Tela subcutânea e fáscia
A tela subcutânea situa-se profundamente à pele (Figura 5.13) e consiste em tecido conjuntivo frouxo que contém uma
quantidade variável de gordura, nervos cutâneos, veias superficiais (veias safenas magna e parva e suas tributárias), vasos
linfáticos e linfonodos.
A tela subcutânea do quadril e da coxa é contínua com aquela da parte inferior da parede anterolateral do abdome e das
nádegas. No joelho, a tela subcutânea perde sua gordura e funde-se à fáscia muscular, mas a gordura está novamente presente
distal ao joelho na tela subcutânea da perna.
A fáscia muscular do membro inferior é bastante forte e reveste o membro como uma meia elástica (Figura 5.13A e B).
Essa fáscia limita a expansão externa dos músculos que se contraem, o que aumenta a eficiência da contração muscular na
compressão das veias para empurrar o sangue em direção ao coração.
FÁSCIA LATA
A fáscia muscular da coxa é denominada fáscia lata. Superiormente, a fáscia lata fixa-se às seguintes estruturas, com as quais
é contínua:
Ligamento inguinal, arco púbico, corpo do púbis e tubérculo púbico anteriormente
Estrato membranáceo da tela subcutânea (fáscia de Scarpa) da parede abdominal inferior também se fixa à fáscia lata
aproximadamente um dedo abaixo do ligamento inguinal
Crista ilíaca lateral e posteriormente
Sacro, cóccix, ligamento sacrotuberal e túber isquiático/ramo isquiopúbico posterior e medialmente.
Inferiormente, a fáscia lata fixa-se às seguintes estruturas, com as quais é contínua:
Partes expostas de ossos ao redor do joelho
A fáscia muscular da perna inferiormente ao joelho.
A fáscia lata tem grandes dimensões porque encerra os grandes músculos da coxa, sobretudo lateralmente, onde é
espessada e fortalecida por outras fibras longitudinais de reforço para formar o trato iliotibial (Figura 5.13B). Essa faixa larga
de fibras é a aponeurose conjunta dos músculos tensor da fáscia lata e glúteo máximo. O trato iliotibial estende-se do
tubérculo ilíaco até o côndilo lateral da tíbia (tubérculo de Gerdy).
Os músculos da coxa são separados em três compartimentos – anterior, medial e posterior. As paredes desses
compartimentos são formadas pela fáscia lata e por três septos intermusculares fasciais que se originam de sua face profunda
e se fixam à linha áspera do fêmur (Figura 5.13D). O septo intermuscular lateral é bastante forte; os outros dois são
relativamente fracos. O septo intermuscular lateral estende-se profundamente desde o trato iliotibial até o lábio lateral da linha
áspera e a linha supracondilar lateral do fêmur. Esse septo garante um plano internervoso para cirurgiões que precisam de
ampla exposição do fêmur.
O hiato safeno na fáscia lata (Figura 5.13A) é uma abertura ou hiato na fáscia lata inferior à parte medial do ligamento
inguinal, cerca de 4 cm inferolateralmente ao tubérculo púbico. Em geral, o hiato safeno tem por volta de 3,75 cm de
comprimento e 2,5 cm de largura, e seu eixo longitudinal é vertical. A margem medial é lisa, mas as margens superior, lateral e
inferior têm um formato de meia-lua bem nítido, a margem falciforme. A margem falciforme se une à margem medial por
meio de tecido fibroadiposo, a fáscia cribriforme. Essa fáscia, semelhante a uma peneira, é um estrato membranáceo
localizado de tela subcutânea que se estende sobre o hiato safeno, fechando-o. O tecido conjuntivo é perfurado por várias
aberturas (daí seu nome) para a passagem de vasos linfáticos eferentes dos linfonodos inguinais superficiais, e pela veia safena
magna e suas tributárias. Depois de atravessar o hiato safeno e a fáscia cribriforme, a veia safena magna entra na veia
femoral (Figura 5.13A). Os vasos linfáticos entram nos linfonodos inguinais profundos.
FÁSCIA MUSCULAR DA PERNA
A fáscia muscular da perna fixa-se às margens anterior e medial da tíbia, onde é contínua com seu periósteo. A fáscia
muscular da perna é espessa na parte proximal da face anterior da perna, onde forma parte das fixações proximais dos
músculos subjacentes. Embora seja mais fina na região distal, a fáscia muscular da perna forma faixas espessas superiores e
anteriores à articulação talocrural, os retináculos dos músculos extensores (Figura 5.13A).
Septos intermusculares anteriores e posteriores partem da face profunda da fáscia muscular lateral da perna e fixam-se
às margens correspondentes da fíbula. A membrana interóssea e os septos intermusculares dividem a perna em três
compartimentos: anterior (dorsiflexor), lateral (fibular) e posterior (flexor plantar) (Figura 5.13C). O compartimento posterior é
subdividido pelo septo intermuscular transverso, que separa os músculos flexores plantares superficiais e profundos.
Drenagem venosa do membro inferior
O membro inferior tem veias superficiais e profundas: as veias superficiais estão situadas no tecido subcutâneo e seguem
independentemente das artérias correspondentes e as veias profundas situam-se profundamente à fáscia muscular e
acompanham todas as grandes artérias. As veias superficiais e profundas têm válvulas, que são mais numerosas nas veias
profundas.
VEIAS SUPERFICIAIS DO MEMBRO INFERIOR
As duas principais veias superficiais no membro inferior são as veias safenas magna e parva (Figura 5.14A e B). A maioria
das tributárias não tem nome.
Figura 5.13 Fáscia, septos intermusculares e compartimentos fasciais do membro inferior. A. A pele e a tela subcutânea
da face anterior foram removidas para mostrar a fáscia muscular da coxa. B. A fáscia lata é reforçada lateralmente pelas fibras
longitudinais do trato iliotibial, o tendão aponeurótico comum dos músculos glúteo máximo e tensor da fáscia lata. C e D. Os
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compartimentos fasciais da coxa e da perna, contendo músculos que têm funções e inervação comuns, são mostrados em cortes
transversais.
Figura 5.14 Veias do membro inferior. As veias são divididas em grupos superficial (A e B) e profundo (C e E). As veias
superficiais, geralmente solitárias, seguem na tela subcutânea; as veias profundas são internas à fáscia muscular e geralmente
acompanham as artérias. A, detalhe. As extremidades proximais das veias femoral e safena magna estão abertas e afastadas
para mostrar as válvulas. Embora sejam representadas como veias únicas nas partes C e E, as veias profundas geralmente
apresentam-se como duas ou mais veias acompanhantes. D. Várias veias perfurantes atravessam a fáscia muscular para desviar
sangue das veias superficiais para as veias profundas.
A veia safena magna é formada pela união da veia dorsal do hálux e o arco venoso dorsal do pé (Figuras 5.14A e
5.15A). A veia safena magna:
Ascende anteriormente até o maléolo medial
Segue posteriormente ao côndilo medial do fêmur (cerca de quatro dedos posteriormente à margem medial da patela)
Anastomosa-se livremente com a veia safena parva
Atravessa o hiato safeno na fáscia lata
Desemboca na veia femoral.
A veia safena magna tem 10 a 12 válvulas, que são mais numerosas na perna do que na coxa (Figura 5.14A e D). Essas
válvulas geralmente estão localizadas logo abaixo das veias perfurantes. As veias perfurantes também têm válvulas.
As válvulas venosas são projeções de endotélio com seios valvulares caliciformes cujo enchimento vem de cima. Quando
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os seios estão cheios, as válvulas ocluem a luz da veia, evitando, assim, o refluxo distal de sangue e tornando o fluxo
unidirecional. O mecanismo valvular também divide a coluna de sangue na veia safena em segmentos menores, reduzindo a
pressão retrógrada. Os dois efeitos facilitam o trabalho da bomba musculovenosa (analisado na Introdução) para superar a
força da gravidade e reconduzir o sangue ao coração.
Enquanto ascende na perna e na coxa, a veia safena magna recebe várias tributárias e comunica-se em vários locais com a
veia safena parva. As tributárias das faces medial e posterior da coxa costumam se unir para formar uma veia safena
acessória (Figura 5.14B). Quando presente, essa veia é a principal comunicação entre as veias safenas magna e parva.
Além disso, vasos bem grandes, as veias cutâneas lateral e anterior, originam-se de redes venosas na parte inferior da
coxa e entram na veia safena magna superiormente, logo antes de sua entrada na veia femoral. Perto de seu fim, a veia safena
magna também recebe as veias circunflexa ilíaca superficial, epigástrica superficial e pudenda externa (Figura 5.14A).
A veia safena parva origina-se na face lateral do pé, a partir da união da veia dorsal do quinto dedo com o arco venoso
dorsal (Figura 5.14B e C). A veia safena parva:
Ascende posteriormente ao maléolo lateral como uma continuação da veia marginal lateral
Segue ao longo da margem lateral do tendão do calcâneo
Inclina-se em direção à linha mediana da fíbula e penetra na fáscia muscular
Ascende entre as cabeças do músculo gastrocnêmio
Drena para a veia poplítea na fossa poplítea.
Embora as veias safenas recebam muitas tributárias, seus diâmetros se mantêm razoavelmente constantes no trajeto de
ascensão no membro. Isso é possível porque o sangue recebido pelas veias safenas é continuamente desviado dessas veias
superficiais na tela subcutânea para as veias profundas, situadas internamente à fáscia muscular, através de muitas veias
perfurantes.
As veias perfurantes penetram na fáscia muscular perto do local onde se originam das veias superficiais e têm válvulas
que permitem o fluxo sanguíneo apenas das veias superficiais para as veias profundas (Figura 5.14A e D). As veias
perfurantes atravessam a fáscia muscular em um ângulo oblíquo, de modo que, quando os músculos se contraem e a pressão
aumenta no interior da fáscia muscular, as veias perfurantes são comprimidas. A compressão também impede o fluxo
sanguíneo das veias profundas para as veias superficiais. Esse padrão de fluxo sanguíneo venoso – da região superficial para a
profunda – é importante para o retorno venoso apropriado do membro inferior, porque permite que as contrações musculares
impulsionem o sangue em direção ao coração contra a força da gravidade (bomba musculovenosa – ver Figura I.25, na
Introdução).
VEIAS PROFUNDAS DO MEMBRO INFERIOR
As veias profundas acompanham todas as grandes artérias e seus ramos. Em vez de ocorrerem como uma veia única nos
membros (embora muitas vezes sejam ilustradas e denominadas como uma veia única), as veias acompanhantes geralmente
são pares, muitas vezes interconectadas, situadas ao lado da artéria que acompanham (Figura 5.14C a E). Estão contidas na
bainha vascular com a artéria, cujas pulsações também ajudam a comprimir e deslocar o sangue nas veias.
Embora o arco venoso dorsal drene basicamente pelas veias safenas, as veias perfurantes penetram na fáscia muscular,
formando e suprindo continuamente uma veia tibial anterior no compartimento anterior da perna. As veias plantares
medial e lateral da face plantar do pé formam as veias tibiais posteriores e fibulares, situadas posteriormente aos maléolos
medial e lateral (Figura 5.14C e E). As três veias profundas da perna fluem para a veia poplítea posterior ao joelho, que se
torna a veia femoral na coxa. As veias que acompanham as artérias perfurantes da artéria femoral profunda drenam sangue
dos músculos da coxa e terminam na veia femoral profunda, que se une à parte terminal da veia femoral (Figura 5.14C e E).
A veia femoral segue profundamente ao ligamento inguinal para se tornar a veia ilíaca externa.
Em vista do efeito da gravidade, o fluxo sanguíneo é mais lento quando uma pessoa fica parada de pé. Durante o
exercício, o sangue recebido pelas veias profundas proveniente das veias superficiais é impulsionado por contração muscular
para as veias femorais e, depois, para as veias ilíacas externas. As válvulas competentes impedem o refluxo. As veias
profundas são mais variáveis e se anastomosam com frequência muito maior do que as artérias que acompanham. Tanto as
veias superficiais quanto as veias profundas podem ser ligadas, se necessário.
Drenagem linfática do membro inferior
O membro inferior tem vasos linfáticos superficiais e profundos. Os vasos linfáticos superficiais convergem e acompanham
as veias safenas e suas tributárias (Figura 5.15A). Os vasos linfáticos que acompanham a veia safena magna terminam no
grupo vertical de linfonodos inguinais superficiais. A maior parte da linfa desses linfonodos segue direto para os linfonodos
ilíacos externos, situados ao longo da veia ilíaca externa. Uma parte também segue para os linfonodos inguinais profundos,
situados sob a fáscia muscular na face medial da veia femoral. Os vasos linfáticos que acompanham a veia safena parva
entram nos linfonodos poplíteos, que circundam a veia poplítea na gordura da fossa poplítea (Figura 5.15B).
Figura 5.15 Veias superficiais e vasos linfáticos do membro inferior. A. Os vasos linfáticos superficiais convergem em
direção à veia safena magna e acompanham-na, drenando para o grupo inferior (vertical) de linfonodos inguinais superficiais. A
veia safena magna segue anteriormente ao maléolo medial, cerca de quatro dedos posterior à patela. B. Os vasos linfáticos
superficiais da parte lateral do pé e posterolateral da perna acompanham a veia safena parva e drenam inicialmente para os
linfonodos poplíteos. Os vasos eferentes desses linfonodos unem-se a outros vasos linfáticos profundos, que acompanham os
vasos femorais e drenam nos linfonodos inguinais profundos. C. A linfa dos linfonodos inguinais superficiais e profundos atravessa
os linfonodos ilíacos externos e comuns até entrar nos linfonodos aórticos laterais e no tronco linfático lombar.
Os vasos linfáticos profundos da perna acompanham veias profundas e também entram nos linfonodos poplíteos. A maior
parte da linfa desses linfonodos ascende através de vasos linfáticos profundos até os linfonodos inguinais profundos. A linfa
dos linfonodos profundos segue até os linfonodos ilíacos externos e comuns e, em seguida, chega aos troncos linfáticos
lombares (Figura 5.15C).
Inervação cutânea do membro inferior
Os nervos cutâneos na tela subcutânea suprem a pele do membro inferior (Figura 5.16; Quadro 5.1). Esses nervos, exceto
alguns nervos unissegmentares proximais originados dos nervos espinais T12 ou L1, são ramos dos plexos lombar e sacral.
As áreas de pele supridas pelos nervos espinais individuais, inclusive por aqueles que formam os plexos, são denominadas
dermátomos. O padrão em dermátomos (segmentar) da inervação cutânea é mantido durante toda a vida, mas é distorcido
pelo crescimento do membro e pela torção do membro que ocorre durante o desenvolvimento (Figuras 5.2 e 5.17).
Embora sejam simplificados em zonas distintas nos mapas de dermátomos, os dermátomos adjacentes se superpõem,
exceto na linha axial, a linha de junção de dermátomos supridos por níveis espinais descontínuos. Os nervos cutâneos do
membro inferior são ilustrados na Figura 5.16, e sua origem (inclusive os nervos espinais que contribuem para eles), trajeto e
distribuição são apresentados no Quadro 5.1.
Figura 5.16 Nervos cutâneos do membro inferior
Quadro 5.1 Nervos cutâneos do membro inferior.
Nervo(s)
Origem (nervos
espinais
contribuintes)
Trajeto
Distribuição no membro
inferior
Subcostal
Ramo anterior de
T12
Segue ao longo da margem inferior da
costela XII; o ramo cutâneo lateral
desce sobre a crista ilíaca
O ramo cutâneo lateral
supre a pele da região do
quadril inferior à parte
anterior da crista ilíaca e
anterior ao trocanter maior
Ílio-hipogástrico
Plexo lombar (L1; às
vezes T12)
Paralelo à crista ilíaca; divide-se em
ramos cutâneos lateral e anterior
O ramo cutâneo lateral
supre o quadrante
superolateral das nádegas
Ilioinguinal
Plexo lombar (L1; às
vezes T12)
Atravessa o canal inguinal; divide-se em
ramos femoral e escrotal ou labial
O ramo femoral supre a
pele sobre o trígono
femoral medial
Genitofemoral
Plexo lombar (L1–
L2)
Desce a face anterior do M. psoas
maior; divide-se em ramos genital e
femoral
O ramo femoral supre a
pele sobre o trígono
femoral lateral; o ramo
genital supre o escroto
anterior ou os lábios
maiores do pudendo
Cutâneo femoral
lateral
Plexo lombar (L2–
L3)
Segue profundamente ao ligamento
inguinal, 2 a 3 cm medial à espinha
ilíaca anterossuperior
Supre a pele nas faces
anterior e lateral da coxa
Ramos cutâneos
anteriores
Plexo lombar via N.
femoral (L2–L4)
Originam-se no trígono femoral;
perfuram a fáscia lata ao longo do
trajeto do M. sartório
Suprem a pele das faces
anterior e medial da coxa
Ramo cutâneo do
nervo obturatório
Plexo lombar via N.
obturatório, ramo
anterior (L2–L4)
Acompanhando sua descida entre os
Mm. adutores longo e curto, a divisão
anterior do N. obturatório perfura a
fáscia lata para chegar à pele da coxa
Pele da parte média da
região medial da coxa
Cutâneo femoral
posterior
Plexo sacral (S1–S3)
Entra na região glútea através da parte
infrapiriforme do forame isquiático
maior profundamente ao M. glúteo
máximo; depois desce profundamente à
fáscia lata
Ramos terminais perfuram
a fáscia lata para suprir a
pele da região posterior da
coxa e fossa poplítea
Safeno
Plexo lombar via N.
femoral (L3–L4)
Atravessa o canal dos adutores, mas
não atravessa o hiato adutor; cruza a
face medial do joelho profundamente
ao tendão do M. sartório
Pele na face medial da
perna e do pé
Fibular superficial
N. fibular comum
(L4–S1)
Atravessa o compartimento lateral da
perna; após suprir os Mm. fibulares,
perfura a fáscia crural
Pele da face anterolateral
da perna e dorso do pé,
excluindo a pele entre o
hálux e o 2
o dedo
Fibular profundo
N. fibular comum
(L5)
Após suprir os músculos no dorso do
pé, perfura a fáscia muscular
superiormente às cabeças do 1
o e do 2
o
metatarsais
Pele entre o hálux e o 2
o
dedo
Sural
Nn. tibial e fibular
comum (S1–S2)
O ramo cutâneo sural medial do N.
tibial e o ramo cutâneo sural lateral do
nervo fibular fundem-se em níveis
variáveis no compartimento posterior
da perna
Pele da face posterolateral
da perna e margem lateral
do pé
Plantar mediai N. tibial (L4–L5)
Segue entre a primeira e a segunda
camadas de músculos plantares; depois,
entre os músculos mediais e
intermédios da primeira camada
Pele na face medial da
planta e face plantar,
laterais e leitos ungueais de
3 1/2 dedos mediais
Plantar lateral N. tibial (S1–S2)
Segue entre a primeira e a segunda
camadas dos músculos plantares;
depois entre os músculos mediais e
laterais da primeira camada
Pele na face lateral da
planta, face plantar, laterais
e leitos ungueais de 1 1/2
dedo lateral
Calcâneos
Nn. tibial e sural
(S1–S2)
Ramos lateral e medial dos Nn. tibial e
sural, respectivamente, sobre a
tuberosidade do calcâneo
Pele do calcanhar
Clúnios superiores
Ramos posteriores
de L1–L3
Penetram a fáscia toracodorsal; seguem
lateral e inferiormente na tela
subcutânea
Pele sobre as partes
superior e central das
nádegas
Clúnios mediais
Ramos posteriores
de S1–S3
Emergem dos forames sacrais dorsais;
entram diretamente na tela subcutânea
sobrejacente
Pele da face medial das
nádegas e fenda interglútea
Clúnios inferiores
N. cutâneo femoral
posterior (S2–S3)
Originam-se profundamente ao M.
glúteo máximo; emergem da região sob
a margem inferior do músculo
Pele da região inferior das
nádegas (prega glútea
sobrejacente)
Figura 5.17 Dermátomos do membro inferior. O padrão em dermátomos ou segmentar de distribuição de fibras nervosas
sensitivas persiste apesar da fusão de nervos espinais na formação de plexos durante o desenvolvimento. Dois mapas diferentes
de dermátomos são usados com frequência. A e B. O padrão de dermátomos do membro inferior de Foerster (1933) é preferido
por muitos devido à sua correlação aos achados clínicos. C e D. O padrão de dermátomos do membro inferior de Keegan e
Garrett (1948) é preferido por outros por sua uniformidade estética e correlação óbvia com o desenvolvimento. Embora sejam
representados como zonas distintas, os dermátomos adjacentes superpõem-se consideravelmente, exceto ao longo da linha axial.
Inervação motora do membro inferior
As fibras motoras somáticas (eferentes somáticas gerais) presentes nos mesmos nervos periféricos mistos que conduzem
fibras sensitivas para os nervos cutâneos transmitem impulsos para os músculos voluntários do membro inferior. A massa
muscular embriológica unilateral que é inervada por um único segmento da medula espinal ou nervo espinal constituiu um
miótomo. Em geral, os músculos dos membros inferiores recebem fibras motoras de vários segmentos ou nervos da medula
espinal. Assim, a maioria dos músculos é formada por mais de um miótomo, e geralmente vários segmentos da medula espinal
participam do movimento do membro inferior (Figura 5.18).
Figura 5.18 Miótomos: inervação segmentar de grupos musculares e movimentos do membro inferior. O nível de uma
lesão da medula espinal ou compressão de nervo pode ser determinado pela força e capacidade de realizar movimentos
específicos.
FÁSCIA, VEIAS, VASOS LINFÁTICOS E NERVOS CUTÂNEOS DO MEMBRO INFERIOR
Síndromes compartimentais e fasciotomia
•
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Os compartimentos fasciais dos membros inferiores geralmente são espaços fechados, que terminam proximal e distalmente
nas articulações. O traumatismo dos músculos e/ou vasos nos compartimentos decorrente de queimaduras,
uso intenso e prolongado dos músculos ou traumatismo não penetrante pode causar hemorragia, edema e
inflamação dos músculos. Como os septos e a fáscia muscular da perna, que formam os limites dos
compartimentos da perna, são fortes, o aumento do volume em consequência de um desses processos eleva a pressão no
interior do compartimento.
A pressão pode atingir níveis suficientemente altos para comprimir bastante as estruturas no(s) compartimento(s)
acometido(s). Os pequenos vasos dos músculos e nervos (vasa nervorum) são muito vulneráveis à compressão. As estruturas
distais à área comprimida podem tornar-se isquêmicas e sofrer lesão permanente (p. ex., perda da função motora nos
músculos cuja vascularização e/ou inervação é afetada). O aumento da pressão em um espaço anatômico fechado prejudica a
circulação e ameaça a função e a viabilidade do tecido contido nele ou em região distal, o que constitui as síndromes
compartimentais.
O desaparecimento dos pulsos distais da perna é um sinal óbvio de compressão arterial, assim como a redução da
temperatura dos tecidos na região distal à compressão. Pode-se realizar uma fasciotomia (incisão da fáscia sobrejacente ou
de um septo) para aliviar a pressão no(s) compartimento(s) acometido(s).
Varizes, trombose e tromboflebite
Muitas vezes, a veia safena magna e suas tributárias tornam-se varicosas (tão dilatadas que as válvulas não se
fecham). As varizes são comuns nas partes posteromediais do membro inferior e causam desconforto (Figura
B5.11A). Na veia saudável, as válvulas permitem o fluxo sanguíneo em direção ao coração (B) e impedem o fluxo
retrógrado (C). Nas varizes (D), as válvulas são incompetentes em razão da dilatação ou rotação e não funcionam mais
adequadamente. Consequentemente, o sangue flui em sentido inferior nas veias, provocando o surgimento de varizes.
Figura B5.11
A trombose venosa profunda (TVP) de uma ou mais veias profundas do membro inferior é caracterizada por edema, calor
e eritema (inflamação e infecção). A estase (estagnação) venosa é uma causa importante de formação de trombo. A estase
venosa pode ser causada por:
Fáscia frouxa, incompetente, que não resiste à expansão muscular, diminuindo a efetividade da bomba musculovenosa
(Figura I.26)
Pressão externa sobre as veias decorrente de longo período acamado no hospital ou de um aparelho gessado ou atadura
apertada
Inatividade muscular (p. ex., durante um longo voo internacional).
Pode ocorrer TVP com inflamação ao redor das veias acometidas (tromboflebite). Um grande trombo que se desprende de
uma veia do membro inferior pode ir até os pulmões, causando tromboembolismo pulmonar (obstrução de uma artéria
pulmonar). Um êmbolo grande pode obstruir uma artéria pulmonar principal e levar à morte.
Enxertos de veia safena
Muitas vezes, a veia safena magna é usada na revascularização do miocárdio porque (1) é facilmente acessível, (2) há
distância suficiente entre as tributárias e as veias perfurantes, o que permite retirar segmentos de comprimento útil, e
(3) sua parede contém maior percentagem de fibras musculares e elásticas do que outras veias superficiais.
Os enxertos de veia safena são usados para superar obstruções nos vasos sanguíneos (p. ex., em um trombo intracoronariano).
Quando parte da veia safena magna é removida para fazer uma derivação, a veia é invertida para que as válvulas não
obstruam o fluxo sanguíneo no enxerto. Como há muitas outras veias na perna, a retirada da veia safena magna raramente
causa um problema importante no membro inferior ou afeta muito a circulação, desde que as veias profundas estejam
intactas. Na verdade, a retirada dessa veia pode facilitar o padrão de drenagem da região superficial para a região profunda a
fim de tirar vantagem da bomba musculovenosa.
Dissecção da veia safena e lesão do nervo safeno
Mesmo quando não é visível em lactentes, em pessoas obesas ou em pacientes em choque cujas veias estão
colapsadas, a veia safena magna sempre pode ser localizada por uma incisão cutânea anterior ao maléolo
medial (Figura 5.14A). Esse procedimento, chamado dissecção da veia safena, é usado para introduzir uma
cânula para administração prolongada de sangue, expansores plasmáticos, eletrólitos ou fármacos.
O nervo safeno acompanha a veia safena magna anteriormente ao maléolo medial. Caso seja seccionado durante a
dissecção da veia safena ou preso em uma sutura durante o fechamento da incisão, o paciente pode queixar-se de dor ou
dormência ao longo da margem medial do pé.
Linfadenopatia inguinal
Os linfonodos aumentam em caso de doença. Escoriações e sepse leve, causadas por microrganismos patogênicos ou
suas toxinas no sangue ou em outros tecidos, podem ocasionar pequeno aumento dos linfonodos inguinais
superficiais (linfadenopatia) em pessoas saudáveis. Como esses linfonodos aumentados estão localizados na tela
subcutânea, costuma ser fácil palpá-los.
Quando os linfonodos inguinais estão aumentados, deve-se examinar todo o campo de drenagem – desde o tronco
inferior ao umbigo, inclusive o períneo, além de todo o membro inferior – para determinar a causa do aumento. Nas
mulheres, também deve ser considerada a possibilidade relativamente remota de metástase de câncer do útero porque parte
da drenagem linfática do fundo do útero flui pelos vasos linfáticos que acompanham o ligamento redondo do útero através
do canal inguinal até chegar aos linfonodos inguinais superficiais. Também devem ser examinados todos os linfonodos
palpáveis.
Bloqueios nervosos regionais dos membros inferiores
A interrupção da condução de impulsos em nervos periféricos (bloqueio nervoso) pode ser obtida com injeções
perineurais de anestésicos perto dos nervos cuja condutividade deve ser bloqueada.
O nervo femoral (L2–L4) pode ser bloqueado 2 cm inferiormente ao ligamento inguinal, cerca de um dedo lateral
à artéria femoral. A parestesia (formigamento, queimação, comichão) irradia-se para o joelho e na face medial da perna se o
nervo safeno (ramo terminal do nervo femoral) for afetado.
Anormalidades da função sensitiva
Na maioria dos casos, um nervo periférico responsável pela sensibilidade de uma área de pele representa mais de um
segmento da medula espinal. Portanto, para interpretar anormalidades da função sensitiva periférica, a distribuição
periférica dos principais nervos cutâneos tem de ser interpretada como anatomicamente diferente da distribuição de
dermátomos dos segmentos da medula espinal (Figura 5.17). Pode haver superposição de dermátomos adjacentes.
A sensibilidade à dor é avaliada usando-se um objeto pontiagudo e perguntando ao paciente se está sentindo dor. Se não
houver sensibilidade, pode-se identificar o(s) segmento(s) da medula espinal envolvido(s).
Pontos-chave
FÁSCIA, VASOS EFERENTES E NERVOS CUTÂNEOS DO MEMBRO INFERIOR
Fáscia: O membro inferior é revestido pela tela subcutânea e fáscia muscular. ♦ A primeira isola, armazena gordura e
permite a passagem dos nervos cutâneos e vasos superficiais (linfáticos e veias). ♦ As fáscias musculares da coxa (fáscia lata)
e da perna (fáscia crural) (1) circundam a coxa e a perna, respectivamente, limitando a saliência externa dos músculos e
facilitando o retorno venoso nas veias profundas; (2) separam em compartimentos músculos com funções e inervação
semelhantes; e (3) circundam músculos individualmente, permitindo ação independente. ♦ As modificações da fáscia
muscular incluem aberturas que permitem a passagem de estruturas neurovasculares (p. ex., o hiato safeno) e
espessamentos que mantêm os tendões perto das articulações sobre as quais atuam (retináculos).
Veias: As veias do membro inferior são superficiais (na tela subcutânea) e profundas (internamente à fáscia muscular). ♦
As veias safenas magna e parva, superficiais, drenam principalmente o tegumento comum ou pele e, por muitas veias
perfurantes, garantem o desvio contínuo de sangue para as veias profundas que acompanham as artérias. ♦ As veias
profundas estão sujeitas à compressão muscular (bomba musculovenosa) para auxiliar o retorno venoso. ♦ Todas as veias
dos membros inferiores têm válvulas para vencer os efeitos da gravidade.
Vasos linfáticos: A maior parte da linfa do membro inferior drena por vasos linfáticos que seguem as veias superficiais
(p. ex., as veias safenas) até os linfonodos inguinais superficiais. ♦ Alguns vasos linfáticos seguem as veias profundas até os
linfonodos inguinais profundos. Em seguida, a drenagem linfática do membro inferior segue profundamente até os
linfonodos ilíacos externos e comuns do tronco.
Nervos cutâneos: A inervação cutânea do membro inferior reflete tanto a inervação segmentar original da pele, por
nervos espinais separados em padrão de dermátomos, quanto o resultado da formação de plexos na distribuição de nervos
periféricos multissegmentares. ♦ A maior parte da inervação da coxa é feita pelos nervos cutâneos femorais lateral e posterior
e ramos cutâneos anteriores do nervo femoral, cujos nomes descrevem sua distribuição. Esses últimos ramos também
suprem a maior parte da face medial da coxa. ♦ A inervação da perna e do dorso do pé é feita pelos nervos safeno (região
anteromedial da perna), sural (região posterolateral da perna) e fibular (região anterolateral da perna e dorso do pé). ♦ A
planta do pé é inervada por ramos calcâneos dos nervos tibial e sural (região do calcanhar) e pelos nervos plantares medial e
lateral; as áreas de distribuição dos últimos são demarcadas por uma linha que divide ao meio o 4
o dedo do pé.
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