As principais estruturas neurovasculares da pelve são extraperitoneais, situadas adjacentes às paredes posterolaterais. Os
nervos somáticos situam-se lateralmente (adjacentes às paredes) e as estruturas vasculares, medialmente a eles. Em geral, as
veias situam-se lateralmente às artérias (Figura 3.15). Os linfonodos pélvicos agrupam-se principalmente ao redor das veias
pélvicas, e a drenagem linfática costuma ser paralela ao fluxo venoso. Na dissecção da cavidade pélvica em direção às paredes
da pelve, primeiro encontram-se as artérias pélvicas, seguidas pelas veias pélvicas associadas e, a seguir, os nervos somáticos
da pelve.
Artérias pélvicas
A pelve é ricamente irrigada por artérias, entre as quais ocorrem múltiplas anastomoses, o que proporciona significativa
circulação colateral. A Figura 3.16 e o Quadro 3.4 apresentam informações acerca da origem, do trajeto, da distribuição e das
anastomoses das artérias da pelve. O texto a seguir oferece outras informações que não constam do quadro.
Seis artérias principais entram na pelve menor das mulheres: duas artérias ilíacas internas, duas artérias ováricas, uma
artéria sacral mediana e uma artéria retal superior. Como as artérias testiculares não entram na pelve menor, apenas quatro
artérias principais entram na pelve menor dos homens.
ARTÉRIA ILÍACA INTERNA
A artéria ilíaca interna é a mais importante da pelve, principal responsável pela vascularização das vísceras pélvicas e por
parte da vascularização da porção musculoesquelética da pelve; entretanto, também envia ramos para a região glútea, regiões
mediais da coxa e períneo (Figura 3.15).
Cada artéria ilíaca interna, com cerca de 4 cm de comprimento, começa como a artéria ilíaca comum e bifurca-se nas
artérias ilíacas interna e externa no nível do disco entre as vértebras L V e S I. O ureter cruza a artéria ilíaca comum ou seus
ramos terminais na bifurcação ou imediatamente distal a ela. A artéria ilíaca interna é separada da articulação sacroilíaca pela
veia ilíaca interna e pelo tronco lombossacral. Desce posteromedialmente até a pelve menor, medialmente à veia ilíaca externa
e ao nervo obturatório, e lateralmente ao peritônio.
Figura 3.15 Relações neurovasculares da pelve. Estruturas neurovasculares da pelve masculina. Em geral, as veias pélvicas
situam-se entre as artérias pélvicas (localizadas medial ou internamente) e os nervos somáticos (localizados lateral ou
externamente).
Figura 3.16 Artérias e anastomoses arteriais na pelve. As origens, os trajetos e a distribuição das artérias e anastomoses
arteriais são descritos no Quadro 3.4.
Quadro 3.4 Artérias da pelve.
Artéria(s) Origem Trajeto Distribuição Anastomoses
Gonadal
Parte
abdominal da
aorta
Desce retroperitonealmente;
Testicular
(♂)
atravessa o canal inguinal e entra
no escroto
Parte abdominal do
ureter, testículo e
epidídimo
A. cremastérica, A.
do ducto deferente
Ovárica (♀)
cruza a margem da pelve, desce
no ligamento suspensor do ovário
Parte abdominal e/ou
pélvica do ureter,
ovário e extremidade
ampular da tuba
uterina
A. uterina via ramos
tubário e ovárico
Retal
superior
Continuação
da A.
mesentérica
inferior
Cruza os vasos ilíacos comuns
esquerdos e desce para a pelve
entre camadas de mesocolo
sigmoide
Parte superior do
reto
A. retal média; A.
retal inferior (A.
pudenda interna)
Sacral
mediana
Face posterior
da parte
abdominal da
aorta
Desce perto da linha mediana
sobre as vértebras L IV e L V,
sacro e cóccix
Vértebras lombares
inferiores, sacro e
cóccix
A. sacral lateral (via
ramos sacrais
mediais)
Ilíaca
interna
A. ilíaca
comum
Passa medialmente sobre a
margem da pelve e desce até a
cavidade pélvica; muitas vezes
Principal
vascularização para
os órgãos pélvicos,
forma as divisões anterior e
posterior
Mm. glúteos e
períneo
Divisão
anterior da
A. ilíaca
interna
A. ilíaca
interna
Passa anteriormente ao longo da
parede lateral da pelve, dividindose
nas Aa. viscerais, obturatória e
pudenda interna
Vísceras pélvicas,
músculos da parte
medial superior da
coxa e períneo
Umbilical
Divisão
anterior da A.
ilíaca interna
Segue um trajeto pélvico curto,
dá origem às Aa. vesicais
superiores e depois se fecha,
formando o ligamento umbilical
medial
Face superior da
bexiga urinária e, em
alguns homens,
ducto deferente (via
Aa. vesicais
superiores e A. do
ducto deferente)
(Ocasionalmente a
parte pérvia da A.
umbilical)
Vesical
superior
(A. umbilical
proximal
pérvea)
Geralmente múltiplas; seguem até
a face superior da bexiga urinária
Face superior da
bexiga urinária; em
alguns homens,
ducto deferente (via
artéria para o ducto
deferente)
A. vesical inferior
(♂); A. vaginal (♀)
Obturatória
Segue anteroinferiormente sobre
a fáscia obturatória da parede
lateral da pelve, saindo da pelve
através do canal obturado
Músculos pélvicos,
artéria nutrícia para o
ílio, cabeça do fêmur
e músculos do
compartimento
medial da coxa
A. epigástrica inferior
(via ramo púbico);
A. umbilical
Vesical
inferior (♂)
Passa subperitonealmente no
ligamento lateral vesical, dando
origem à A. prostática (♂) e, às
vezes, à A. do ducto deferente
Face inferior da
bexiga urinária
masculina, parte
pélvica do ureter,
próstata e glândulas
seminais; às vezes,
ducto deferente
A. vesical superior
A. do ducto
deferente
(♂)
(A. vesical
superior ou
inferior)
Segue subperitonealmente para o
ducto deferente
Ducto deferente
A. testicular;
A. cremastérica
Ramos
prostáticos
(♂)
(A. vesical
inferior)
Descem nas faces posterolaterais
da próstata
Próstata e parte
prostática da uretra
A. perineal profunda
(A. pudenda interna)
Uterina (♀)
Segue anteromedialmente na base
do ligamento largo/parte superior
do ligamento transverso do colo
do útero, dá origem ao ramo
vaginal, depois cruza o ureter
superiormente para chegar à face
lateral do colo do útero
Útero, ligamentos do
útero, partes mediais
da tuba uterina e
ovário, e parte
superior da vagina
A. ovárica (via ramos
tubários e ováricos);
A. vaginal
Vaginal (♀) (A. uterina)
Divide-se nos ramos vaginal e
vesical inferior, o primeiro desce
sobre a vagina, o segundo vai até
Ramo vaginal: parte
inferior da vagina,
bulbo do vestíbulo e
reto adjacente; ramo
Ramo vaginal da A.
uterina, A. vesical
a bexiga urinária vesical inferior:
fundo da bexiga
superior
Pudenda
interna
Sai da pelve através da parte
infrapiriforme do forame
isquiático maior, entra no períneo
(fossa isquioanal) através do
forame isquiático menor, segue
através do canal do pudendo até a
região urogenital
Principal artéria do
períneo, incluindo
músculos e pele das
regiões anal e
urogenital, corpos
eréteis
(A. umbilical; ramos
prostáticos da A.
vesical inferior em
homens)
Retal média
Divisão
anterior da A.
ilíaca interna
Desce na pelve até a parte inferior
do reto
Parte inferior do
reto, glândulas
seminais, próstata
(vagina)
Aa. retais superior e
inferior
Glútea
inferior
a
Sai da pelve através da parte
infrapiriforme do forame
isquiático maior
Diafragma da pelve
(Mm. isquiococcígeo
e levantador do
ânus), Mm. piriforme
e quadrado femoral,
porção superior dos
Mm. isquiotibiais, M.
glúteo máximo e N.
isquiático
A. femoral profunda
(via Aa. circunflexas
femorais medial e
lateral)
Divisão
posterior da
A. ilíaca
interna
A. ilíaca
interna
Segue posteriormente e dá
origem aos ramos parietais
Parede da pelve e
região glútea
Iliolombar
b
Ascende anteriormente à
articulação sacroilíaca e
posteriormente aos vasos ilíacos
comuns e músculo psoas maior,
dividindo-se em ramos ilíaco e
lombar
Mm. psoas maior,
ilíaco e quadrado do
lombo; cauda equina
no canal vertebral
A. circunflexa ilíaca e
4
a A. lombar
(inferior)
Sacral
lateral
(superior e
inferior)
Divisão
posterior da A.
ilíaca interna
Segue na face anteromedial do M.
piriforme para enviar ramos para
os forames sacrais pélvicos
M. piriforme,
estruturas no canal
sacral, M. eretor da
espinha e pele
sobrejacente
Aa. sacrais mediais
(da A. sacral
mediana)
Glútea
superior
Segue entre o tronco
lombossacral e o ramo anterior
do nervo espinal S1 e sai da pelve
através da parte suprapiriforme
do forame isquiático maior
M. piriforme, os três
Mm. glúteos e M.
tensor da fáscia lata
Aa. sacral lateral,
glútea inferior,
pudenda interna,
circunflexa femoral
profunda, circunflexa
femoral lateral
aPode ocorrer na forma de ramo terminal da divisão posterior da A. ilíaca interna.
bCom frequência sai diretamente da A. ilíaca interna, proximal às divisões.
Divisão anterior da artéria ilíaca interna. Embora as variações sejam comuns, a artéria ilíaca interna geralmente
termina na margem superior do forame isquiático maior, dando origem às divisões (troncos) anterior e posterior. Os ramos da
divisão anterior da artéria ilíaca interna são principalmente viscerais (isto é, irrigam a bexiga urinária, o reto e os órgãos
genitais), mas também incluem ramos parietais que seguem até a coxa e a nádega (Figura 3.17A e B). A disposição dos ramos
viscerais é variável.
Artéria umbilical. Antes do nascimento, as artérias umbilicais são a principal continuação das artérias ilíacas internas.
Elas seguem ao longo da parede lateral da pelve, ascendem pela parede anterior da pelve, chegam ao anel umbilical e
atravessam-no até o cordão umbilical.
No período pré-natal, as artérias umbilicais levam o sangue pobre em oxigênio e nutrientes até a placenta, onde é feita a
reposição. Quando o cordão umbilical é seccionado, as partes distais desses vasos não funcionam mais e são ocluídas
distalmente aos ramos que seguem até a bexiga urinária. As partes ocluídas formam cordões fibrosos chamados ligamentos
umbilicais medianos (Figuras 3.16 e 3.17A e B). Os ligamentos elevam pregas de peritônio (as pregas umbilicais medianas)
na face profunda da parede anterior do abdome (ver Capítulo 2).
No período pós-natal, as partes pérvias das artérias umbilicais seguem anteroinferiormente entre a bexiga urinária e a
parede lateral da pelve.
Artéria obturatória. A origem da artéria obturatória é variável; em geral surge perto da origem da artéria umbilical,
onde é cruzada pelo ureter. Segue anteroinferiormente sobre a fáscia obturatória na parede lateral da pelve e passa entre o
nervo e a veia obturatórios (Figuras 3.16 e 3.17A e B).
Na pelve, a artéria obturatória emite ramos musculares, uma artéria nutrícia para o ílio e um ramo púbico. O ramo púbico
origina-se logo antes da artéria obturatória deixar a pelve. Ascende na face pélvica do púbis para se anastomosar com seu
companheiro do lado oposto e o ramo púbico da artéria epigástrica inferior, um ramo da artéria ilíaca externa.
Em uma variação comum (20%), uma artéria obturatória aberrante ou acessória origina-se da artéria epigástrica inferior
e desce até a pelve ao longo da via habitual do ramo púbico (Figuras 3.15 e 3.16). Os cirurgiões que realizam reparos de
hérnias não devem se esquecer dessa variação comum. A distribuição extrapélvica da artéria obturatória é descrita junto com o
membro inferior.
Artéria vesical inferior. A artéria vesical inferior é encontrada apenas nos homens (Figuras 3.16 e 3.17A), sendo
substituída pela artéria vaginal nas mulheres (Figuras 3.16 e 3.17B).
Artéria uterina. A artéria uterina é outro ramo da artéria ilíaca interna em mulheres, geralmente com origem separada e
direta da artéria ilíaca interna (Figuras 3.16 e 3.17B). Pode originar-se da artéria umbilical. É o homólogo embriológico da
artéria para o ducto deferente no homem. Desce sobre a parede lateral da pelve, anterior à artéria ilíaca interna, e segue
medialmente para chegar à junção do útero com a vagina, onde há protrusão do colo do útero na parte superior da vagina
(Figura 3.18A e B). Ao seguir medialmente, a artéria uterina passa diretamente acima do ureter. A relação entre o ureter e a
artéria costuma ser lembrada pela expressão “A água (urina) passa sob a ponte (artéria uterina)”. Ao chegar ao lado do colo, a
artéria uterina divide-se em um ramo vaginal descendente menor, que irriga o colo e a vagina, e um ramo ascendente maior,
que segue ao longo da margem lateral do útero, irrigando-o. O ramo ascendente bifurca-se em ramos ovárico e tubário, que
continuam a suprir as extremidades mediais do ovário e da tuba uterina e anastomosam-se com os ramos ovárico e tubário da
artéria ovárica.
Artéria vaginal. A artéria vaginal é o homólogo da artéria vesical inferior em homens. Não raro origina-se da parte
inicial da artéria uterina em vez de se originar diretamente da divisão anterior. A artéria vaginal dá origem a vários ramos para
as faces anterior e posterior da vagina (Figuras 3.16, 3.17B e 3.18).
Artéria retal média. A artéria retal média pode originar-se independentemente na artéria ilíaca interna, ou pode ter
uma origem comum com a artéria vesical inferior ou a artéria pudenda interna (Figuras 3.16 e 3.17).
Figura 3.17 Artérias da pelve. As divisões anteriores das artérias ilíacas internas geralmente fornecem a maior parte do sangue
para as estruturas pélvicas.
Figura 3.18 Artérias uterinas e vaginais. A. Origem das artérias da divisão anterior da artéria ilíaca interna e distribuição para o
útero e a vagina. B. As anastomoses entre os ramos ovárico e tubário das artérias ovárica e uterina e entre o ramo vaginal da
artéria uterina e a artéria vaginal são possíveis vias de circulação colateral. Essas comunicações ocorrem, e o ramo ascendente
segue entre as camadas do ligamento largo.
Artéria pudenda interna. A artéria pudenda interna, maior nos homens do que nas mulheres, segue
inferolateralmente, anterior ao músculo piriforme e ao plexo sacral. Deixa a pelve entre os músculos piriforme e
isquioccoccígeo, atravessando a parte inferior do forame isquiático maior. A artéria pudenda interna então passa ao redor da
face posterior da espinha isquiática ou do ligamento sacroespinal e entra na fossa isquioanal através do forame isquiático
menor.
A artéria pudenda interna, junto com as veias pudendas internas e ramos do nervo pudendo, atravessa o canal pudendo na
parede lateral da fossa isquioanal (ver Figura 3.11B). Quando sai do canal do pudendo, medialmente ao túber isquiático, a
artéria pudenda interna divide-se em seus ramos terminais, as artérias profunda e dorsal do pênis ou clitóris.
Artéria glútea inferior. A artéria glútea inferior é o maior ramo terminal da divisão anterior da artéria ilíaca interna
(Figura 3.18A), mas pode originar-se da divisão posterior (Figura 3.17). Segue posteriormente entre os nervos sacrais
(geralmente S2 e S3) e deixa a pelve através da parte inferior do forame isquiático maior, inferiormente ao músculo piriforme
(Figura 3.16). Irriga os músculos e a pele das nádegas e a face posterior da coxa.
Divisão posterior da artéria ilíaca interna. Quando a artéria ilíaca interna dá origem às divisões anterior e posterior,
a divisão posterior normalmente dá origem às três artérias parietais a seguir (Figura 3.17A e B):
•
•
•
Artéria iliolombar: essa artéria segue superolateralmente de forma recorrente (voltando-se para trás bruscamente em
direção à sua origem) até a fossa ilíaca. Na fossa, a artéria divide-se em um ramo ilíaco, que supre o músculo ilíaco e o
ílio, e um ramo lombar, que supre os músculos psoas maior e quadrado do lombo
Artérias sacrais laterais: as artérias sacrais laterais superior e inferior podem originar-se como ramos independentes ou
através de um tronco comum. As artérias sacrais laterais seguem medialmente e descem anteriormente aos ramos sacrais
anteriores, emitindo ramos espinais, que atravessam os forames sacrais anteriores e irrigam as meninges vertebrais que
envolvem as raízes dos nervos sacrais. Alguns ramos dessas artérias seguem do canal sacral através dos forames sacrais
posteriores e irrigam os músculos eretores da espinha no dorso e a pele sobre o sacro
Artéria glútea superior: essa artéria, o maior ramo da divisão posterior, irriga os músculos glúteos nas nádegas.
ARTÉRIA OVÁRICA
A artéria ovárica origina-se da parte abdominal da aorta inferiormente à artéria renal, mas bem superiormente à artéria
mesentérica inferior (Figura 3.16). Enquanto segue inferiormente, a artéria ovárica adere ao peritônio parietal e passa
anteriormente ao ureter na parede abdominal posterior, geralmente emitindo ramos para ele. Ao entrar na pelve menor, a
artéria ovárica cruza a origem dos vasos ilíacos externos. A seguir, continua medialmente, dividindo-se em um ramo ovárico
e um ramo tubário, que irrigam o ovário e a tuba uterina, respectivamente (Figura 3.18B). Esses ramos anastomosam-se
com os ramos correspondentes da artéria uterina.
ARTÉRIA SACRAL MEDIANA
A artéria sacral mediana é uma pequena artéria ímpar que geralmente se origina na face posterior da parte abdominal da
aorta, imediatamente superior à sua bifurcação, mas pode originar-se na face anterior (Figura 3.16). Esse vaso segue
anteriormente aos corpos da última ou duas últimas vértebras lombares, do sacro e do cóccix e termina em uma série de alças
anastomóticas. Às vezes a artéria sacral mediana, antes de entrar na pelve menor, dá origem a um par de artérias L5.
Quando desce sobre o sacro, a artéria sacral mediana emite pequenos ramos parietais (sacrais laterais) que se
anastomosam com as artérias sacrais laterais. Também dá origem a pequenos ramos viscerais para a parte posterior do reto,
que se anastomosam com as artérias retais superior e média. A artéria sacral mediana representa a extremidade caudal da aorta
dorsal embrionária, que diminui de tamanho quando a eminência caudal do embrião desaparece.
Figura 3.19 Veias pélvicas. A. Padrões feminino (direita) e masculino (esquerda) dos sistemas venosos porta e sistêmico (veia
cava) da cavidade abdominopélvica. A drenagem venosa dos órgãos pélvicos flui principalmente para o sistema cava pelas veias
ilíacas internas. A parte superior do reto normalmente drena para o sistema porta do fígado, embora as veias retais superiores
anastomosem-se com as veias retais médias e inferiores, que são tributárias das veias ilíacas internas. Veias pélvicas femininas
(B) e masculinas (C) e os plexos venosos. VCI = veia cava inferior.
ARTÉRIA RETAL SUPERIOR
A artéria retal superior é a continuação direta da artéria mesentérica inferior (Figura 3.16). Ela cruza os vasos ilíacos
comuns esquerdos e desce no mesocolo sigmoide até a pelve menor. No nível da vértebra S III, a artéria retal superior dividese
em dois ramos, que descem de cada lado do reto e irrigam-no até o músculo esfíncter interno do ânus inferiormente.
Veias pélvicas
Os plexos venosos pélvicos são formados pelas veias que se anastomosam circundando as vísceras pélvicas (Figura 3.19B e
C). Essas redes venosas intercomunicantes são importantes do ponto de vista clínico. Os vários plexos na pelve menor (retal,
vesical, prostático, uterino e vaginal) se unem e são drenados principalmente por tributárias das veias ilíacas internas, mas
alguns deles drenam através da veia retal superior para a veia mesentérica inferior do sistema porta do fígado (Figura 3.19A)
ou através das veias sacrais laterais para o plexo venoso vertebral interno (ver Capítulo 4). Outras vias relativamente
pequenas de drenagem venosa da pelve menor são a veia sacral mediana parietal e, nas mulheres, as veias ováricas.
As veias ilíacas internas formam-se superiormente ao forame isquiático maior e situam-se posteroinferiormente às artérias
ilíacas internas (Figura 3.19A e B). As tributárias das veias ilíacas internas são mais variáveis do que os ramos da artéria ilíaca
interna com as quais compartilham os nomes, mas acompanham-nas aproximadamente, drenando os mesmos territórios que
as artérias irrigam. No entanto, não há veias acompanhando as artérias umbilicais entre a pelve e o umbigo, e as veias
iliolombares das fossas ilíacas da pelve maior geralmente drenam para as veias ilíacas comuns. As veias ilíacas internas
•
•
•
•
unem-se às veias ilíacas externas para formar as veias ilíacas comuns, que se unem no nível da vértebra L IV ou L V para
formar a veia cava inferior (Figura 3.19A).
As veias glúteas superiores, as veias acompanhantes das artérias glúteas superiores da região glútea, são as maiores
tributárias das veias ilíacas internas, exceto durante a gravidez, quando as veias uterinas tornam-se maiores. As veias
testiculares atravessam a pelve maior enquanto seguem do anel inguinal profundo em direção a suas terminações abdominais
posteriores, mas geralmente não drenam estruturas pélvicas.
As veias sacrais laterais costumam parecer desproporcionalmente grandes em angiografias. Elas anastomosam-se com o
plexo venoso vertebral interno (Capítulo 4), estabelecendo uma via colateral alternativa para chegar à veia cava inferior ou
superior. Essa via também pode servir para metástase de câncer da próstata ou do ovário para áreas vertebrais ou cranianas.
Linfonodos da pelve
Os linfonodos que recebem drenagem linfática dos órgãos pélvicos variam em número, tamanho e localização. Muitas vezes a
sua divisão em grupos definidos é arbitrária. Os quatro grupos principais de linfonodos estão localizados na pelve ou
adjacentes a ela, recebendo o mesmo nome dos vasos sanguíneos aos quais estão associados (Figura 3.20):
Linfonodos ilíacos externos: situam-se acima da margem da pelve, ao longo dos vasos ilíacos externos. Recebem linfa
principalmente dos linfonodos inguinais; entretanto, recebem linfa das vísceras pélvicas, sobretudo das partes superiores
dos órgãos pélvicos médios e anteriores. A maior parte da drenagem linfática da pelve tende a ser paralela às vias de
drenagem venosa, mas o mesmo não ocorre com a drenagem linfática para os linfonodos ilíacos externos. Esses
linfonodos drenam para os linfonodos ilíacos comuns
Figura 3.20 Linfonodos da pelve.
Linfonodos ilíacos internos: reunidos em torno das divisões anterior e posterior da artéria ilíaca interna e as origens das
artérias glúteas. Recebem drenagem das vísceras pélvicas inferiores, do períneo profundo e da região glútea, e drenam
para os linfonodos ilíacos comuns
Linfonodos sacrais: situam-se na concavidade do sacro, adjacentes aos vasos sacrais medianos. Recebem linfa das
vísceras pélvicas posteroinferiores e drenam para os linfonodos ilíacos internos ou comuns
Linfonodos ilíacos comuns: situam-se superiormente à pelve, ao longo dos vasos sanguíneos ilíacos comuns (Figura
3.20), e recebem drenagem dos três principais grupos citados anteriormente. Esses linfonodos iniciam um trajeto comum
para drenagem da pelve que passa perto dos linfonodos lombares (cavais/aórticos). Há drenagem direta inconstante de
alguns órgãos pélvicos (p. ex., do colo da bexiga e parte inferior da vagina) para os linfonodos ilíacos comuns.
Outros pequenos grupos de linfonodos (p. ex., os linfonodos pararretais) ocupam o tecido conjuntivo ao longo dos
ramos dos vasos ilíacos internos.
Os grupos primários e os grupos menores de linfonodos pélvicos são altamente interconectados, de modo que os principais
linfonodos podem ser removidos sem prejudicar a drenagem. As interconexões também permitem a disseminação do câncer
em quase todas as direções, para qualquer víscera pélvica ou abdominal. Embora a drenagem linfática tenda a ser paralela à
drenagem venosa (exceto pela drenagem para os linfonodos ilíacos externos, onde a proximidade oferece uma orientação
aproximada), o padrão não é suficientemente deduzível para permitir a previsão ou estadiamento do progresso do câncer
metastático de órgãos pélvicos, como se pode fazer no câncer de mama que avança através dos linfonodos axilares. A
drenagem linfática dos órgãos pélvicos específicos é apresentada após a descrição das vísceras pélvicas (mais adiante).
Nervos pélvicos
A pelve é inervada principalmente pelos nervos espinais sacrais e coccígeos e pela parte pélvica da divisão autônoma do
sistema nervoso. Os músculos piriforme e isquiococcígeo formam um leito para os plexos nervosos sacral e coccígeo (Figura
3.21). Os ramos anteriores dos nervos S2 e S3 emergem entre as digitações desses músculos.
NERVO OBTURATÓRIO
O nervo obturatório origina-se nos ramos anteriores dos nervos espinais L2–L4 do plexo lombar no abdome (pelve maior) e
entra na pelve menor. Segue no tecido adiposo extraperitoneal ao longo da parede lateral da pelve até o canal obturatório,
uma abertura na membrana obturadora que preenche o forame obturado. Aí, ele se divide nas partes anterior e posterior, que
deixam a pelve através desse canal e suprem os músculos mediais da coxa. Nenhuma estrutura pélvica é suprida pelo nervo
obturatório.
TRONCO LOMBOSSACRAL
Na margem da pelve, ou imediatamente superior a ela, a parte descendente do nervo L4 une-se ao ramo anterior do nervo L5
para formar o tronco lombossacral espesso, semelhante a um cordão (ver Figuras 3.9D, 3.21 e 3.22). O tronco segue
inferiormente, na face anterior da asa do sacro, e se une ao plexo sacral.
PLEXO SACRAL
A Figura 3.22 mostra o plexo, e o Quadro 3.5 apresenta a composição segmentar e a distribuição dos nervos derivados dele. O
texto a seguir oferece outras informações sobre a formação dos nervos e seus trajetos.
O plexo sacral está situado na parede posterolateral da pelve menor. Os dois principais nervos originados no plexo sacral,
os nervos isquiático e pudendo, situam-se externamente à fáscia parietal da pelve. A maioria dos ramos do plexo sacral sai da
pelve através do forame isquiático maior.
O nervo isquiático é o maior nervo do corpo. É formado quando os grandes ramos anteriores dos nervos espinais L4–S3
convergem na face anterior do músculo piriforme (Figuras 3.21 e 3.22). Quando se forma, o nervo isquiático atravessa o
forame isquiático maior, geralmente inferior ao músculo piriforme, para entrar na região glútea. A seguir, desce ao longo da
face posterior da coxa para suprir a face posterior da coxa e toda a perna e o pé.
Figura 3.21 Nervos e plexos nervosos da pelve. Nervos somáticos (plexos sacrais e coccígeos) e parte pélvica (sacral) do
tronco simpático. Embora localizados na pelve, a maioria dos nervos vistos aqui participa da inervação do membro inferior, e não
das estruturas pélvicas.
•
•
•
•
O nervo pudendo é o principal nervo do períneo e o principal nervo sensitivo dos órgãos genitais externos. Acompanhado
pela artéria pudenda interna, sai da pelve através do forame isquiático maior entre os músculos piriforme e isquiococcígeo. A
seguir, curva-se ao redor da espinha isquiática e do ligamento sacroespinal e entra no períneo através do forame isquiático
menor (Figura 3.22).
O nervo glúteo superior deixa a pelve através do forame isquiático maior, superiormente ao músculo piriforme para suprir
músculos na região glútea (Figuras 3.21 e 3.22).
O nervo glúteo inferior sai da pelve através do forame isquiático maior (Figura 3.22), inferiormente ao músculo piriforme
e superficialmente ao nervo isquiático, acompanhando a artéria glútea inferior. Ambos dividem-se em vários ramos que entram
na face profunda do músculo glúteo máximo sobrejacente.
PLEXO COCCÍGEO
O plexo coccígeo é uma pequena rede de fibras nervosas formadas pelos ramos anteriores de S4 e S5 e os nervos coccígeos
(Figura 3.21). Situa-se na face pélvica do músculo isquiococcígeo e supre este músculo, parte do músculo levantador do ânus
e a articulação sacrococcígea. Os nervos anococcígeos originados nesse plexo perfuram o músculo isquiococcígeo e o corpo
anococcígeo para suprir uma pequena área de pele entre a extremidade do cóccix e o ânus.
NERVOS AUTÔNOMOS PÉLVICOS
Os nervos autônomos entram na cavidade pélvica por quatro vias (Figura 3.23):
Troncos simpáticos sacrais: proporcionam principalmente inervação simpática para os membros inferiores
Plexos periarteriais: fibras pós-ganglionares, simpáticas, vasomotoras para as artérias retal superior, ovárica e ilíaca
interna e seus ramos derivados
Plexos hipogástricos: via mais importante pela qual as fibras simpáticas são conduzidas para as vísceras pélvicas
Nervos esplâncnicos pélvicos: via para inervação parassimpática das vísceras pélvicas e para os colos descendente e
sigmoide.
Os troncos simpáticos sacrais são a continuação inferior dos troncos simpáticos lombares (Figuras 3.21 e 3.23). Cada
tronco sacral tem seu tamanho diminuído em relação aos troncos lombares e geralmente tem quatro gânglios simpáticos. Os
troncos sacrais descem na face pélvica do sacro, imediatamente mediais aos forames sacrais pélvicos, e convergem para
formar o pequeno gânglio ímpar mediano anterior ao cóccix. Os troncos simpáticos sacrais descem posteriormente ao reto
no tecido conjuntivo extraperitoneal e enviam ramos comunicantes (ramos comunicantes cinzentos) para cada um dos ramos
anteriores dos nervos sacrais e coccígeos. Também enviam pequenos ramos para a artéria sacral mediana e o plexo
hipogástrico inferior. A função primária dos troncos simpáticos sacrais é fornecer fibras pós-ganglionares ao plexo sacral para
inervação simpática (vasomotora, pilomotora e sudomotora) do membro inferior.
Os plexos periarteriais das artérias ováricas, retais superiores e ilíacas internas são pequenas vias pelas quais as fibras
simpáticas entram na pelve. Sua principal atribuição é a função vasomotora das artérias que acompanham.
Os plexos hipogástricos (superior e inferior) são redes de fibras nervosas aferentes simpáticas e viscerais. A principal
parte do plexo hipogástrico superior é um prolongamento do plexo intermesentérico (ver Capítulo 2), situado inferiormente
à bifurcação da aorta (Figura 3.23). Conduz fibras que entram e saem do plexo intermesentérico pelos nervos esplâncnicos L3
e L4. O plexo hipogástrico superior entra na pelve, dividindo-se em nervos hipogástricos direito e esquerdo, que descem na
face anterior do sacro. Esses nervos descem lateralmente ao reto nas bainhas hipogástricas e depois se abrem em leque à
medida que se fundem com os nervos esplâncnicos pélvicos para formar os plexos hipogástricos inferiores direito e
esquerdo.
Assim, os plexos hipogástricos inferiores contêm fibras simpáticas e parassimpáticas, bem como fibras aferentes
viscerais, que continuam através da lâmina da bainha hipogástrica até as vísceras pélvicas, sobre as quais formam subplexos
coletivamente denominados plexos pélvicos. Em ambos os sexos, os subplexos estão associados às faces laterais do reto e às
faces inferolaterais da bexiga urinária. Além disso, os subplexos no homem também estão associados à próstata e às glândulas
seminais. Nas mulheres, os subplexos também estão associados ao colo do útero e aos fórnices laterais da vagina.
Os nervos esplâncnicos pélvicos têm origem na pelve a partir dos ramos anteriores dos nervos espinais S2–S4 do plexo
sacral (Figuras 3.21 a 3.23). Conduzem fibras parassimpáticas pré-ganglionares derivadas dos segmentos S2–S4 da medula
espinal, que formam a via eferente sacral da parte parassimpática (craniossacral) da divisão autônoma do sistema nervoso e
fibras aferentes viscerais dos corpos celulares nos gânglios sensitivos dos nervos espinais correspondentes. A maior
contribuição dessas fibras geralmente provém do nervo S3.
O sistema hipogástrico/pélvico de plexos, que recebe fibras simpáticas através dos nervos esplâncnicos lombares e fibras
parassimpáticas através dos nervos esplâncnicos pélvicos, inerva as vísceras pélvicas. Embora o componente simpático seja
principalmente vasomotor como em outras partes, aqui ele também inibe a contração peristáltica do reto e estimula a
contração dos órgãos genitais internos durante o orgasmo, ocasionando a ejaculação no homem.
Como a pelve não inclui uma área cutânea, as fibras simpáticas pélvicas não têm função pilomotora nem vasomotora. As
fibras parassimpáticas distribuídas na pelve estimulam a contração do reto e da bexiga urinária para defecação e micção,
respectivamente. As fibras parassimpáticas no plexo prostático penetram o assoalho pélvico para chegar aos corpos eréteis dos
órgãos genitais externos, causando ereção.
INERVAÇÃO AFERENTE VISCERAL NA PELVE
As fibras aferentes viscerais seguem com as fibras nervosas autônomas, embora os impulsos sensitivos sejam conduzidos
centralmente, em direção retrógrada aos impulsos eferentes conduzidos pelas fibras autônomas. Todas as fibras aferentes
viscerais que conduzem sensibilidade reflexa (informação que não chega à consciência) seguem com as fibras parassimpáticas.
Assim, no caso da pelve, atravessam os plexos pélvico e hipogástrico inferior e os nervos esplâncnicos pélvicos até os gânglios
sensitivos dos nervos espinais S2–S4.
Figura 3.22 Nervos somáticos da pelve — o plexo sacral.
Quadro 3.5 Nervos somáticos da pelve.
Nervo(s) Origem Distribuição
Isquiático L4, L5, S1, S2, S3
Ramos articulares para a articulação do quadril e ramos
musculares para os músculos flexores do joelho na coxa e
todos os músculos na perna e no pé
Glúteo superior L4, L5, S1 Mm. glúteo médio e glúteo mínimo
Para os Mm. quadrado
femoral
(e gêmeo inferior)
L4, L5, S1 Mm. quadrado femoral e gêmeo inferior
Glúteo inferior L5, S1, S2 M. glúteo máximo
Para os Mm. obturador
interno
(e gêmeo superior)
L5, S1, S2 Mm. obturador interno e gêmeo superior
Para o M. piriforme S1, S2 M. piriforme
Cutâneo femoral posterior S2, S3
Ramos cutâneos para a nádega e as faces medial e
posterior superiores da coxa
Cutâneo perfurante S2, S3 Ramos cutâneos para a parte medial da nádega
Pudendo S2, S3, S4
Estruturas no períneo: sensitivo para os órgãos genitais;
ramos musculares para os músculos do períneo e esfíncter
externo da uretra e esfíncter externo do ânus
Esplâncnico pélvico S2, S3, S4 Vísceras pélvicas via plexos hipogástrico inferior e pélvico
Para os Mm. levantador do
ânus e isquiococcígeo
S3, S4 Mm. levantador do ânus e isquiococcígeo
Figura 3.23 Nervos autônomos da pelve. O plexo hipogástrico superior é uma continuação do plexo aórtico que se divide em
nervos hipogástricos esquerdo e direito quando entra na pelve. Os nervos hipogástricos e esplâncnicos pélvicos fundem-se para
formar os plexos hipogástricos inferiores, que assim consistem em fibras simpáticas e parassimpáticas. As fibras autônomas
(simpáticas) também entram na pelve via troncos simpáticos e plexos periarteriais.
As vias seguidas por fibras aferentes viscerais que conduzem a dor das vísceras pélvicas diferem em termos de trajeto e
destino, dependendo se a víscera de origem da dor, ou parte dela, está localizada superior ou inferiormente à linha de dor
pélvica. Exceto no caso do canal alimentar, a linha de dor pélvica corresponde ao limite inferior do peritônio (ver Quadro 3.3,
Figuras B e C). As vísceras abdominopélvicas intraperitoneais, ou partes das estruturas viscerais que estão em contato com o
peritônio, estão situadas superiormente à linha de dor; as vísceras pélvicas subperitoneais, ou partes delas, situam-se
inferiormente à linha de dor. No caso do intestino grosso, a linha de dor não tem correlação com o peritônio; a linha de dor
ocorre no meio do colo sigmoide.
As fibras aferentes viscerais que conduzem impulsos de dor das vísceras abdominopélvicas superiores à linha de dor
seguem as fibras simpáticas retrogradamente, ascendendo através dos plexos hipogástricos/aórticos, nervos esplâncnicos
abdominopélvicos, troncos simpáticos lombares e ramos comunicantes brancos para chegar aos corpos celulares nos gânglios
sensitivos de nervos espinais torácicos inferiores/lombares superiores. As fibras aferentes que conduzem impulsos de dor das
vísceras inferiores à linha de dor, ou de parte delas, seguem as fibras parassimpáticas retrogradamente através dos plexos
pélvicos e hipogástricos inferiores e dos nervos esplâncnicos pélvicos para chegar aos corpos celulares nos gânglios sensitivos
de nervos espinais S2–S4.
ESTRUTURAS NEUROVASCULARES DA PELVE
Lesão iatrogênica dos ureteres
LESÃO DURANTE A LAQUEADURA DA ARTÉRIA UTERINA
O fato de o ureter passar imediatamente inferior à artéria uterina, próximo à parte lateral do fórnice da vagina, é
clinicamente importante. Existe o risco de o ureter ser inadvertidamente clampeado, ligado ou transeccionado
durante uma histerectomia (excisão do útero) quando a artéria uterina é ligada e seccionada para retirar o útero. O
ponto em que a artéria uterina e o ureter se cruzam é aproximadamente 2 cm superior à espinha isquiática.
LESÃO DURANTE A LAQUEADURA DA ARTÉRIA OVÁRICA
Os ureteres são vulneráveis à lesão quando os vasos ováricos são ligados durante uma ooforectomia (excisão do ovário)
porque essas estruturas estão próximas quando cruzam a margem da pelve.
Figura B3.6 Arteriografia ilíaca. Contraste foi injetado na aorta abdominal na região lombar. Há um local de estreitamento (estenose) da artéria
ilíaca comum direita (área circulada). (Cortesia do Dr. D. Sniderman, Associate Professor of Medical Imaging, University of Toronto, Toronto, ON,
Canada.)
Laqueadura da artéria ilíaca interna e circulação colateral na pelve
Às vezes a artéria ilíaca interna sofre estenose (o lúmen torna-se estreito) em razão do depósito aterosclerótico de
colesterol (Figura B3.6) ou é ligada cirurgicamente para controlar a hemorragia pélvica. Em razão das numerosas
anastomoses entre os ramos da artéria e as artérias adjacentes (ver Figura 3.16; Quadro 3.4), a ligadura não
interrompe o fluxo sanguíneo, mas reduz a pressão arterial, permitindo a hemostasia (interrupção do sangramento). Os
exemplos de vias colaterais para a artéria ilíaca interna incluem os seguintes pares de artérias que se anastomosam: lombar e
iliolombar, sacral mediana e sacral lateral, retal superior e retal média, e glútea inferior e femoral profunda. O fluxo
sanguíneo na artéria é mantido, embora possa ser invertido no ramo anastomótico. As vias colaterais podem manter a
vascularização das vísceras pélvicas, região glútea e órgãos genitais.
Lesão dos nervos pélvicos
Durante o parto, a cabeça fetal pode comprimir os nervos do plexo sacral materno, causando dor nos membros
inferiores. O nervo obturatório é vulnerável à lesão durante cirurgia (p. ex., durante a retirada de linfonodos
cancerosos da parede lateral da pelve). A lesão desse nervo pode causar espasmos dolorosos dos músculos adutores
da coxa e déficits sensitivos na região medial da coxa.
Pontos-chave
ESTRUTURAS NEUROVASCULARES DA PELVE
Avançando da cavidade pélvica para fora, como ao dissecar a pelve, primeiro são encontrados os plexos nervosos autônomos
hipogástricos/pélvicos retroperitoneais (mais próximos das vísceras), depois as artérias pélvicas, veias pélvicas e, por fim, os
nervos somáticos pélvicos e troncos simpáticos, estando os dois últimos adjacentes às paredes da pelve.
Artérias pélvicas: Várias artérias que se anastomosam proporcionam um sistema circulatório colateral que ajuda a
garantir a vascularização adequada das pelves maior e menor. A maior parte do sangue arterial para a pelve menor provém
das artérias ilíacas internas, que costumam se bifurcar em uma divisão anterior (que fornece todos os ramos viscerais) e uma
divisão posterior (em geral exclusivamente parietal). ♦ No período pós-natal, as artérias umbilicais são ocluídas distalmente à
origem das artérias vesicais superiores e, no homem, das artérias para o ducto deferente. ♦ As artérias vesical inferior
(homens) e vaginal (mulheres) irrigam a parte inferior da bexiga urinária e a parte pélvica da uretra. A artéria vesical inferior
também irriga a próstata; a artéria vaginal irriga a parte superior da vagina. ♦ A artéria uterina é exclusivamente feminina,
mas as artérias retais médias são encontradas em ambos os sexos.
Os ramos parietais da divisão anterior da artéria ilíaca interna em ambos os sexos incluem as artérias obturatória, glútea
inferior e pudenda interna, cujos principais ramos se originam fora da pelve menor. ♦ Uma artéria obturatória aberrante
clinicamente importante origina-se dos vasos epigástricos inferiores em aproximadamente 20% da população. ♦ As artérias
iliolombar, glútea superior e sacral lateral são ramos parietais da divisão posterior da artéria ilíaca interna, distribuídos fora da
pelve menor. ♦ A artéria iliolombar é importante para estruturas das fossas ilíacas (pelve maior). ♦ As artérias gonadais de
ambos os sexos descem da parte abdominal da aorta até a pelve maior, mas apenas as artérias ováricas entram na pelve
menor.
Veias pélvicas: Os plexos venosos associados e designados de acordo com as várias vísceras pélvicas comunicam-se
entre si e com os plexos venosos vertebrais internos (peridurais) do canal vertebral. Entretanto, a maior parte do sangue
venoso sai da pelve pelas veias ilíacas internas.
Drenagem linfática e linfonodos da pelve: A drenagem linfática da pelve segue um padrão que, em geral, porém
nem sempre, acompanha a drenagem venosa através dos grupos menores e maiores variáveis de linfonodos, sendo que estes
últimos incluem os linfonodos sacrais, ilíacos internos, externos e comuns. ♦ As faces dos órgãos pélvicos anteriores e
médios, aproximadamente no nível do teto da bexiga urinária não distendida (inclusive), drenam para os linfonodos ilíacos
externos, independentemente da drenagem venosa. ♦ Os linfonodos pélvicos são altamente interconectados, de modo que a
drenagem linfática (e as células cancerígenas metastáticas) pode seguir em quase todas as direções, para qualquer órgão
pélvico ou abdominal.
Nervos pélvicos: Os nervos somáticos na pelve formam o plexo sacral, relacionado principalmente com a inervação dos
membros inferiores e do períneo. ♦ As partes pélvicas dos troncos simpáticos também estão relacionadas principalmente com
a inervação dos membros inferiores. ♦ Os nervos autônomos são trazidos para a pelve principalmente via plexo hipogástrico
superior (fibras simpáticas) e nervos esplâncnicos pélvicos (fibras parassimpáticas), e os dois se fundem para formar os
plexos hipogástrico inferior e pélvico. ♦ As fibras simpáticas para a pelve têm função vasomotora e causam a contração dos
órgãos genitais internos durante o orgasmo; também inibem a peristalse retal. ♦ As fibras parassimpáticas pélvicas estimulam
o esvaziamento vesical e retal e estendem-se até os corpos eréteis dos órgãos genitais externos para produzir ereção. ♦ As
fibras aferentes viscerais seguem retrogradamente ao longo das fibras nervosas autônomas. ♦ As fibras aferentes viscerais
que conduzem sensação reflexa inconsciente seguem o trajeto das fibras parassimpáticas até os gânglios sensitivos de nervos
espinais S2–S4, assim como aquelas que transmitem sensações de dor das vísceras inferiores à linha de dor pélvica
(estruturas que não têm contato com o peritônio, além da parte distal do colo sigmoide e do reto). ♦ As fibras aferentes
viscerais que conduzem dor de estruturas superiores à linha de dor pélvica (estruturas em contato com o peritônio, exceto a
parte distal do colo sigmoide e o reto) seguem as fibras simpáticas retrogradamente até os gânglios sensitivos de nervos
espinais torácicos inferiores e lombares superiores.
O documento é bastante bom, consegui adquirir mais conhecimento!
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