Região glútea | Nádegas e região do quadril
Embora a demarcação entre tronco e membro inferior seja abrupta anteriormente no ligamento inguinal, posteriormente a
região glútea é uma grande zona de transição entre o tronco e o membro inferior. A região glútea, que fisicamente faz parte do
tronco, do ponto de vista funcional é definitivamente parte do membro inferior.
A região glútea é a área proeminente posterior à pelve e inferior ao nível das cristas ilíacas (as nádegas), que se estende
lateralmente até a margem anterior do trocanter maior (Figura 5.32). A região do quadril está sobre o trocanter maior
lateralmente, estendendo-se anteriormente até a EIAS. Algumas definições incluem as nádegas e o quadril como parte da
região glútea, mas as duas partes costumam ser distinguidas. A fenda interglútea é o sulco que separa as nádegas. Os
músculos glúteos (glúteos máximo, médio e mínimo e tensor da fáscia lata) formam o volume da região. O sulco infraglúteo
demarca o limite inferior das nádegas e o limite superior da coxa.
Figura 5.32 Região glútea, que compreende as nádegas e a região do quadril.
LIGAMENTOS DA REGIÃO GLÚTEA
As partes da pelve óssea – ossos do quadril, sacro e cóccix – são limitadas por ligamentos densos (Figura 5.33). O ligamento
sacroilíaco posterior é contínuo inferiormente com o ligamento sacrotuberal. O ligamento sacrotuberal estende-se através
da incisura isquiática do osso do quadril, convertendo-a em um forame que é subdividido pelo ligamento sacroespinal e
espinha isquiática, criando os forames isquiáticos maior e menor. O forame isquiático maior é a via de passagem das
estruturas que entram ou saem da pelve (p. ex., nervo isquiático), enquanto o forame isquiático menor é a via de passagem
das estruturas que entram ou saem do períneo (p. ex., nervo pudendo).
Pode-se pensar no forame isquiático maior como a “porta” através da qual todas as artérias e nervos dos membros
inferiores deixam a pelve e entram na região glútea. O músculo piriforme (Figura 5.34D a G; Quadro 5.6) também entra na
região glútea através do forame isquiático maior e quase o preenche.
Músculos da região glútea
Os músculos da região glútea (Figura 5.35) localizam-se em um mesmo compartimento, mas são organizados em duas
camadas, superficial e profunda:
A camada superficial dos músculos da região glútea consiste nos três grandes glúteos (máximo, médio e mínimo)
superpostos e no tensor da fáscia lata (Figuras 5.34A, C a E e J e 5.35). O local de fixação proximal de todos esses
músculos é a face posterolateral (externa) e as margens das asas do ílio e são principalmente extensores, abdutores e
rotadores mediais da coxa
A camada profunda consiste em músculos menores (piriforme, obturador interno, gêmeos superior e inferior e quadrado
femoral) cobertos pela metade inferior do músculo glúteo máximo (Figuras 5.34F a I e 5.35). O local de fixação distal
desses músculos é a crista intertrocantérica do fêmur ou regiões adjacentes a ela. Esses músculos são rotadores laterais da
coxa, mas também estabilizam a articulação do quadril, atuando com os fortes ligamentos da articulação do quadril para
estabilizar a cabeça do fêmur no acetábulo.
Figura 5.33 Ligamentos do cíngulo do membro inferior. Os ligamentos sacrotuberal e sacroespinal convertem as incisuras
isquiáticas maior e menor em forames.
A Figura 5.34A e J mostra as fixações dos músculos da região glútea, e o Quadro 5.6 descreve a inervação e as principais
ações.
MÚSCULO GLÚTEO MÁXIMO
O músculo glúteo máximo é o músculo glúteo mais superficial (Figuras 5.34C e 5.35). É o músculo maior, mais pesado e
com fibras mais grossas do corpo. O músculo glúteo máximo cobre todos os outros músculos glúteos, com exceção do terço
anterossuperior do músculo glúteo médio.
Figura 5.34 Músculos da região glútea: abdutores e rotadores laterais.
Quadro 5.6 Músculos da região glútea: abdutores e rotadores da coxa.
Músculo(s)
Fixação
proximal
Fixação distal Inervação
a Principal ação
Glúteo
máximo
(Figura 5.34A
e C)
Ílio posterior à
linha glútea
posterior; face
dorsal do sacro
e cóccix;
ligamento
sacrotuberal
A maioria das
fibras termina
no trato
iliotibial, que se
insere no
côndilo lateral
da tíbia;
algumas fibras
inserem-se na
N. glúteo
inferior (L5,
S1, S2)
Estende a coxa (principalmente a partir da
posição fletida) e ajuda em sua rotação
lateral; estabiliza a coxa e ajuda no
levantamento a partir da posição sentada
tuberosidade
glútea
Glúteo
médio
(Figura
5.34A, C e E)
Face externa do
ílio entre as
linhas glúteas
anterior e
posterior
Face lateral do
trocanter maior
do fêmur
N. glúteo
superior (L5,
S1)
Aduz e roda medialmente a coxa; mantém
o nível da pelve quando o membro
ipsilateral está sustentando peso e avança o
lado oposto (não sustentado) durante a fase
de balanço
Glúteo
mínimo
(Figura 5.34A
a D)
Face externa do
ílio entre as
linhas glúteas
anterior e
inferior
Face anterior do
trocanter maior
do fêmur
Tensor da
fáscia lata
(Figura 5.34J)
Espinha ilíaca
anterossuperior;
parte anterior
da crista ilíaca
Trato iliotibial,
que se fixa ao
côndilo lateral
da tíbia
Piriforme
(Figura 5.34F
e G)
Face anterior do
sacro;
ligamento
sacrotuberal
Margem
superior do
trocanter maior
do fêmur
Ramificações
dos ramos
anteriores de
S1, S2
Rodam lateralmente a coxa estendida e
abduzem a coxa fletida; estabilizam a
cabeça do fêmur no acetábulo
Obturador
interno
(Figura
5.34H)
Face pélvica da
membrana
obturadora e
ossos
adjacentes
Face medial do
trocanter maior
(fossa
trocantérica) do
fêmur
b
Nervo para o
M. obturador
interno (L5,
S1)
Gêmeos
superior e
inferior
(Figura
5.34H)
Superior:
espinha
isquiática
Inferior: túber
isquiático
Face medial do
trocanter maior
(fossa
trocantérica) do
fêmur
b
M. gêmeo
superior:
mesma
inervação que
o
M. obturador
interno
M. gêmeo
inferior:
mesma
inervação que
o
M. quadrado
femoral
Quadrado
femoral
(Figura 5.34I)
Margem lateral
do túber
isquiático
Tubérculo
quadrado na
crista
intertrocantérica
do fêmur e na
área inferior a
ele
Nervo para o
quadrado
femoral (L5,
S1)
Roda lateralmente a coxa;
c estabiliza a
cabeça do fêmur no acetábulo
aÉ indicada a inervação segmentar da medula espinal (p. ex., “S1, S2” significa que os nervos que suprem o M. piriforme são derivados dos
dois primeiros segmentos sacrais da medula espinal). Os números em negrito (S1) indicam a inervação segmentar principal. Alesão de um
ou mais dos segmentos da medula espinal relacionados ou das raízes nervosas motoras originadas deles resulta em paralisia dos
músculos associados.
bOs músculos gêmeos fundem-se (e compartilham) ao tendão do M. obturador interno na sua fixação ao trocanter maior do fêmur,
formando em conjunto o músculo tríceps do quadril.
cHá seis rotadores laterais da coxa; Mm. piriforme, obturador interno, gêmeos superior e inferior, quadrado femoral e obturador externo.
Esses músculos também estabilizam a articulação do quadril.
O túber isquiático pode ser percebido à palpação profunda através da parte inferior do músculo, imediatamente superior à
parte medial da prega glútea (ver Figura 5.32). Quando a coxa é fletida, a margem inferior do músculo glúteo máximo deslocase
para cima, deixando o túber isquiático em posição subcutânea. Não sentamos sobre o músculo glúteo máximo, mas sim
sobre o tecido fibroadiposo e a bolsa isquiática situados entre o túber isquiático e a pele.
O músculo glúteo máximo inclina-se em sentido inferolateral em um ângulo de 45° da pelve até as nádegas. As fibras da
parte superior e maior do músculo glúteo máximo e as fibras superficiais de sua parte inferior se inserem no trato iliotibial e,
indiretamente, através do septo intermuscular lateral, na linha áspera do fêmur (Figura 5.36A e B). Algumas fibras profundas
da parte inferior do músculo (aproximadamente os quartos anterior e inferior profundos) fixam-se à tuberosidade glútea do
fêmur.
O nervo e os vasos glúteos inferiores entram na face profunda do músculo glúteo máximo em seu centro. É suprido pelas
artérias glúteas inferior e superior. Na parte superior de seu trajeto, o nervo isquiático segue profundamente ao músculo
glúteo máximo (Figura 5.35).
Figura 5.35 Músculos da região glútea: dissecções superficial e profunda.
Figura 5.36 Músculos glúteo máximo e tensor da fáscia lata. Vistas superficial (A) e profunda (B) do complexo
musculofibroso lateral formado pelos músculos tensor da fáscia lata e glúteo máximo e seu tendão aponeurótico comum, o trato
iliotibial. O trato iliotibial é contínuo posterior e profundamente com o septo intermuscular lateral denso.
As principais ações do músculo glúteo máximo são extensão e rotação lateral da coxa. Quando o músculo glúteo máximo
está fixo na região distal, o músculo estende o tronco sobre o membro inferior. Embora seja o extensor mais forte do quadril,
atua principalmente quando há necessidade de força (movimento rápido ou movimento contra resistência). O músculo glúteo
máximo atua principalmente entre as posições fletida e reta da coxa, como ao se levantar da posição sentada, assumir a
postura ortostática a partir de uma posição inclinada, caminhar em aclives, subir escadas e correr. É usado apenas rapidamente
durante a marcha casual e, em geral, não é usado quando a pessoa permanece de pé imóvel.
A paralisia do músculo glúteo máximo não afeta seriamente a marcha em superfície plana. Verifique isso colocando a
mão sobre as nádegas ao caminhar devagar. O músculo glúteo máximo contrai apenas rapidamente durante a parte inicial da
fase de apoio (desde o toque do calcâneo até o apoio completo do pé no solo, para resistir à flexão adicional quando o peso é
assumido pelo membro parcialmente fletido) (Figura 5.20A e Quadro 5.2). Ao subir escadas com as mãos sobre as nádegas,
pode-se perceber a forte contração do músculo glúteo máximo.
1.
2.
3.
Como o trato iliotibial cruza o joelho e se fixa ao côndilo lateral da tíbia (tubérculo de Gerdy) (Figuras 5.34J e 5.36A e B),
os músculos glúteo máximo e tensor da fáscia lata juntos também ajudam a estabilizar o joelho estendido, mas isso não
costuma ser necessário durante a posição de pé normal. Como o trato iliotibial fixa-se ao fêmur através do septo intermuscular
lateral, não tem a liberdade necessária para produzir movimento no joelho.
O teste do músculo glúteo máximo é realizado em decúbito ventral com o membro inferior reto. A pessoa contrai as
nádegas e estende a articulação do quadril enquanto o examinador observa e palpa o músculo glúteo máximo.
Bolsas da região glútea. Separam o músculo glúteo máximo das estruturas adjacentes (Figura 5.37). As bolsas são
sacos membranáceos revestidos por uma membrana sinovial, contendo uma camada capilar de líquido lubrificante, semelhante
à clara de ovo. As bolsas estão situadas em áreas sujeitas a atrito (p. ex., no local onde o trato iliotibial cruza o trocanter
maior). Seu objetivo é reduzir o atrito e permitir o movimento livre. Em geral, há três bolsas associadas ao músculo glúteo
máximo:
A bolsa trocantérica separa fibras superiores do músculo glúteo máximo do trocanter maior. Essa bolsa frequentemente é
a maior das bolsas formadas em relação às proeminências ósseas e já existe por ocasião do nascimento. Outras bolsas
parecem se formar em virtude do movimento pós-natal
A bolsa isquiática separa a parte inferior do músculo glúteo máximo do túber isquiático; muitas vezes não existe
A bolsa intermuscular do músculo glúteo separa o trato iliotibial da parte superior da fixação proximal do músculo vasto
lateral.
Ver, no boxe azul, “Bursite trocantérica” e “Bursite isquiática”, adiante.
Figura 5.37 Músculos e bolsas da região glútea. Três bolsas (trocantérica, intermuscular dos músculos glúteos e isquiática)
geralmente separam o músculo glúteo máximo das proeminências ósseas subjacentes. A bolsa do músculo obturador interno está
sob o tendão desse músculo.
MÚSCULOS GLÚTEO MÉDIO E GLÚTEO MÍNIMO
Os músculos glúteos menores, glúteo médio e glúteo mínimo, têm forma de leque, e suas fibras convergem da mesma
forma praticamente em direção ao mesmo alvo (Figuras 5.34C a E, 5.35, 5.37 e 5.38). Têm as mesmas ações e inervação
(Quadro 5.6) e são supridos pelo mesmo vaso sanguíneo, a artéria glútea superior. O músculo glúteo mínimo e a maior parte
do músculo glúteo médio situam-se profundamente ao músculo glúteo máximo na face externa do ílio. Os músculos glúteos
médio e mínimo abduzem ou estabilizam a coxa e giram-na medialmente (Figuras 5.20F e 5.39; Quadro 5.2).
O teste dos músculos glúteos médio e mínimo é realizado em decúbito lateral, com o membro a ser avaliado por cima, e
flexão no quadril e no joelho do membro do lado voltado para baixo para proporcionar estabilidade. A pessoa abduz a coxa
sem flexão nem rotação contra resistência direta para baixo. O músculo glúteo médio pode ser palpado inferiormente à crista
ilíaca, posteriormente ao músculo tensor da fáscia lata, que também se contrai durante a abdução da coxa.
MÚSCULO TENSOR DA FÁSCIA LATA
O músculo tensor da fáscia lata é fusiforme, tem cerca de 15 cm de comprimento e está envolto por duas camadas de fáscia
lata (Figuras 5.34C e J, 5.36 e 5.37). O Quadro 5.6 apresenta suas fixações, inervação e ação.
•
•
•
•
•
O músculo tensor da fáscia lata e a parte superficial e anterior do músculo glúteo máximo têm uma fixação distal comum
no côndilo lateral da tíbia através do trato iliotibial, que atua como uma aponeurose longa para os músculos. Entretanto, ao
contrário do glúteo máximo, o músculo tensor da fáscia lata é servido pelo feixe neurovascular glúteo superior. Apesar de sua
inervação glútea e fixação compartilhada, o músculo tensor da fáscia lata é basicamente flexor da coxa em razão da
localização anterior; mas, em geral, não tem ação independente.
Para causar flexão, o músculo tensor da fáscia lata atua em conjunto com os músculos iliopsoas e reto femoral. Na
paralisia do músculo iliopsoas, o músculo tensor da fáscia lata hipertrofia na tentativa de compensar essa paralisia. Também
atua em conjunto com outros músculos abdutores/rotadores mediais (glúteos médio e mínimo) (Figura 5.39). Sua posição é
anterior demais para que seja um forte abdutor e, portanto, provavelmente sua principal contribuição seja como sinergista ou
fixador.
O músculo tensor da fáscia lata tensiona a fáscia lata e o trato iliotibial. Como o trato iliotibial está fixado ao fêmur pelo
septo intermuscular lateral, o músculo tensor da fáscia lata movimenta pouco, ou não movimenta, a perna (Figura 5.36B).
Mas quando há extensão completa do joelho, contribui para (potencializa) a força de extensão, aumentando a estabilidade e,
na posição de pé, auxilia na sustentação do fêmur sobre a tíbia se houver oscilação lateral. Quando o joelho é fletido por
outros músculos, o músculo tensor da fáscia lata pode aumentar sinergicamente a flexão e a rotação lateral da perna.
Os músculos abdutores/rotadores mediais da articulação do quadril desempenham papel essencial durante a locomoção,
avançando e evitando a queda do lado não sustentado da pelve durante a marcha, conforme ilustrado e explicado na Figura
5.39. As funções de sustentação e produção de ação dos músculos abdutores/rotadores mediais dependem da normalidade da:
Atividade muscular e inervação pelo nervo glúteo superior
Articulação dos componentes da articulação do quadril
Resistência e angulação do colo do fêmur.
MÚSCULO PIRIFORME
O músculo piriforme, em forma de pera, está localizado, em parte, na parede posterior da pelve menor e, em parte, posterior
à articulação do quadril (Figuras 5.34F e G, 5.35 e 5.37; Quadro 5.6). O músculo piriforme deixa a pelve através do forame
isquiático maior, ocupando-o quase totalmente, até chegar à sua fixação na margem superior do trocanter maior.
Em razão de sua posição fundamental nas nádegas, o músculo piriforme é o ponto de referência da região glútea. O
músculo piriforme é a chave para compreender relações na região glútea porque determina os nomes dos vasos sanguíneos e
nervos (Figura 5.38A):
Os vasos e nervo glúteos superiores emergem superiormente a ele
Os vasos e nervo glúteos inferiores emergem inferiormente a ele.
Ver, no boxe azul, “Lesão do nervo isquiático”, adiante.
MÚSCULOS OBTURADOR INTERNO E GÊMEOS
Os músculos obturador interno e gêmeos superior e inferior formam um músculo tricipital (com três cabeças), o tríceps
do quadril, que ocupa a abertura entre os músculos piriforme e quadrado femoral (Figuras 5.34H e 5.38A e B). O tendão
comum desses músculos situa-se horizontalmente nas nádegas enquanto segue até o trocanter maior do fêmur.
Figura 5.38 Dissecção das regiões glútea e femoral posterior. A. A maior parte dos músculos glúteos máximo e médio foi
removida e segmentos dos músculos isquiotibiais foram excisados para mostrar as estruturas neurovasculares da região glútea e
da parte proximal da região femoral posterior. O nervo isqui-ático segue profundamente (anterior) ao músculo glúteo máximo
sobrejacente inicialmente e, depois, ao músculo bíceps femoral, sendo protegido por eles. B. Esta dissecção mostra alguns
rotadores laterais da coxa. Os componentes do “tríceps do quadril” têm uma fixação comum na fossa trocantérica adjacente à do
músculo obturador externo.
Figura 5.39 Ação dos abdutores/rotadores mediais da coxa ao caminhar. A e B. Função dos abdutores (músculos glúteos
médio e mínimo, tensor da fáscia lata). Quando o peso está sobre os dois pés (A), há sustentação uniforme da pelve, que não se
inclina. Quando o peso é sustentado por um membro (B), os músculos no lado sustentado fixam a pelve, de modo que ela não
pende em direção ao lado não sustentado. A manutenção do nível da pelve permite que o membro que não está sustentando peso
saia do solo enquanto avança durante a fase de balanço. C e D. A função dos rotadores da coxa é mostrada nas vistas lateral (C) e
superior (D). Observe que a maioria dos abdutores – os músculos tensor da fáscia lata, glúteo mínimo, e a maior parte (as fibras
anteriores) do glúteo médio – situa-se anteriormente à alavanca produzida pelo eixo da cabeça, colo e trocanter maior do fêmur
para girar a coxa em torno do eixo vertical que atravessa a cabeça do fêmur. A vista superior da articulação do quadril direita (D)
inclui o ramo superior do púbis, acetábulo e crista ilíaca; a parte inferior do ílio foi removida para mostrar a cabeça e o colo do
fêmur. As linhas de tração dos rotadores do quadril são indicadas por setas, demonstrando a relação antagonista resultante de
suas posições em relação à alavanca e ao centro de rotação (fulcro). Os rotadores mediais tracionam o trocanter maior
anteriormente e os rotadores laterais tracionam o trocanter posteriormente, o que resulta em rotação da coxa em torno do eixo
vertical. Observe que todos esses músculos também tracionam a cabeça e o colo do fêmur medialmente em direção ao acetábulo,
fortalecendo a articulação. Na marcha (E), os mesmos músculos que atuam unilateralmente durante a fase de apoio (membro fixo)
para manter o nível da pelve por meio da abdução podem, simultaneamente, produzir rotação medial da articulação do quadril,
avançando o lado oposto não sustentado da pelve (aumentando o avanço do membro livre). Os rotadores laterais do membro em
avanço (livre) atuam durante a fase de balanço para manter o pé paralelo à direção (linha) de avanço.
O Quadro 5.6 descreve suas fixações, inervação e ação. O músculo obturador interno está parcialmente localizado na
pelve, onde cobre a maior parte da parede lateral da pelve menor (Figura 5.38B). Deixa a pelve através do forame isquiático
menor, faz um ângulo reto (Figuras 5.38B e 5.39D), torna-se tendíneo e recebe as fixações distais dos músculos gêmeos antes
de se fixar à face medial do trocanter maior (fossa trocantérica) do fêmur.
Os pequenos músculos gêmeos são reforços extrapélvicos triangulares e estreitos do músculo obturador interno. Embora o
músculo gêmeo inferior receba inervação separada do nervo para o quadrado femoral, é mais realista considerar esses três
músculos como uma unidade (i. e., como o tríceps do quadril) porque não têm ação independente.
A bolsa isquiática do músculo obturador interno permite livre movimento do músculo sobre a margem posterior do
ísquio, onde a margem forma a incisura isquiática menor e a tróclea sobre a qual o tendão desliza quando faz a volta (Figura
5.37).
•
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MÚSCULO QUADRADO FEMORAL
O músculo quadrado femoral é quadrangular, plano, curto e localizado inferiormente aos músculos obturador interno e
gêmeos (Figuras 5.34I, 5.35, 5.37 e 5.38A). Fiel ao seu nome, o músculo quadrado femoral é retangular e um forte rotador
lateral da coxa.
MÚSCULO OBTURADOR EXTERNO
Com base em sua localização (posterior ao músculo pectíneo e às extremidades superiores dos músculos adutores) e sua
inervação (nervo obturatório), o músculo obturador externo foi descrito antes neste capítulo juntamente com os músculos
mediais da coxa (Figura 5.23H; Quadro 5.4). Entretanto, atua como rotador lateral da coxa, e sua fixação distal só é visível
durante a dissecção da região glútea (Figura 5.38B) ou da articulação do quadril. Por isso, é mencionado de novo.
O ventre do músculo obturador externo situa-se profundamente na região proximal da coxa e seu tendão passa inferior ao
colo do fêmur e profundamente ao músculo quadrado femoral no trajeto até a fixação na fossa trocantérica do fêmur (Figuras
5.38A e 5.39D). O músculo obturador externo, com outros músculos curtos ao redor da articulação do quadril, estabiliza a
cabeça do fêmur no acetábulo. É mais efetivo como rotador lateral da coxa quando a articulação do quadril é fletida.
Região femoral posterior
A Figura 5.40 ilustra os músculos posteriores da coxa e suas fixações, e o Quadro 5.7 descreve suas fixações, inervação e
ações.
Três dos quatro músculos na face posterior da coxa são os músculos isquiotibiais Os músculos isquiotibiais (Figuras
5.40A a D e 5.41B) são: (1) semitendíneo, (2) semimembranáceo e (3) bíceps femoral (cabeça longa). Os músculos
isquiotibiais têm características em comum:
Fixação proximal no túber isquiático profundamente ao músculo glúteo máximo (Figura 5.40A, F-H)
Fixação distal nos ossos da perna (Figura 5.40 B a E)
Assim, transpõem e atuam em duas articulações, produzindo extensão na articulação do quadril e flexão na articulação do
joelho
Inervação pela divisão tibial do nervo isquiático (Figura 5.41A).
A cabeça longa do músculo bíceps femoral atende a todas essas condições, mas sua cabeça curta, sendo o quarto músculo
do compartimento posterior, não atende a nenhuma delas.
As duas ações dos músculos isquiotibiais não podem ser realizadas de forma máxima ao mesmo tempo: a flexão completa
do joelho exige tamanho encurtamento dos isquiotibiais que impede a contração complementar que seria necessária para a
extensão completa simultânea da coxa; da mesma maneira, a extensão completa do quadril encurta os músculos isquiotibiais,
de modo que eles não conseguem se contrair mais para atuar plenamente sobre o joelho. Quando as coxas e as pernas estão
fixas, os músculos isquiotibiais ajudam a estender o tronco na articulação do quadril.
Os músculos isquiotibiais são ativos na extensão da coxa em todas as situações, com exceção da flexão completa do joelho,
inclusive na manutenção da postura de pé relaxada. Uma pessoa com paralisia dos músculos isquiotibiais tende a cair para a
frente porque os músculos glúteos máximos não conseguem manter o tônus muscular necessário para se manter de pé.
Os músculos isquiotibiais são os extensores do quadril que atuam na caminhada em superfície plana, quando a atividade do
glúteo máximo é mínima. Entretanto, em vez de produzir extensão do quadril ou flexão do joelho durante a marcha normal, os
músculos isquiotibiais têm maior atividade durante a contração excêntrica, resistindo (desacelerando) à flexão do quadril e à
extensão do joelho durante o balanço terminal (entre o balanço médio e o toque do calcâneo) (ver Figura 5.20G; Quadro 5.2).
O comprimento dos músculos isquiotibiais varia, mas em geral é uma questão de condicionamento. Em algumas pessoas,
não são suficientemente longos para permitir que toquem seus dedos dos pés com os joelhos estendidos. A prática rotineira de
exercícios de alongamento pode alongar esses músculos e tendões.
Para testar os músculos isquiotibiais, a pessoa flete a perna contra resistência. Normalmente, esses músculos –
principalmente seus tendões de cada lado da fossa poplítea – devem ser proeminentes quando fletem o joelho (ver Figura
5.48C).
MÚSCULO SEMITENDÍNEO
Como indica o nome, metade do músculo semitendíneo é tendínea (Figura 5.40F). O músculo tem um ventre fusiforme, que
geralmente é interrompido por uma intersecção tendínea e um tendão longo, semelhante a um cordão, que começa após cerca
de dois terços do trajeto de descida na coxa. Na parte distal, o tendão fixa-se à face medial da parte superior da tíbia como
parte da pata de ganso em conjunto com as inserções tendíneas dos músculos sartório e grácil (Figura 5.40D).
Figura 5.40 Músculos posteriores da coxa: extensores do quadril e flexores do joelho.
Quadro 5.7 Músculos posteriores da coxa: extensores do quadril e flexores do joelho.
Músculo
a Fixação proximal Fixação distal Inervação
b Principal ação
Semitendíneo
Túber isquiático
Face medial da parte
superior da tíbia
Divisão tibial do N.
isquiático, parte da
tíbia (L5, S1, S2)
Estendem a coxa;
fletem a perna e a
giram medialmente
quando o joelho está
fletido; quando a
coxa e a perna estão
fletidas, esses
músculos podem
estender o tronco
Semimembranáceo
Parte posterior do
côndilo medial da
tíbia; a fixação
rebatida forma o
ligamento poplíteo
oblíquo (para o
côndilo lateral do
fêmur)
Bíceps femoral
Cabeça longa: túber
isquiático
Cabeça curta: linha
áspera e linha
supracondilar lateral
do fêmur
Face lateral da cabeça
da fíbula; o tendão é
dividido nesse local
pelo ligamento
colateral fibular do
joelho
Cabeça longa: divisão
tibial do N. isquiático
(L5, S1, S2)
Cabeça curta: divisão
fibular comum do N.
isquiático (L5, S1,
S2)
Flete a perna e roda-a
lateralmente quando
o joelho está fletido;
estende a coxa (p.
ex., massa
aceleratória ao iniciar
a marcha)
aColetivamente, esses três músculos são conhecidos como músculos isquiotibiais.
bÉ indicada a inervação segmentar da medula espinal (p. ex., “L5, S1, S2” significa que os nervos que suprem o M. semitendíneo são
derivados do quinto segmento lombar e dos dois primeiros segmentos sacrais da medula espinal). Os números em negrito (L5, S1)
indicam a inervação segmentar principal. A lesão de um ou mais dos segmentos da medula espinal relacionados ou das raízes nervosas
motoras originadas deles resulta em paralisia dos músculos envolvidos.
MÚSCULO SEMIMEMBRANÁCEO
O músculo semimembranáceo é largo e seu nome é apropriado por causa da forma membranácea achatada de sua fixação
proximal no túber isquiático (Figura 5.40G; Quadro 5.7). O tendão do músculo semimembranáceo forma-se aproximadamente
no meio da coxa e desce até a parte posterior do côndilo medial da tíbia.
Figura 5.41 Músculos e compartimentos fasciais da coxa. A. Segmentos dos músculos isquiotibiais são excisados para
mostrar o nervo isquiático. É indicado o nível dos cortes mostrados nas partes B e C. B. Corte transversal anatômico da região
média da coxa, 10 a 15 cm inferior ao ligamento inguinal. Os três compartimentos da coxa são mostrados em tons diferentes de
cores. Observe que cada um deles tem sua própria inervação e grupo(s) funcional(is) de músculos. C. RM transversal da coxa
direita correspondente a B. (Cortesia do Dr. W. Kucharczyk, Chair of Medical Imaging, Faculty of Medicine, University of Toronto
and Clinical Director of the Tri-Hospital Resonance Centre, Toronto, Ontario, Canada.)
O tendão do músculo semimembranáceo divide-se em três partes na porção distal: (1) uma fixação direta na face posterior
do côndilo medial da tíbia, (2) uma parte que se funde à fáscia poplítea, e (3) uma parte refletida que reforça a parte
intercondilar da cápsula articular do joelho como o ligamento poplíteo oblíquo (Figura 5.40G; ver também Figura 5.58B).
Quando o joelho é fletido a 90°, os tendões mediais isquiotibiais (semitendíneo e semimembranáceo) seguem até a face
medial da tíbia. Nessa posição, a contração dos músculos isquiotibiais mediais (e dos sinergistas, inclusive os músculos grácil,
sartório e poplíteo) produz um grau limitado (cerca de 10°) de rotação medial da tíbia no joelho. Os dois músculos
isquiotibiais mediais não são tão ativos quanto o lateral, o músculo bíceps femoral, que é o “burro de carga” de extensão no
quadril (Hamill e Knutzen, 2008).
MÚSCULO BÍCEPS FEMORAL
O músculo bíceps femoral é fusiforme e, como indica seu nome, tem duas cabeças: uma cabeça longa e uma cabeça curta
(Figura 5.40F a H). Na parte inferior da coxa, a cabeça longa torna-se tendínea e se une à cabeça curta. O tendão comum
arredondado dessas cabeças fixa-se à cabeça da fíbula e pode ser facilmente visto e palpado quando segue até o joelho,
sobretudo quando o joelho é fletido contra resistência.
A cabeça longa do músculo bíceps femoral cruza para o outro lado e oferece proteção para o nervo isquiático depois de
descer da região glútea até a face posterior da coxa (Figuras 5.38A e 5.41A a C). Quando o nervo isquiático divide-se em
ramos terminais, o ramo lateral (nervo fibular comum) mantém essa relação, seguindo com o tendão do bíceps.
A cabeça curta do músculo bíceps femoral origina-se do lábio lateral do terço inferior da linha áspera e crista
supracondilar do fêmur (Figura 5.40B e H). Enquanto os músculos isquiotibiais têm inervação comum da divisão tibial do
nervo isquiático, a cabeça curta do músculo bíceps femoral é inervada pela divisão fibular (Quadro 5.7). Como cada uma
das duas cabeças do músculo bíceps femoral tem uma inervação diferente, uma ferida na região posterior da coxa com lesão
do nervo pode causar paralisia de uma cabeça e não paralisar a outra.
Quando o joelho é fletido a 90°, o tendão lateral do músculo bíceps femoral e o trato iliotibial seguem até a face lateral da
tíbia. Nessa posição, a contração dos músculos bíceps femoral e tensor da fáscia lata produz rotação lateral de cerca de 40° da
tíbia no joelho. A rotação do joelho fletido é ainda mais importante para esquiar na neve.
Estruturas neurovasculares das regiões glútea e femoral posterior
Vários nervos importantes originam-se do plexo sacral e suprem a região glútea (p. ex., nervos glúteos superior e inferior) ou
atravessam-na para suprir o períneo e a coxa (p. ex., os nervos pudendo e isquiático, respectivamente). A Figura 5.42 mostra
os nervos da região glútea e femoral posterior, e o Quadro 5.8 descreve sua origem, trajeto e distribuição.
NERVOS CLÚNIOS
A pele da região glútea é ricamente inervada pelos nervos clúnios superiores, médios e inferiores. Esses nervos superficiais
suprem a pele sobre a crista ilíaca, entre as espinhas ilíacas posterossuperiores e sobre os tubérculos ilíacos. Desse modo,
esses nervos são vulneráveis à lesão durante a retirada de osso do ílio para enxerto.
NERVOS GLÚTEOS PROFUNDOS
Os nervos glúteos profundos são os nervos glúteos superior e inferior, nervo isquiático, nervo para o músculo quadrado
femoral, nervo cutâneo femoral posterior, nervo para o músculo obturador interno e nervo pudendo (Figuras 5.38A e 5.42;
Quadro 5.8). Todos esses nervos são ramos do plexo sacral e saem da pelve através do forame isquiático maior. Com exceção
do nervo glúteo superior, eles também emergem inferiormente ao músculo piriforme.
Nervo glúteo superior. O nervo glúteo superior segue lateralmente entre os músculos glúteos médio e mínimo com o
ramo profundo da artéria glútea superior. Divide-se em um ramo superior que supre o músculo glúteo médio e um ramo
inferior que continua entre os músculos glúteos médio e mínimo para suprir os dois músculos e o tensor da fáscia lata.
Ver, no boxe azul, “Lesão do nervo glúteo superior”, adiante.
Nervo glúteo inferior. O nervo glúteo inferior sai da pelve através do forame isquiático maior, abaixo do músculo
piriforme e superficial ao nervo isquiático, acompanhado por vários ramos da artéria e veia glúteas inferiores. Também se
divide em vários ramos, que oferecem inervação motora ao músculo glúteo máximo sobrejacente.
Nervo isquiático. O nervo isquiático é o maior nervo do corpo e é a continuação da principal parte do plexo sacral.
Os ramos convergem na margem inferior do músculo piriforme para formar o nervo isquiático, uma faixa espessa e achatada
com cerca de 2 cm de largura. O nervo isquiático é a estrutura mais lateral que emerge através do forame isquiático maior
inferiormente ao músculo piriforme.
Em posição medial a ele estão o nervo e os vasos glúteos inferiores, os vasos pudendos internos e o nervo pudendo. O
nervo isquiático segue em sentido inferolateral sob o revestimento do músculo glúteo máximo, a meio caminho entre o
trocanter maior e o túber isquiático. O nervo repousa sobre o ísquio e depois segue posteriormente aos músculos obturador
interno, quadrado femoral e adutor magno. O nervo isquiático é tão grande que recebe da artéria glútea inferior um ramo que
tem nome próprio, a artéria para o nervo isquiático.
O nervo isquiático não supre estruturas na região glútea. Supre os músculos posteriores da coxa, todos os músculos da
perna e do pé e a pele da maior parte da perna e do pé. Também envia ramos articulares para todas as articulações do
membro inferior. O nervo isquiático consiste, na verdade, em dois nervos, o nervo tibial, derivado de divisões anteriores (pré-
axiais) dos ramos anteriores, e o nervo fibular comum, derivado de divisões posteriores (pós-axiais) dos ramos anteriores, que
são frouxamente unidos na mesma bainha de tecido conjuntivo (Figuras 5.42 e 5.43A).
Figura 5.42 Nervos das regiões glútea e femoral posterior.
Quadro 5.8 Nervos das regiões glútea e femoral posterior.
Nervo(s) Origem Trajeto Distribuição
Clúnios
Superiores
Como ramos cutâneos
laterais dos ramos
posteriores dos Nn. espinais
L1–L3
Seguem em sentido
inferolateral através da
crista ilíaca
Suprem a pele da região
superior das nádegas até o
tubérculo da crista ilíaca
Médios
Como ramos cutâneos
laterais dos ramos
posteriores dos Nn. espinais
S1-S3
Saem através dos forames
sacrais posteriores e
seguem lateralmente até a
região glútea
Suprem a pele sobre o sacro
e a área adjacente das
nádegas
Inferiores
N. cutâneo femoral
posterior (ramos anteriores
dos Nn. espinais S2-S3)
Emergem da margem
inferior do M. glúteo
máximo e ascendem
superficialmente a ele
Suprem a pele da metade
inferior das nádegas até o
trocanter maior
Isquiático
Plexo sacral (divisões
anterior e posterior dos
ramos anteriores dos Nn.
espinais L4-S3)
Entra na região glútea
através do forame isquiático
maior, inferiormente ao M.
piriforme e profundamente
ao M. glúteo máximo; desce
na parte posterior da coxa
profundamente ao M. bíceps
femoral; bifurca-se nos Nn.
tibial e fibular comum no
ápice da fossa poplítea
Não supre músculos na
região glútea; supre todos
os músculos do
compartimento femoral
posterior (a divisão tibial
supre todos, exceto a
cabeça curta do M. bíceps
femoral, que é suprida pela
divisão fibular comum)
Entra na região glútea
através do forame isquiático
Supre a pele da metade
inferior das nádegas (via
Nervo cutâneo femoral
posterior
Plexo sacral (divisões
anterior e posterior dos
ramos anteriores dos Nn.
espinais S1-S3)
maior, inferiormente ao M.
piriforme e profundamente
ao M. glúteo máximo,
emergindo da margem
inferior deste último; desce
na parte posterior da coxa
profundamente à fáscia lata
Nn. clúnios inferiores), pele
sobre a face posterior da
coxa e fossa poplítea e pele
da região lateral do períneo
e região média superior da
coxa (através de seu ramo
perineal)
Glúteo superior
Plexo sacral (divisões
posteriores dos ramos
anteriores dos Nn. espinais
L4-S1)
Entra na região glútea
através do forame isquiático
maior, superiormente ao M.
piriforme; segue
lateralmente entre os Mm.
glúteos médio e mínimo até
o M. tensor da fáscia lata
Inerva os Mm. glúteo
médio, glúteo mínimo e
tensor da fáscia lata
Glúteo inferior
Plexo sacral (divisões
posteriores dos ramos
anteriores dos Nn. espinais
L5-S2)
Entra na região glútea
através do forame isquiático
maior, inferiormente ao M.
piriforme e profundamente
à parte inferior do M. glúteo
máximo, dividindo-se em
vários ramos
Supre o M. glúteo máximo
Nervo para o M.
quadrado femoral
Plexo sacral (divisões
anteriores dos ramos
anteriores dos Nn. espinais
L4-S1)
Entra na região glútea
através do forame isquiático
maior inferiormente ao M.
piriforme, profundamente
(anterior) ao N. isquiático
Inerva a articulação do
quadril, Mm. gêmeo inferior
e quadrado femoral
Pudendo
Plexo sacral (divisões
anteriores dos ramos
anteriores dos Nn. espinais
S2-S4)
Sai da pelve através do
forame isquiático maior,
inferiormente ao M.
piriforme; desce
posteriormente ao
ligamento sacroespinal;
entra no períneo através do
forame isquiático menor
Não supre estruturas na
região glútea ou parte
posterior da coxa (nervo
principal para o períneo)
Nervo para o M.
obturador interno
Plexo sacral (divisões
posteriores dos ramos
anteriores dos Nn. espinais
L5-S2)
Sai da pelve através do
forame isquiático maior,
inferiormente ao M.
piriforme; desce
posteriormente ao
ligamento sacroespinal;
entra no períneo através do
forame isquiático menor
Supre os Mm. gêmeo
superior e obturador interno
Em geral, os nervos tibial e fibular comum separam-se na parte distal da coxa (Figura 5.42B); entretanto, em cerca de 12%
das pessoas, os nervos separam-se quando deixam a pelve (Figura 5.43A). Nesses casos, o nervo tibial segue abaixo do
músculo piriforme, e o nervo fibular comum perfura esse músculo ou passa acima dele (Figura 5.43B e C).
Nervo para o músculo quadrado femoral. O nervo para o músculo quadrado femoral deixa a pelve
anteriormente ao nervo isquiático e ao músculo obturador interno e segue sobre a face posterior da articulação do quadril
(Figura 5.42). Envia um ramo articular para o quadril e inerva os músculos gêmeo inferior e quadrado femoral.
Nervo cutâneo femoral posterior. O nervo cutâneo femoral posterior inerva uma porção maior de pele do que
qualquer outro nervo cutâneo (Figura 5.42). Suas fibras originadas nas divisões anteriores de S2 e S3 suprem a pele do
períneo por seu ramo perineal. Algumas fibras das divisões posteriores dos ramos anteriores de S1 e S2 suprem a pele da
parte inferior das nádegas (via nervos clúnios inferiores). Outras fibras continuam em sentido inferior, em ramos que inervam
a pele da face posterior da coxa e a parte proximal da perna. Ao contrário da maioria dos nervos que têm o nome cutâneo, a
parte principal desse nervo situa-se profundamente à fáscia muscular (fáscia lata), e apenas seus ramos terminais penetram a
tela subcutânea para distribuição cutânea.
Nervo pudendo. O nervo pudendo é a estrutura mais medial a sair da pelve através do forame isquiático maior. Desce
inferiormente ao músculo piriforme, posterolateralmente ao ligamento sacroespinal, e entra no períneo através do forame
isquiático menor para suprir estruturas nessa região. O nervo pudendo não supre estruturas na região glútea nem na região
femoral posterior; é discutido em detalhes no Capítulo 3.
Nervo para o músculo obturador interno. O nervo para o músculo obturador interno origina-se das divisões
anteriores dos ramos anteriores dos nervos L5–S2 e acompanha o trajeto do nervo pudendo (Figura 5.42A). Enquanto passa
ao redor da base da espinha isquiática, o nervo supre o músculo gêmeo superior. Depois de entrar no períneo através do
forame isquiático menor, o nervo supre o músculo obturador interno.
Figura 5.43 Relação entre o nervo isquiático e o músculo piriforme. A. O nervo isquiático geralmente emerge do forame
isquiático maior abaixo do músculo piriforme. B. Em 12,2% dos 640 membros estudados pelo Dr. J. C. B. Grant, o nervo isquiático
se dividiu antes de sair pelo forame isquiático maior; a divisão fibular comum (amarela) atravessava o músculo piriforme. C. Em
0,5% dos casos, a divisão fibular comum passava superiormente ao músculo, onde é bastante vulnerável à lesão por injeções
intraglúteas.
ARTÉRIAS DAS REGIÕES GLÚTEA E FEMORAL POSTERIOR
As artérias da região glútea originam-se, direta ou indiretamente, das artérias ilíacas internas, mas os padrões de origem
das artérias são variáveis (Figuras 5.38A e 5.44; Quadro 5.9). Os principais ramos da artéria ilíaca interna que suprem ou
atravessam a região glútea são (1) artéria glútea superior, (2) artéria glútea inferior, e (3) artéria pudenda interna. O
compartimento posterior da coxa não tem uma grande artéria exclusiva; recebe sangue de várias fontes: artérias glútea inferior,
circunflexa femoral medial, perfurantes e poplítea.
Artéria glútea superior. A artéria glútea superior é o maior ramo da artéria ilíaca interna e segue posteriormente
entre o tronco lombossacral e o nervo S1. Essa artéria sai da pelve através do forame isquiático maior, superiormente ao
músculo piriforme, e divide-se imediatamente em ramos superficial e profundo. O ramo superficial irriga o músculo glúteo
máximo e a pele sobre a fixação proximal desse músculo. O ramo profundo irriga os músculos glúteo médio, glúteo mínimo e
tensor da fáscia lata. A artéria glútea superior anastomosa-se com as artérias glútea inferior e circunflexa femoral medial.
Artéria glútea inferior. A artéria glútea inferior origina-se da artéria ilíaca interna e segue posteriormente através da
fáscia pélvica parietal, entre os nervos S1 e S2 (ou S2 e S3). A artéria glútea inferior sai da pelve através do forame isquiático
maior, inferiormente ao músculo piriforme. Entra na região glútea profundamente ao músculo glúteo máximo e desce
medialmente ao nervo isquiático.
Figura 5.44 Artérias das regiões glútea e femoral posterior.
Quadro 5.9 Artérias das regiões glútea e femoral posterior.
Artéria
a Trajeto Distribuição
Glútea superior
Entra na região glútea através do forame
isquiático maior, superiormente ao M.
piriforme; divide-se em ramos superficial e
profundo; anastomosa-se com as Aa. glútea
inferior e circunflexa medial (não mostradas na
Figura 5.44)
Ramo superficial: supre o M. glúteo máximo
Ramo profundo: segue entre os Mm. glúteos
médio e mínimo, suprindo ambos e o M. tensor
da fáscia lata
Glútea inferior
Entra na região glútea através do forame
isquiático maior, inferiormente ao M. piriforme;
desce na face medial do N. isquiático;
anastomosa-se com a A. glútea superior e
participa na anastomose cruzada da coxa, junto
com a primeira artéria perfurante da A. femoral
profunda e as Aa. circunflexas medial e lateral
(não mostradas na Figura 5.44).
Supre os Mm. glúteo máximo, obturador
interno, quadrado femoral e as partes
superiores dos músculos isquiotibiais
Pudenda interna
Entra na região glútea através do forame
isquiático maior; desce posteriormente à
espinha isquiática; entra no períneo através do
forame isquiático menor
Supre os órgãos genitais externos e os
músculos na região perineal; não supre a
região glútea
Perfurante
Entra no compartimento posterior perfurando a
porção aponeurótica da fixação do M. adutor
magno e o septo intermuscular medial; após
emitir ramos musculares para os Mm.
isquiotibiais, continua até o compartimento
anterior perfurando o septo intermuscular
lateral
Supre a maior parte (partes centrais) dos
músculos isquiotibiais, depois continua e supre
o M. vasto lateral no compartimento anterior
aTodas essas artérias originam-se da artéria ilíaca interna (a Figura 5.29 mostra uma vista anterior).
A artéria glútea inferior supre os músculos glúteo máximo, obturador interno, quadrado femoral e as partes superiores dos
músculos isquiotibiais. Anastomosa-se com a artéria glútea superior e, amiúde, mas nem sempre, participa da anastomose
cruzada da coxa, que inclui as primeiras artérias perfurantes da artéria femoral profunda e as artérias circunflexas femorais
medial e lateral (Quadro 5.5). Todos esses vasos participam da irrigação das estruturas da parte proximal posterior da coxa.
Antes do nascimento, a artéria glútea inferior é a principal artéria do compartimento posterior, atravessando sua extensão e
tornando-se contínua com a artéria poplítea. Entretanto, essa parte da artéria diminui, persistindo após o nascimento como a
artéria para o nervo isquiático.
Artéria pudenda interna. A artéria pudenda interna origina-se da artéria ilíaca interna e situa-se anteriormente à
artéria glútea inferior. Segue paralelamente ao nervo pudendo, entrando na região glútea através do forame isquiático maior
abaixo do músculo piriforme. A artéria pudenda interna deixa a região glútea imediatamente, cruzando a espinha
isquiática/ligamento sacroespinal, e entra no períneo através do forame isquiático menor. Como o nervo pudendo, supre a
pele, os órgãos genitais externos e os músculos na região do períneo. Não supre nenhuma estrutura nas regiões glútea ou
femoral posterior.
Artérias perfurantes. Em geral, a artéria femoral profunda emite quatro artérias perfurantes, três originam-se no
compartimento anterior e a quarta é o ramo terminal da própria artéria profunda (Figura 5.44; Quadro 5.9). As artérias
perfurantes são grandes vasos, incomuns nos membros por seu trajeto intercompartimental, transversal.
Os cirurgiões que operam o compartimento posterior têm cuidado para identificá-las e evitar lesão inadvertida. Elas
perfuram a parte aponeurótica da fixação distal do músculo adutor magno e entram no compartimento posterior. No
compartimento posterior, dão origem tipicamente a ramos musculares para os músculos do jarrete e ramos anastomóticos que
sobem ou descem para se unir aos ramos originados superior ou inferiormente das outras artérias perfurantes ou das artérias
glútea inferior e poplítea.
Assim, uma cadeia anastomótica contínua estende-se das regiões glúteas para as regiões poplíteas, o que dá origem a
outros ramos para músculos e para o nervo isquiático. Depois de emitirem seus ramos do compartimento posterior, as artérias
perfurantes atravessam o septo intermuscular lateral e entram no compartimento anterior, onde suprem o músculo vasto
lateral.
VEIAS DAS REGIÕES GLÚTEA E FEMORAL POSTERIOR
As veias glúteas são tributárias das veias ilíacas internas que drenam sangue da região glútea. As veias glúteas superiores e
inferiores acompanham as artérias correspondentes através do forame isquiático maior, superior e inferiormente ao músculo
piriforme, respectivamente (Figura 5.45A). Elas se comunicam com tributárias da veia femoral, oferecendo, assim, vias
alternativas para o retorno do sangue do membro inferior (p. ex., se a veia femoral estiver ocluída ou se for necessário ligá-la).
As veias pudendas internas acompanham as artérias pudendas internas e unem-se para formar uma única veia que entra
na veia ilíaca interna. Essas veias drenam sangue dos órgãos genitais externos ou pudendo. As veias perfurantes acompanham
as artérias do mesmo nome e drenam sangue do compartimento posterior da coxa para a veia femoral profunda. Em geral, as
veias perfurantes, como as artérias, também se comunicam inferiormente com a veia poplítea e superiormente com a veia
glútea inferior.
Figura 5.45 Drenagem linfática das regiões glútea e femoral. A. A linfa dos tecidos profundos da região glútea entra na pelve
ao longo das veias glúteas, drenando para os linfonodos glúteos superiores e inferiores; a partir daí, segue até os linfonodos ilíacos
e lombares laterais (cavais/aórticos). B. A linfa dos tecidos superficiais da região glútea segue inicialmente até os linfonodos
inguinais superficiais, que também recebem linfa da coxa. A linfa de todos os linfonodos inguinais superficiais segue através de
vasos linfáticos eferentes até os linfonodos ilíacos externos, ilíacos comuns, lombares direitos e esquerdos (cavais/aórticos),
drenando através dos troncos linfáticos lombares até a cisterna do quilo e o ducto torácico. VCI = veia cava inferior.
DRENAGEM LINFÁTICA DAS REGIÕES GLÚTEA E FEMORAL
A linfa dos tecidos profundos das nádegas segue os vasos glúteos até os linfonodos glúteos superiores e inferiores e deles
para os linfonodos ilíacos internos, externos e comuns (Figura 5.45A) e daí para os linfonodos (aórticos/cavais) laterais
lombares.
A linfa dos tecidos superficiais da região glútea entra nos linfonodos inguinais superficiais, que também recebem linfa da
coxa (Figura 5.45A e B). Todos os linfonodos inguinais superficiais enviam vasos linfáticos eferentes para os linfonodos ilíacos
externos.
Em termos de irrigação do membro inferior como um todo, a maior parte do sangue arterial que chega ao membro e a
maior parte do sangue venoso e da linfa que sai dele seguem ao longo da face anteromedial mais protegida do membro.
Os músculos flexores geralmente são mais bem protegidos do que os músculos extensores, estando estes últimos expostos
e, portanto, vulneráveis na posição fletida, de defesa (fetal) (coluna vertebral e membros fletidos).
Anatomia de superfície das regiões glútea e femoral posterior
A pele da região glútea geralmente é espessa e grosseira, sobretudo em homens, enquanto a pele da coxa é relativamente fina e
está frouxamente fixada ao tecido subcutâneo subjacente. Uma linha que une os pontos mais altos das cristas ilíacas (Figura
5.46A) cruza o disco entre L IV e L V e é um ponto de referência útil quando é realizada uma punção lombar espinal (ver
Capítulo 4), indicando o meio da cisterna lombar.
A fenda interglútea, que começa inferiormente ao ápice do sacro, é o sulco profundo entre as nádegas. Estende-se
superiormente até S III ou S IV. O cóccix é palpável na parte superior da fenda interglútea.
As espinhas ilíacas posterossuperiores (EIPS) estão situadas nas extremidades posteriores das cristas ilíacas e pode ser
difícil palpá-las; entretanto, sua posição sempre pode ser localizada na base das depressões cutâneas permanentes, distantes
em torno de 3,75 cm da linha mediana (Figura 5.46B). Uma linha que une essas depressões, em geral mais visível em
mulheres do que em homens, atravessa o processo espinhoso de S II, indicando o nível do limite inferior do saco dural, o
meio das articulações sacroilíacas e a bifurcação das artérias ilíacas comuns (ver Figura 4.39).
Pode-se observar a localização de apenas dois músculos glúteos. Pode-se perceber a contração do músculo glúteo
máximo, que cobre a maioria das estruturas na região glútea, ao se passar da posição curvada para a frente para a posição
ortostática. A margem inferior desse grande músculo está situada imediatamente superior ao sulco infraglúteo, que contém
uma quantidade variável de gordura subcutânea (Figura 5.46A e C). O sulco infraglúteo desaparece durante a flexão do
quadril. O grau de proeminência do sulco infraglúteo muda em algumas situações anormais, como a atrofia do músculo glúteo
máximo. Uma linha imaginária traçada do cóccix até o túber isquiático indica a margem inferior do músculo glúteo máximo
(Figura 5.46B). Outra linha traçada da EIPS até um ponto ligeiramente superior ao trocanter maior indica a margem superior
desse músculo.
O sulco infraglúteo, uma prega cutânea, é o limite entre as nádegas e a face posterior da coxa (Figura 5.46A e B).
Quando a coxa está estendida como mostram as figuras, o túber isquiático é coberto pela parte inferior do músculo glúteo
máximo; no entanto, é fácil palpar o túber quando a coxa está fletida, porque o músculo glúteo máximo desliza superiormente,
afastando-se do túber e deixando-o em posição subcutânea. Palpe o túber isquiático ao se curvar para sentar.
Figura 5.46 Anatomia de superfície da região glútea.
A parte superior do músculo glúteo médio pode ser palpada entre a parte superior do músculo glúteo máximo e a crista
ilíaca (Figuras 5.46B e 5.47A e B). O músculo glúteo médio de uma nádega pode ser palpado quando todo o peso do corpo é
desviado sobre o membro ipsilateral (do mesmo lado).
O trocanter maior, o ponto ósseo mais lateral na região glútea, pode ser palpado na face lateral do quadril, sobretudo sua
parte inferior (Figura 5.46A a C). É mais fácil palpar durante a abdução passiva do membro inferior para relaxar os músculos
glúteos médio e mínimo. A parte superior do trocanter maior situa-se aproximadamente quatro dedos inferiormente ao
tubérculo da crista ilíaca (Figura 5.47).
A proeminência do trocanter aumenta quando a luxação do quadril causa atrofia dos músculos glúteos e deslocamento do
trocanter. Uma linha traçada da EIAS até o túber isquiático (linha de Nélaton), que passa sobre a face lateral da região do
quadril, normalmente segue sobre o topo do trocanter maior ou perto dele (Figura 5.46D). O trocanter pode ser palpado
superiormente a essa linha em uma pessoa com luxação do quadril ou fratura do colo do fêmur. O trocanter menor é palpável
com dificuldade na face posterior quando a coxa é estendida e rodada medialmente.
O ponto de referência superficial da margem superior do músculo piriforme é indicado por uma linha que une a depressão
cutânea formada pela espinha ilíaca posterossuperior à margem superior do trocanter maior do fêmur (Figura 5.48A).
Figura 5.47 Anatomia de superfície das regiões do quadril e lateral da coxa.
O nervo isquiático, a estrutura mais importante inferiormente ao músculo piriforme, é representada por uma linha que se
estende de um ponto a meio caminho entre o trocanter maior e o túber isquiático (Figura 5.48A), no meio da face posterior da
coxa (Figura 5.48B). O nível da bifurcação do nervo isquiático em nervos tibial e fibular comum varia. A separação
geralmente ocorre entre os terços médio e inferior da coxa. Com menor frequência, a divisão do nervo isquiático ocorre
quando este atravessa o forame isquiático maior. O nervo isquiático é distendido quando a coxa é fletida e o joelho é
estendido, e relaxa quando a coxa é estendida e o joelho fletido.
O nervo tibial divide a fossa poplítea ao meio. O nervo fibular comum segue o tendão do músculo bíceps femoral.
Os músculos isquiotibiais podem ser palpados como um grupo, pois originam-se do túber isquiático e se estendem ao
longo das faces lateral e posterior da coxa (Figura 5.48B e C). O trato iliotibial, a faixa fibrosa que reforça a fáscia lata
lateralmente, pode ser observado na face lateral da coxa quando segue até o côndilo lateral da tíbia (Figura 5.47A e B).
Na posição sentada com o membro inferior estendido, levante o calcanhar do solo e palpe a margem anterior do trato
iliotibial, que passa quatro dedos posteriormente à margem lateral da patela. Observe que o trato iliotibial é proeminente e
tenso quando o calcanhar é elevado, e indistinto quando o calcanhar é abaixado.
Os tendões dos músculos isquiotibiais podem ser observados e palpados nas margens da fossa poplítea, a depressão entre
os tendões no dorso do joelho fletido (Figura 5.48B e C). O tendão do músculo bíceps femoral está na face lateral da fossa. O
tendão mais lateral na face medial quando o joelho é fletido contra resistência é o tendão do músculo semimembranáceo.
Sentado em uma cadeira com o joelho fletido, pressione o calcanhar contra a perna da cadeira, palpe o tendão do músculo
bíceps femoral lateralmente e acompanhe-o até a cabeça da fíbula. Palpe também o tendão do músculo semitendíneo estreito
e mais proeminente medialmente, que se afasta do tendão do músculo semimembranáceo fixado à parte superomedial da tíbia.
Ver, no boxe azul, “Lesões dos músculos isquiotibiais”, adiante.
Figura 5.48 Anatomia de superfície das regiões glútea e posterior da coxa. A. Projeção superficial do músculo piriforme e
do nervo isquiático. B. As articulações do quadril e do joelho são estendidas com músculos tensionados ativamente depois do
exercício, para garantir a definição muscular. C. O peso está sendo sustentado pelo membro direito, com as articulações do
quadril, joelho e metatarsofalângicas flexionadas.
REGIÕES GLÚTEA E FEMORAL POSTERIOR
Bursite trocantérica
A bursite trocantérica, inflamação das bolsas trocantéricas (ver Figura 5.37), pode ser causada por ações repetitivas
como subir escadas carregando objetos pesados ou correr em uma esteira com inclinação acentuada. Esses
movimentos incluem o músculo glúteo máximo e movimentam as fibras tendíneas superiores repetidas vezes para a
frente e para trás sobre as bolsas do trocanter maior. A bursite trocantérica causa dor difusa profunda na região lateral da
coxa.
Esse tipo de bursite por atrito é caracterizado por dor à palpação no ponto sobre o trocanter maior; entretanto, a dor se
irradia ao longo do trato iliotibial que se estende do tubérculo ilíaco até a tíbia (ver Figuras 5.36 e 5.39C). Esse espessamento
da fáscia lata recebe reforços tendíneos dos músculos tensor da fáscia lata e glúteo máximo. A dor causada pela inflamação
da bolsa trocantérica, em geral localizada imediatamente posterior ao trocanter maior, costuma ser suscitada por resistência
manual à abdução e rotação lateral da coxa enquanto a pessoa está deitada sobre o lado não afetado.
Bursite isquiática
Microtraumatismos recorrentes resultantes de estresse repetitivo (p. ex., no ciclismo, remo ou outras atividades que
incluam extensão repetitiva do quadril na posição sentada) pode sobrepujar a capacidade da bolsa isquiática (ver
Figura 5.37) de dispersar o estresse aplicado. O traumatismo recorrente resulta em inflamação da bolsa (bursite
isquiática).
A bursite isquiática é uma bursite por atrito resultante do atrito excessivo entre as bolsas isquiáticas e os túberes
isquiáticos. A dor localizada ocorre sobre a bolsa, e a dor aumenta com o movimento do músculo glúteo máximo. Na bursite
crônica pode haver calcificação na bolsa. Como os túberes isquiáticos sustentam o peso do corpo na posição sentada, esses
pontos de pressão podem causar úlceras de pressão em pessoas debilitadas, sobretudo paraplégicos sem cuidados de
enfermagem adequados.
Lesões dos músculos isquiotibiais
As distensões dos músculos isquiotibiais (distensão e/ou ruptura) são comuns em indivíduos que correm e/ou
chutam forte (p. ex., na corrida, salto e esportes de partida rápida como beisebol, basquete, futebol americano e
futebol). O esforço muscular violento necessário para ter êxito nesses esportes pode causar avulsão de parte das
fixações tendíneas proximais dos músculos isquiotibiais ao túber isquiático. As distensões dos músculos isquiotibiais são duas
vezes mais comuns que as distensões do músculo quadríceps femoral.
Em geral, as distensões da coxa são acompanhadas por contusão e ruptura das fibras musculares, resultando em ruptura
dos vasos sanguíneos que irrigam os músculos. O hematoma resultante é contido pela fáscia lata densa, semelhante a uma
meia.
A ruptura das fibras dos músculos isquiotibiais costuma ser tão dolorosa quando o atleta move ou estende a perna que ele
cai e se contorce de dor. Muitas vezes essas lesões resultam do aquecimento inadequado antes do treinamento ou
competição.
A avulsão do túber isquiático na fixação proximal dos músculos bíceps femoral e semitendíneo pode resultar de flexão
forçada do quadril com o joelho estendido (p. ex., chutar uma bola de futebol americano). (Ver Figura B5.1 e, no boxe azul,
“Lesões do osso do quadril”, anteriormente.)
Lesão do nervo glúteo superior
A lesão desse nervo acarreta perda motora característica, com claudicação do músculo glúteo médio incapacitante,
para compensar o enfraquecimento da abdução da coxa pelos músculos glúteos médio e mínimo, e/ou marcha
glútea, uma inclinação compensatória do corpo para o lado em que o glúteo está enfraquecido. Essa compensação
coloca o centro de gravidade sobre o membro inferior que sustenta o peso. Também há comprometimento acentuado da
rotação medial da coxa. Quando uma pessoa é instruída a ficar de pé sobre uma perna só, os músculos glúteos médio e
mínimo normalmente se contraem assim que o outro pé deixa o solo, evitando inclinação da pelve para o lado sem apoio
(Figura B5.18A e B).
Quando uma pessoa que sofreu uma lesão do nervo glúteo superior é instruída a ficar de pé sobre uma perna, há queda
da pelve sobre o lado sem apoio (Figura B5.18C), indicando fraqueza ou inatividade dos músculos glúteos médio e mínimo
no lado apoiado. Na clínica, esse sinal é denominado teste de Trendelenburg positivo. Outras causas desse sinal incluem
fratura do trocanter maior (a fixação distal do músculo glúteo médio) e luxação da articulação do quadril.
Figura B5.18
Quando a pelve desce no lado sem sustentação, o membro inferior torna-se, na verdade, muito longo e não sai do solo
quando o pé é avançado na fase de balanço da marcha. Para compensar, o indivíduo inclina-se para o lado com apoio,
elevando a pelve a fim de dar espaço para que o pé saia do solo durante o avanço. Isso resulta em um “gingado”
característico ou marcha glútea.
Outras formas de compensação são levantar o pé mais alto durante o avanço, o que resulta na marcha escarvante, ou
balançar o pé lateralmente, a denominada marcha com balanço lateral. Essas mesmas marchas são adotadas para compensar
o pé em gota decorrente da paralisia do nervo fibular comum. (Ver a ilustração dessas marchas anormais na Figura B5.20, no
boxe azul, “Lesão do nervo fibular comum e pé em gota”, mais adiante.)
Bloqueio anestésico do nervo isquiático
A sensibilidade conduzida pelo nervo isquiático pode ser bloqueada pela injeção de um agente anestésico alguns
centímetros abaixo do ponto médio da linha que une a espinha ilíaca posterossuperior (EIPS) e a margem superior
do trocanter maior. A parestesia irradia-se para o pé em razão da anestesia dos nervos plantares, que são ramos
terminais do nervo tibial derivado do nervo isquiático.
Lesão do nervo isquiático
A dor na nádega pode resultar da compressão do nervo isquiático pelo músculo piriforme (síndrome do piriforme).
Os praticantes de esportes que exigem o uso excessivo dos músculos glúteos (p. ex., patinadores no gelo, ciclistas e
alpinistas) e as mulheres são mais propensos a desenvolver essa síndrome. Em aproximadamente 50% dos casos, os
relatos indicam traumatismo da nádega associado a hipertrofia e espasmo do músculo piriforme. Em cerca de 12% das
pessoas nas quais a divisão fibular comum do nervo isquiático atravessa o músculo piriforme (Figura 5.43B), esse músculo
pode comprimir o nervo.
A secção completa do nervo isquiático é rara; entretanto, quando ocorre, o membro inferior torna-se inútil porque há
comprometimento da extensão do quadril e também da flexão da perna. Há perda ainda de todos os movimentos do
tornozelo e do pé.
A secção incompleta do nervo isquiático (p. ex., por feridas perfurocortantes) também pode acometer os nervos glúteo
inferior e/ou cutâneo femoral posterior. A recuperação de uma lesão do nervo isquiático é lenta e, em geral, incompleta.
Em relação ao nervo isquiático, as nádegas têm um lado de segurança (a região lateral) e um lado de risco (a região
medial). As feridas ou a cirurgia na região medial das nádegas podem lesar o nervo isquiático e seus ramos para os músculos
isquiotibiais (semitendíneo, semimembranáceo e bíceps femoral) na face posterior da coxa. A paralisia desses músculos
compromete a extensão da coxa e a flexão da perna.
Injeções intraglúteas
A região glútea (nádegas) é um local comum de injeção intramuscular (IM) de medicamentos. As injeções IM glúteas
penetram na pele, na fáscia e nos músculos. A região glútea é um local comum de injeção porque os músculos são
espessos e grandes; consequentemente, há um bom volume para absorção das substâncias injetadas pelas veias
intramusculares. É importante conhecer a extensão da região glútea e a região segura para administrar injeções. Algumas
pessoas restringem a área das nádegas à parte mais proeminente. Esse erro pode ser perigoso porque o nervo isquiático está
situado profundamente nessa área (Figura B5.19A).
As injeções na nádega só são seguras no quadrante superolateral ou acima de uma linha que se estende da EIPS até a
margem superior do trocanter maior (aproximando-se da margem superior do músculo glúteo máximo).
Figura B5.19
As injeções IM também podem ser administradas com segurança na parte anterolateral da coxa, onde a agulha entra no
músculo tensor da fáscia lata (Figura 5.47A) que se estende distalmente a partir da crista ilíaca e EIAS. O dedo indicador é
colocado sobre a EIAS, e os dedos são abertos em sentido posterior, ao longo da crista ilíaca, até que o dedo médio encontre
o tubérculo da crista (Figura B5.19B). A injeção IM pode ser administrada com segurança na área triangular entre os dedos
(imediatamente anterior à articulação proximal do dedo médio) porque está superior ao nervo isquiático. As complicações
associadas à técnica imprópria incluem lesão do nervo, hematoma e formação de abscesso.
Pontos-chave
REGIÕES GLÚTEA E FEMORAL POSTERIOR
Região glútea: O fêmur é curvo no ângulo de inclinação, criando uma alavanca relativamente transversal formada pela
porção proximal do fêmur. ♦ Isso permite posicionamento superior dos músculos abdutores da coxa e assegura uma
vantagem mecânica para os músculos rotadores mediais e laterais profundos da coxa, fundamental para a locomoção bípede.
♦ Apesar de suas designações, os abdutores/rotadores mediais (os músculos glúteos superficiais) são mais ativos durante a
fase de apoio quando há elevação e avanço simultâneos da metade contralateral sem apoio da pelve durante a deambulação.
♦ Os rotadores laterais (músculos glúteos profundos) do lado não sustentado giram o membro livre durante a fase de
balanço, de modo que o pé permanece paralelo à linha de avanço.
Região femoral posterior: Embora tenham apenas cerca de dois terços da força do músculo glúteo máximo, os
músculos isquiotibiais são os principais extensores do quadril usados na marcha normal. ♦ Os músculos isquiotibiais são
biarticulares, e sua contração concêntrica produz extensão do quadril ou flexão do joelho. ♦ Entretanto, na marcha são mais
ativos na contração excêntrica para desacelerar a flexão do quadril e a extensão do joelho durante o balanço terminal. ♦ Os
músculos isquiotibiais também giram o joelho fletido. ♦ Se houver aumento da resistência à extensão do quadril, ou se for
necessária extensão mais vigorosa, o músculo glúteo máximo entra em ação.
Estruturas neurovasculares das regiões glútea e femoral posterior: Como está situada sobre a principal abertura
(forame isquiático maior) pela qual os derivados do plexo sacral saem da pelve óssea, a região glútea inclui um número
desproporcional de nervos de todos os tamanhos, motores e sensitivos. ♦ Felizmente, a maioria está localizada no quadrante
inferomedial; assim, injeções IM administradas com técnica adequada evitam essas estruturas. ♦ Como o nervo isquiático
inclui fibras dos nervos espinais L4–S3, é afetado pelas síndromes de compressão nervosa mais comuns (p. ex.,
radiculopatias dos nervos espinais L4 e L5; ver Capítulo 4). ♦ Embora ocorram fora do membro inferior propriamente dito,
essas síndromes provocam dor isquiática – que se irradia para baixo no membro inferior ao longo do trajeto do nervo
isquiático e de seus ramos terminais. ♦ A dor no membro inferior não é obrigatoriamente causada por um problema no
membro! ♦ As artérias e veias que servem a região glútea e a parte proximal do compartimento posterior da coxa são ramos
e tributárias da artéria e veia ilíacas internas que entram e saem da região através do forame isquiático maior. ♦ Todas, com
exceção dos vasos glúteos superiores, saem do forame inferiormente ao músculo piriforme. ♦ Embora os vasos pudendos
sigam o mesmo trajeto, eles atravessam a região glútea brevemente no trajeto de entrada e saída do períneo através do
forame isquiático menor. ♦ Não há uma grande artéria que atravesse o compartimento posterior da coxa e seja a principal
responsável pelo compartimento. Em vez disso, a irrigação provém de ramos de diversas artérias situadas em outros
compartimentos.
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