A importância clínica do pé é indicada pelo tempo considerável que médicos de atenção primária dedicam aos seus problemas.
A podologia (podiatria) é a área especializada no estudo e nos cuidados dos pés.
O tornozelo é formado pelas partes estreita e maleolar da região distal da perna, proximal ao dorso do pé e calcanhar, e
inclui a articulação talocrural. O pé, distal ao tornozelo, é uma plataforma para sustentação do corpo de pé e tem papel
importante na locomoção.
O esqueleto do pé é formado por 7 ossos tarsais, 5 metatarsais e 14 falanges (Figura 5.66). O pé e seus ossos podem ser
divididos em três partes anatômicas e funcionais (ver Figura 5.11C):
A parte posterior do pé (retropé): tálus e calcâneo
A parte média do pé (mediopé): navicular, cuboide e cuneiformes
A parte anterior do pé (antepé): metatarsais e falanges.
A parte/região do pé que toca o solo é a planta ou região plantar. A parte voltada para cima é o dorso do pé ou região
dorsal do pé. A parte da planta do pé subjacente ao calcâneo é o calcanhar ou região calcânea, e parte da planta subjacente
às cabeças dos dois metatarsais mediais é a bola do pé. O hálux é o 1
o dedo, e o dedo mínimo também é o 5
o dedo.
Pele e fáscia do pé
Há variações acentuadas na espessura (resistência) e textura da pele, do tecido subcutâneo (tela subcutânea) e da fáscia
muscular em relação à sustentação e à distribuição de peso, ao contato com o solo e à necessidade de contenção ou
compartimentalização.
Figura 5.66 Superfícies, partes, ossos e retináculos do tornozelo e do pé. Disposição dos ossos do pé e dos retináculos
superior e inferior dos músculos extensores e dos músculos fibulares em relação aos pontos de referência superficiais.
PELE E TELA SUBCUTÂNEA
A pele do dorso do pé é muito mais fina e menos sensível do que a pele na maior parte da planta. A tela subcutânea é frouxa
profundamente à pele dorsal; portanto, o edema é mais acentuado sobre essa superfície, principalmente anteriormente ao
maléolo medial e ao seu redor. A pele sobre as principais áreas de sustentação de peso da planta – calcanhar, margem lateral e
bola do pé – é espessa. A tela subcutânea na planta é mais fibrosa do que em outras áreas do pé.
Septos fibrosos – ligamentos cutâneos muito desenvolvidos (retináculos da pele) – dividem esse tecido em áreas cheias de
gordura, tornando-o um corpo de absorção de choque, principalmente sobre o calcanhar. Os ligamentos cutâneos também
fixam a pele à fáscia muscular subjacente (aponeurose plantar), melhorando a “fixação” da planta. A pele da planta não tem
pelos e há muitas glândulas sudoríparas; toda a planta é sensível (sente cócegas), sobretudo a área de pele mais fina
subjacente ao arco.
1.
2.
FÁSCIA MUSCULAR DO PÉ
A fáscia muscular do dorso do pé é fina no local onde é contínua na parte proximal com o retináculo inferior dos músculos
extensores (Figura 5.67A). Nas faces lateral e posterior do pé, a fáscia muscular é contínua com a fáscia plantar, a fáscia
profunda da planta (Figura 5.67B e C). A fáscia plantar tem uma parte central espessa e partes medial e lateral mais fracas.
A parte central e espessa da fáscia plantar forma a forte aponeurose plantar, feixes longitudinais de tecido conjuntivo
fibroso denso que revestem os músculos plantares centrais. Assemelha-se à aponeurose palmar da mão, porém é mais
resistente, mais densa e alongada.
A fáscia plantar mantém unidas as partes do pé, protege a planta contra lesões e ajuda a sustentar os arcos longitudinais do
pé.
A aponeurose plantar origina-se posteriormente do calcâneo e tem a função de um ligamento superficial. Na parte distal,
os feixes longitudinais de fibras de colágeno da aponeurose dividem-se em cinco faixas contínuas com as bainhas fibrosas
dos dedos que revestem os tendões flexores que seguem até os dedos. Na extremidade anterior da planta, inferiormente às
cabeças dos metatarsais, a aponeurose é reforçada por fibras transversais que formam o ligamento metatarsal transverso
superficial.
Nas partes média e anterior do pé, septos intermusculares verticais estendem-se profundamente (superiormente) das
margens da aponeurose plantar em direção ao 1
o e ao 5
o metatarsais, formando os três compartimentos da planta (Figura
5.67C):
O compartimento medial da planta é coberto superficialmente pela fáscia plantar medial mais fina. Contém os
músculos abdutor do hálux e flexor curto do hálux, o tendão do músculo flexor longo do hálux e o nervo e vasos plantares
mediais
Figura 5.67 Fáscia e compartimentos do pé. A. A pele e a tela subcutânea foram removidas para mostrar a fáscia muscular da
perna e dorso do pé. B. A fáscia muscular plantar consiste na aponeurose plantar espessa e na fáscia plantar medial e lateral, que
é mais fina. As partes mais finas da fáscia plantar foram removidas, revelando os vasos e nervos digitais plantares. C. Os ossos e
músculos do pé são circundados pela fáscia muscular dorsal e plantar. Septos intermusculares que se estendem profundamente a
partir da aponeurose plantar criam um grande compartimento central e compartimentos medial e lateral menores na planta.
O compartimento central da planta é coberto superficialmente pela aponeurose plantar densa. Contém o músculo
flexor curto dos dedos, os tendões dos músculos flexor longo do hálux e flexor longo dos dedos, além dos músculos
associados a este último, quadrado plantar e lumbricais, e o músculo adutor do hálux. O nervo e os vasos plantares laterais
3.
também estão nesse local
O compartimento lateral da planta é coberto superficialmente pela fáscia plantar lateral mais fina e contém os
músculos abdutor e flexor curto do dedo mínimo.
Apenas na parte anterior do pé, um quarto compartimento, o compartimento interósseo do pé, é circundado pelas
fáscias interósseas plantar e dorsal. Contém os ossos metacarpais, os músculos interósseos dorsais e plantares e os vasos
plantares profundos e metatarsais. Enquanto os vasos interósseos plantares e metatarsais plantares são distintamente plantares,
as demais estruturas do compartimento estão localizadas em posição intermediária entre as faces plantar e dorsal do pé.
Um quinto compartimento, o compartimento dorsal do pé, situa-se entre a fáscia dorsal do pé e os ossos tarsais e a
fáscia interóssea dorsal do mediopé e antepé. Contém os músculos (extensor curto do hálux e extensor curto dos dedos) e
estruturas neurovasculares do dorso do pé.
Músculos do pé
Dos 20 músculos individuais do pé, 14 estão localizados na face plantar, 2 estão na face dorsal e 4 são intermediários.
Partindo da face plantar, os músculos da planta estão organizados em quatro camadas dentro de quatro compartimentos. As
Figuras 5.68A a J e 5.69 mostram os músculos do pé e o Quadro 5.14 descreve as fixações, a inervação e as ações.
Apesar de sua organização em compartimentos e em camadas, os músculos plantares atuam basicamente como um grupo
durante a fase de suporte do apoio, mantendo os arcos do pé (ver Figura 5.20B a E; Quadro 5.2). Basicamente, eles resistem
às forças que tendem a reduzir o arco longitudinal quando o peso é recebido pelo calcanhar (extremidade posterior do arco) e
transferido para a bola do pé e para o hálux (extremidade anterior do arco).
Figura 5.68 A–C. Músculos do pé: 1
a e 2
a camadas da planta. D–G. Músculos do pé: 3
a e 4
a camadas da planta. H–J.
Músculos do pé: dorso do pé.
Quadro 5.14.I Músculos do pé: 1
a e 2
a camadas da planta.
Músculo Fixação proximal Fixação distal Inervação
a Principal ação
b
1
a camada
Abdutor do hálux
Tubérculo medial da
tuberosidade do
calcâneo; retináculo
dos músculos
flexores; aponeurose
plantar
Face medial da base
da falange proximal
do 1
o dedo
N. plantar medial (S2,
S3)
Abduz e flete o hálux
(1
o dedo)
Flexor curto dos
dedos
Tubérculo medial da
tuberosidade do
calcâneo; aponeurose
plantar; septos
intermusculares
Os dois lados das
falanges médias dos
quatro dedos laterais
N. plantar medial (S2,
S3)
Flete os quatro dedos
laterais
Abdutor do dedo
mínimo
Tubérculos medial e
lateral da
tuberosidade do
calcâneo; aponeurose
plantar; septos
intermusculares
Face lateral da base
da falange proximal
do dedo mínimo
N. plantar lateral (S2,
S3)
Abduz e flete o dedo
mínimo (5
o dedo)
2
a camada
Quadrado plantar
Face medial e
margem lateral da
face plantar do
calcâneo
Margem
posterolateral do
tendão do M. flexor
longo dos dedos
N. plantar lateral (S2,
S3)
Ajuda o M. flexor
longo dos dedos a
fletir os quatro dedos
laterais
Lumbricais
Tendões do M. flexor
longo dos dedos
Face medial da
expansão sobre os
quatro dedos laterais
Um medial: N.
plantar medial (S2,
S3)
Fletem as falanges
proximais, estendem
as falanges média e
distal dos quatro
dedos laterais
Três laterais: N.
plantar lateral (S2,
S3)
aÉ indicada a inervação segmentar da medula espinal (p. ex., “S2, S3” significa que os nervos que suprem o M. abdutor do hálux são
derivados do segundo e terceiro segmentos sacrais da medula espinal). A lesão de um ou mais segmentos da medula espinal listados ou
das raízes nervosas motoras originadas deles resulta em paralisia dos músculos associados.
bApesar das ações individuais, a função básica dos músculos intrínsecos da planta do pé é resistir à retificação do arco do pé.
Quadro 5.14.II Músculos do pé: 3
a e 4
a camadas da planta.
Músculo Fixação proximal Fixação distal Inervação
a Principal ação
b
3
a camada
Flexor curto do
hálux
Faces plantares do
cuboide e
cuneiformes laterais
Os dois lados da base
da falange proximal
do 1
o dedo
N. plantar medial (S2,
S3)
Flete a falange
proximal do 1
o dedo
Adutor do hálux
Cabeça oblíqua: bases
do 2
o a 4
o metatarsais
Os tendões de ambas
as cabeças fixam-se à
face lateral da base da
falange proximal do
1
o dedo
Ramo profundo do N.
plantar lateral (S2,
S3)
Tradicionalmente é
considerado adutor
do 1
o dedo; auxilia na
formação do arco
transverso do pé
pelos metatarsais
medialmente
Cabeça transversa:
ligamentos plantares
das articulações
metatarsofalângicas
(MTF)
Flexor do dedo
mínimo
Base do 5
o metatarsal
Base da falange
proximal do 5
o dedo
Ramo superficial do
N. plantar lateral (S2,
S3)
Flete a falange
proximal do 5
o dedo,
ajudando, assim, na
sua flexão
4
a camada
Interósseos
plantares (três
músculos)
Aspecto plantar e
faces mediais do 3
o
ao 5
o metatarsal
Faces mediais das
bases das falanges do
3
o ao 5
o dedo
Nervo plantar lateral
(S2, S3)
Aduz os dedos 3 a 5
e flete as articulações
metatarsofalângicas
Interósseos
dorsais (quatro
músculos)
Faces adjacentes do
1
o ao 5
o metatarsal
1
o: face medial da
falange proximal do
2
o dedo
Abduz os dedos 2 a 4
e flete as articulações
metatarsofalângicas
2
o a 4
o: faces laterais
do 2
o a 4
o dedos
aÉ indicada a inervação segmentar da medula espinal (p. ex., “S2, S3” significa que os nervos que suprem o M. flexor curto do hálux são
derivados do segundo e do terceiro segmentos sacrais da medula espinal). A lesão de um ou mais dos segmentos da medula espinal
listados ou das raízes nervosas motoras originadas deles causa paralisia dos músculos associados.
bApesar de ações individuais, a função básica dos músculos intrínsecos da planta do pé é resistir à retificação do arco do pé.
Quadro 5.14.III Músculos do pé: dorso do pé.
Músculo Fixação proximal Fixação distal Inervação
a Principal ação
•
•
Extensor curto dos
dedos
Calcâneo (assoalho
do seio do tarso);
ligamento
talocalcâneo
interósseo; raiz do
retináculo inferior dos
músculos extensores
Tendões do M.
extensor longo do 2
o
ao 4
o dedo
N. fibular profundo
(L5 ou S1, ou ambos)
Ajuda o músculo
extensor longo dos
dedos a estender do
2
o ao 4
o dedos nas
articulações
metatarsofalângicas e
interfalângicas
Extensor curto do
hálux
Em comum com o
extensor curto dos
dedos (acima)
Face dorsal da base
da falange proximal
do hálux (1
o dedo)
Ajuda o M. extensor
longo do hálux a
estender o hálux na
articulação
metatarsofalângica
aÉ indicada a inervação segmentar da medula espinal (p. ex., “L5 ou S1” significa que a inervação do M. extensor curto dos dedos é
derivada do quinto segmento lombar ou do primeiro segmento sacral da medula espinal). Alesão de um ou mais dos segmentos da medula
espinal relacionados ou das raízes nervosas motoras originadas deles acarreta paralisia dos músculos associados.
Os músculos tornam-se mais ativos na última parte do movimento para estabilizar o pé para propulsão (saída), um
momento em que as forças também tendem a achatar o arco transverso do pé. Simultaneamente, também são capazes de
refinar ainda mais os esforços dos músculos longos, produzindo supinação e pronação para permitir que a plataforma do pé se
ajuste ao solo irregular.
Os músculos do pé são pouco importantes individualmente porque o controle fino dos dedos dos pés não é importante para
a maioria das pessoas. Em vez de produzirem movimento real, são mais ativos na fixação do pé ou no aumento da pressão
aplicada contra o solo por várias áreas da planta ou dos dedos para manter o equilíbrio.
Embora o músculo adutor do hálux assemelhe-se a um músculo da palma que aduz o polegar, é, apesar do seu nome,
provavelmente o músculo mais ativo durante a fase de saída do apoio na tração dos quatro metatarsais laterais em direção ao
hálux, fixação do arco transverso do pé e resistência às forças que afastariam as cabeças dos metatarsais quando há aplicação
de peso e força à parte anterior do pé (Quadro 5.2).
No Quadro 5.14, observe que:
Os interósseos Plantares ADuzem (PAD) e originam-se de um único metatarsal como músculos semipeniformes
Os interósseos Dorsais ABduzem (DAB) e originam-se de dois metatarsais como músculos peniformes.
Existem dois planos neurovasculares entre as camadas musculares da planta do pé (Figuras 5.69 e 5.70B): (1) um
superficial, entre a 1
a e a 2
a camadas musculares, e (2) um profundo, entre a 3
a e a 4
a camadas musculares. O nervo tibial
divide-se, posteriormente ao maléolo medial, em nervos plantares medial e lateral (Figuras 5.61B, 5.71 e 5.72; Quadro
5.15). Esses nervos suprem os músculos intrínsecos da face plantar do pé.
O nervo plantar medial segue dentro do compartimento medial da planta, entre a 1
a e a 2
a camadas musculares.
Inicialmente, artéria e nervo plantares laterais seguem lateralmente entre os músculos da 1
a e da 2
a camadas de músculos
plantares (Figuras 5.69C e 5.70B). Em seguida, seus ramos profundos seguem medialmente entre os músculos da 3
a e da 4
a
camadas (Figura 5.70B).
Dois músculos intimamente relacionados no dorso do pé são o extensor curto dos dedos (ECD) e o extensor curto do
hálux (ECH) (Figuras 5.54A e B e 5.56A). Na verdade, o ECH é parte do ECD. Esses músculos finos e largos formam uma
massa carnosa na parte lateral do dorso do pé, anterior ao maléolo lateral. Seu pequeno ventre carnoso pode ser palpado
quando os dedos são estendidos.
Figura 5.69 Camadas de músculos da planta. A. A 1
a camada é formada pelos músculos abdutores do hálux e do dedo
mínimo, além do músculo flexor curto dos dedos. B. A 2
a camada contém os tendões dos músculos flexores longos e músculos
associados: quatro lumbricais e o quadrado plantar. C. A 3
a camada é formada pelos músculos flexor do dedo mínimo, flexor curto
do hálux e adutor do hálux. Também são mostradas as estruturas neurovasculares que seguem em um plano entre a 1
a e a 2
a
camadas. D. A 4
a camada consiste nos músculos interósseos dorsais e plantares.
Figura 5.70 Artérias e camadas musculares do pé. A e B. A artéria tibial posterior termina quando entra no pé dividindo-se em
artérias plantares medial e lateral. Observe as anastomoses distais desses vasos com a artéria plantar profunda, que é ramo da
artéria dorsal do pé, e os ramos perfurantes até a artéria arqueada no dorso do pé (ver Figura 5.73). Observe que as artérias
plantares entram e seguem no plano entre a 1
a e a 2
a camadas, com a artéria plantar lateral seguindo da região medial para a
lateral. Os ramos profundos da artéria seguem da região lateral para a região medial entre a 3
a e a 4
a camadas.
•
•
•
•
•
Figura 5.71 Artérias do pé: ramificação e comunicação. A. Ramificação das estruturas neurovasculares originais que dão
origem aos vasos e nervos plantares. B. As artérias do mediopé e do antepé assemelham-se às da mão já que (1) arcos nas duas
faces dão origem às artérias metatarsais (metacarpais), que, por sua vez, dão origem às artérias digitais; (2) as artérias dorsais
esgotam-se antes de chegar às extremidades dos dedos, de modo que as artérias digitais plantares (palmares) enviam ramos
dorsais para irrigar as faces dorsais distais dos dedos, inclusive os leitos ungueais; e (3) ramos perfurantes estendem-se entre os
metatarsais (metacarpais), formando anastomoses entre os arcos de cada lado.
Estruturas neurovasculares e relações no pé
NERVOS DO PÉ
A inervação cutânea do pé é feita (Figura 5.72; Quadro 5.15):
Na parte medial, pelo nervo safeno, que se estende distalmente até a cabeça do 1
o metatarsal
Na parte superior (dorso do pé), pelos nervos fibulares superficial (principal) e profundo
Na parte inferior (planta do pé), pelos nervos plantares medial e lateral; a margem comum de sua distribuição estende-se
ao longo do 4
o metacarpal e do dedo (isso é semelhante ao padrão de inervação da palma da mão)
Na parte lateral, pelo nervo sural, inclusive parte do calcanhar
Na parte posterior (calcanhar), por ramos calcâneos medial e lateral dos nervos tibial e sural, respectivamente.
Nervo safeno. O nervo safeno é o ramo cutâneo do nervo femoral mais longo e com distribuição mais ampla; é o único
ramo que se estende além do joelho (Figura 5.72A; Quadro 5.15; ver também Figura 5.74B). Além de suprir a pele e a fáscia
na face anteromedial da perna, o nervo safeno segue anteriormente ao maléolo medial até o dorso do pé, onde envia ramos
articulares para a articulação talocrural e prossegue para suprir a pele ao longo da face medial do pé anteriormente até a
cabeça do 1
o metatarsal.
Nervos fibulares superficial e profundo. Depois de passar entre os músculos fibulares no compartimento lateral da
perna e supri-los, o nervo fibular superficial emerge como um nervo cutâneo abaixo do segundo terço do comprimento da
perna. Em seguida, supre a pele na face anterolateral da perna e divide-se em nervos cutâneos dorsais medial e
intermediário, que prosseguem através do tornozelo para suprir a maior parte da pele no dorso do pé. Seus ramos terminais
são os nervos digitais dorsais (comum e próprio) que suprem a pele da face proximal da metade medial do hálux e dos três
dedos e meio laterais.
Depois de suprir os músculos do compartimento anterior da perna, o nervo fibular profundo segue profundamente ao
retináculo dos músculos extensores e supre os músculos intrínsecos no dorso do pé (extensores dos dedos e extensor longo do
hálux) e as articulações tarsais e tarsometatarsais. Quando finalmente emerge como um nervo cutâneo, sua posição no pé é
tão distal que resta apenas uma pequena área de pele para inervação: a pele situada entre e as faces contíguas do 1
o e 2
o
dedos. Ele inerva essa área como o 1
o nervo digital dorsal comum (e depois nervo dorsal próprio).
Nervo plantar medial. O nervo plantar medial, o maior e mais anterior dos dois ramos terminais do nervo tibial,
origina-se profundamente ao retináculo dos músculos flexores. Entra na planta do pé passando profundamente ao músculo
abdutor do hálux (AH) (Figuras 5.69C e 5.71A). Depois, segue anteriormente entre os músculos AH e flexor curto dos dedos
(FCD), suprindo ambos com ramos motores na face lateral da artéria plantar medial (Figura 5.69A e C). Depois de enviar
ramos motores para o músculo flexor curto do hálux (FCH) e o 1
o músculo lumbrical, o nervo plantar medial termina perto
das bases dos metatarsais dividindo-se em três ramos sensitivos (nervos digitais plantares comuns). Esses ramos suprem a
pele dos três dedos e meio mediais (inclusive a pele dorsal e os leitos ungueais de suas falanges distais), e a pele da planta
proximal a eles. Em comparação com o outro ramo terminal do nervo tibial, o nervo plantar medial supre maior área cutânea,
porém menos músculos. Sua distribuição na pele e nos músculos do pé é comparável à do nervo mediano na mão.
Figura 5.72 Nervos do pé.
Quadro 5.15 Nervos do pé.
Nervo
a Origem Trajeto Distribuição no pé
Safeno (1) N. femoral
Origina-se no trígono
femoral e desce através da
coxa e perna; acompanha a
V. safena magna
anteriormente ao maléolo
medial; termina na face
medial do pé
Supre a pele na face medial
do pé anteriormente, até a
cabeça do 1
o metatarsal
Fibular superficial (2)
N. fibular comum
Perfura a fáscia muscular no
terço distal da perna para
tornar-se cutâneo; depois
envia ramos para o pé e os
dedos
Inerva a pele no dorso do
pé e todos os dedos, exceto
a face lateral do 5
o dedo e
as faces adjacentes do 1
o e
2
o dedos
Fibular profundo (3)
Segue profundamente ao
retináculo dos Mm.
extensores e entra no dorso
do pé
Supre o M. extensor curto
dos dedos e a pele nas faces
contíguas do 1
o e 2
o dedos
Plantar medial (4)
Maior ramo terminal do N.
tibial
Segue distalmente no pé
entre os Mm. abdutor do
hálux e flexor curto dos
dedos; divide-se em ramos
musculares e cutâneos
Supre a pele da face medial
da planta do pé e as laterais
dos três primeiros dedos;
também supre os Mm.
abdutor do hálux, flexor
curto dos dedos, flexor
curto do hálux e primeiro
lumbrical
Plantar lateral (5)
Menor ramo terminal do N.
tibial
Segue lateralmente no pé
entre os Mm. quadrado
plantar e flexor curto dos
dedos; divide-se em ramos
superficial e profundo
Supre os Mm. quadrado
plantar, abdutor do dedo
mínimo, flexor curto do
dedo mínimo; o ramo
profundo supre os Mm.
interósseos plantares e
dorsais, três Mm. lumbricais
laterais e M. adutor do
hálux; supre a pele na
planta, lateralmente a uma
linha que divide o 4
o dedo
Sural (6)
Geralmente origina-se dos
Nn. tibial e fibular comum
Segue inferiormente ao
maléolo lateral à face lateral
do pé
Face lateral das partes
posterior e média do pé
Ramos calcâneos (7) Nn. tibial e sural
Seguem da parte distal da
face posterior da perna até a
pele no calcanhar
Pele do calcanhar
aOs números referem-se à Figura 5.72.
Nervo plantar lateral. O nervo plantar lateral, o menor e mais posterior dos dois ramos terminais do nervo tibial,
também segue profundamente ao músculo AH (Figura 5.71A), mas segue em sentido anterolateral entre a 1
a e a 2
a camadas
de músculos plantares, na face medial da artéria plantar lateral (Figura 5.69C). O nervo plantar lateral termina quando chega
ao compartimento lateral, dividindo-se em ramos superficial e profundo (Figura 5.72B; Quadro 5.15).
Por sua vez, o ramo superficial divide-se em dois nervos digitais plantares (um comum e um próprio) que suprem a
pele das faces plantares do dedo e meio laterais, a pele dorsal e os leitos ungueais de suas falanges distais e a pele da planta
proximal a eles. O ramo profundo do nervo plantar lateral segue juntamente com o arco arterial plantar entre a 3
a e a 4
a
camadas musculares.
Os ramos superficiais e profundos do nervo plantar lateral inervam todos os músculos da planta não supridos pelo nervo
plantar medial. Em comparação com o nervo plantar medial, o nervo plantar lateral supre uma área cutânea menor, porém
mais músculos individuais. Sua distribuição na pele e nos músculos do pé é comparável à do nervo ulnar na mão (Capítulo 6).
Os nervos plantares medial e lateral também inervam as faces plantares de todas as articulações do pé.
Nervo sural. O nervo sural é formado pela união do nervo cutâneo sural medial (do nervo tibial) e do ramo
comunicante sural do nervo fibular comum, respectivamente (ver Figura 5.57B; Quadro 5.11). O nível de junção desses
ramos é variável; pode ser alto (na fossa poplítea) ou baixo (proximal ao calcanhar). Às vezes os ramos não se unem e,
portanto, não há formação de um nervo sural. Nessas pessoas, a pele normalmente inervada pelo nervo sural é suprida pelos
ramos cutâneos surais medial e lateral. O nervo sural acompanha a veia safena parva e entra no pé posteriormente ao maléolo
lateral para suprir a articulação talocrural e a pele ao longo da margem lateral do pé (Figura 5.72A; Quadro 5.15).
ARTÉRIAS DO PÉ
As artérias do pé são ramos terminais das artérias tibiais anterior e posterior (Figuras 5.71A e 5.73), respectivamente: a
artérias dorsal do pé e plantares.
Artéria dorsal do pé. A artéria dorsal do pé, que costuma ser importante na vascularização da parte anterior do pé (p.
ex., durante longos períodos de pé), é a continuação direta da artéria tibial anterior. A artéria dorsal do pé começa a meio
caminho entre os maléolos e segue em sentido anteromedial, profundamente ao retináculo inferior dos músculos extensores,
entre os tendões do extensor longo do hálux e do extensor longo dos dedos no dorso do pé.
A artéria dorsal do pé segue até o primeiro espaço interósseo, onde se divide e dá origem à 1
a artéria metatarsal dorsal e a
uma artéria plantar profunda. Esta segue profundamente entre as cabeças do primeiro músculo interósseo dorsal e entra na
planta do pé, onde se une à artéria plantar lateral para formar o arco plantar profundo. O trajeto e o destino da artéria dorsal e
sua principal continuação, a artéria plantar profunda, são comparáveis à artéria radial da mão, que completa um arco arterial
profundo na palma.
Figura 5.73 Artérias do pé: visão geral. A. A artéria tibial anterior torna-se a artéria dorsal do pé quando cruza a articulação
talocrural. B. As artérias plantares medial e lateral são ramos terminais da artéria tibial posterior. A artéria plantar profunda e os
ramos perfurantes do arco plantar profundo propiciam anastomoses entre as artérias dorsais e plantares.
A artéria tarsal lateral, um ramo da artéria dorsal do pé, segue lateralmente em um trajeto curvo sob o músculo ECD
para irrigar esse músculo e os ossos tarsais e as articulações subjacentes. Anastomosa-se com outros ramos, como a artéria
arqueada.
A 1
a artéria metatarsal dorsal divide-se em ramos que suprem os dois lados do hálux e a face medial do 2
o dedo.
A artéria arqueada segue lateralmente através das bases dos quatro metatarsais laterais, profundamente aos tendões dos
músculos extensores, até chegar à face lateral do antepé, onde pode anastomosar-se à artéria tarsal lateral para formar uma
alça arterial. A artéria arqueada dá origem às 2
a
, 3
a e 4
a artérias metatarsais dorsais. Esses vasos seguem distalmente até as
fendas dos dedos e são unidos ao arco plantar e às artérias metatarsais plantares por ramos perfurantes (Figuras 5.70A e B,
5.71B e 5.73A e B). Na parte distal, cada artéria metatarsal dorsal divide-se em duas artérias digitais dorsais para a face
dorsal das laterais dos dedos adjacentes (Figura 5.73A); entretanto, essas artérias geralmente terminam proximais à articulação
interfalângica distal (Figura 5.71B) e são substituídas ou reabastecidas por ramos dorsais das artérias digitais plantares.
ARTÉRIAS DA PLANTA DO PÉ
A planta do pé tem uma vascularização abundante derivada da artéria tibial posterior, que se divide profundamente ao
retináculo dos músculos flexores (Figuras 5.69A, 5.71A e 5.73B). Os ramos terminais seguem profundamente ao músculo
abdutor do hálux (AH) como as artérias plantares medial e lateral, que acompanham os nervos de nomes semelhantes.
Artéria plantar medial. A artéria plantar medial é o menor ramo terminal da artéria tibial posterior. Dá origem a um
ou mais ramos profundos que suprem principalmente os músculos do hálux. O ramo superficial maior da artéria plantar medial
supre a pele na face medial da planta e tem ramos digitais que acompanham ramos digitais do nervo plantar medial; e os
ramos mais laterais anastomosam-se com as artérias metatarsais plantares mediais. Às vezes, forma-se um arco plantar
superficial quando o ramo superficial anastomosa-se com a artéria plantar lateral ou o arco plantar profundo (Figura 5.73B).
Artéria plantar lateral. A artéria plantar lateral, muito maior do que a artéria plantar medial, origina-se com o nervo
do mesmo nome e o acompanha (Figuras 5.69C, 5.70B, 5.71A e 5.73B). Segue em sentido lateral e anterior, de início
profundamente ao músculo AH e, depois, entre músculos FCD e quadrado plantar.
A artéria plantar lateral curva-se medialmente através do pé com o ramo profundo do nervo plantar lateral para formar o
arco plantar profundo, que é completado pela união com a artéria plantar profunda, um ramo da artéria dorsal do pé.
Quando atravessa o pé, o arco plantar profundo dá origem às quatro artérias metatarsais plantares; três ramos
perfurantes; e muitos ramos para pele, fáscia e músculos na planta. As artérias metatarsais plantares dividem-se perto da base
das falanges proximais para formar as artérias digitais plantares, que suprem os dedos adjacentes; ramos digitais superficiais
da artéria plantar medial unem-se às artérias metatarsais mais mediais. Tipicamente, as artérias digitais plantares fornecem a
maior parte do sangue que chega à região distal dos dedos, inclusive ao leito ungueal, através dos ramos perfurantes e dorsais
(Figuras 5.71B e 5.73) – uma distribuição que também é observada nos dedos.
DRENAGEM VENOSA DO PÉ
Como o resto do membro inferior, o pé tem veias superficiais e musculares. As veias musculares assumem a forma de pares
de veias que se anastomosam, acompanhando todas as artérias internas à fáscia muscular (Figura 5.74A). As veias
superficiais são subcutâneas e não acompanhadas por artérias (Figura 5.74B). Ao contrário da perna e da coxa, porém, a
drenagem venosa do pé é feita basicamente para as principais veias superficiais, tanto das veias acompanhantes profundas
quanto de outras veias superficiais menores.
As veias perfurantes iniciam o desvio unidirecional de sangue das veias superficiais para as veias profundas, um padrão
essencial para operação da bomba musculovenosa, proximal à articulação talocrural. A maior parte do sangue é drenada do pé
pelas veias superficiais.
As veias digitais dorsais continuam em sentido proximal como veias metatarsais dorsais, que também recebem ramos das
veias digitais plantares. Essas veias drenam para o arco venoso dorsal do pé, e proximal a este uma rede venosa dorsal
cobre o restante do dorso do pé. Tanto o arco quanto a rede estão localizados na tela subcutânea.
Na parte principal, as veias superficiais de uma rede venosa plantar drenam ao redor da margem medial do pé e
convergem para a parte medial do arco e da rede venosa dorsal a fim de formar uma veia marginal medial, que se torna a
veia safena magna, ou drenam ao redor da margem lateral e convergem para a parte lateral do arco e da rede venosa dorsal a
fim de formar a veia marginal lateral, que se torna a veia safena parva.
As veias perfurantes das veias safenas magna e parva então desviam sangue continuamente para a região profunda
enquanto ascendem para tirar vantagem da bomba musculovenosa.
DRENAGEM LINFÁTICA DO PÉ
Os vasos linfáticos do pé começam em plexos subcutâneos. Os vasos coletores consistem nos vasos linfáticos superficiais e
profundos que acompanham as veias superficiais e os principais feixes vasculares, respectivamente.
Os vasos linfáticos superficiais são mais numerosos na planta do pé (Figura 5.75). Os vasos linfáticos superficiais
mediais, maiores e mais numerosos do que os laterais, drenam a face medial do dorso e da planta do pé (Figura 5.75A). Esses
vasos convergem para a veia safena magna e acompanham-na até o grupo vertical de linfonodos inguinais superficiais,
localizados ao longo do término da veia, e daí para os linfonodos inguinais profundos, ao longo da veia femoral proximal (ver
Figura 5.45B). Os vasos linfáticos superficiais laterais drenam a face lateral do dorso e da planta do pé. A maioria desses
vasos segue posteriormente ao maléolo lateral e acompanha a veia safena parva até a fossa poplítea, onde entram nos
linfonodos poplíteos (Figura 7.75B).
Figura 5.74 Veias da perna e do pé. A. As veias profundas acompanham as artérias e seus ramos; elas se anastomosam com
frequência e têm muitas válvulas. B. As principais veias superficiais drenam, através de veias perfurantes, para as veias profundas
que ascendem no membro, de modo que a compressão muscular impulsione o sangue em direção ao coração contra a força da
gravidade. A parte distal da veia safena magna é acompanhada pelo nervo safeno e a veia safena parva é acompanhada pelo
nervo sural e sua raiz medial (nervo cutâneo sural medial).
Figura 5.75 Drenagem linfática do pé. A drenagem linfática da planta drena no sentido dorsal e proximal. A. Vasos linfáticos
superficiais da região medial do pé unem-se aos da região anteromedial da perna, drenando para os linfonodos inguinais
superficiais através de linfáticos que acompanham a veia safena magna. B. Os vasos linfáticos superficiais da região lateral do pé
unem-se aos da região posterolateral da perna, convergem para os vasos que acompanham a veia safena parva e drenam para os
linfonodos poplíteos.
Os vasos linfáticos profundos do pé seguem os principais vasos sanguíneos: veias fibular, tibiais anterior e posterior,
poplítea e femoral. Os vasos profundos do pé também drenam para os linfonodos poplíteos. Os vasos linfáticos que saem
deles acompanham os vasos femorais, transportando a linfa até os linfonodos inguinais profundos. Dos linfonodos inguinais
profundos, toda a linfa do membro inferior segue profundamente ao ligamento inguinal até os linfonodos ilíacos (ver Figura
5.45A).
Anatomia de superfície das regiões do tornozelo e do pé
Os tendões da região do tornozelo só podem ser identificados satisfatoriamente durante a ação de seus músculos. A inversão
ativa do pé permite palpar o tendão do músculo tibial posterior, que segue posterior e distalmente ao maléolo medial, depois
superiormente ao sustentáculo do tálus, para chegar à sua fixação na tuberosidade do navicular (Figura 5.76A a C). Portanto,
o tendão do músculo tibial posterior é o guia para encontrar o navicular. O tendão do músculo tibial posterior também indica o
local para palpação do pulso tibial posterior (a meio caminho entre o maléolo medial e o tendão do calcâneo; Figura B5.25).
•
•
•
•
Figura 5.76 Anatomia de superfície do pé. A. Pontos de referência visíveis. B. Estruturas subjacentes. C e D. Pontos de
referência visíveis. E. Estruturas subjacentes. Os números entre parênteses em (E) referem-se às estruturas identificadas em (D).
Os tendões dos músculos fibulares longo e curto podem ser acompanhados distalmente, posterior e inferior ao maléolo
lateral, e depois anteriormente ao longo da face lateral do pé (Figura 5.76D e E). O tendão do músculo fibular longo pode ser
palpado até o cuboide, e depois desaparece quando entra na planta. O tendão do músculo fibular curto pode ser facilmente
acompanhado até sua fixação na face dorsal da tuberosidade na base do 5
o metatarsal. Essa tuberosidade está localizada no
meio da margem lateral do pé. Com os dedos em extensão ativa, o pequeno ventre carnoso do músculo extensor curto dos
dedos pode ser visto e palpado anteriormente ao maléolo lateral. Sua posição deve ser observada e palpada, para que não seja
confundido depois com edema anormal.
Os tendões na face anterior do tornozelo (da região medial até a região lateral) são facilmente palpados na dorsiflexão do
pé (Figura 5.76A a C):
O grande tendão do músculo tibial anterior deixa o revestimento do tendão superior dos músculos extensores e, a partir
desse nível, o tendão é revestido por uma bainha sinovial contínua; o tendão pode ser acompanhado até a fixação no 1
o
cuneiforme e na base do 1
o metatarsal
O tendão do músculo extensor longo do hálux, evidente quando o hálux é estendido contra resistência, pode ser
acompanhado até sua fixação na base da falange distal do hálux
Os tendões do músculo extensor longo dos dedos podem ser acompanhados facilmente até suas fixações nos quatro dedos
laterais
O tendão do músculo fibular terceiro também pode ser acompanhado até sua fixação na base do 5
o metatarsal. Esse
músculo tem pequena importância e pode estar ausente.
PÉ
Fasciite plantar
A inflamação da fáscia plantar – fasciite plantar – costuma ser causada por esforço repetitivo. Pode ser provocada por
corrida e por exercícios aeróbicos de alto impacto, sobretudo quando se usa calçado impróprio. A fasciite plantar é o
problema mais comum da parte posterior do pé em corredores. Causa dor na face plantar do pé e no calcanhar.
Muitas vezes a dor é mais intensa depois de se sentar e ao começar a caminhar de manhã. Em geral, desaparece depois de 5
a 10 minutos de atividade e reaparece após o repouso.
Há dor à palpação no local de fixação proximal da aponeurose no tubérculo medial do calcâneo e na face medial desse
osso. A dor aumenta com a extensão passiva do hálux e pode ser ainda mais exacerbada por dorsiflexão do tornozelo e/ou
sustentação de peso.
Figura B5.26
Se houver um esporão (processo ósseo anormal) do calcâneo que se saliente do tubérculo medial, a fasciite plantar tende
a causar dor na face medial do pé ao caminhar (Figura B5.26). Em geral, há surgimento de uma bolsa na extremidade do
esporão que também pode se tornar inflamada e dolorida.
Infecções do pé
As infecções do pé são comuns, sobretudo em estações, climas e culturas em que os calçados são menos usados.
Uma ferida puntiforme negligenciada pode causar infecção profunda extensa, resultando em edema, dor e febre.
As infecções profundas do pé costumam localizar-se nos compartimentos entre as camadas musculares (Figura
5.70B). Uma infecção bem estabelecida em um dos espaços fasciais ou musculares fechados geralmente requer incisão
cirúrgica e drenagem. Quando possível, a incisão é feita na face medial do pé, seguindo superiormente ao músculo abdutor
do hálux para permitir visualização de estruturas neurovasculares críticas e evitar a produção de uma cicatriz dolorosa em
uma área de sustentação de peso.
Contusão do músculo extensor curto dos dedos
Do ponto de vista funcional, os músculos ECD e ECH não têm grande importância. Clinicamente, é importante
conhecer a localização do ventre do ECD para distingui-lo de edema anormal. A contusão e a ruptura das fibras
musculares e dos vasos sanguíneos associados resultam em um hematoma, que provoca edema anteromedial ao
maléolo lateral. A maioria das pessoas que não notou essa inflamação muscular acredita ter sofrido entorse grave do
tornozelo.
Enxertos do nervo sural
Segmentos do nervo sural são usados com frequência para enxerto em procedimentos como o reparo de defeitos do
nervo resultantes de feridas. O cirurgião geralmente é capaz de localizar esse nervo em relação à veia safena parva
(Figura 5.74B). Devido às variações no nível de formação do nervo sural, o cirurgião pode precisar fazer incisões nas
duas pernas, e depois selecionar a melhor amostra.
Bloqueio anestésico do nervo fibular superficial
Depois que o nervo fibular superficial perfura a fáscia muscular para se tornar um nervo cutâneo, divide-se em
nervos cutâneos medial e intermédio (Figura 5.72A). Em pessoas magras, esses ramos frequentemente podem ser
vistos ou palpados como cristas sob a pele quando se faz a flexão plantar do pé. Injeções de um agente anestésico ao
redor desses ramos na região talocrural, anterior à porção palpável da fíbula, anestesia a pele no dorso do pé (exceto a
região entre o 1
o e o 2
o dedo, e as superfícies adjacentes) de maneira mais ampla e eficaz do que injeções mais locais no
dorso do pé para cirurgia superficial.
Reflexo plantar
O reflexo plantar (raízes dos nervos L4, L5, S1 e S2) é um reflexo miotático (tendíneo profundo) avaliado durante
exames neurológicos de rotina. A face lateral da planta do pé é estimulada com um objeto rombo, como um
abaixador de língua, começando no calcanhar e cruzando até a base do hálux. O movimento é firme e contínuo, mas
não é doloroso nem causa cócegas. A flexão dos dedos é uma resposta normal. O leve afastamento em leque dos quatro
dedos laterais e a dorsiflexão do hálux são respostas anormais (sinal de Babinski), indicativas de lesão encefálica ou doença
cerebral, exceto em lactentes. Como os tratos corticospinais não estão completamente desenvolvidos em recém-nascidos, o
sinal de Babinski pode persistir até que as crianças completem 4 anos (exceto em pacientes com lesão encefálica ou doença
cerebral).
Compressão do nervo plantar medial
A irritação por compressão do nervo plantar medial durante seu trajeto profundamente ao retináculo dos músculos
flexores ou curva-se profundamente ao abdutor do hálux pode causar dor, queimação, dormência e formigamento
(parestesia) na face medial da planta do pé e na região da tuberosidade do navicular. Pode haver compressão do
nervo plantar medial durante a eversão repetitiva do pé (p. ex., durante ginástica e corrida). Em virtude de sua frequência nos
corredores, esses sintomas foram denominados “pé do corredor”.
Palpação da artéria dorsal do pé
O pulso da artéria dorsal do pé (pulso pedioso) é avaliado durante o exame físico do sistema vascular periférico.
Os pulsos podem ser palpados com os pés em ligeira dorsiflexão. Em geral, a palpação é fácil porque as artérias
dorsais do pé são subcutâneas e seguem ao longo de uma linha que vai do retináculo dos músculos extensores até
um ponto imediatamente lateral ao tendão do músculo ELH (Swartz, 2009) (Figura B5.27). Diminuição ou ausência do pulso
pedioso geralmente sugerem insuficiência vascular decorrente de doença arterial. Os cinco P da oclusão arterial aguda são
dor (pain), palidez, parestesia, paralisia e pulso ausente. Alguns adultos saudáveis (e até mesmo crianças) têm pulsos
dorsais impalpáveis congênitos; a variação geralmente é bilateral. Nesses casos, a artéria dorsal do pé é substituída por uma
artéria fibular perfurante aumentada.
Figura B5.27
Feridas hemorrágicas da planta do pé
As feridas perfurantes da planta do pé que afetam o arco plantar profundo e seus ramos costumam acarretar
hemorragia grave, tipicamente nas duas extremidades da artéria seccionada em razão das anastomoses abundantes.
A ligadura do arco profundo é difícil por causa de sua profundidade e das estruturas que o circundam.
Linfadenopatia
As infecções do pé podem disseminar-se em sentido proximal, causando aumento dos linfonodos poplíteos e
inguinais (linfadenopatia). As infecções na face lateral do pé inicialmente causam linfadenopatia poplítea; mais tarde,
pode ocorrer linfadenopatia inguinal.
A linfadenopatia inguinal sem linfadenopatia poplítea pode resultar de infecção da face medial do pé, perna ou coxa;
entretanto, o aumento desses linfonodos também pode resultar de uma infecção ou tumor na vulva, pênis, escroto, períneo e
região glútea e das partes terminais da uretra, canal anal e vagina.
Pontos-chave
PÉ
Músculos do pé: Os músculos intrínsecos da face plantar do pé são organizados em quatro camadas e divididos em quatro
compartimentos fasciais. ♦ Uma aponeurose plantar resistente está situada sobre o compartimento central, contribuindo
passivamente para a manutenção do arco e, junto com a gordura firmemente unida a ela, protegendo os vasos e nervos
contra compressão. ♦ Há semelhança com a organização dos músculos na palma da mão, mas os músculos do pé geralmente
respondem como um grupo, e não individualmente, mantendo o arco longitudinal do pé ou empurrando uma parte dele com
mais força contra o solo para manter o equilíbrio. ♦ Os movimentos de abdução e adução produzidos pelos músculos
interósseos são de aproximação ou afastamento em relação ao 2
o dedo. ♦ O pé tem dois músculos intrínsecos em seu dorso
que potencializam a ação dos músculos extensores longos. ♦ Os músculos intrínsecos plantares atuam durante a fase de
apoio da marcha, desde o toque do calcâneo até a saída dos dedos, resistindo às forças que tendem a afastar os arcos do pé.
♦ Esses músculos são especialmente ativos na fixação da região medial do antepé para o impulso propulsivo.
Nervos do pé: Os músculos intrínsecos plantares são inervados pelos nervos plantares medial e lateral, enquanto os
músculos dorsais são supridos pelo nervo fibular profundo. ♦ A maior parte do dorso do pé recebe inervação cutânea do
nervo fibular superficial, sendo a exceção a pele da região entre o 1
o e o 2
o dedos, e as regiões adjacentes. Estas recebem
inervação do nervo fibular profundo depois de suprir os músculos no dorso do pé. ♦ A pele das faces medial e lateral do pé é
suprida pelos nervos safeno e sural, respectivamente. ♦ A face plantar do pé é inervada pelos nervos plantares medial, que é
maior, e lateral, menor. ♦ O nervo plantar medial supre mais pele (a face plantar dos três dedos e meio mediais e a planta
adjacente), mas menos músculos (apenas a região medial do hálux e o 1
o músculo lumbrical) do que o nervo plantar lateral.
♦ O nervo plantar lateral supre os demais músculos e a pele da face plantar. ♦ A distribuição dos nervos plantares medial e
lateral é comparável à dos nervos mediano e ulnar na palma da mão.
Artérias do pé: As artérias dorsais e plantares do pé são ramos terminais das artérias tibiais anterior e posterior,
respectivamente. ♦ A artéria dorsal do pé supre todo o dorso do pé e, por intermédio da artéria arqueada, a face dorsal
proximal dos dedos. Também contribui para a formação do arco plantar profundo através de sua artéria plantar profunda
terminal. ♦ A artéria plantar medial, que é maior, e a artéria plantar lateral, menor, suprem a face plantar do pé, sendo que
esta última segue nos planos vasculares entre a 1
a e a 2
a camadas e, depois, como o arco plantar, entre a 3
a e a 4
a camadas
dos músculos intrínsecos. ♦ As anastomoses entre as artérias dorsal do pé e plantar são abundantes e importantes para a
saúde do pé. ♦ Exceto pela ausência de um arco plantar superficial, o padrão arterial do pé é semelhante ao da mão.
Vasos eferentes do pé: A drenagem venosa do pé segue principalmente uma via superficial, drenando para o dorso do
pé e depois, medialmente, por meio da veia safena magna, ou lateralmente, através da veia safena parva. ♦ A partir dessas
veias, o sangue é desviado por veias perfurantes para as veias profundas da perna e coxa que participam da bomba
musculovenosa. ♦ Os vasos linfáticos que conduzem linfa do pé drenam em direção às veias superficiais que drenam o pé e,
depois, ao longo dessas veias. ♦ A linfa da região medial do pé segue a veia safena magna e drena diretamente para os
linfonodos inguinais superficiais. ♦ A linfa da região lateral do pé acompanha a veia safena parva e drena inicialmente para os
linfonodos poplíteos, e depois por vasos linfáticos profundos para os linfonodos inguinais profundos.
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