A região urogenital masculina inclui os órgãos genitais externos e os músculos do períneo. Os órgãos genitais externos
masculinos incluem a parte distal da uretra, o escroto e o pênis.
PARTE DISTAL DA URETRA MASCULINA
A uretra masculina é subdividida em quatro partes: intramural (pré-prostática), prostática, membranácea e esponjosa. As
partes intramural e prostática são descritas junto com a pelve (anteriormente neste capítulo). Os detalhes sobre as quatro
partes da uretra masculina são apresentados e comparados no Quadro 3.6.
A parte membranácea (intermédia) da uretra começa no ápice da próstata e atravessa o espaço profundo do períneo,
circundada pelo músculo esfíncter externo da uretra. Em seguida, penetra a membrana do períneo, terminando quando entra
no bulbo do pênis (Figura 3.60). Posterolateralmente a essa parte da uretra estão as pequenas glândulas bulbouretrais e seus
ductos finos, que se abrem na região proximal da parte esponjosa da uretra.
A parte esponjosa da uretra começa na extremidade distal da parte membranácea e termina no óstio externo da uretra
masculina, que é ligeiramente mais estreito do que as outras partes da uretra. O lúmen da parte esponjosa da uretra tem cerca
de 5 mm de diâmetro; entretanto, é expandido no bulbo do pênis para formar uma dilatação intrabulbar e na glande do
pênis para formar a fossa navicular. De cada lado, os finos ductos das glândulas bulbouretrais se abrem na região proximal
da parte esponjosa da uretra; os óstios desses ductos são extremamente pequenos. Também existem muitas aberturas
diminutas dos ductos das glândulas uretrais secretoras de muco na parte esponjosa da uretra.
Figura 3.60 Uretra masculina e estruturas associadas. A uretra tem quatro partes: intramural (no colo da bexiga), prostática,
membranácea (intermédia) e esponjosa (cavernosa). Os ductos das glândulas bulbouretrais abrem-se na região proximal da parte
esponjosa da uretra. O calibre da uretra não é uniforme: O óstio externo da uretra e a parte membranácea são mais estreitos. A
tentativa de usar essa posição em “linha reta” o máximo possível facilita a introdução de um cateter ou de outro instrumento
transuretral.
Irrigação arterial da parte distal da uretra masculina. A irrigação arterial das partes membranácea e esponjosa da
uretra provém de ramos da artéria dorsal do pênis (Figuras 3.52C e 3.58; Quadro 3.8).
Drenagem venosa e linfática da parte distal da uretra masculina. As veias acompanham as artérias e têm
nomes semelhantes. Os vasos linfáticos da parte membranácea da uretra drenam principalmente para os linfonodos ilíacos
internos (Quadro 3.7; ver Figura 3.65), enquanto a maioria dos vasos da parte esponjosa da uretra segue até os linfonodos
inguinais profundos, mas parte da linfa segue para os linfonodos ilíacos externos.
Inervação da parte distal da uretra masculina. A inervação da parte membranácea da uretra é igual à da parte
prostática: inervação autônoma (eferente) através do plexo nervoso prostático, originado no plexo hipogástrico inferior. A
inervação simpática provém dos níveis lombares da medula espinal através dos nervos esplâncnicos lombares, e a inervação
parassimpática provém dos níveis sacrais através dos nervos esplâncnicos pélvicos. As fibras aferentes viscerais seguem as
fibras parassimpáticas retrogradamente até os gânglios sensitivos dos nervos espinais sacrais. O nervo dorsal do pênis, um
ramo do nervo pudendo, é responsável pela inervação somática da parte esponjosa da uretra (Figura 3.57).
ESCROTO
O escroto é um saco fibromuscular cutâneo para os testículos e estruturas associadas. Situa-se posteroinferiormente ao pênis
e abaixo da sínfise púbica. A formação embrionária bilateral do escroto é indicada pela rafe do escroto mediana (Figura
3.61A e E), que é contínua na face ventral do pênis com a rafe do pênis e posteriormente ao longo da linha mediana do
períneo com a rafe do períneo. Na parte interna, profundamente a sua rafe, o escroto é dividido em dois compartimentos,
um para cada testículo, por um prolongamento da túnica dartos, o septo do escroto. Os testículos, epidídimos e seus
revestimentos são descritos com o abdome (ver Capítulo 2).
Irrigação arterial do escroto. As artérias escrotais anteriores, ramos terminais das artérias pudendas externas (da
artéria femoral), irrigam a face anterior do escroto. As artérias escrotais posteriores, ramos terminais dos ramos perineais
superficiais das artérias pudendas internas, irrigam a face posterior (Figura 3.58A; Quadro 3.8). O escroto também recebe
ramos das artérias cremastéricas (ramos das artérias epigástricas inferiores).
Drenagem venosa e linfática do escroto. As veias escrotais acompanham as artérias, compartilhando os mesmos
nomes, mas drenam principalmente para as veias pudendas externas. Os vasos linfáticos do escroto conduzem linfa para os
linfonodos inguinais superficiais (Quadro 3.6).
Inervação do escroto. A face anterior do escroto é inervada por derivados do plexo lombar: nervos escrotais
anteriores, derivados do nervo ilioinguinal, e o ramo genital do nervo genitofemoral (Quadro 3.10). A face posterior do
escroto é inervada por derivados do plexo sacral: nervos escrotais posteriores, ramos dos ramos perineais superficiais do
nervo pudendo, e o ramo perineal do nervo cutâneo femoral posterior (Figuras 3.57, 3.62A e 3.64). As fibras simpáticas
conduzidas por esses nervos auxiliam a termorregulação dos testículos, estimulando a contração do músculo liso dartos em
resposta ao frio ou estimulando as glândulas sudoríferas escrotais enquanto inibem a contração do músculo dartos em resposta
ao calor excessivo.
Figura 3.61 Pênis e escroto. A. Face uretral do pênis circuncidado. A parte esponjosa da uretra está situada profundamente à
rafe do pênis. O escroto é dividido em metades direita e esquerda pela rafe do escroto, que é contínua com as rafes do pênis e do
períneo. B. Dorso do pênis circuncidado e face anterior do escroto. O pênis é dividido em raiz, corpo e glande. C. O pênis tem três
massas eréteis: dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso (contendo a parte esponjosa da uretra). D. A pele do pênis
estende-se distalmente como prepúcio, superpondo-se ao colo e à coroa da glande. E. Pênis não circuncidado.
PÊNIS
O pênis é o órgão masculino da cópula e, conduzindo a uretra, oferece a saída comum para a urina e o sêmen (Figuras 3.60 a
3.62). O pênis consiste em raiz, corpo e glande. É formado por três corpos cilíndricos de tecido cavernoso erétil: dois corpos
cavernosos dorsalmente e um corpo esponjoso ventralmente. Em posição anatômica, o pênis está ereto; quando o pênis está
flácido, seu dorso está voltado anteriormente. Cada corpo cavernoso tem um revestimento fibroso externo ou cápsula, a
túnica albugínea (Figura 3.61C). Superficialmente ao revestimento externo está a fáscia do pênis (fáscia de Buck), a
continuação da fáscia profunda do períneo que forma um revestimento membranáceo forte dos corpos cavernosos e do corpo
esponjoso, unindo-os (Figura 3.61C e D). O corpo esponjoso contém a parte esponjosa da uretra. Os corpos cavernosos
estão fundidos um ao outro no plano mediano, exceto posteriormente, onde se separam para formar os ramos do pênis
(Figuras 3.60 e 3.62B). Internamente, o tecido cavernoso dos corpos é separado (em geral incompletamente) pelo septo do
pênis (Figura 3.61C).
Figura 3.62 Períneo masculino e estrutura do pênis. A. O canal anal é circundado pelo músculo esfíncter externo do ânus, com
uma fossa isquioanal de cada lado. O nervo anal (retal) inferior é um ramo do nervo pudendo originado na entrada para o canal do
pudendo e, com o ramo perineal de S4, supre o músculo esfíncter externo do ânus. B. O corpo esponjoso foi separado dos corpos
cavernosos. As flexuras naturais do pênis são preservadas. A glande do pênis encaixa-se como um capuz sobre as extremidades
rombas dos corpos cavernosos. C. TC no nível do espaço superficial de um homem. (Cortesia do Dr. Donald R. Cahill, Department
of Anatomy, Mayo Medical School, Rochester, MN.)
A raiz do pênis, a parte fixa, é formada pelos ramos, bulbo e músculos isquiocavernoso e bulboesponjoso (Figuras 3.60 e
•
•
3.62A e B). A raiz do pênis está localizada no espaço superficial do períneo, entre a membrana do períneo superiormente e a
fáscia do períneo inferiormente (ver Figura 3.53B e D). Os ramos e o bulbo do pênis consistem em massas de tecido erétil.
Cada ramo está fixado à parte inferior da face interna do ramo isquiático correspondente (ver Figura 3.52D), anterior ao túber
isquiático. A parte posterior aumentada do bulbo do pênis é perfurada superiormente pela uretra, continuando a partir de sua
parte membranácea (Figuras 3.60 e 3.62B).
O corpo do pênis é a parte pendular livre suspensa da sínfise púbica. Exceto por algumas fibras do músculo
bulboesponjoso perto da raiz do pênis e do músculo isquiocavernoso que circundam os ramos, o corpo do pênis não tem
músculos (Figura 3.62).
O pênis é formado por pele fina, tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e linfáticos, fáscia, corpos cavernosos e corpo
esponjoso contendo a parte esponjosa da uretra (Figura 3.61C). Na parte distal, o corpo esponjoso se expande para formar a
glande do pênis cônica, ou cabeça do pênis (Figuras 3.61A, B e D e 3.62B). A margem da glande projeta-se além das
extremidades dos corpos cavernosos para formar a coroa da glande. A coroa pende por sobre uma constrição sulcada
oblíqua, o colo da glande, que separa a glande do corpo do pênis. A abertura em fenda da parte esponjosa da uretra, o óstio
externo da uretra, está perto da extremidade da glande do pênis.
A pele do pênis é fina, com pigmentação escura em relação à pele adjacente, e unida à túnica albugínea por tecido
conjuntivo frouxo. No colo da glande, a pele e a fáscia do pênis são prolongadas como uma dupla camada de pele, o
prepúcio do pênis, que em homens não circuncidados cobre a glande em extensão variável (Figura 3.61E). O frênulo do
prepúcio é uma prega mediana que vai da camada profunda do prepúcio até a face uretral da glande do pênis (Figura 3.61A e
D).
O ligamento suspensor do pênis é uma condensação de fáscia profunda que se origina na face anterior da sínfise púbica
(Figura 3.63). O ligamento segue inferiormente e divide-se para formar uma alça que está fixada à fáscia profunda do pênis na
junção de sua raiz e corpo. As fibras do ligamento suspensor são curtas e tensas, fixando os corpos eréteis do pênis à sínfise
púbica.
O ligamento fundiforme do pênis é uma massa ou condensação irregular de colágeno e fibras elásticas do tecido
subcutâneo que desce na linha mediana a partir da linha alba superior à sínfise púbica (ver Figura 3.53F). O ligamento dividese
para circundar o pênis e depois se une e se funde inferiormente à túnica dartos, formando o septo do escroto. As fibras do
ligamento fundiforme são relativamente longas e frouxas e situam-se superficialmente (anteriormente) ao ligamento suspensor.
Figura 3.63 Vasos e nervos no dorso do pênis e conteúdo do funículo espermático. A pele do pênis e do escroto foi
retirada. A fáscia superficial (dartos) que recobre o pênis também foi removida para expor a veia dorsal profunda mediana ladeada
por artérias e nervos dorsais bilaterais.
Irrigação arterial do pênis. O pênis é irrigado principalmente por ramos das artérias pudendas internas (ver Figura
3.58A; Quadro 3.8).
Artérias dorsais do pênis seguem de cada lado da veia dorsal profunda no sulco dorsal entre os corpos cavernosos
(Figuras 3.61C e D e 3.63), irrigando o tecido fibroso ao redor dos corpos cavernosos, corpo esponjoso, parte esponjosa
da uretra e pele do pênis
Artérias profundas do pênis perfuram os ramos na parte proximal e seguem distalmente perto do centro dos corpos
•
cavernosos, irrigando o tecido erétil nessas estruturas (Figuras 3.58A e 3.61C)
Artérias do bulbo do pênis irrigam a parte posterior (bulbar) do corpo esponjoso e a uretra em seu interior, além da
glândula bulbouretral (ver Figura 3.58A).
Além disso, os ramos superficiais e profundos das artérias pudendas externas irrigam a pele do pênis, anastomosandose
com ramos das artérias pudendas internas.
As artérias profundas do pênis são os principais vasos que irrigam os espaços cavernosos no tecido erétil dos corpos
cavernosos e, portanto, participam da ereção do pênis. Elas emitem vários ramos que se abrem diretamente para os espaços
cavernosos. Quando o pênis está flácido, essas artérias encontram-se espiraladas, restringindo o fluxo sanguíneo; são
denominadas artérias helicinas do pênis.
Drenagem venosa do pênis. O sangue dos espaços cavernosos é drenado por um plexo venoso que se une à veia
dorsal profunda do pênis na fáscia profunda (Figuras 3.61C e 3.63). Essa veia passa entre as lâminas do ligamento
suspensor do pênis, inferiormente ao ligamento púbico inferior e anteriormente à membrana do períneo, para entrar na pelve,
onde drena para o plexo venoso prostático. O sangue da pele e da tela subcutânea do pênis drena para a(s) veia(s) dorsal(is)
superficial(is), que drena(m) para a veia pudenda externa superficial. Parte do sangue também segue para a veia pudenda
interna.
Inervação do pênis. Os nervos derivam dos segmentos S2–S4 da medula espinal e dos gânglios sensitivos de nervos
espinais, atravessando os nervos esplâncnicos pélvicos e pudendos, respectivamente (Figura 3.64). A inervação sensitiva e
simpática é garantida principalmente pelo nervo dorsal do pênis, um ramo terminal do nervo pudendo, que tem origem no
canal do pudendo e segue anteriormente até o espaço profundo do períneo. Depois, segue para o dorso do pênis, onde passa
lateralmente à artéria dorsal (Figuras 3.61C e 3.63). Inerva a pele e a glande do pênis. O pênis é ricamente suprido por
diversas terminações nervosas sensitivas, sobretudo a glande do pênis. Os ramos do nervo ilioinguinal suprem a pele na raiz
do pênis. Os nervos cavernosos, que conduzem fibras parassimpáticas em separado do plexo nervoso prostático, inervam as
artérias helicinas do tecido erétil.
Figura 3.64 Nervos do períneo. O nervo pudendo conduz a maioria das fibras sensitivas, simpáticas e motoras somáticas para
o períneo. Embora tenham origem nos mesmos segmentos da medula espinal que o nervo pudendo, as fibras parassimpáticas
dos nervos cavernosos seguem independentes do nervo pudendo. Com a exceção dos nervos cavernosos, não há fibras
parassimpáticas fora da cabeça, pescoço ou cavidades do tronco. Os nervos cavernosos originam-se no plexo prostático em
homens e no plexo vesical nas mulheres. Eles terminam nas anastomoses arteriovenosas e nas artérias helicinas dos corpos
eréteis que, quando estimulados, causam ereção do pênis ou ingurgitamento do clitóris e do bulbo do vestíbulo em mulheres.
DRENAGEM LINFÁTICA DO PERÍNEO MASCULINO
A linfa da pele de todas as partes do períneo, inclusive a pele sem pelos inferior à linha pectinada do anorreto, mas excluindo a
glande do pênis, drena para os linfonodos inguinais superficiais (Figura 3.65).
Refletindo sua origem abdominal, a linfa dos testículos segue uma via independente da drenagem escrotal, ao longo das
veias testiculares até a porção intermesentérica dos linfonodos lombares (cavais/aórticos) e pré-aórticos.
A drenagem linfática das partes membranácea e proximal da uretra e dos corpos cavernosos segue para os linfonodos
ilíacos internos, enquanto a maioria dos vasos da parte esponjosa da uretra, distal, e da glande do pênis segue para os
linfonodos inguinais profundos, mas parte da linfa segue para os linfonodos inguinais externos.
MÚSCULOS DO PERÍNEO MASCULINO
Os músculos superficiais do períneo, situados no espaço superficial do períneo, incluem os músculos transverso superficial
do períneo, bulboesponjoso e isquiocavernoso (Figuras 3.62A e 3.66). O Quadro 3.9 apresenta detalhes sobre as fixações,
inervação e ações desses músculos.
Figura 3.65 Drenagem linfática da região urogenital masculina — pênis, parte esponjosa da uretra, escroto e testículo.
As setas indicam a direção do fluxo linfático para os linfonodos.
Os músculos transversos superficiais do períneo e bulboesponjosos unem-se ao músculo esfíncter externo do ânus na
fixação central ao corpo do períneo. Eles cruzam a abertura inferior da pelve como feixes entrecruzados, sustentando o corpo
do períneo para auxiliar o diafragma da pelve a sustentar as vísceras pélvicas. A contração simultânea dos músculos
superficiais do períneo (mais o músculo transverso profundo do períneo) durante a ereção do pênis garante uma base mais
firme para o pênis.
Os músculos bulboesponjosos formam um constritor que comprime o bulbo do pênis e o corpo esponjoso, assim
ajudando no esvaziamento da urina e/ou sêmen residual da parte esponjosa da uretra. As fibras anteriores do músculo
bulboesponjoso, que circundam a parte proximal do corpo do pênis, também auxiliam a ereção aumentando a pressão sobre o
tecido erétil na raiz do pênis (Figura 3.62A). Ao mesmo tempo, comprimem a veia dorsal profunda do pênis, impedindo a
drenagem venosa dos espaços cavernosos e ajudando a promover o aumento e o turgor do pênis.
Os músculos isquiocavernosos circundam os ramos na raiz do pênis. Eles forçam a passagem do sangue dos espaços
cavernosos nos ramos para as partes distais dos corpos cavernosos, o que aumenta o turgor do pênis durante a ereção. A
contração dos músculos isquiocavernosos também comprime as tributárias da veia dorsal profunda do pênis que deixa o ramo
do pênis, assim restringindo a saída de sangue venoso do pênis e ajudando a manter a ereção.
Em vista de sua função durante a ereção e da atividade do músculo bulboesponjoso subsequente à micção e à ejaculação
para expelir as últimas gotas de urina e sêmen, os músculos do períneo geralmente são mais desenvolvidos nos homens do que
nas mulheres.
Figura 3.66 Músculos do períneo. A. Músculos do espaço superficial do períneo. B. Músculos do espaço profundo do períneo.
Quadro 3.9 Músculos do períneo.
Músculo Origem Trajeto e distribuição Inervação Principal ação
Esfíncter
externo do ânus
Pele e fáscia que
circundam o ânus;
cóccix através do
corpo anococcígeo
Passa ao redor das faces
laterais do canal anal,
inserção no corpo do
períneo
N. anal inferior,
um ramo do N.
pudendo (S2–
S4)
Constringe o canal anal
durante a peristalse,
resistindo à defecação;
sustenta e fixa o corpo do
períneo e o assoalho
pélvico
Bulboesponjoso
Homem: rafe
mediana na face
ventral do bulbo do
pênis; corpo do
períneo
Homem: circunda as faces
laterais do bulbo do pênis
e a parte mais proximal do
corpo do pênis, inserindose
na membrana do
períneo, face dorsal dos
corpos esponjoso e
cavernosos, e fáscia do
bulbo do pênis
Ramo
muscular
(profundo) do
N. perineal,
um ramo do N.
pudendo (S2–
S4)
Homem: sustenta e fixa o
corpo do períneo/assoalho
pélvico; comprime o bulbo
do pênis para expelir as
últimas gotas de
urina/sêmen; auxilia a
ereção comprimindo a
saída pela V. perineal
profunda e impelindo o
sangue do bulbo para o
corpo do pênis
Mulher: corpo do
períneo
Mulher: passa de cada
lado da parte inferior da
vagina, circundando o
bulbo do vestíbulo e a
glândula vestibular maior;
insere-se no arco púbico e
na fáscia dos corpos
cavernosos do clitóris
Mulher: sustenta e fixa o
corpo do períneo/assoalho
pélvico; “esfíncter” da
vagina; ajuda na ereção do
clitóris (e talvez do bulbo
do vestíbulo); comprime a
glândula vestibular maior
Circunda o ramo do pênis
ou clitóris, inserindo-se nas
Mantém a ereção do pênis
ou clitóris mediante
•
•
•
Isquiocavernoso
Face interna do ramo
isquiopúbico e túber
isquiático
faces inferior e medial do
ramo e na membrana do
períneo medial ao ramo
Ramo
muscular
(profundo) do
N. perineal,
um ramo do
N.pudendo
(S2–S4)
compressão das veias e
impulsão do sangue da raiz
do pênis ou do clitóris para
o corpo do pênis ou clitóris
Transverso
superficial do
períneo
Segue ao longo da face
inferior da margem
posterior da membrana do
períneo até o corpo do
períneo
Sustenta e fixa o corpo do
períneo/assoalho pélvico
para sustentar as vísceras
abdominopélvicas e resistir
ao aumento da pressão
intra-abdominal Transverso
profundo do
períneo
Segue ao longo da face
superior da margem
posterior da membrana do
períneo até o corpo do
períneo e músculo esfíncter
externo do ânus
Esfíncter
externo da
uretra
(Apenas a porção do
M. compressor da
uretra)
Circunda a uretra
superiormente à
membrana do períneo; em
homens, também ascende
na face anterior da
próstata; em mulheres,
algumas fibras também
circundam a vagina (M.
esfíncter uretrovaginal)
N. dorsal do
pênis ou
clitóris, o ramo
terminal do N.
pudendo (S2–
S4)
Comprime a uretra para
manter a continência
urinária; em mulheres, a
parte uretrovaginal do
músculo esfíncter também
comprime a vagina
EREÇÃO, EMISSÃO, EJACULAÇÃO E REMISSÃO
Quando um homem é estimulado eroticamente, as anastomoses arteriovenosas, pelas quais o sangue normalmente é capaz de
passar ao largo dos espaços potenciais “vazios” ou seios dos corpos cavernosos, se fecham. O músculo liso nas trabéculas
fibrosas e nas artérias helicinas espiraladas relaxa (é inibido) por estimulação parassimpática (S2–S4 através dos nervos
cavernosos do plexo nervoso prostático). Desse modo, as artérias helicinas são retificadas, aumentando suas luzes e
permitindo a entrada de sangue e a dilatação dos espaços cavernosos nos corpos do pênis.
Os músculos bulboesponjoso e isquiocavernoso comprimem as veias que saem dos corpos cavernosos, impedindo o
retorno de sangue venoso. Logo, os corpos cavernosos e o corpo esponjoso são ingurgitados por sangue com pressão quase
arterial, causando turgor (aumento e rigidez) dos corpos eréteis e ereção.
Durante a emissão, o sêmen (espermatozoides e outras secreções glandulares) é levado à parte prostática da uretra através
dos ductos ejaculatórios em consequência da peristalse dos ductos deferentes e glândulas seminais. O líquido prostático é
adicionado ao líquido seminal quando o músculo liso na próstata se contrai. A emissão é uma resposta simpática (nervos L1–
L2). Durante a ejaculação, o sêmen é expelido da uretra através do óstio externo da uretra.
A ejaculação resulta de:
Fechamento do músculo esfíncter interno da uretra no colo da bexiga, uma resposta simpática (nervos L1–L2)
Contração do músculo uretral, uma resposta parassimpática (nervos S2–S4)
Contração dos músculos bulboesponjosos pelos nervos pudendos (S2–S4).
Após a ejaculação, o pênis retorna gradualmente ao estado de flacidez (remissão), ocasionado pela estimulação simpática,
que causa constrição do músculo liso nas artérias helicinas espiraladas. Os músculos bulboesponjoso e isquiocavernoso
relaxam, permitindo a drenagem de mais sangue dos espaços cavernosos nos corpos cavernosos para a veia dorsal profunda.
REGIÃO UROGENITAL MASCULINA
Cateterização uretral
A cateterização uretral é realizada para remover urina de uma pessoa incapaz de urinar. Também é realizada para irrigar a
bexiga urinária e obter uma amostra de urina não contaminada. Ao inserir cateteres e sondas uretrais (instrumentos
ligeiramente cônicos para exploração e dilatação de uma uretra estreitada), devem-se considerar as curvas da uretra
masculina. Imediatamente distal à membrana do períneo, a parte esponjosa da uretra é bem coberta inferior e
posteriormente por tecido erétil do bulbo do pênis; entretanto, um segmento curto da parte membranácea da uretra
fica desprotegido (Figura B3.32). Como a parede uretral é fina, considerando o ângulo que tem de ser transposto para chegar
à porção intermédia da parte esponjosa da uretra, ela é vulnerável à ruptura durante a inserção de cateteres e sondas
uretrais. A parte membranácea, a menos distensível, segue anteroinferiormente ao atravessar o músculo esfíncter externo da
uretra. Na porção proximal, a parte prostática faz uma pequena curva côncava anteriormente enquanto atravessa a próstata.
Figura B3.32
A estenose uretral pode resultar de traumatismo externo do pênis ou infecção da uretra. Nesses casos, são usadas sondas
uretrais para dilatar a uretra estreitada. A parte esponjosa da uretra expande-se o suficiente para permitir a introdução de um
instrumento com cerca de 8 mm de diâmetro. O óstio externo da uretra é a parte mais estreita e menos distensível da uretra;
portanto, um instrumento que atravessa essa abertura normalmente atravessa todas as outras partes da uretra.
Distensão do escroto
O escroto é facilmente distendido. Em pessoas com grandes hérnias inguinais indiretas, por exemplo, o intestino
pode entrar no escroto até deixá-lo do tamanho de uma bola de futebol. Da mesma forma, a inflamação dos
testículos (orquite), associada a parotidite, hemorragia na tela subcutânea ou obstrução linfática crônica (como ocorre
na elefantíase, filaríase linfática), pode causar aumento do escroto.
Palpação dos testículos
A pele mole e flexível do escroto facilita a palpação dos testículos e das estruturas relacionadas a eles (p. ex., o
epidídimo e o ducto deferente). Em geral, o testículo esquerdo está situado em nível inferior ao direito.
Hipospadia
A hipospadia é uma anomalia congênita comum do pênis, que ocorre em 1 a cada 300 recém-nascidos. Na forma
mais simples e mais comum, a hipospadia glandular, o óstio externo da uretra está na face ventral da glande. Em
outros recém-nascidos, o defeito está no corpo do pênis (hipospadias penianas) (Figura B3.33A), ou no períneo
(hipospadias penoescrotais ou escrotais) (Figura B3.33B). Portanto, o óstio externo da uretra está na face uretral do pênis. A
base embriológica da hipospadia peniana e penoescrotal é a ausência de fusão das pregas urogenitais na face ventral do
pênis, concluindo a formação da parte esponjosa da uretra. Acredita-se que a hipospadia esteja associada à produção
inadequada de androgênios pelos testículos fetais. Diferenças na cronologia e no grau de insuficiência hormonal
provavelmente são responsáveis pelos diferentes tipos de hipospadia.
Figura B3.33
Fimose, parafimose e circuncisão
Em um pênis não circuncisado, o prepúcio cobre toda a glande do pênis ou a maior parte dela (ver Figura
3.61E). Em geral, o prepúcio é suficientemente elástico para ser retraído por sobre a glande. Em alguns
homens, encaixa-se firme por sobre a glande e a retração é difícil ou impossível (fimose). Como há glândulas
sebáceas modificadas no prepúcio, suas secreções oleosas (esmegma), de consistência semelhante à do queijo, acumulam-se
na bolsa do prepúcio, localizada entre a glande e o prepúcio, e causam irritação.
Em alguns homens, a retração do prepúcio sobre a glande do pênis causa tamanha constrição do colo da glande que
interfere com a drenagem de sangue e líquido tecidual. Nos homens com esse distúrbio (parafimose), a glande pode
aumentar de tal modo que se torna impossível cobri-la com o prepúcio. Nesses casos, costuma-se realizar a circuncisão.
A circuncisão, excisão cirúrgica do prepúcio, é a pequena cirurgia mais frequente em lactentes do sexo masculino. Após a
operação, a glande do pênis fica exposta (ver Figura 3.61B). Embora seja uma prática religiosa no islamismo e no judaísmo,
muitas vezes é realizada rotineiramente por motivos não religiosos (uma preferência geralmente explicada pela tradição ou
higiene) na América do Norte. Em adultos, a circuncisão costuma ser realizada em caso de fimose ou parafimose.
Disfunção erétil
A incapacidade de obter uma ereção pode ter várias causas. Quando uma lesão do plexo prostático ou dos nervos
cavernosos acarreta a incapacidade de atingir uma ereção, uma prótese peniana semirrígida ou inflável, implantada
cirurgicamente, pode assumir o papel dos corpos eréteis, garantindo a rigidez necessária para introduzir e
movimentar o pênis na vagina durante a relação sexual.
A disfunção erétil (DE) pode ocorrer na ausência de lesão do nervo, por várias outras causas. O sistema nervoso central
(hipo-talâmico) e os distúrbios endócrinos (hipofisários ou testiculares) podem causar redução da secreção de testosterona
(hormônio masculino). As fibras nervosas podem não estimular os tecidos eréteis ou a sensibilidade dos vasos sanguíneos à
estimulação autonômica pode ser insuficiente. Em muitos desses casos, a ereção pode ser alcançada com o auxílio de
medicamentos orais ou injeções que aumentam o fluxo sanguíneo para os sinusoides cavernosos mediante relaxamento do
músculo liso.
Pontos-chave
REGIÃO UROGENITAL MASCULINA
Parte distal da uretra masculina: A parte membranácea da uretra é a parte mais curta e mais estreita da uretra
masculina, sendo o limite de sua distensão normalmente igual ao do óstio externo da uretra. ♦ É circundada por músculo
voluntário da parte inferior do músculo esfíncter externo da uretra antes de perfurar a membrana do períneo. ♦
Imediatamente inferior à membrana, a uretra entra no corpo esponjoso e passa a ser denominada parte esponjosa da uretra,
a parte mais longa da uretra masculina. ♦ A parte esponjosa da uretra tem expansões em cada extremidade, as fossas
intrabulbar e navicular. ♦ As partes membranácea e esponjosa da uretra são irrigadas e drenadas pelos mesmos vasos
(sanguíneos) dorsais do pênis, mas têm inervação e drenagem linfática diferentes. A parte membranácea segue trajetos
viscerais e a parte esponjosa segue trajetos somáticos.
Escroto: O escroto é um saco fibromuscular cutâneo dinâmico para os testículos e epidídimos. ♦ Sua subdivisão interna
por um septo de túnica dartos é demarcada externamente por uma rafe do escroto mediana. ♦ A face anterior do escroto é
suprida por vasos sanguíneos e nervos escrotais anteriores, continuações dos vasos sanguíneos pudendos externos e ramos
do plexo nervoso lombar. ♦ A face posterior do escroto é suprida por vasos sanguíneos e nervos escrotais posteriores,
continuações dos vasos sanguíneos pudendos internos e ramos do plexo nervoso sacral. ♦ A inervação simpática do músculo
liso dartos e das glândulas sudoríferas ajuda na termorregulação dos testículos.
Pênis: O pênis é um órgão de cópula e excreção de urina e sêmen. ♦ É formado principalmente por pele fina e móvel que
cobre três corpos cilíndricos de tecido cavernoso erétil, os dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso que contém a parte
esponjosa da uretra. ♦ Os corpos eréteis são unidos pela fáscia profunda do pênis, exceto na raiz, onde se separam nos
ramos e no bulbo do pênis. ♦ Os ramos se fixam aos ramos isquiopúbicos, mas todas as partes da raiz estão fixadas à
membrana do períneo. ♦ Na junção da raiz e do corpo, o pênis está fixado à sínfise púbica pelo ligamento suspensor do
pênis. ♦ Os músculos isquiocavernosos envolvem os ramos, e o músculo bulboesponjoso envolve o bulbo, com suas fibras
anteriores circundando a parte proximal do corpo do pênis e os vasos dorsais profundos. ♦ A glande do pênis é uma
expansão distal do corpo esponjoso, que tem o óstio externo da uretra em sua extremidade e uma coroa que se projeta do
colo da glande. ♦ O prepúcio, se não for removido por circuncisão, cobre o colo.
Com exceção da pele próxima da raiz, o pênis é irrigado principalmente por ramos das artérias pudendas internas. ♦ As
artérias dorsais irrigam a maior parte do corpo e da glande. ♦ As artérias profundas irrigam o tecido cavernoso. As artérias
helicinas terminais abrem-se para encher os seios de sangue sob pressão arterial, ocasionando a ereção do pênis. ♦ As
estruturas superficiais drenam pela veia dorsal superficial para as veias pudendas externas, enquanto os corpos eréteis
drenam pela veia dorsal profunda para o plexo venoso prostático. ♦ A inervação sensitiva e simpática é propiciada
principalmente pelo nervo dorsal do pênis, mas as artérias helicinas que causam ereção são supridas por nervos cavernosos,
extensões do plexo nervoso prostático.
Músculos do períneo: Além de suas origens ósseas, os músculos superficiais e profundos do períneo, que são
voluntários, também estão fixados à membrana do períneo (pela qual são separados) e ao corpo do períneo. ♦ Além das
funções esfincterianas dos músculos esfíncteres externos do ânus e da uretra para manutenção da continência fecal e urinária,
os músculos do períneo masculino atuam em grupo para oferecer uma base para o pênis e sustentação para o corpo do
períneo (que, por sua vez, sustenta o diafragma da pelve). ♦ Os músculos isquiocavernoso e bulboesponjoso estreitam as
veias que saem dos corpos eréteis para ajudar na ereção e, ao mesmo tempo, empurram o sangue da raiz do pênis para o
corpo. ♦ Além disso, o músculo bulboesponjoso constringe o bulbo do pênis para ejetar as gotas finais de urina ou sêmen. ♦
Em decorrência dessas várias funções, em geral os músculos do períneo são relativamente bem desenvolvidos em homens.
Os músculos do períneo são inervados por ramos musculares do nervo pudendo.
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