sozinhos, os dois abaixadores, músculos OS e
RI, produzem abaixamento e também têm ações opostas em termos de adução-abdução e rotação medial-lateral. Mas, quando
há ação simultânea dos músculos OS e RI, seu sinergismo abaixa a pupila, porque as ações antagonistas neutralizam-se;
portanto, há apenas abaixamento.
Para direcionar o olhar, a coordenação de ambos os olhos deve ser realizada pela ação combinada de músculos
conjugados contralaterais. Por exemplo, ao dirigir o olhar para a direita, os músculos reto lateral direito e reto medial
esquerdo atuam como músculos conjugados (Figura 7.59).
APARELHO DE SUSTENTAÇÃO DO BULBO DO OLHO
A bainha do bulbo envolve o bulbo do olho, estende-se posteriormente desde os fórnices da conjuntiva até o nervo óptico e
forma a cavidade para o bulbo do olho (Figura 7.45A). A bainha caliciforme é perfurada pelos tendões dos músculos
extrínsecos do bulbo do olho e é refletida sobre cada um deles como uma fáscia muscular tubular. As fáscias dos músculos
levantador e reto superior são fundidas; assim, quando o olhar é voltado para cima, a pálpebra superior é elevada ainda mais
para ficar fora da linha de visão. As expansões triangulares das fáscias dos músculos retos medial e lateral, denominadas
ligamentos controladores medial e lateral, estão fixadas ao lacrimal e ao zigomático, respectivamente. Esses ligamentos
limitam a abdução e a adução. A fusão entre os ligamentos controladores e a fáscia dos músculos reto inferior e oblíquo
inferior forma uma alça semelhante a uma rede, o ligamento suspensor do bulbo do olho. Um ligamento controlador
inferior semelhante da fáscia do músculo reto inferior retrai a pálpebra inferior quando o olhar é voltado para baixo (Figura
7.45A). Juntos, os ligamentos controladores atuam com os músculos oblíquos e a gordura retrobulbar para resistir à tração
posterior do bulbo do olho pelos músculos retos. Nas doenças ou na inanição, que reduzem a gordura retrobulbar, o bulbo do
olho é retraído para o interior da órbita (enoftalmia).
Nervos da órbita
Os grandes nervos ópticos conduzem nervos puramente sensitivos, que transmitem impulsos gerados por estímulos ópticos
(Figuras 7.45A e 7.50A). Eles são nervos cranianos (NC II) por convenção, mas desenvolvem-se como extensões anteriores
pares do prosencéfalo e são, na verdade, tratos de fibras do sistema nervoso central (SNC) formados por neurônios de
segunda ordem. Os nervos ópticos começam na lâmina cribriforme da esclera, onde as fibras nervosas amielínicas perfuram
a esclera e tornam-se mielínicas, posteriormente ao disco óptico. Eles saem das órbitas através dos canais ópticos. Em todo o
trajeto na órbita, os nervos ópticos são circundados por extensões das meninges cranianas e pelo espaço subaracnóideo,
sendo este último ocupado por uma fina camada de LCS (Figura 7.45A, detalhe). As extensões intraorbitais da dura-máter e
aracnoide-máter cranianas constituem a bainha do nervo óptico, que se torna contínua anteriormente com a bainha do bulbo
e a esclera. Uma lâmina de pia-máter cobre a superfície do nervo óptico dentro da bainha.
Figura 7.57 Nervos da órbita. Três nervos cranianos (NC III, IV e VI) suprem os sete músculos extrínsecos do bulbo do olho
voluntários. O NC IV supre o músculo oblíquo superior; o NC VI, o músculo reto lateral; e o NC III, os outros cinco músculos. O NC III
também leva fibras parassimpáticas pré-ganglionares para o gânglio ciliar. O nervo trigêmeo (NC V) envia fibras sensitivas para a
órbita, a região orbital e o bulbo do olho.
Além do nervo óptico (NC II), os nervos da órbita incluem aqueles que atravessam a fissura orbital superior e suprem os
músculos oculares: nervos oculomotor (NC III); troclear (NC IV) e abducente (NC VI) (Figuras 7.55 e 7.57). Há um
•
•
•
mnemônico, semelhante a uma fórmula química, usado para memorizar a inervação dos músculos extrínsecos que
movimentam o bulbo do olho: RL6OS4TO3
(reto lateral, NC VI; oblíquo superior, NC IV; todos os outros, NC III). Os
nervos troclear e abducente seguem diretamente até o único músculo suprido por cada nervo. O nervo oculomotor forma as
divisões superior e inferior. A divisão superior inerva os músculos reto superior e levantador da pálpebra superior. A divisão
inferior inerva os músculos retos medial e inferior e o músculo oblíquo inferior, além de conduzir fibras parassimpáticas pré-
ganglionares até o gânglio ciliar (Figura 7.58). Os movimentos são estimulados pelos nervos oculomotor, troclear e abducente,
a partir da posição primária nas órbitas direita e esquerda, produzindo a visão binocular mostrada na Figura 7.59.
Os três ramos terminais do nervo oftálmico, NC V1
(os nervos frontal, nasociliar e lacrimal), atravessam a fissura orbital
superior e suprem estruturas relacionadas com a parte anterior da órbita (p. ex., glândula lacrimal e pálpebras), face e couro
cabeludo (Figura 7.60). Os ramos cutâneos do NC V1
(nervos lacrimal, frontal e infratroclear) são descritos em “Nervos
cutâneos da face e do couro cabeludo” (anteriormente) e no Quadro 7.5.
O gânglio ciliar é um pequeno grupo de corpos de células nervosas parassimpáticas pós-ganglionares associadas ao NC
V1
. Está localizado entre o nervo óptico e o músculo reto lateral em direção ao limite posterior da órbita. O gânglio recebe
fibras nervosas de três origens (Figura 7.58):
Fibras sensitivas do NC V1 pela raiz sensitiva ou nasociliar do gânglio ciliar
Fibras parassimpáticas pré-ganglionares do NC III pela raiz parassimpática ou oculomotora do gânglio ciliar
Fibras simpáticas pós-ganglionares do plexo carótico interno pela raiz simpática do gânglio ciliar.
Os nervos ciliares curtos originam-se do gânglio ciliar e são considerados ramos do NC V1
(Figuras 7.58 e 7.60).
Conduzem fibras parassimpáticas e simpáticas para o corpo ciliar e para a íris. Os nervos ciliares curtos consistem em fibras
parassimpáticas pós-ganglionares originadas no gânglio ciliar, fibras aferentes do nervo nasociliar que atravessam o gânglio, e
fibras simpáticas pós-ganglionares que também o atravessam. Os nervos ciliares longos, ramos do nervo nasociliar (NC V1
)
que seguem até o bulbo do olho, desviando-se do gânglio ciliar, conduzem fibras simpáticas pós-ganglionares para o músculo
dilatador da pupila e fibras aferentes da íris e da córnea.
Figura 7.58 Distribuição das fibras nervosas para o gânglio ciliar e o bulbo do olho. O gânglio ciliar recebe três tipos de
fibras nervosas de três origens diferentes. Toda a inervação parassimpática, mas só parte da inervação sensitiva e simpática do
bulbo do olho, atravessa o gânglio. As fibras simpáticas e sensitivas no nervo ciliar longo passam ao largo do gânglio.
Figura 7.59 Movimentos binoculares e músculos responsáveis. Todos os movimentos iniciam-se a partir da posição
primária.
Figura 7.60 Dissecção da órbita. Nesse acesso superior, foi removida a parte orbital do frontal. No lado direito, podem-se ver
três nervos no teto da órbita (troclear, frontal e lacrimal). No lado esquerdo, os músculos levantador da pálpebra superior e reto
superior foram seccionados e rebatidos, o corpo adiposo da órbita foi removido para mostrar os nervos que atravessam a gordura
intraconal.
Os nervos etmoidais posterior e anterior, ramos do nervo nasociliar que se origina na órbita, saem através de aberturas na
parede medial da órbita para suprir a túnica mucosa dos seios esfenoidal e etmoidal e as cavidades nasais, bem como a duramáter
da fossa anterior do crânio.
Vasculatura da órbita
ARTÉRIAS DA ÓRBITA
A vascularização da órbita provém principalmente da artéria oftálmica, um ramo da artéria carótida interna (Figura 7.61;
Quadro 7.9); a artéria infraorbital, ramo da artéria carótida externa, também leva sangue para estruturas relacionadas com o
assoalho da órbita. A artéria central da retina, um ramo da artéria oftálmica que se origina inferiormente ao nervo óptico,
perfura a bainha do nervo óptico e segue dentro do nervo até o bulbo do olho, emergindo no disco óptico (Figura 7.45A,
detalhe). Seus ramos distribuem-se sobre a face interna da retina (Figura 7.52 e 7.62). Os ramos terminais são artérias
terminais (arteríolas), únicas responsáveis pela vascularização da face interna da retina.
Figura 7.61 Artérias da órbita.
Quadro 7.9 Artérias da órbita.
Artéria(s) Origem Trajeto e distribuição
Oftálmica A. carótida interna Atravessa o forame óptico para chegar à cavidade da órbita
Central da retina
A. oftálmica
Perfura a bainha dural do nervo óptico e segue até o bulbo do olho;
ramifica-se a partir do centro do disco óptico; supre a retina óptica
(exceto cones e bastonetes)
Supraorbital
Segue em sentido superior e posterior a partir do forame supraorbital
para suprir a fronte e o couro cabeludo
Supratroclear Segue da margem supraorbital até a fronte e o couro cabeludo
Lacrimal
Segue ao longo da margem superior do M. reto lateral para suprir a
glândula lacrimal, a conjuntiva e as pálpebras
Dorsal do nariz Segue ao longo da face dorsal do nariz e vasculariza sua superfície
Ciliares
posteriores curtas
Perfuram a esclera na periferia do nervo óptico para suprir a corioide
que, por sua vez, supre cones e bastonetes da retina óptica
Ciliares
posteriores longas
Perfuram a esclera para suprir o corpo ciliar e a íris
Etmoidal posterior
Atravessa o forame etmoidal posterior até as células etmoidais
posteriores
Etmoidal anterior
Atravessa o forame etmoidal anterior até a fossa anterior do crânio;
supre as células etmoidais anterior e média, o seio frontal, a cavidade
nasal e a pele no dorso do nariz
Ciliar anterior
Ramos musculares
(reto) da A. oftálmica
Perfura a esclera nas fixações dos músculos retos e forma a rede na íris e
no corpo ciliar
Infraorbital
Terceira parte da A.
maxilar
Segue ao longo do sulco e do forame infraorbital até a face
A face externa da retina também é suprida pela lâmina capilar da corioide (corioideocapilar). Das cerca de oito artérias
ciliares posteriores (também ramos da artéria oftálmica), seis artérias ciliares posteriores curtas suprem diretamente a
corioide, que nutre a lâmina avascular externa da retina. Duas artérias ciliares posteriores longas, uma de cada lado do
bulbo do olho, seguem entre a esclera e a corioide para se anastomosarem com as artérias ciliares anteriores (continuações
dos ramos musculares da artéria oftálmica para os músculos retos) e suprir o plexo ciliar.
VEIAS DA ÓRBITA
A drenagem venosa da órbita se faz através das veias oftálmicas superior e inferior, que atravessam a fissura orbital
superior e entram no seio cavernoso (Figura 7.63). Em geral, a veia central da retina (Figura 7.62) entra diretamente no seio
cavernoso, mas pode se unir a uma das veias oftálmicas. O vórtice, ou veias vorticosas, da túnica vascular do bulbo do olho
drena para a veia oftálmica inferior. O seio venoso da esclera é uma estrutura vascular que circunda a câmara anterior do
bulbo do olho e através da qual o humor aquoso retorna à circulação sanguínea.
Anatomia de superfície do olho e do aparelho lacrimal
Veja uma descrição da anatomia de superfície das pálpebras sob o título “Anatomia de superfície da face” (anteriormente). A
parte anterior da esclera é coberta pela túnica conjuntiva do bulbo transparente, que contém vasos sanguíneos conjuntivais
muito pequenos, mas visíveis (Figura 7.64B). Quando irritados, os vasos podem aumentar bastante, e a túnica conjuntiva do
bulbo pode assumir uma aparência bem rosada quando inflamada. Muitas vezes, a esclera opaca e resistente normal parece
um pouco azulada em lactentes e crianças, e a tonalidade amarela é comum em muitas pessoas idosas.
A parte transparente anterior do olho é a córnea, que é contínua com a esclera em suas margens. Em uma vista lateral
(Figura 7.64A), a maior parte da região visível do bulbo do olho protrai-se ligeiramente através da rima das pálpebras. É
visível que a córnea tem uma curvatura (convexidade) maior do que o restante do bulbo do olho (a parte coberta por esclera);
assim, há um ângulo raso no limbo da córnea, ou junção esclerocorneal (Figura 7.64B). A proeminência da córnea também
torna visíveis os movimentos do bulbo do olho quando as pálpebras estão fechadas.
Figura 7.62 Corte horizontal parcial do bulbo do olho direito. A artéria que supre a parte interna da retina (artéria central da
retina) e a corioide, que, por sua vez, nutre a camada avascular da retina, são mostradas. A corioide é organizada de modo que os
vasos que a suprem e os vasos corióideos maiores são externos, e os vasos menores (a lâmina capilar) são mais internos,
adjacentes à camada avascular da retina. A veia vorticosa (uma entre quatro a cinco) drena sangue venoso da corioide para as
veias ciliar posterior e oftálmica. O seio venoso da esclera reconduz o humor aquoso, secretado na câmara anterior pelos
processos ciliares, para a circulação venosa.
Figura 7.63 Veias oftálmicas. A veia oftálmica superior drena para o seio cavernoso, e a veia oftálmica inferior drena para o
plexo venoso pterigóideo. Elas se comunicam com as veias facial e supraorbital anteriormente e entre si posteriormente. A veia
oftálmica superior acompanha a artéria oftálmica e seus ramos.
Figura 7.64 Anatomia de superfície do olho (A) e aparelho lacrimal (B).
A abertura circular escura através da qual a luz entra no bulbo do olho, a pupila, é circundada pela íris, um diafragma
circular pigmentado. Os tamanhos relativos da pupila e da íris variam com a intensidade da luz que entra; entretanto, os
tamanhos das pupilas e íris contralaterais devem ser uniformes.
Normalmente, quando os olhos estão abertos e o olhar está voltado para diante, a parte superior da córnea e da íris é
coberta pela margem da pálpebra superior, e a parte inferior da córnea e íris é completamente exposta acima da pálpebra
inferior, geralmente expondo margem estreita de esclera. Até mesmo pequenas variações na posição dos bulbos dos olhos são
notáveis, causando uma mudança da expressão facial para um olhar surpreso quando a pálpebra superior está elevada (como
ocorre na exoftalmia, ou protrusão dos bulbos dos olhos, causada por hipertireoidismo), ou uma aparência sonolenta (como
ocorre quando há queda da pálpebra superior, ptose, em razão da ausência de inervação simpática na síndrome de Horner).
A túnica conjuntiva do bulbo é refletida da esclera sobre a face profunda da pálpebra. A túnica conjuntiva da pálpebra
normalmente é vermelha e vascularizada e, com a experiência, seu exame pode permitir avaliar os níveis de hemoglobina. É
examinada com frequência em casos de suspeita de anemia, um distúrbio do sangue que costuma se manifestar por palidez
das mucosas. A eversão da pálpebra superior permite avaliar o tamanho e a extensão do tarso superior nela contido, e muitas
vezes é possível distinguir as glândulas tarsais através da túnica conjuntiva da pálpebra como estrias verticais levemente
amarelas. Ao exame cuidadoso, podem ser vistas as aberturas dessas glândulas (cerca de 20 por pálpebra) nas margens das
pálpebras, posteriormente às duas ou três fileiras de cílios. Como a túnica conjuntiva do bulbo é contínua com o epitélio
anterior da córnea e a túnica conjuntiva da pálpebra, forma o saco conjuntival. A rima das pálpebras é a abertura anterior do
saco conjuntival.
No ângulo medial do olho, pode-se ver um reservatório superficial avermelhado de lágrimas, o lago lacrimal. No lago
está a carúncula lacrimal, uma pequena elevação de pele modificada úmida. Lateralmente à carúncula está a prega
conjuntival semilunar, que se superpõe ligeiramente ao bulbo do olho. A prega semilunar é um rudimento da membrana
nictitante de aves e répteis. Quando as margens das pálpebras são evertidas, pode-se ver uma pequena depressão, o ponto
lacrimal, em sua extremidade medial no pico de uma pequena elevação, a papila lacrimal.
REGIÃO ORBITAL, ÓRBITA E BULBO DO OLHO
Fraturas da órbita
A margem orbital é forte para proteger o conteúdo da órbita. Entretanto, quando os golpes são fortes o bastante e
há impacto direto na margem óssea, as fraturas resultantes geralmente ocorrem nas três suturas entre os ossos que
formam a margem orbital. Em face da pequena espessura das paredes medial e inferior da órbita, um golpe no olho
pode causar fratura das paredes orbitais enquanto a margem permanece intacta (Figura B7.23). A lesão traumática indireta
que desloca as paredes orbitais é denominada fratura “em explosão”. As fraturas da parede medial podem acometer os seios
etmoidal e esfenoidal, enquanto as fraturas da parede inferior (assoalho da órbita) podem acometer o seio maxilar.
Figura B7.23
Embora a parede superior seja mais forte do que as paredes medial e inferior, é fina o suficiente para ser translúcida e
pode ser facilmente perfurada. Assim, um objeto cortante pode atravessá-la e penetrar no lobo frontal do encéfalo.
Muitas vezes as fraturas da órbita resultam em hemorragia intraorbital, que exerce pressão sobre o bulbo do olho,
causando exoftalmia (protrusão do bulbo do olho). Qualquer traumatismo do olho pode afetar estruturas adjacentes — por
exemplo, sangramento para o seio maxilar, deslocamento dos dentes maxilares e fratura dos ossos nasais resultando em
hemorragia, obstrução das vias respiratórias e infecção que poderia se disseminar para o seio cavernoso através da veia
oftálmica.
Tumores da órbita
Em face da proximidade entre o nervo óptico e o seio esfenoidal e as células etmoidais posteriores, um tumor
maligno nesses seios pode causar erosão das finas paredes ósseas da órbita e comprimir o nervo óptico e o conteúdo
da órbita. Os tumores na órbita provocam exoftalmia. A via mais fácil de entrada de um tumor da fossa média do
crânio na cavidade orbital é através da fissura orbital superior; tumores na fossa temporal ou infratemporal têm acesso a essa
cavidade através da fissura orbital inferior. Embora a parede lateral da órbita seja quase tão longa quanto a parede medial
porque se estende em sentido lateral e anterior, não chega a uma posição tão anterior quanto a parede medial, que ocupa
praticamente um plano sagital (Figura 7.44A). Quase 2,5 cm do bulbo do olho ficam expostos quando a pupila é voltada
medialmente ao máximo possível. É por isso que a parede lateral garante um bom acesso para cirurgias do bulbo do olho.
Lesão dos nervos que suprem as pálpebras
Como o nervo oculomotor supre o músculo levantador da pálpebra superior, sua lesão causa paralisia desse músculo
e queda da pálpebra superior (ptose). A lesão do nervo facial causa paralisia do músculo orbicular do olho,
impedindo o fechamento completo das pálpebras. Também há perda do reflexo normal de piscar rápido que protege
o olho.
A perda de tônus do músculo na pálpebra inferior causa queda (eversão) da pálpebra em relação à superfície do bulbo do
olho, levando ao ressecamento da córnea. Isso deixa o bulbo do olho desprotegido contra a poeira e pequenas partículas.
Assim, a irritação do bulbo do olho desprotegido resulta em lacrimejamento excessivo, porém ineficiente (formação de
lágrimas). Também há acúmulo de líquido lacrimal em excesso quando o aparelho de drenagem lacrimal é obstruído,
impedindo, assim, que o líquido chegue à parte inferior do bulbo do olho. Em geral, as pessoas esfregam os olhos
constantemente para secar as lágrimas, o que agrava a irritação.
Inflamação das glândulas palpebrais
Qualquer uma das glândulas na pálpebra pode apresentar inflamação e edema causados por infecção ou obstrução
de seus ductos. Em caso de obstrução dos ductos das glândulas ciliares, surge na pálpebra um edema supurativo
(produtor de pus) vermelho e doloroso, um hordéolo. Também podem se formar cistos das glândulas sebáceas da
pálpebra, denominados calázios. A obstrução de uma glândula tarsal causa inflamação, um calázio do tarso, que se protrai
em direção ao bulbo do olho, havendo atrito contra ele quando as pálpebras se fecham.
Hiperemia da conjuntiva
A conjuntiva é incolor, exceto quando há dilatação e congestão dos vasos. A hiperemia da conjuntiva é causada por
irritação local (p. ex., por poeira, cloro ou fumaça). A inflamação da conjuntiva, conjuntivite, é uma infecção
contagiosa do olho.
Hemorragias subconjuntivais
As hemorragias subconjuntivais são comuns e apresentam-se como manchas de cor vermelho-vivo ou vermelhoescura
situadas profundamente à túnica conjuntiva do bulbo e no seu interior. As hemorragias podem ser causadas
por lesão ou inflamação. Um golpe no olho, assoar o nariz com força excessiva e paroxismos de tosse ou espirros
violentos podem causar hemorragias em razão da ruptura de pequenos capilares subconjuntivais.
Desenvolvimento da retina
A retina e o nervo óptico desenvolvem-se a partir do cálice óptico, um crescimento do prosencéfalo embrionário, a
vesícula óptica (Figura B7.24A.) Quando evagina do prosencéfalo (Figura B7.24B), a vesícula óptica leva consigo as
meninges em desenvolvimento. Portanto, o nervo óptico é revestido por meninges cranianas e uma extensão do
espaço subaracnóideo (Figura B7.24C). A artéria e a veia centrais da retina cruzam o espaço subaracnóideo e seguem na
parte distal do nervo óptico. O estrato pigmentoso da retina desenvolve-se a partir da camada externa do cálice óptico, e o
estrato nervoso desenvolve-se a partir da camada interna do cálice.
Figura B7.24
Descolamento da retina
As camadas da retina em desenvolvimento são separadas no embrião por um espaço intrarretiniano (Figura B7.24B).
Durante o período fetal inicial, as camadas se fundem, fechando esse espaço. Embora o estrato pigmentoso fixe-se
firmemente à corioide, a fixação ao estrato nervoso não é firme. Logo, pode haver descolamento da retina após um
golpe no olho (Figura B7.25). O descolamento da retina geralmente resulta da entrada de líquido entre os estratos nervoso e
pigmentoso da retina, talvez dias ou até mesmo semanas após o traumatismo do olho. As pessoas com descolamento da
retina podem se queixar de flashes luminosos ou pontos flutuando na frente do olho.
Figura B7.25
Reflexo pupilar à luz
O reflexo pupilar à luz é testado usando-se uma pequena lanterna durante o exame neurológico. O reflexo, do qual
participam o NC II (ramo aferente) e o NC III (ramo eferente), é a rápida constrição da pupila em resposta à luz.
Quando a luz penetra em um olho, as duas pupilas se contraem porque cada retina envia fibras para os tratos ópticos
dos dois lados. O músculo esfíncter da pupila é inervado por fibras parassimpáticas; consequentemente, a interrupção dessas
fibras causa dilatação da pupila devido à ação sem oposição do músculo dilatador da pupila inervado pelo sistema simpático.
O primeiro sinal de compressão do nervo oculomotor é a lentidão ipsilateral da resposta pupilar à luz.
Uveíte
A uveíte, inflamação da túnica vascular do bulbo do olho (úvea), pode evoluir para comprometimento visual grave e
cegueira se a inflamação não for tratada por um oftalmologista.
Oftalmoscopia
Os médicos usam um oftalmoscópio (fundoscópio) para ver o fundo (parte posterior) do olho (Figura 7.52). As
artérias e veias da retina irradiam-se sobre o fundo a partir do disco óptico. O disco oval e pálido aparece na face
medial com os vasos retinianos irradiando-se de seu centro. Em geral, a pulsação das artérias da retina é visível. Na
região central, no polo posterior do bulbo do olho, a mácula parece mais escura do que o tom avermelhado das áreas
adjacentes da retina, porque o pigmento melanina negro na corioide e no estrato pigmentoso não é permeado por sangue
capilar.
Papiledema
O aumento da pressão do LCS torna mais lento o retorno venoso da retina, o que causa edema (acúmulo de líquido)
da retina. Durante a oftalmoscopia é observada a tumefação do disco óptico, denominada papiledema. Normalmente,
o disco óptico é plano e não forma uma papila. O papiledema resulta do aumento da pressão intracraniana e da
pressão do LCS na extensão do espaço subaracnóideo ao redor do nervo óptico (Figura 7.50A).
Presbiopia e catarata
À medida que as pessoas envelhecem, as lentes enrijecem e tornam-se mais achatadas. Essas alterações reduzem
gradualmente a capacidade de focalização das lentes, um distúrbio conhecido como presbiopia. Algumas pessoas
também apresentam perda de transparência da lente por áreas de opacidade (catarata). A extração da catarata
associada a um implante de lente intraocular tornou-se uma operação comum. A extração de catarata extracapsular consiste
na retirada da lente, preservando sua cápsula para receber uma lente intraocular sintética (Figura B7.26A e B). A extração da
lente intracapsular consiste na retirada da lente e da cápsula, com implantação de uma lente intraocular sintética na câmara
anterior (Figura B7.26C).
Figura B7.26
Coloboma da íris
A ausência de uma parte da íris (Figura B7.27) pode ser consequência de um defeito congênito, no qual a fissura da
corioide não se fecha adequadamente (Figura B7.24B), de lesões perfurantes ou não perfurantes do bulbo do olho,
ou de uma iridectomia cirúrgica. Quando a íris é lesada desse modo, a fissura da íris não cicatriza.
Glaucoma
A velocidade da saída de humor aquoso através do seio venoso da esclera para a circulação sanguínea deve ser igual
à velocidade de produção do humor aquoso. Caso haja diminuição acentuada da drenagem em razão de obstrução
da via de saída (Figura B7.28), a pressão aumenta nas câmaras anterior e posterior do olho, um distúrbio chamado
de glaucoma. A compressão da túnica interna do bulbo do olho (retina) e das artérias da retina pode causar cegueira se a
produção de humor aquoso não for reduzida para manter a pressão intraocular normal.
Figura B7.27
Hemorragia da câmara anterior
A hemorragia na câmara anterior do bulbo do olho (hifema) geralmente é causada por traumatismo não penetrante
do bulbo do olho, como no jogo de squash ou raquetebol ou por um taco de hóquei (Figura B7.29). Inicialmente, a
câmara anterior é tingida de vermelho, mas logo há acúmulo de sangue nessa câmara. Em geral, a hemorragia inicial
cessa em alguns dias e a recuperação é boa.
Prótese ocular
A bainha do bulbo forma uma cavidade para uma prótese ocular quando o bulbo do olho é removido. Depois dessa
operação, os músculos do bulbo do olho não conseguem se retrair muito porque as fáscias permanecem fixadas à
bainha do bulbo. Assim, é possível realizar algum movimento coordenado com uma prótese bem adaptada. Como o
ligamento suspensor sustenta o bulbo do olho (Figura 7.62), é preservado na remoção cirúrgica do assoalho ósseo da órbita
(p. ex., durante a retirada de um tumor).
Figura B7.28
Figura B7.29
Reflexo corneano
No exame neurológico, o examinador toca a córnea com um fiapo de algodão (Figura B7.14). A resposta normal
(positiva) é piscar. A ausência dessa resposta sugere uma lesão do NC V1; uma lesão do NC VII (o nervo motor para
o músculo orbicular do olho) também pode comprometer esse reflexo. O examinador tem de tocar a córnea (não
apenas a esclera) para provocar o reflexo. A lente de contato reduz ou abole a capacidade de provocar esse reflexo.
Escoriações e lacerações da córnea
Objetos estranhos como areia ou limalha (partículas) de metal produzem escoriações da córnea, que causam dor
súbita e intensa no bulbo do olho e lacrimejamento. A abertura e o fechamento das pálpebras também são
dolorosos. As lacerações da córnea são causadas por objetos cortantes como unhas ou o ângulo da página de um livro.
Úlceras e transplantes de córnea
O comprometimento da inervação sensitiva da córnea pelo NC V1 deixa a córnea vulnerável à lesão por partículas
estranhas. Pessoas com lesões na córnea (cicatrizes ou córneas opacas) podem receber transplantes de córneas de
doadores e implantes de córneas de material plástico não reativo.
Síndrome de Horner
A síndrome de Horner é causada pela interrupção de um tronco simpático cervical e se manifesta pela ausência de
funções estimuladas pelo sistema simpático no mesmo lado da cabeça. A síndrome inclui os seguintes sinais:
constrição da pupila (miose), queda da pálpebra superior (ptose), vermelhidão e aumento da temperatura da pele
(vasodilatação) e ausência de sudorese (anidrose). A constrição da pupila ocorre porque não há oposição ao músculo
esfíncter da pupila estimulado pelo sistema parassimpático. A ptose é uma consequência da paralisia das fibras musculares
lisas interdi-gitadas com a aponeurose do músculo levantador da pálpebra superior, que coletivamente formam o músculo
tarsal superior, suprido por fibras simpáticas.
Paralisia dos músculos extrínsecos do bulbo do olho | Paralisias dos nervos orbitais
Um ou mais músculos extrínsecos do bulbo do olho podem ser paralisados por doença no tronco encefálico ou por
traumatismo craniano, resultando em diplopia (visão dupla). A paralisia de um músculo é observada pela limitação
de movimento do bulbo do olho no campo de ação do músculo e pela produção de duas imagens quando se tenta
usar o músculo.
PARALISIA DO NERVO OCULOMOTOR
A paralisia completa do nervo oculomotor afeta a maioria dos músculos do olho, o músculo levantador da pálpebra
superior e o músculo esfíncter da pupila. A pálpebra superior cai e não pode ser levantada voluntariamente em face
da atividade sem oposição do músculo orbicular do olho (suprido pelo nervo facial) (Figura B7.30A). Também há
dilatação completa e ausência de reação da pupila em razão da ação, sem oposição, do músculo dilatador da pupila. Há
abdução completa e abaixamento da pupila (“para fora e para baixo”) devido à atividade, sem oposição, dos músculos reto
lateral e oblíquo superior, respectivamente.
Figura B7.30
PARALISIA DO NERVO ABDUCENTE
Quando o nervo abducente (NC VI), que supre apenas o músculo reto lateral, é paralisado, não é possível a abdução
voluntária da pupila do lado acometido (paresia ou paralisia do nervo). A pupila está totalmente aduzida em
decorrência da tração irrestrita do músculo reto medial (Figura B7.30B).
Obstrução da artéria central da retina
Como os ramos terminais da artéria central da retina são artérias terminais, a obstrução deles por um êmbolo resulta
em cegueira imediata e total. Em geral, a obstrução da artéria é unilateral e ocorre em pessoas idosas.
Obstrução da veia central da retina
Como a veia central da retina entra no seio cavernoso, a tromboflebite desse seio pode resultar na passagem de um
trombo para a veia central da retina e obstrução das pequenas veias da retina. A oclusão de um ramo da veia central
geralmente acarreta perda lenta e indolor da visão.
Pontos-chave
REGIÃO ORBITAL, ÓRBITA E BULBO DO OLHO
Órbitas: As órbitas são cavidades piramidais, com as bases voltadas em sentido anterior e os ápices em sentido posterior,
que abrigam os bulbos dos olhos e estruturas visuais acessórias. ♦ As paredes mediais das órbitas contralaterais são
paralelas, e as paredes laterais são perpendiculares entre si. ♦ As margens e paredes laterais das órbitas, por estarem mais
vulneráveis ao traumatismo direto, são fortes. ♦ A parede superior (teto) e a parede inferior (assoalho) são compartilhadas
com a fossa anterior do crânio e o seio maxilar, respectivamente, e grande parte da parede medial, que tem a espessura de
um papel, é comum às células etmoidais. ♦ Assim, a parede medial e o assoalho são vulneráveis à propagação de doenças
dos seios paranasais e a fraturas explosivas quando se aplica força contundente ao conteúdo da órbita, aumentando
subitamente a pressão intraorbital. ♦ O canal óptico e a fissura orbital superior no ápice da órbita são os trajetos primários de
entrada e saída de estruturas nas órbitas.
Estruturas acessórias da visão: As pálpebras e o aparelho lacrimal protegem o bulbo do olho. ♦ O saco conjuntival é
uma forma especial de bolsa mucosa, que permite o movimento das pálpebras sobre a superfície do bulbo do olho quando se
abrem e se fecham, espalhando a película de líquido lacrimal umidificadora e lubrificante dentro do saco. ♦ O líquido é
secretado no fórnice superior lateral do saco e é espalhado na parte anterior do bulbo do olho pela gravidade e ao piscar,
limpando e oferecendo à córnea os nutrientes e o oxigênio enquanto ela se movimenta em direção ao ângulo medial do olho.
♦ O líquido e os irritantes contidos acumulam-se no lago lacrimal. ♦ São drenados a partir daí por ação capilar, através dos
pontos lacrimais superior e inferior, para os canalículos lacrimais que seguem até o saco lacrimal. ♦ O saco drena através do
ducto lacrimonasal para a cavidade nasal, onde o líquido flui para trás e acaba sendo engolido. ♦ Embora o saco conjuntival
se abra anteriormente através da rima das pálpebras, o líquido lacrimal aquoso não atravessa a barreira lipídica secretada
pelas glândulas tarsais sobre as margens da rima, exceto se for produzido em excesso, como no choro.
Bulbo do olho: O bulbo do olho contém o aparelho normal do sistema visual. ♦ É trilaminar, com (1) uma túnica fibrosa
externa de sustentação, formada pela esclera opaca e pela córnea anterior transparente; (2) uma túnica vascular intermédia,
formada pela corioide (relacionada principalmente com a nutrição dos cones e bastonetes da retina), corpo ciliar (que produz
o humor aquoso e ajusta a lente) e íris (que protege a retina); e (3) uma túnica interna, formada pelas partes óptica e cega
da retina. ♦ A córnea é o principal componente refrativo do bulbo do olho, e os ajustes de foco são feitos pela lente. ♦ A
estimulação parassimpática do corpo ciliar reduz a tensão sobre a lente, permitindo que se espesse na visão de perto. ♦ O
relaxamento do corpo ciliar na ausência de estimulação distende a lente, tornando-a mais fina para visão de longe. ♦ A
estimulação parassimpática também contrai o músculo esfíncter da pupila, que fecha a pupila em resposta à luz intensa. ♦ A
estimulação simpática do músculo dilatador da pupila abre a pupila para permitir a entrada de mais luz. ♦ O segmento
anterior do bulbo do olho é preenchido por humor aquoso, produzido pelos processos ciliares na câmara posterior. ♦ O
humor aquoso atravessa a pupila para a câmara anterior e é absorvido pela circulação venosa no seio venoso da esclera. ♦ O
segmento posterior ou câmara postrema é preenchido por humor vítreo, que mantém o formato do olho, transmite a luz e
mantém a retina no lugar contra a corioide.
Músculos extrínsecos do bulbo do olho: Existem sete músculos extrínsecos: quatro retos, dois oblíquos e um
levantador da pálpebra superior. ♦ Seis músculos originam-se do ápice da órbita, e os quatro músculos retos originam-se de
um anel tendíneo comum. ♦ Só o músculo oblíquo inferior origina-se anteriormente na órbita. O músculo levantador da
pálpebra superior eleva a pálpebra superior. ♦ O músculo liso associado (músculo tarsal superior) alarga ainda mais a rima
das pálpebras durante as respostas simpáticas; a ptose é consequência da ausência de inervação simpática na cabeça
(síndrome de Horner). ♦ Quando os olhos são aduzidos (convergidos) como para a leitura de perto, os músculos oblíquos
superior e inferior produzem abaixamento e elevação, respectivamente, direcionando o olhar para baixo ou para cima na
página. ♦ A coordenação dos músculos extrínsecos do bulbo do olho contralaterais como músculos conjugados é necessária
para direcionar o olhar em uma determinada direção.
Nervos da órbita: Todos os músculos da órbita são supridos pelo NC III, exceto músculos oblíquo superior e reto
lateral, que são supridos pelos NC IV e VI, respectivamente. ♦ Ajuda para memorizar: RL6OS4TO3
.
Vasculatura da órbita: A circulação extraocular é propiciada principalmente pelas artérias oftálmica (artéria carótida
interna) e infraorbital (artéria carótida externa), com esta última irrigando estruturas perto do assoalho da órbita. ♦ As veias
oftálmicas superior e inferior drenam em sentido anterior para a veia facial, posterior para o seio cavernoso e inferior para o
plexo venoso pterigóideo. ♦ A circulação intraocular provém exclusivamente da artéria oftálmica, e a artéria central da retina
irriga toda a retina, com exceção da camada de cones e bastonetes, que é nutrida pela lâmina capilar da corioide. ♦ As
estruturas ciliares e da íris recebem sangue das artérias ciliares anteriores (dos ramos da artéria oftálmica para os músculos
retos) e duas artérias ciliares posteriores longas. ♦ Várias artérias ciliares posteriores curtas vascularizam a corioide. ♦ As
veias vorticosas superior e inferior drenam os bulbos dos olhos para as respectivas veias oftálmicas.
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